Perigo Eminente
Foi Hermione quem interrompeu o beijo entre Harry e Gina, correndo na direção deles e estacando, muito corada e ainda com o jornal na mão.
- Harry... Gina... - Gaguejou. - Desculpem... quer dizer, eu estou muito feliz por vos ver assim... tão... próximos, mas... Oh, raios, desculpem interromper! - Ficou ainda mais vermelha, olhando-os com ar desconcertado.
- Está tudo bem, Mione. - Disse Gina, igualmente muito corada. - Foi tudo tão de repente que... mas depois falamos sobre isso. O que foi que aconteceu?
Harry não conseguiu falar. Ainda sentia os lábios de Gina nos seus e desejava ardentemente que Hermione não tivesse aparecido para estragar o momento. Contudo, sabia que a amiga não fizera de propósito e entendia que, sob aquela atrapalhação toda, havia algo importante que ela queria lhes contar.
Ouviu, então, as suas palavras:
- É que... tem uma notícia no jornal que... oh, é horrível, vocês têm que ler!
- O que foi? - Perguntou Harry, alarmado.
- Cadê o Rony? - Inquiriu Hermione, olhando em seu redor. - Ele também precisa saber...
- O meu irmão saiu daqui mais depressa que uma Firebolt. - Respondeu Gina. - Não sei para onde ele foi.
Hermione fez um ar desesperado, que preocupou ainda mais Harry. Porém, naquele momento, Dino Thomas e Simas Finnigan passaram por eles e ouviram a conversa.
- Desculpem interromper, mas o Weasley passou por nós ainda há pouco. - Disse Dino.
- Acho que ele foi para a cabana do Hagrid. - Comentou Simas. - Estava com uma cara de quem tinha visto um Dementador...
- Obrigada, rapazes! - Agradeceu Hermione, começando a correr. De repente, parou, olhando para trás. Harry e Gina continuavam parados, no mesmo lugar. - Então?! - Perguntou, impacientemente. - Vamos!
Harry e Gina se entreolharam e a seguiram, o mais depressa possível, para a cabana de Hagrid. Ele e Rony estavam sentados no chão, no jardim das abóboras. Pareciam estar tendo uma conversa particular e importante, já que, quando Harry, Gina e Hermione chegaram, os dois se calaram e as orelhas de Rony assumiram um tom violentamente avermelhado.
-Aí está você, Rony! - Exclamou Hermione, ofegante. - Precisamos muito falar com você!
Rony baixou os olhos e corou ainda mais, falando, com um tom de voz rouco:
-Ah, sim?
Hermione não respondeu. Limitou-se a lhe entregar o exemplar do "Profeta Diário" que trazia na mão e disse:
-Leia você mesmo.
-Mas o que...
-Leia alto, por favor.
À medida que Rony lia, o coração de Harry ia batendo cada vez com mais força. Não. Não podia ser! Logo agora, que as coisas pareciam estar correndo tão bem...
Segundo o jornal. Os Dementadores que guardavam Azkaban haviam desaparecido e um grupo de Comensais da Morte, liderado por Bellatrix Lestrange, tinham aproveitado para escapar da cadeia.
-Raios! - Gritou Hagrid, dando um soco tão forte no chão que quase arrancou uma abóbora do solo. - Como se não bastasse o vampiro que resolveu atacar os animais da floresta, desde o início das aulas, agora temos Dementadores e Comensais da Morte soltos por aí!
-O que... que é que nós vamos fazer? - Inquiriu Rony, muito pálido, de tão assustado.
-Não sei... - Murmurou Harry. - Bom, a essa hora, já todos os Membros da Ordem devem saber de tudo...
-Eu não sabia! - Interrompeu Hagrid, irritado.
Nesse exato momento, uma coruja cinzenta, de ar imponente, pousou junto de Hagrid, levantando a patinha direita, da qual o meio gigante soltou um rolo de pergaminho. Depois, a ave levantou vôo e desapareceu, enquanto o destinatário da carta a lia.
-O que foi, Hagrid? - Arriscou Gina.
Ele suspirou, lhe entregando a carta e respondendo:
-O Dumbledore leu o jornal e resolveu verificar se essa história era mesmo verdade. Infelizmente, Gina, o seu pai confirmou tudo.
