O Funeral



Capítulo XXXIX


O Funeral


 


- Olha quem voltou! - Gritou Tonks com um imenso sorriso nos lábios trazendo Harry apoiado em um dos seus ombros já que uma das pernas estava fraturada.


 


            Cansada, deixei sua mochila em cima de uma das cadeiras da sala e sentei-me numa poltrona confortavelmente. Não sabia a quantos dias não sentia algo tão confortável assim.


 


- Oh, meu querido!  - Soltou Molly da cozinha, eu pude ouvir perfeitamente dali.


 


            Ron desceu as escadas dando pequenos pulinhos e sentou-se na poltrona a minha frente. Me encarou alguns segundos e abriu a boca para dizer.


 


- Eu sei, estou acabada. - Ergueu uma sobrancelha.


 


- Eu ia dizer que Gina está vindo para cá. Mas realmente, você está acabada. - Sorri e me levantei indo até a cozinha.


 


            Lá estavam Molly, Arthur, Moody, Lupin, Fred, Jorge e Tonks, que chegara comigo e Harry. Passamos quase uma semana naquele hospital. As enfermeiras até brincaram, dizendo que eu poderia conseguir um cargo lá facilmente, já que conhecia o funcionamento perfeito daquele local. Eu jurei a mim mesma que nunca mais voltaria naquele lugar.


 


- E como está se sentindo?


 


- Ótimo, tiro essa tala depois de amanhã. - Soltou Harry vitorioso.


 


- Quase todos os jornais bateram na minha sala no Ministério querendo que eu arrumasse uma entrevista com você a respeito do que aconteceu, - Disse Arthur. - eu disse que não e que todos já sabiam o que tinham acontecido, você não precisaria dar nenhum depoimento.


 


- Muitos alunos de Hogwarts mandaram cartas para vocês. Estão todas lá em cima. - Disse Tonks sentando-se ao lado de Molly. - Se fosse eu de vocês, respondia pelo menos uma ou duas, sejam celebridades simpáticas.


 


- Não obrigo eles a gostar de mim ou deles. - Soltei um pouco rude mas um pouco engraçada.


 


- O seu charme obriga, Hermione. - Sorriu e eu lhe mostrei a língua. - Bom, vamos, Harry, vamos lá para cima descansar.


 


- Mas eu queria ter um pouco mais de contato humano, sabe? - Tonks não deu o braço a torcer e o levou lá pra cima, flutuando pelos degraus.


 


            Eu os segui, pegando a mochila de Harry. Ao entrarmos no nosso quarto, ele jogou-se na cama macia e suspirou longamente encarando o teto. Deixei a mochila na cadeira e me deitei lentamente ao seu lado, virando até seu peito e aconchegando minha cabeça.


 


- Aconteceu tudo tão rápido, não é?


 


- Assim que é bom, mais rápido, menos sofrimento. - Acariciou meus cabelos.


 


            Sofrimento? Eu nem sabia mais como se usava essa palavra.


 


- Eu acho que você deveria dormir. - Sugeriu e eu dei uma risada de deboche.


 


- Nem pensar, só fiquei dormindo naquele hospital, dormia mais do que você.


 


- Mas naquele sofá duro, você não descansava nada.


 


- Harry, - - Sentei-me e o encarei. - eu estou ótima, muito obrigada.


 


            Me olhou um pouco surpreso e se sentou também.


 


- Desculpe.


 


- Não precisa se desculpar. - Suspirei. - É, eu devo estar mesmo muito cansada, é que-


 


- O quê? - Pediu que eu continuasse.


 


- Eu venho pensando muito esses dias. - Comecei meu monólogo. - Se os Malfoy não tivesse matado meus pais, eu não estaria tão revoltada com a vida e não provocaria a ira das pessoas, não me envolveria com aquele colar, não me envolveria com tantas pessoas estranhas, David não morreria, ninguém fugiria de Hogwarts, ninguém seria julgado, ninguém despertaria a fúria nos Malfoy, ninguém sairia ferido daquela noite na floresta, ninguém estaria furioso a ponto de provocar a quase morte de todos nós por causa de um simples ciúmes.


