capitulo único




“Você é bem filho do seu pai Harry”. As últimas palavras proferidas ao seu afilhado ecoavam em sua mente. Ele não queria ter partido, não queria mesmo, apesar de adorar aquela sensação que tinha quando voava, em uma vassoura ou em um hipogrifo, ele tinha vontade de permanecer em Hogwarts, como nos velhos e doces tempos em que a sua única preocupação era se ele e James teria que cumprir uma detenção ou se não obteriam NIEMs suficientes para seguir a carreira de auror.
James. De súbito ele se lembrou do melhor amigo, e um enorme vazio o invadiu, porque as coisas tinham que ser tão difíceis? Se James estivesse aqui, pensava ele, sentiria tanto orgulho de Harry. Ficaria se gabando pelo fato de seu filho ser o melhor apanhador de Hogwarts, e estaria vivendo com Lílian Evans, sua amada ruivinha, por quem ele tanto lutou para conquistar. Os dois estariam acompanhando Remo durante a lua cheia, e Rabicho... Maldito Rabicho, quando Sirius o achasse, certamente ele poderia se considerar um homem morto.
Almofadinhas imaginava se não teria sido melhor se Frank e Alice tivessem sido escolhidos por Voldemort, mas logo se reprimiu , sentindo-se horrivelmente egoísta.


Conduziu Bicuço por um caminho que ele percorria regularmente há treze anos atrás com a sua moto. Ah... Onde estaria sua moto? A última vez que a vira, foi na noite em que o pequeno Harry ficou famoso, ela a havia deixado com Hagrid. Puxou um pouco a corrente amarrada ao pescoço de Bicuço e aterrissou nos fundos da casa de James, em Godric’s Hollow. Certificou-se de que Bicuço não sairia dali, o que os trouxas pensariam se vissem um animal daqueles andando pela vizinhança?
Após um longo e triste suspiro, foi até a frente da casa, e pode ver as homenagens que os amigos, ou até mesmo desconhecidos haviam deixado, certamente todos pensando que o traidor era Sirius.
Com muita cautela, entrou na casa, estava intacta, como se James e Lílian tivessem saído de férias. Olhou a poeira que cobria os móveis, ruivinha ficaria louca se visse isso, justo ela que fazia questão de fazer limpeza duas vezes por dia. Dirigiu-se até uma mesa próxima ao sofá favorito de Pontas, abriu a última gaveta. Ele sabia que ia ser doloroso, mas tinha que fazer aquilo. Uma caixa muito bem lacrada chamou sua atenção, com um feitiço ele pode espiar o que havia dentro dela. Fotos e cartas foram tudo que encontrou, mas para ele, era como se houvesse encontrado um baú cheio de galeões. Uma a uma, ele observou todas as fotos, lembrando-se do momento em que cada uma foi tirada. A primeira lua cheia como animagos, o namoro de Pontas e Lily, os marotos juntos no último dia de aula, a turma toda da grifinória, James com o troféu de quadribol, James e Sirius após mais uma fuga dos policiais com a engenhosa moto. As lembranças lhe invadiam com muita facilidade, ele sorria, recordando-se dos ótimos momentos que teve, de como ele teve os melhores amigos do mundo.
A última foto, a mais chocante. Sirius não fazia idéia que James a possuía. Um casal de mãos dadas, olhando-se romanticamente, a garota possuía olhos azuis como o céu, pele branca e macia, lábios em um belo tom de cereja. Marlene Mckinnon. Uma fina lágrima escorreu pelo seu rosto, como era difícil observar aquela foto, e lembrar-se de como eles eram felizes juntos. Sirius a havia pedido em casamento, no dia em que a ordem se formou completamente. Ela aceitou, mas o casamento nunca aconteceu.


FLASHBACK
__Lene, eu vou com você!—Insistiu Sirius.
__Six! Eles massacraram minha família, tenho contas a acertar, você fica!
__Vamos fazer assim, eu vou, mas não interfiro em nada, se algo acontecer eu corro á seu socorro—Disse ele, tentado fazer um acordo.
__Nada vai acontecer!—Ela sorriu de leve e o abraçou. Marlene realmente amava aquele maroto, não via a hora de se casar—Te amo.
__Eu também!—Sussurrou em seu ouvido.
Os dois deram as mãos e aparataram em Dufftown. Tudo estava silencioso, e isso era estranho, haviam sido mandados para cá para ajudar os aurores a combater os comensais, mas não havia nada acontecendo. Firmemente, Sirius disse:
__Lene, saia daqui!—Era uma emboscada, ele tinha certeza.
__Ora, mas porque já vão?—Disse uma voz, no meio das sombras. Os dois sabiam a quem essa voz pertencia. Era ele.
__Cuidem do rapaz, eu quero ter uma conversinha com a Srta. Mckinnon—Ordenou Voldemort saindo das sombras, no mesmo instante, cinco comensais avançaram contra Sirius, lançando todo tipo de feitiços. Incapaz de lutar contra todos, foi arremessado contra um muro. Olhou assustado para os lados a procura de Lene, foi então que ouviu o grito. O grito dela. Estranhamente, os comensais aparataram, deixando Sirius vivo. Com muita dificuldade ele correu até Marlene e a viu jogada no chão, cheia de sangue, ainda estava viva, ela ainda tinha chances de viver, era o que ele pensava.
__Lene, eu vou te tirar daqui!—Dizia ele desesperado
__Estou morrendo, Six!—Ela estava pálida, com a voz fraca, obviamente estava se esforçando para falar.
__Não diga isso!—Lágrimas rolavam soltas pelo seu rosto.
__Eu te... Amo—Ele sabia o que ela estava fazendo, estava se despedindo, aquilo não poderia ser um adeus, não era justo!
__Eu te amo Lene, como nunca amei ninguém!Não me deixa!—Mais lágrimas. Calmamente ele a beijou, não foi o melhor beijo dos dois, não porque estava salgado, com sangue e lágrimas, mas sim porque era o último. —Não me deixa!—implorou ele inutilmente. Um pequeno sorriso se formou nos lábios de Marlene, e então, seu olhar ficou desfocado.
FIM DO FLASHBACK


