Primeiro Capítulo
- Não acredito que esteja sendo sensato... – disse em seu tradicional tom ríspido e seco, e como sempre, sem olhá-lo nos olhos.
Estava esparramado em um dos sofás que havia no aposento, as duas pernas abertas, uma das mãos estava dentro de um bolso lateral da calça preta, a outra segurava um livro de bolso sobre feitiços práticos para emergências e primeiros socorros, qual lia concentrado. – Senhor. – completou após um tempo de silêncio.
Tinha ter evitado, de alguma forma, estar ali naquela sala, o homem a sua frente voltou a falar diversas frases, que não fazia questão alguma de prestar atenção. Poderia ter saído apressado da aula, dizendo que tinha algo a fazer, como fora tonto! Agora tinha que agüentar...
-... Eu aprecio muito você, como aluno e também como pessoa, e acredito que seja capaz de evitar esse tipo de problema extremamente constrangedor, com seus colegas... A atitude dos rapazes foi completamente imatura... E bem... – e o professor continuou a falar.
Não merecia escutar isso, definitivamente. Aquele ‘lero’ tinha de acabar imediatamente. Não podia cortá-lo no meio da fala, seria muito bruto. Esperaria ele terminar de dizer o que tinha a dizer: tudo na base da paciência. E haja paciência!
Continuou a ler o livro de feitiços durante mais um quarto de hora, enquanto ao fundo aquela voz discursiva, grossa e preocupada tagarelava coisas que não eram de seu interesse ouvir. Faltavam apenas dez minutos para as nove horas da noite quando o Professor Slughorn o liberou.
- Espero que não tenha ocupado muito de seu tempo, garoto... – disse dando um tapa solidário em suas costas – Mas é de extrema importância que você evite essas confusões, és bastante esperto! Tem sagacidade para tal, não?
- Claro professor – disse – Nos vemos por ai, então...
E saiu andando, tentando não parecer desesperado. Não ia para o Salão Comunal ainda, não queria estar nas masmorras. Subiu e se viu no tradicional corredor, onde só circulavam, em sua maioria, alunos da Sonserina. Seguiu por ele, e foi parar em outro, um pouco mais estreito, onde também circulavam bastantes pessoas de sua casa, mas já podia avistar uns ou outros da Corvinal, um pouco mais adiante já se podia ver o Saguão de Entrada.
Ali era onde havia o maior fluxo de pessoas, no geral de todas as casas, subiu as escadas, subiria até a torre de astronomia, depois desceria e seguiria caminho a biblioteca, onde, dependendo das circunstâncias, talvez não entrasse... Não eram exatamente das circunstâncias, mas sim de uma pessoa específica.
- Severo!
Ele virou com um olhar displicente, mas ao notar quem o chamara um brilho surgiu em seu olhar, o que foi uma atitude inconsciente, e quando se deu conta desfez, e deixou que os cabelos longos cabelos negros tapassem-lhe os olhos negros. Não respondeu, mas esperou a garota, dona daquele belo par de olhos azuis intensos, o alcançasse.
- Te procurei por todo o canto, por onde andou? – pergunto ofegante.
- Ah, problemas com Slughorn... – disse voltando a andar.
- Espero que resolvidos. – ela falou em um tom mais formal, encarando-o seriamente. – Quanto ao que aconteceu depois dos NOM’S, você foi um completo idiota, percebeu?
Parou: foi a sua vez de encará-la, com um fulgor de plena raiva e indignação. Ela dizer-lhe aquelas coisas era distinto de qualquer outro indivíduo dizer. Enquanto que Slughorn dizia as mesmas coisas, permanecera tranqüilo, então qualquer outra pessoa no corredor que passasse e dissesse o mesmo, não fazia diferença. Agora ela. Ela era sua válvula de escape, era seu consolo. Não admitia isso, mas era. Com a raiva fora de controle pegou os braços delicados da garota e puxou-a com força para o alto da torre de astronomia, que já se encontrava próxima.
- O que você está fazendo? – ela gritou, desvencilhando da mão alva e forte do garoto. – O que pensa que está fazendo? – ele voltou a segurá-la, com ainda mais força.
A raiva crescia em seu peito. Ela o observava insegura do que ele podia fazer.
- Nunca, em hipótese alguma, fale comigo dessa forma! – ele gritou, então, com a mão livre fechou a porta que dava acesso a torre com força.
A garota olhou-o com plena raiva, suspirou antes de responder:
- Ah, claro! Achei muito certo você chamá-la de ‘sangue-ruim’! Foi espetacular, Snape! Eu deveria aplaudir, definitivamente! Eu deveria saudá-lo por tal honrosa atitude! Você merece os parabéns! – ironizava.