 


- Ninguém teria se apaixonado e ninguém estaria conversando nesse momento. - Segurou minhas mãos. - Hermione, pare de pensar nisso.


 


- Não consigo. Tudo tem sua reação, se talvez eu não ficasse na casa da minha tia Josefinne, meus pais estariam vivos e nada disso teria acontecido.


 


- Com certeza, nem as coisas boas.


 


- Mas as coisas ruins prevalecem.


 


- Estamos juntos, vivos e muito bem, Hermione! - Disse um pouco alterado. - Lógico, passamos por coisas terríveis, não desejo a ninguém mas estamos bem. - Quase soletrou a últimas palavra.


 


            Mas o conforto de Harry não era suficiente para me acalmar.


 


- Você quer conversar, não é? - Perguntou enquanto eu desviava meu olhar dele. Fechou a porta com um movimento das mãos e sentou-se confortavelmente naquela cama, deixando eu encostada nos travesseiros.


 


- Eu queria- - Olhei para meus próprios dedos. - eu queria te contar como foi o funeral dos meus pais.


 


            Ele ficou com uma expressão de dúvida, com certeza se perguntando o porquê da minha decisão de revelar uma coisa são delicada como essa.


 


- Semana que vem faz um ano.


 


            Suspirei impedindo que eu começasse a chorar. Por que deixar a cabeça dele cheia dos meus pensamentos horríveis?


 


- Eu ainda fico me perguntando como estou viva mesmo depois de um ano. - Dei uma meia risada sem graça.


 


- Todos nós se pergunta isso, Hermione.


 


- Mas não com a freqüência com que eu perguntava. A cada minuto, a cada segundo vivido quase razão nenhuma.


 


- Não era o fim do mundo.


 


- Pra mim, era. Meus pais morreram, não tenho irmãos, não tinha família, não tinha quase ninguém que pudesse contar.


 


- E nós? Ron, Gina, eu?


 


- Vocês são meus amigos, meus melhores amigos, mas família mesmo, só estou começando a ter agora a pouco, quando Tonks bateu o martelo dizendo que era minha mãe postiça, minha tia se revelando um amor de pessoa e você sendo a pessoa mais importante na minha vida.


 


            Com o sol brilhando lá fora, só queríamos ficar dentro do quarto.


 


- Eu estava quase sem opções, principalmente depois que eu botei na minha cabeça que todos iriam sentir pena de mim.


 


- E por isso não quis falar para ninguém?


 


- Também. Eu sentia medo, não sei exatamente. - Apertei o peito. - Alguma coisa aqui dentro falava para eu não contar a verdade a ninguém. E ainda mais, Tonks me ajudou com essa mentira, inventando falsos documentos, enganando parte do corpo docente de Hogwarts, essas coisas que só eles conseguem.


 


- E você ficou visivelmente furiosa quando o Ministro contou a nós.


 


- Lógico! - Se tivesse algo que eu poderia bater, eu tinha batido. - Era uma coisa que eu queria contar, quando eu quisesse, e não daquela forma, eu não sabia como vocês iam reagir, eu tinha medo que vocês fizessem alguma loucura!


 


- Isso você tem razão. - Sorriu levemente.


 


- Eu queria passar uma peneira na minha vida, mas foi completamente impossível já que os buracos eram tão grandes e tão dolorosos...


 


            Não sabia se Harry tinha entendido o que eu queria dizer, nem eu entendi muito bem, para falar a verdade, mas a questão era que foi uma metáfora muito bonita.


 


- A mesma sensação que senti aquele dia, foi a mesma que senti quando te vi quase sendo morto, ou a vez que eu pensei que eu tinha morrido...


