Capitulo único



Era inicio de primavera quando a vi de outra forma pela primeira vez Tínhamos dezessete anos e estávamos entrando no segundo período do sétimo ano em Hogwarts. Havíamos acabado de sair das férias de inverno e desde que ela voltara da França com os pais nós não tínhamos conseguido um tempo só para nós. Eu, Rony e Hermione. A nova grade horária estava completamente lotada de aulas e sempre que ficávamos sozinhos não podíamos trocar uma palavra sequer. Rony tinha lições atrasadas, eu estava ocupado tentando não atrasar as minhas e Hermione, como sempre, procurando mais para fazer. Nossas palavras se resumiam a “Me passe o tinteiro, por favor.”, “Alguém tem mais pergaminho.”, “Droga, a ponta da minha pena entortou!”. E por mais que Rony dissesse “É o nosso último ano! Qual é? Temos que aproveitar” eu e Hermione murmurávamos um “Uhum” enquanto resumíamos os milhares de capítulos que o Prof° de História da Magia havia passado. A temporada de Quadribol estava chegando e eu só havia marcado treinos durante as férias de inverno. A Lufa-Lufa estava se preparando fazia muito tempo e digamos que muito melhor que o time da Grifinória, mas eu não podia deixar que a minha fama de melhor apanhador de Hogwarts fosse pelos ares em pleno último ano. Eu queria a taça, realmente queria. Foi então que marquei um treino para sábado, tarde de Hogsmead, o que não agradou a ninguém do time, mas era simplesmente o único disponível, e precisávamos treinar urgentemente. Foi um treino um tanto agradável, o time não estava tão ruim quanto imaginei, mas também não estava bom o suficiente para ganhar da Lufa-Lufa. Conseguimos a aprovação de treinarmos três vezes por semana depois do toque de recolher e eu iria cumprir isso nem que tivesse pilhas de deveres acumulados! Após o treino havíamos marcado de ter um tempo para nós. Hermione, eu e Rony. O sol estava se escondendo por trás da densa Floresta Proibida de Hogwarts e o céu estava, em parte, escuro. O vento estava leve e gostoso de se sentir. Peguei minha vassoura e subi os degraus da arquibancada. Me joguei num deles qualquer, larguei minha vassoura e afundei o rosto nas mãos exausto, mas, o que mais me deixava cansado era saber que dentro do dormitório havia dois deveres de Poções atrasados. Rony não viria depois do que acontecera no treino e pelo seu estranho comportamento no vestiário. Iria esperar Hermione e poderíamos voltar juntos para o castelo. Passei um bom tempo com o rosto enterrado nas mãos, os cotovelos apoiado nos joelhos e o corpo pesado. Quando finalmente ergui o olhar, vi uma garota cruzar o campo de Quadribol. Talvez minha visão estivesse com algum defeito naquele momento, mas, eu acreditei nunca ter visto a silhueta de algo tão belo quanto aquela garota que cruzava o campo. Apertei os olhos tentando ver melhor e só consegui saber quem era quando ela passou a subir os degraus da arquibancada. Era Hermione. Por um segundo o sentimento de culpa por tê-la visto com outros olhos me invadiu, afinal, ela era minha melhor amiga, porém logo tudo sumiu quando ela finalmente se aproximou. Parou um degrau abaixo do meu na arquibancada e eu somente a observava. Ela estava diferente. Seus cachos voavam com o vento e sua pele parecia brilhar apesar de eu ter certeza que os brilhos viessem dos últimos filetes de sol que batiam em sua pele. Seu corpo havia ganhado formas e eu ao menos tinha parado para notar isso. Ela havia ganhado uma bela cintura, a quantia certa de busto e um par de pernas que deixava seu corpo simplesmente... Belo. O vestido rodado que ela usava na ocasião não fez questão de atrapalhar que eu pudesse observar cada detalhe novo que antes não havia notado em Hermione Granger. Ela estava linda e um pensamento passou em minha mente “Você não é mais minha Mione de onze anos.”

- Onde está Rony? – ela perguntou confusa e sua voz soou estranhamente doce e confortável de se escutar. Eu me curvei para trás e recostei minhas costas no vão do degrau de cima. Suspirei ainda com meus olhos perdidos nela e finalmente encontrei seus olhos, castanhos e brilhosos.