-Quer dizer que é mesmo verdade... - Murmurou Harry. - Eles estão por aí, mesmo...
Hagrid assentiu com a cabeça, tristemente:
-Infelizmente, sim, Harry.
-Oh, Harry! - Exclamou Hermione. - A sua cicatriz! Foi por isso que ela doeu!
-Grande descoberta! - Resmungou Rony, sem olhar para ela.
-E agora? - Perguntou Gina. - O que fazemos?
-Se eu fosse vocês, esperava. Não fazia nada, só esperava. - Respondeu Hagrid. - É isso que eu vou fazer.
-Mas eu não posso ficar parado! - Protestou Harry. - O Voldemort pode atacar a qualquer momento!
-Sim... - Suspirou Hagrid. - Mas num tem nada que a gente possa fazer. Só esperar.
Harry, Rony, Hermione e Gina voltaram para dentro do Castelo, com ar pesado. Entraram na salão comunal da Grifinória em silêncio, sem olharem uns para os outros.
Finalmente, Harry falou, em voz sumida:
-Eu tenho que falar com o Dumbledore...
-Esqueça. - Disse Gina, abanando a cabeça. - O que ele vai lhe dizer é exatamente a mesma coisa que o Hagrid disse.
-Talvez... - Murmurou Harry. - Então, talvez o Lupin...
-Qual é a diferença? - Inquiriu Rony. - Esse é outro que vai lhe mandar ficar quieto no seu canto.
-E com toda a razão! - Exclamou Hermione. - Acho que o Hagrid, pelo menos dessa vez, foi sensato. - Ignorou os olhares de censura de Harry e Rony. - Por muito que nos sintamos aflitos e de pés e mãos atados, não tem mesmo nada que possamos fazer. Tenho certeza de que seria isso que o Dumbledore e o Lupin diriam. Por enquanto, o melhor que temos a fazer é esperar.
-Não! - Disse Harry. - Eu vou ao Largo Grimmauld, pela lareira, falar com o Dumbledore.
-Não, Harry! - Protestou Hermione. - A rede de Flu ainda pode estar sendo vigiada! Nunca se sabe o que aquele louco do Ministro da Magia pode fazer ou deixar de fazer!
-Isso é verdade. - Alvitrou Rony. - Até o meu pai diz que o cara é esquisito p'ra caramba e que deve ter pirado da batatinha.
-Oh! - Gemeu Harry, angustiado. - Então, o que é que a gente faz? Esperamos que algum Dementador, ou Devorador da Morte ou o próprio Voldemort apareça para nos matar?
-Ou um vampiro... - Comentou Hermione, que Gina imediatamente fulminou com o olhar, inquirindo:
-Do que é que você está falando?
-Do vampiro de que o Hagrid falou. - Respondeu Hermione, pensativa. - É natural que o V... Voldemort queira ter do seu lado todo o tipo de criaturas perigosas... e, por aquilo que o Hagrid disse, está um vampiro à solta na floresta.
-Não seja tonta, Mione! - Exclamou Gina, pálida. - Esse vampiro jamais se juntaria a Voldemort!
-Como é que você sabe?! - Inquiriu Ron, muito espantado.
De pálida, Gina tornou-se da cor dos seus cabelos ruivos flamejantes e gaguejou:
-S... sei, porque... ora, não sei, mas... não parece ser um vampiro mau, não é? Quer dizer, o Hagrid disse que ele estava atacando animais. Um vampiro só ataca animais quando não quer atacar pessoas... não é, Mione?
-Porque você pergunta para mim?
-Ora, porque você sempre sabe tudo!
Hermione se fez escarlate:
-Por acaso, confesso que, se você não falasse nisso, eu jamais me lembraria. É verdade, sim. Não deve ser um vampiro mau... mas... ainda assim, tem algo que me intriga nessa história...
-O que é? - Quis saber Harry.
-Oh! - Gemeu Gina, em tom estranhamente exasperado. - Não sei porque é que vocês insistem em falar nesse assunto!
-É que... - Hermione corou. - Gina... Ron... Vocês não vão gostar nada daquilo que eu vou dizer, mas... eu acho que o vampiro... acho que o vampiro é a Professora Hallow.
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