 


            O dia estava nublado, muitas nuvens pretas, algumas cinzas, e nenhuma branca. O vento frio atípico do verão fez com que os casacos fossem para fora do armário. Tenho que confessar que ficar ali, naquele canto, era a melhor coisa que eu poderia fazer. Fazia alguns dias que eu não comia, não bebia, não tomava banho, não vivia.


 


            Os corpos demoraram quatro dias para saírem da perícia londrina e fecharem o caso como 'arquivado por falta de provas'. Meu quarto não era mais o mesmo, já que nada estava no lugar. Ele costumava ser tão arrumado, tão limpo e tão arejado.


 


            Agora estava destruído, escuro, mofado e sem vida.


 


 - Hermione, sairemos daqui uma hora.  - Minha tia gritou de lá de fora. Afinal, era o que ela fazia de melhor.


 


            Perdi as contas de quantas vezes ela gritou alto na porta para eu fazer, ou deixar de fazer. Eu fingia que ouvia mas não falava nada em resposta, deixava ela na dúvida e esperança de eu estar viva naquele quarto.


 


            Viva eu estava, não sabia por muito tempo.


 


            Rascunhei várias cartas para mandar para Harry, Ron e Ginny, mas nada saia como eu queria. Pra que avisá-los?! Para sofrer junto com eles? Eles têm seus problemas. Deixe eles viverem a já complicada vida deles. Também não quero ser alvo de passadas de mão na cabeça ou de consolos, queria que fosse tratada como se nada tivesse acontecido, mas para qualquer pessoa em sã consciência dos dias de hoje, saberia que era quase impossível ser tratada desse modo depois do grande acontecimento.


 


            Respirando fundo, levantei-me, pulando algumas roupas jogadas pelo chão e entrei no banheiro completamente escuro. Ao acender a luz, meus olhos doeram, sentiram a dor da escuridão se esvair.


 


            Me olhei naquele espelho e suspirei. Com olheiras, olhos um pouco inchados, as maçãs do rosto bem acentuadas e os cabelos sem conhecer um pente a dias, me desatei a chorar novamente, com as duas mãos no rosto.


 


            Que imagem horrível.


           


            Ao parar de descer lágrimas, liguei o chuveiro deixando aquela água quente bater no chão e espirrar nos meus pés. Nem um minuto depois, o espelho estava embaçado e era assim que eu queria me ver: uma projeção embaçada do real.


 


            Tirei cada peça de roupa e a joguei no lixo, entrei no chuveiro como nunca tivesse entrado. Os pingos deixavam meu corpo amortecido, caiam lentamente no meu rosto, molhando além das lágrimas.


 


            Apenas água era suficiente para me deixar limpa, já que fora dali, não saí nem um minuto. Dois minutos de massagem divina e fechei o chuveiro. A toalha estava intacta desde a última vez que eu a usei. Os cabelos pingavam, agora, água gelada no lugar de vapor. Enxuguei meu corpo e enrolei na minha cintura.


 


            Como um ato um pouco sem pensar, abri as cortinas do quarto, arranquei os lençóis das vidraças, deixei aquele quarto ventilado e iluminado. O dia. Fazia tempo que eu não o analisava tanto como fiquei o analisando.


 


            Eu sabia que não tinha muito tempo, mas quem ligava?


 


            Abri meu guarda-roupa e folhei as roupas como se fosse um livro que eu amava ler. Senti o tecido, analisava a cor. Lógicamente, uma blusa preta de mangas compridas, uma saia até o joelho da mesma cor.


 


            Deixei as peças sobre a cama e peguei peças íntimas e meias limpas.


 


            Ao terminar de me vestir, sentei-me na frente do espelho. Não posso negar que o banho melhorou minha aparência, mas tinha muito o que fazer. Abri o estojo de poções, peguei um pequeno vidro que dizia: Seca-cabelos. Tomei em dois goles e logo meu cabelo secou-se, formando cachos perfeitos sobre meus ombros.