- Ele não ira vir. – respondi. – Não depois do que houve no treino. Ela sentou-se ao meu lado confusa e virou-se para mim. Pôs um cacho para trás da orelha, umedeceu os lábios e mordeu o inferior. Tudo fora rápido, mas para mim, naquele instante era como se eu estivesse preso em um segundo que durava horas. Meus olhos captaram em câmera lenta enquanto os dentes dela escorregavam pelo seu lábio inferior que me pareceu tão apetitoso quanto uma doce maça madura e vermelha.

- O que aconteceu no treino? – indagou Hermione.

- Gritei com ele por ter deixado a goles entrar na central duas vezes. – tornei a responder fazendo uma careta. – Acho que ele ainda não tem a idéia de que no campo de Quadribol eu sou o treinador dele e não seu melhor amigo. Ela abriu um casual sorriso e meus olhos automaticamente tiraram fotos. Deus, como eu ainda não havia notado que seu sorriso era tão gostoso de se apreciar. Era como prová-la metaforicamente.

- Creio que ele ainda não tenha essa idéia porque você sempre foi o melhor amigo dele, em qualquer lugar. – ela disse enquanto pegava sua bolsa e tirava dela duas garrafas de cerveja amanteigada. – Eu acabei de pegar essas com a Rosmerta. – ela disse me entregando uma. – Vou ter que guardar a do Rony para quando voltarmos para o castelo. Eu peguei a minha, abri e tomei goles e mais goles seguidos. Foquei o campo de Quadribol e logo depois o céu que já era capaz de mostrar suas estrelas. Ergui meus cotovelos e os acomodei no começo do degrau que minhas costas estavam recostadas. Observei cada estrela individualmente enquanto meus pensamentos começavam a me fazer se sentir culpado por ter finalmente notado em Hermione. Sabia que se tornasse a olhá-la eu não resistiria. Tomei mais um gole da garrafa e apreciei o sabor. O silêncio parecia bem vindo entre nós, cada um parecia perdido em seu mundo de pensamentos. Seu sorriso me veio em mente e eu queria poder ser capaz de colocar aquela imagem sendo refletida no céu, junto com todas aquelas estrelas. Se eu fosse capaz poderia passar o dia ali, sem me importar com pilhas de lições sendo acumuladas. Somente, apreciando aquilo que metaforicamente era como prová-la, mesmo sem ter sequer a provado.

- Eu vou sentir falta disso. – a voz dela soou baixa, porém audível.

- O que? – indaguei voltando-me para ela.

- Vou sentir falta disso. – ela repetiu. Era linda. Havia sentado como eu, com as costas recostadas no vão do degrau detrás. Via seu rosto de perfil enquanto seus cachos eram levados pelo vento. – Vou sentir falta de estar lotada de lições, de estar atrasada para a aula seguinte. De correr pelos corredores debaixo da sua capa da invisibilidade durante a madrugada. De visitar a cabana de Hagrid nos fins de semana. – ela finalmente olhou para mim. – Vou sentir falta correr até essa arquibancada para te ver jogar. De ouvir todo mundo rindo e pulando dentro do lago no último dia de aula. – ela tornou a olhar para o castelo. – Céus, olha como esse castelo brilha! Parece que não vai ser o mesmo sem nós. - Eu pisquei enquanto estava com meus olhos perdidos sobre ela. Eu estava sobre o efeito de alguma poção? Não, impossível! Mas, Merlim! Como eu fui incapaz de notar algo tão belo? Alguém com quem eu fico só quase todos os dias, alguém com quem já segurei a mão, alguém que caminha ao meu lado nos corredores, com quem almoço e janto junto. Será que o dia-a-dia foi capaz de me deixar tão cego? Inconscientemente estiquei meu braço e as costas do meu indicador afastaram seus cachos e tocaram sua têmpora. Ela continuava a focar o castelo. Sua pele era quente e macia. Eu já não estava realmente em minha sã consciência, talvez não estivesse desde que ela chegara. Estava desejando minha melhor amiga. Ela virou-se para mim com um sorriso que logo se tornou um fraco e simplesmente sumiu quando eu percebi que ela havia notado meu olhar perdido em seus lábios naturalmente vermelhos, sedutores e desejosos. Meu indicador deixou de acariciar sua têmpora e meus dedos afundaram por entre seus cachos enquanto ela somente me olhava intrigada. Percebi os olhos dela pararem sobre meus lábios quando me aproximei perigosamente, só que simplesmente parei a centímetros de sua boca. Podia sentir a respiração quente dela contra meu rosto, mas eu não a beijei e ela não se afastou. Não a beijei porque havia acabado de descobrir o quanto seu cheio era agradável. Era doce. Me fazia lembrar algum tipo de flor, talvez lavanda. Desviei o caminho e a ponta do meu nariz roçou por sua pele enquanto me deslocava para o seu pescoço. Ela pendeu de leve a cabeça e eu percebi ela tremer quando minha respiração atingiu o que eu tive como nota mental “Seu ponto fraco”, seu pescoço. Depositei um beijo ali e sorri. “Acabei de beijar o pescoço de Hermione Granger, minha melhor amiga”. Isso era, de fato, um grande avanço, já que eu nunca havia passado da testa ou da bochecha. Aquilo me fez lembrar que eu não queria só ficar depositando beijos em seu pescoço. Tomei o caminho de volta, no mesmo ritmo, fazendo a ponta do meu nariz sentir sua pele macia. E minha boca parou frente a dela, abri meus olhos e encontrei os dela fechados. Sua respiração estava um pouco rápida e descompassada. Seus olhos se abriram e os nossos se encontraram. Foi bem uma eternidade em que somente ficamos nos olhando. Verdes e castanhos, castanhos e verdes.