Sirius se viu chorando como um bebe, ele não era imaturo, apenas tinha sofrido grandes perdas. Guardou a foto no bolso e começou a olhar as cartas. Cartas se Sirius para James, comentando a lastimável derrota dos Cannons; de Marlene para Lílian, falando de como Sirius estava sendo carinhoso, de Lene para James dizendo que iria visitá-los no final de semana; de Sirius para Lily, lembrando-a de como foi difícil ela admitir que estava apaixonada por James.
Cartas... James adorava verificar o correio, a cara de decepcionado dele quando não havia cartas trouxas eram realmente engraçadas. Ás vezes, Sirius deixava a coruja de lado, e mandava suas cartas do modo trouxa.
Continuou vagando pela casa, até achar pergaminhos e uma pena, escreveu uma carta. Ele iria colocá-la na caixa de correio dos Potter.


“Pontas,
É realmente uma pena que você não possa mais esperar por cartas ao modo trouxa. Tenho certeza que ficaria feliz ao encontrá-la.
As coisas acontecem muito rápido. Em um dia, eu estava aqui, bebendo cerveja amanteigada e rindo de qualquer bobagem, e no outro, Hagrid carregava o pequeno Harry para a casa da irmã de Lílian. Sei que se eu te dissesse isso antes, você ficaria se gabando, mas eu realmente sinto a sua falta. Não ligo que os outros pensem que eu fui o traidor, porque você sabe quem foi leal, e quem não foi.
Harry é a sua cara, exceto pelos olhos, tem os olhos de Lílian, é apanhador da Grifinória, um menino genial se quer saber. Está no terceiro ano agora, me salvou dos dementadores, me tirou da cela de Azkaban, e, além disso, tem o mapa do Maroto! Sei que ele não tem a intenção, mas se duvidar, já deve ter quebrado mais regras que nós! Lílian ,into muito, parece que ele não vai ser um garoto certinho!
James.,uero que você saiba, que você foi o melhor amigo que alguém poderia ter, se eu pudesse, voltaria no tempo e arrumaria toda essa confusão.
“Almofadinhas”


Finalmente colocou a carta na caixa de correio e foi até bicuço. Mas tudo parecia um erro, e se alguém lesse a carta? Acabaria descobrindo que Harry o ajudou, e poderia metê-lo em encrencas. Quando foi retirar a sua carta da caixa de correio, notou que a cor do pergaminho havia mudado, não parecia a mesma. Para se certificar, a abriu.


“Almofadinhas
Também sinto a sua falta, mais do que você imagina. Sinto muito por você ter passado tantos anos em Azkaban sem fazer absolutamente nada.
Não acredito que Harry tenha feito isso! Eu sou o pai mais orgulhoso do mundo. Cá entre nós, o talento dele no quadribol é meio óbvio, tendo um pai como eu. Lílian não gostou nada dessa história de ele ter o Mapa do Maroto em mãos.
Você pode não saber, mas eu vejo tudo. Sei o quanto está sofrendo, mas o que aconteceu não foi sua culpa, pare de se martirizar. E não vá atrás de vingança, o destino deve ter algo guardado para Rabicho. Mande lembranças a Aluado.
Se isso te ajuda um pouco, Lene está morrendo de saudades, e disse que você não pode parar a sua vida só por causa de algumas perdas. Ela quer que você seja feliz Sirius, eu e Lílian também esperamos isso.
A propósito, está indo muito bem como padrinho do Harry. Dê aquele espelho a ele, pode ser útil.
Essa é a primeira e a última carta, não adianta passar por aqui regularmente para procurar mais. Pode vasculhar a casa toda vez que a saudade for insuportável, leve o que quiser.
Do seu melhor amigo, Pontas.”

Um enorme sorriso apareceu no rosto de Sirius, e ele se viu chorando novamente. Mas não de tristeza, dessa vez, ele chorava de emoção. Guardou a carta com cuidado, montou em bicuço e seguiu para um lugar onde ele não poderia ser visto. Adormeceu em uma caverna, imaginando diversos meios de reencontrar Harry. A ligação mais próxima que ele tinha com James nesse momento.

A amizade deles foi longa, duradoura, superou muitos obstáculos e juntos eles suportaram o sofrimento, apreciaram a beleza de um dia ensolarado e compartilharam as alegrias.Mesmo que quisesse, Sirius jamais conseguiria esquecer de James, o seu melhor amigo.

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