 


            Meu cabelo castanho deixava minha pele ainda mais branca, deixava minha falta de comida aparente. Peguei, no fundo daquela gaveta, uma maletinha que guardava todas as minhas novas maquiagens – presente da minha mãe quando fiz dezesseis anos. Nunca usei.


 


            Passei um lápis preto embaixo e em cima dos olhos, uma base líquida seguida por um pó de arroz que deixava vários pontos de luz no meu rosto e forcei o  blush nas maçãs. Iluminei os a parte de dentro dos cantos dos olhos e um batom cor de boca. Exagerei no rímel.


 


            Coloquei uma sandália de salto alto e um pequeno colar de prata.


 


            Vamos, Hermione, vamos ver como o mundo está lá fora.


 


            Desci as escadas e logo encontrei minha tia Jose, ao pé da escadas com seu  modelito totalmente preto elegante segurando um guarda-chuvas. Ela me olhou com lágrimas nos olhos. Eu já não tinha o que gastar em lágrimas, apenas em pequenos sorrisos. Ela me deu um beijo na testa e me acompanhou até a porta.


 


            Peguei meu casaco e saímos rapidamente. Na frente de casa, tinha um carro cinza nos esperando, lá dentro, um rapaz de trinta e poucos anos que só depois de dias fui descobrir que era um primo de terceiro grau que morava do outro lado da cidade.


 


            Ele nos levou até uma igreja, a igreja onde papai e mamãe se cassaram e, segundo eles, onde fui batizada e tudo mais. Tinha alguns carros parados na frente, algumas pessoas entrando mas só quando entrei eu vi quantas pessoas tinham ali.


 


            Quase todos os bancos estavam ocupados, eu pensei que ia ser uma reunião para os mais conhecidos e parentes, mas parece que Londres inteira estava lá. A igreja estava no patamar de catedral, era gótica e muito bonita.


 


            Ao passar pelo corredor do meio, meus olhos ficaram fixos nos dois caixões fechados que eu encontrei no altar. Todos olhavam para mim e minha tia, pareciam que sabiam que eu era a única herdeira dos Granger.


 


            Pessoas conhecidas como tias, tios, primos, vizinhos, colegas de trabalho, chefes e clientes estavam presentes. Não pude deixar de reparar em Tonks e Lupin, sentados em uma das fileiras do meio, bem no canto.


 


            O que eles estariam fazendo ali?


 


            Lá na frente, tinha alguns lugares vazios e nos sentamos, eu e minha tia. Ela segurava minha mão o tempo todo. Nem era por mim e sim por ela. Ela não queria se sentir sozinha ou desamparada, coisa que eu a deixei todos esses dias.


 


            Havia coroas de flores em todos os lugares.


 


             “Excelentes Dentistas”, “Salvadores de Vidas”, “Amável marido, adorado pai, filho especial”, “Dedicada esposa, idolatrada mãe”.


 


            Cansei de ler.


 


            Quando o padre começou a falar, eu fiquei fixa, olhando apenas aqueles caixões fechados. Era quase uma coisa corriqueira: as pessoas falavam e eu fingia que escutava. Alguns amigos subiram até o palanque e disseram algumas palavras, primos, alguns tios, pediram até que eu fosse, mas eu recusei, deixando minha tia decepcionada.


 


            No fim, pessoas iam até os caixões e se despediam-se. Eu tinha que esperar o cortejo, afinal, ainda tinha o cemitério, a pior parte.


 


            Nenhum sentimento vivo estava dentro de mim, apenas o sentimento de mais uma coisa importante que eu deixo escapar das minhas mãos.


 


            Seguimos no mesmo carro que chegamos a igreja. O cemitério não era muito longe dali, era bonito, cheio de verde e flores.


