Mary Hallow



Miss Hallow voltou para o seu lugar, tentando arrumar a mesa, enquanto pedia para os alunos que lessem a introdução do livro que os ajudaria naquela matéria... e deixando todos eles com a perplexidade estampada nos olhos colados em Ron. Como conheceria ele a professora jovem de sotaque esquisito?

Sentindo aqueles olhos todos presos em si, Ron corou mais violentamente ainda e escondeu a cara entre as páginas do livro "Práticas Avançadas de Adivinhação", enquanto Hermione o imitava, bufando e Harry lhe perguntava, baixinho:

- De onde você conhece a Professora Hallow, cara?

- Énharima. - Murmurou Ron, entredentes.

- Não entendi uma palavra do que você falou. - Resmungou Harry. - Repete, por favor!

- É minha prima! - Respondeu Ron, enfiando ainda mais a cabeça dentro do livro.

- Prima?! - Guinchou Hermione tão alto que a Professora Hallow conseguiu ouvi-la.

- Sim? - Perguntou a professora, presenteando Hermione com o seu sorriso simpático. - Alguma dúvida, Senhorita...?

Hermione corou, mas aproveitou para se levantar e colocar algumas questões.

- Granger... - Respondeu.

Mary Hallow abriu ainda mais o seu sorriso, exclamando:

- Hermione Granger! Claro! Devia ter adivinhado... Não que tenha visto nas cartas, ou na bola de cristal ou algo do gênero! - Soltou uma risadinha e continuou, perante o ar atarantado da aluna. - Sim, Srta Granger, queria colocar alguma dúvida?

- S... sim... - Começou Hermione, ganhando coragem. - A senhora disse que nunca ensinou antes...

- Certo! - Interrompeu Mary. - É o meu primeiro trabalho como professora. - Corando um pouquinho, prosseguiu. - Acho que vou precisar da ajuda de vocês.

Hermione esboçou um sorriso ligeiramente maldoso:

- Ajuda nossa? Srta Hallow, desculpe a pergunta, mas a senhorita é tão jovem e nunca ensinou... Será que tem qualificações suficientes para estar aqui?

Mary Hallow corou violentamente, parecendo muito atrapalhada. Gerou-se um silêncio desconfortável. Jamais alguém naquela sala havia assistido a Hermione desafiando um professor sem motivo aparente.

- Hermione! - Exclamou Ron, baixinho, sem esconder um tom de indignação. - Que foi que te deu?

Miss Hallow suspirou e, antes de responder com um tom surpreendentemente sincero:

- Isso eu só vou saber a partir de agora... Mas se estou aqui, é porque confiaram em mim para isso, certo? Além disso... bom... digamos que eu tive uma pequena ajudinha. - Estranhamente, Mary não parecia muito feliz por aquela "ajudinha". Suspirando mais uma vez, continuou a falar. - Bom, mais alguma pergunta?

- N... não... - Balbuciou Hermione, voltando a se sentar.

- Muito bem. Já todos leram a introdução do livro?

A classe inteira anuiu com a cabeça, mas Harry duvidou que alguém tivesse, de fato, conseguido ler alguma coisa, no meio de tanto espanto.

- Bom... - Continuou a Professora. - Como vocês sabem, eu fui contratada para dar aulas apenas ao sétimo ano...

Harry levantou a mão.

- Sim?

- E o Firenze?

Mary sorriu:

- Harry Potter, certo? - Vendo o ar espantado do aluno, se apressou a continuar. - Não precisa ser vidente para descobrir. Está junto de Ron e da srta Granger e tem uma cicatriz em forma de raio na testa... Aliás, acho que vou lhe indicar um bom cabeleireiro... quando descobrir um, é claro! É que deve ser terrível conviver com essa cicatriz, ser sempre identificado como "o menino que sobreviveu"... - De repente, corou de novo. - Desculpa, eu não devia estar falando dessas coisas. Desculpa mesmo!

- Não tem importância. - Murmurou Harry. Não tinha mesmo. Sentia que a professora não falar por mal, notara um certo carinho na voz dela e a verdade é que ela tinha razão: era terrível mesmo conviver com aquela cicatriz, que sempre o identificava como o único capaz de derrotar Voldemort.

- Bom... - Começou a Professora Hallow. - Harry potter, você estava perguntando pelo Firenze, certo?

- Certo.

- Bom, na verdade, o Firenze continua lecionando. Como eu referi, eu só estou contratada para dar aulas ao sétimo ano. Porquê? Porque, até agora, as aulas que vocês tiveram foram essencialmente teóricas...

- Não as da Professora Trelawny! - Interrompeu Lilá Brown.

- Ah... certo... - Gaguejou Mary. - Srta...?

- Brown.

- Srta Brown. Certo. Bom, não vou discutir os métodos dos meus colegas. O que eu posso dizer é que as aulas teóricas que o Firenze vos deu são excelentes bases para chegar à prática, porque a Adivinhação requer prática. Não é qualquer pessoa que nasce com o dom, por isso, para a esmagadora maioria, é difícil, requer prática e bases... e as bases que o Firenze deu para vocês, pelo que eu sei, vos deixaram muito bem preparados para as minhas aulas práticas... Sim, Srta Granger?

Hermione tornara a levantar a mão e falou, em tom de desafio:

- Acontece que eu nunca tive as aulas do Firenze. Desisti de Adivinhação no terceiro ano. Só resolvi voltar esse ano por curiosidade.

Mary Hallow deixou escapar uma gargalhada:

- Só mesmo Hermione Granger para se inscrever numa matéria por pura diversão! Bom, mas pelo que eu sei de você, você já deve ter lido tudo e mais alguma coisa sobre adivinhação, a ponto de ficar tão preparada como os seus colegas, estou errada?

- N... não... - Foi a vez de Hermione corar.

- Bom, de qualquer forma, eu terei o maior prazer em lhe dar aulas de apoio, caso seja necessário. - O sorriso de Mary era sincero e cativante. - Tanto a você como a qualquer outro aluno que precise.

Hermione se recostou na cadeira.



*****



- Já soube da novidade, maninho! - Gina, em pé junto da mesa olhava com ar divertido para Ron, que comia ainda o resto do almoço.

- Que novidade? - Inquiriu.

Gina riu.

- Ora, que novidade?! A Mary! A sua querida Mary agora virou sua professora! Ah, eu dava tudo para ter visto a sua cara quando ela entrou na sala. deve ter sido hilário!

- Você não imagina o quanto! - Riu Harry.

- Você disse "querida Mary"? - Hermione franziu a sobrancelha. - Querida porquê?

Gina voltou a rir, com ar provocador.

- É que o Ron, quando era mais novo, teve uma paixonite pela Mary.

Harry viu as orelhas do amigo se tornarem vermelhas.

- Cala a boca! - Resmungou Ron.

Gina simulou um ar inocente, olhando pelo canto do olho para Hermione, e que Harry não pode deixar de achá-la encantadora.

- O que foi? Não é verdade? Foi coisa de criança, mas já passou... ou não?
- Gina virou costas e foi se juntar às amigas do seu ano, enquanto Ron, totalmente vermelho, berrava:

- É claro que passou! - Gritou tão alto que vários alunos pararam de falar para olhar para ele.

Hermione olhou para ele, revirando os olhos e bufou:

- Francamente!

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