Prólogo
Prólogo
Tudo começou quando eu cheguei em casa e encontrei mamãe com as pessoas mais inusitadas que um dia poderiam aparecer em nossa casa, papai e minha meia irmã.
Por isso,mamãe não ficou muito surpresa ao ouvir sair de meus lábios as palavras:
-Puta Merda!
-Que modos são esses,menina?-ouvi meu pai resmungar,ficando com o rosto tão vermelho quanto um tomate.
-Bom te ver,papai.-murmurei,admito,com um pouco de sarcasmo.
Ouvi Petúnia,minha meia irmã,raspar a garganta.Tentei ignora-la,mas sabe,era difícil,tudo nela brilhava e chamava a atenção.
Bem,você já deve ter ouvida aquela tão antiga história da irmã linda e educada e da irmã feia e maltrapilha,certo?Bem vou te dizer,não sou bonita ou educada.
Já Petúnia é linda,educada e arrogante.Mas que droga de mundo cruel é esse?!
-Lílian,querida,sente-se.Precisamos Conversar.-assim que ouvi mamãe dizer as palavras com iniciais “p” e “c”,sentei-me imediatamente.
Não que minha mãe seja má ou algo do tipo,mas da ultima vez que ela usou essas palavras,eu fiquei três meses de castigo e não ganhei um cachorro de estimação(o qual eu já tinha até um nome).
Fiquei imaginando o que eu teria feito,por que,bem,devia ser algo muito grande porque todos estavam emburrados.
Atos(possíveis) de Lílian(no caso,eu):
1-Ter engravidado sem saber (apesar de ser impossível,já que sou virgem até a unha do meu dedinho do pé)
2-Ter botado fogo sem querer na garagem de alguém,novamente(Aquele foi um total acidente!)
3-Ter atropelado o cachorro de alguém,sem querer(Acho isso meio impossível,já que não tenho com o quê atropelar um cachorro)
4-Ter sido pega usando drogas.(Não acredito que inventaram essa,de novo!)
5-Ter feito sexo com um cara dentro de seu carro(irei repetir,sou virgem,ainda)
-E Não Lílian,você não fez nada de errado,eu espero- mamãe murmurou a ultima parte baixo,mas eu ainda consegui ouvir.
-E então,porque estamos todos aqui,reunidos,como a família Adams? Iremos decapitar alguém?-devo dizer que ninguém riu.
-Lílian,deixe de ser criança por um momento e ouça,sim?-papai disso,suspirando,parecendo cansado demais.Sorte dele ser meu pai,pois se não fosse,já estaria com um nariz quebrado.
Mordi minha língua e rezei para que meus genes ruins não denunciassem minha raiva,porque você sabe ,não é?Toda ruiva fica vermelha como um pimentão,por qualquer coisa.
-Eu estou aqui para pegar a autorização de sua mãe e a sua,claro-ele disse(como se isso contasse para você!Seu velho!)-para coloca-la em uma escola decente.
Eu ri,só pude rir,ele não se importou conosco durante anos,foi embora,abandonou mamãe,e agora do nada queria me colocar em uma droga de escola “Decente”?
Esperei ouvir a voz de mamãe rugir pelas paredes de casa,como ela sempre fazia quando via alguém maltratar um animal ou dizer como o nosso jardim era estranho,mas a voz não veio,e só ficou o silêncio.
Senti o cachorro-quente do Luck querer sair de dentro de mim,de tanto nojo.E eu sabia,mamãe havia concordado.
É claro que não tínhamos muito dinheiro,tão pouco tínhamos roupas de marca ou um carro próprio,mas porquê eu precisava ir para uma escola “Decente” que no vocabulário de papai significava “Paga e prestigiada”?
-Não acredito! –berrei e apontei acusadoramente para mamãe –Você concordou!Concordou!
Vi pelo canto dos meus olhos que Petúnia estava tão descontente quanto eu,se é que era possível.Nunca havíamos nos dado muito bem,afinal,eu era filha de um caso de uma noite.
Enquanto ela de um casamento belo,premeditado e chique!
-Lílian,querida,pense bem,você pode ir para essa escola e entrar em uma boa universidade,com boas recomendações!
Olhei horrorizada para mamãe,era só por causa de uma droga de uma faculdade?
-Você irá me mandar para os lobos?Como se eu fosse um maldito pedaço de carne e cabelo ruivo?-gritei,estava descontrolada,minha vontade era de pular no pescoço de cada um.
-Lílian Gregorivitch!Fique Calada e Ouça-me!-mamãe nunca falava com letras maiúsculas,por isso que no mesmo instante calei a minha boca idiota e esperei ouvir um sermão.Só que ele não veio.
Em vez disso mamãe começou a chorar,compulsivamente.E em meio aos soluços ela dizia:
-Lílian...Faculdade...só queria...futuro...melhor...você.
Isso foi o suficiente.Olhei para a mulher que me criara sozinha,saíra da casa dos próprios pais (a deserdaram),grávida e sem qualquer ajuda.Ela havia feito tudo por mim,até ter desistido do sonho dela de entrar em uma boa faculdade e ser uma mulher com uma carreira digna de aplausos.
-Tudo bem,eu vou.
Assim que papai ouviu isso,ele se levantou todo pomposo,com Petúnia grudada em suas costas,caminhou até aporta e parou só para dizer,sem qualquer sinal de afeição:
-Ótimo,amanhã um empregado meu virá te buscar,prepare suas malas,o seu material já foi providenciado,mesmo que você não quisesse ir,você seria obrigada,afinal você ainda é uma Evans.
E atravessou a porta,Petúnia que estava atrás,olhou para mim e sorriu diabolicamente,antes de dizer quase num murmuro sórdido só para eu ouvir:
-Te vejo em Hogwarts,bastarda.
Assim que ouvi o barulho do motor da BMW sumir de meus ouvidos,fiz a única coisa que achei mais digna de se fazer:Berrei alto o suficiente para que todos os meus vizinhos ouvissem.
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