 


            Doze rapazes carregaram os caixões até as devidas lápides. Ficaram ali, em cima de armações em bronze, uma foto dele e uma foto dela estavam debaixo de uma tenda, onde também tinha algumas cadeiras. Apenas os mais íntimos estavam lá. Colegas de trabalho, tios, primos.


 


            Como minha mãe era católica e meu pai era protestante, duas celebrações diferentes. Um dos amigos de papai ficou na frente dos caixões e começou a dizer coisas bonitas, coisas serenas, coisas que passaram com eles, fatos engraçados. Disse que não era um dia de tristeza e sim um dia de festa.


 


            Também mencionou que cada lágrima que caia agora, era um sorriso que tiveram antes. Eu não contive e comecei a chorar discretamente. Levava nas mãos duas rosas, uma branca e uma vermelha. Mexia no cabo delas como se fossem de plástico.


 


            Ao final, os caixões começaram a descer.


 


            Uma cena que eu nunca irei esquecer na minha vida, meu pai e minha mãe sendo enterrados, sem eu poder me despedir dignamente deles. Quanto tempo mais poderei ficar desse jeito, meu Deus?!


 


            Dei alguns passos para frente e joguei as rosas, a vermelha para ela e a branca, para ele. Minha tia foi ao meu lado, segurando no meu ombro e chorando comigo.


 


            Ao chegar em casa, arranquei os sapatos e subi até meu quarto lentamente, caindo na cama e adormecendo profundamente.


 


 


- Eu sei que dormi durante dois dias seguidos. Minha tia até chamou um médico para ver se tudo estava bem.


 


            Acho que matei Harry de tanto desgosto, ele ficou mudo me olhando durante toda a história, sem dizer uma única palavra.


 


 - E depois, minha tia me injetou um pouco de moda, rebeldia e bebida e você vê o produto final.  - Passei a mão no corpo e ri.


 


- Deve ter sido seus piores dias.


 


- Pra falar a verdade, já tive piores. - Ri mais uma vez. - Eu prefiro rir do que chorar, Harry.


 


- Eu posso muito bem ver isso. - pegou no meu queixo.


 


- Então, será que hoje eu ganho aquela massagem que o senhor me prometeu? - Ele fez uma careta que cúmplice.


 


- Eu prometi?! - Taquei o travesseiro no seu rosto e ele me trouxe para um delicioso beijo.


 


***


 


- Oh, Meu Merlim! Harry!  - Ouvi Gina gritar enquanto eu colocava a mesa do jantar.


 


- Cuidado com meu pescoço, Ginny!  - Disse sufocado.


 


            Sim, o bichinho do ciúmes me corroeu, mas eu não disse nada.


 


- Cadê a Mione?


 


- Na cozinha.


 


            Nem terminou de dizer e senti alguém pulando no meu pescoço, me dando alguns beijos no rosto e me afogando com seu cabelo laranja.


 


- Como você está? - Perguntou afobada de mais.


 


- Ótima, e você? - Voltei a colocar os pratos na mesa.


 


- Perfeita. - Suspirou. - Perdi muita emoção?


 


- Nada de mais, aquele drama de sempre quando o vilão pega o mocinho e-


 


- Gina! Você não disse que só chegava amanhã? - Perguntou sua mãe entrando na cozinha naquele momento.


 


- Mudanças de planos. - Sorriu largamente.


 


***


 


            Ron estava quase dormindo na poltrona do quarto onde eu e Harry dormiríamos até que o moreno o acordou com um travesseiro no rosto, mandando que ele fosse dormir em um lugar descente.


 


            Estranho como Molly não questionou quando falei que dormiria nesse quarto e não com Gina. Talvez ela estava de bom humor. Quando o ruivo saiu, eu me troquei e Harry logo depois.


 


            Deitamos e apagamos as luzes, quando sentimos a cama se mexer e um vácuo se formar entre nós.


 


- NÃO!  - Gritamos juntos frustrados.

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