- Harry... – ela sussurrou. Fracamente e roucamente. – O que está fazen... – ela simplesmente parou. Talvez não houvesse mais palavras em sua boca, talvez ela não estivesse mais em si para pronunciar qualquer palavra.

Meus lábios tocaram o dela. Foi quase como receber um choque. Foi um toque diferente, não pelo choque, mas por eu ter certeza de que ela sentira o mesmo e eu tinha certeza que ela estava certa de que eu também havia sentido algo diferente naquele simples toque de lábios. Era como se fossemos um. Nossos lábios brincaram e nossas línguas exploraram. De inicio ela pareceu relutar, mas não demorou para que cedesse. Não nos importou o tempo. Não nos importou nada ao nosso redor naqueles simples minutos em que fomos um do outro por somente um beijo. Um beijo que me fez descobrir o amor. O amor de verdade. Porque eu sempre havia a amado como amiga, mas havia um toque de paixão agora. Isso me uniu ainda mais a ela.

Nenhum dos dois apartou o beijo, ele simplesmente acabou. Quem sabe porque tivéssemos passado tempo demais nos beijando. Me afastei e a olhei. Ela já estava de olhos abertos, me olhando. Novamente trocamos verdes e castanhos e ali, naquele momento eu soube que ela, assim como eu, sabia que aquilo fora a melhor coisa que já havia acontecido até então em nossa relação. Eu simplesmente me afastei, recostei novamente minhas costas no vão do degrau. Peguei minha garrafa, tomei um grande gole e novamente apoiei meus cotovelos no degrau detrás. Observei o castelo que agora brilhava na noite. Por mais que eu tomasse goles e mais goles o gosto dela ficaria para sempre em minha boca. Seus lábios macios, sua língua quente junto a minha. Aquilo ficaria cravado em minha memória e nada apagaria, nem mil feitiços de obliviação. Eu jamais deixaria que alguém tocasse nessa lembrança. Nunca. Notei Hermione ajeitar-se ao meu lado como eu.

- Uau... – ela sussurrou roucamente para si.

- Isso foi... – comecei.

- Fascinante. – ela completou e eu abri um sorriso. A olhei de lado e ela estava focando o castelo com uma das mãos segurando frouxamente sua garrafa em cima do degrau em que estávamos sentados. Eu passei a amá-la naquela noite de inicio de primavera e eu soube que nunca deixaria de amá-la, porque eu sempre havia a amado.




°Fim°

Essa short é presente pra Jack. =]

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Comentários (2)

  • RiemiSam

    Vou  ler todas as suas FICS e comentar. Você escreve muito e deixa seus leitores virarem fãs. Sem  retoques  ou críticas só elogios. 

    2013-12-20
  • hellen granger

    muito fofo...linda...nao poderia ser diferente tendo esta ship..eles sao simplismente lindos juntos...amei..estou virando uma grante fan das suas fics...sao todas maravilhos e sao hh...q so por ter els ja ganhou minha atençao...

    2011-08-18
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