Ele continuava a prendê-la com as mãos.
- Está me machucando. – ela disse tentando se desvencilhar, seus olhos começavam a lacrimejar.
A raiva do garoto, agora se misturava com um rancor, estava fazendo-a chorar, como fez com Lílian, e o pior é que as duas tentavam ajudá-lo. Para esconder o rancor, acumulou ainda mais raiva. Soltou-a. Em seu braço, havia uma marca violenta de mão. Olhou e se enojou, não dela, como tentava se enganar, mas sim de si próprio. Demoraria a admitir que estava agindo como um tolo, talvez nunca o fizesse. Naquele momento, estava com toda a certeza liberando sua raiva em pessoas que não mereciam.
Raiva de sua família, do pai descuidado que tinha e, principalmente, raiva dos dois garotos que se achavam os centros das atenções, e que faziam graças infantis, das quais as pessoas se degustavam. Um pior que o outro. Queria esganá-los, mas não era corajoso para tal atitude, então simplesmente, jogava a raiva para cima das pessoas que não mereciam, muito pelo contrário...
Sentou em um banco que havia ali, e ficou observando os jardins do castelo. A garota não o abandonara ainda, continuava ali, passando a mão sobre o membro machucado, com os olhos lacrimejando: retinha as lágrimas, mas em algum momento elas cairiam.
O silêncio prosseguia. Nenhum dos dois sabia exatamente o que dizer, como agir. Ela calmamente caminhou e sentou-se no mesmo banco que Severo. Com a cabeça baixa, dificultando a propagação do som de sua voz, ela disse:
- Deveria parar pra rever suas atitudes, não acha? – e suspirou.
Ele também o fez.
- Vou dormir. – não tinha sono.
- Não tens sono! – é não tinha.
- Não, não tenho. – definitivamente.
- Então... Sente-se. – ela mandou. Ele continuou de pé.
- Eu não quero conversar... – disse rispidamente.
Ela levantou. Ele sentou.
- O que quer então?
A resposta estava na ponta da língua. Ele olhou-a, os olhos azuis já não continham mais lágrimas, voltavam a brilhar novamente, da forma que ele admirava, a pele alva com as bochechas levemente rosadas, com os cabelos negros tapando parte do belo rosto. E o que mais lhe chamava a atenção (ainda mais naquele momento), eram os lábios grossos e vermelhos, chamativos. Ele já não a olhava com aquele desejo habitual, era ainda mais forte. Ela notou, enrubesceu bruscamente e virou de costas, caminhando até a outra extremidade da torre, que não era tão distante.
- Snape, a sua atitude foi completamente equivocada...
Ele riu, como “equivocada”? Ela não namorava, ele tampouco, e nenhum dos dois tinha um ‘caso’ com alguém mais: como aquela situação podia ser equivocada? Era apenas um desejo... Normal.
- Digo, com Lílian! – ela apressou-se a dizer, e enrubesceu ainda mais.
- Ah... – ele disse.
Já não sentiu tanta raiva. Deveria esclarecer logo o assunto. Admitir o erro, se desculpar com Lílian. Eram coisas fáceis de serem pensadas, mas ao agir, era mais difícil. Nunca fora uma pessoa que tratasse mal aos outros, costumava ficar quieto, na sua. Nunca havia brigado uma vez se quer com Lílian, ou com Lucy. Era pacífico, procurava ser. Mas era muito orgulhoso de si mesmo.
Ela voltou a caminhar e sentar-se junto a ele.
- Você não acha?
Ele ficou em silêncio por um tempo. Observou os jardins. Baixou a cabeça. Batucou um pouco nas próprias pernas. Colocou um pé sobre o banco. Levantou a cabeça. Observou as estrelas.
- Sim. – por fim, admitiu.
Ela esboçou um sorriso maravilhoso.
- Me desculpe ter de ser grossa, Severo, mas eu realmente achei a sua atitude...
- Foi uma atitude ridícula, sim. – ele disse sério. – Você não tem porque se desculpar... – não olhava pra ela nos olhos. Outra vez ficou olhando o ambiente. Enrolou muito, antes de dizer: - Desculpa. – manteve a compostura, sério, mas, agora, com um olhar doce. – E vou pedir desculpas a Lily, também...
Ela sorriu.
- Você é de mais, Sev.
Ele baixou a cabeça e começou a mexer nas unhas, com um leve sorriso esboçado nos lábios. Ela se levantou.
- Então, vamos descer?
- Claro.
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Façam as autoraas felizes! hahah
beijooos!
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