O Grande Peso Das Costas




Capítulo XXIX


O Grande Peso Das Costas


 


Nos juntamos a Ron e Gina. O ruivo estava se entupindo de bolinhos e bombas de chocolates, deixando os elfos loucos. Eram quase cinco horas da manhã quando encontramos Dumbledore novamente. Estava perto do quadro da Mulher Gorda, num semblante nada bom.


 


- Acharam alguma coisa, professor? - Perguntou Harry se aproximando dele.


 


- Ainda não. Ela não está nos quartos, não está pelo castelo. Espero que eles tenham sorte fora do castelo. - Estava visivelmente preocupado.


 


- Ela pode estar usando o colar, ela vai conseguir qualquer coisa, sem medir esforços! - Concluiu Gina.


 


- Sabemos isso, Senhorita Weasley, esperando que não esteja usando.


 


- Professor Dumbledore! - Minerva desceu os degraus apressada. - Está faltando um aluno também.


 


- Quem?


 


- Marcos Belby. - Ergui uma sobrancelha. - As coisas dele não estão no quarto e os amigos disseram que ele está agindo estranhamente esses dias.


 


Dumbledore virou-se para mim e ergueu uma sobrancelha.


 


- Bom, - - Torci os dedos. - eu apaguei a memória dele, ele não lembra de nada que aconteceu aquele dia, e isso faz tanto tempo.


 


- Que feitiço usou?


 


- De memória recente.


 


- Tem certeza que funcionou?


 


- Absoluta, até o McLaggen disse que ele não se lembrava de nada.


 


Dumbledore molhou os finos lábios e olhou novamente para Minerva.


 


- Ele pode ser aliado da senhorita Rowan, avise o Ministro.


 


- Será que não- -


 


- Esse feitiço pode ser anulado se algum fato parecido acontecesse com a pessoa.


 


Droga.


 


- Ela pode ter seduzido ele da mesma forma que eu. Aí, ela teria acesso livre a sua sala.


 


Era uma coisa a ser pensada.


 


- E se eles já partiram, professor? Eles podem estar em qualquer lugar do mundo. - Soltou Ron sem esperanças.


 


- As meninas podem saber. - Viraram-se para mim. - Parvati, Deena, Anne e Sarah eram mais ligadas a ela do que eu, elas podem saber de algum lugar que ela tenha mencionado, ou até quem sabe, elas a viram nessas últimas horas.


 


- Tudo bem, vamos falar com elas. - Todos pegaram o caminho para a Mulher Gorda mas eu impedi.


 


- Sabe o que é professor, deixa comigo, elas vão falar melhor apenas comigo lá, se o senhor aparecer- - Entendeu confirmando com a cabeça.


 


Entrei rapidamente passando pela Sala Comunal e subindo até o quarto delas.


 


- Oh, Hermione! - Disse Parvati indo ao meu encontro. - O que está acontecendo?!


 


- A Meg é a culpa disso?! - Perguntou Deena levando as duas mãos a boca.


 


- Garotas, explico tudo mais tarde, tenho várias coisas bombásticas para contar! - Suspirei. - Vocês sabem de algum lugar que a Meg tenha comentado? Algum lugar que ela tenha falado que queria fugir, se refugiar, ou até um lugar que ela goste.


 


Elas demoraram a responder.


 


- Pra mim, ela não falou nada. - Soltou Parvati.


 


- Nem para mim, que eu lembro. - Anne também disse.


 


- Espera, - - Disse Sarah levantando-se da sua cama. - ela sempre mencionava uma Estufa que era da mãe dela, fica no centro de Londres.


 


- Ela poderia ir para lá. - Concluiu Deena.


 


- Mais algum lugar? - Negaram. - Muito obrigado, Meninas.


 


- Para quem você vai contar? - Perguntou Anne.


 


- Para Dumbledore.


 


- Boa sorte. - Desejaram.


 


Saí de lá pensando várias coisas ao mesmo tempo. Desci as escadas e ouvi gritos do outro lado do quadro, ao abrí-lo, o Ministro estava discutindo com Harry, Ron pedia calma junto com Gina.


 


- Você está muito encrencada, Granger! Ouviu bem? - Estava vermelho de raiva. Deve ter um acesso e está descontando nas primeiras pessoas que vê.


 


- Acharam alguma coisa? - Perguntei.


 


- Não! Ela fugiu! Você deve estar metido nisso, Granger! Tenho certeza!


 


- Rufo, se acalme, por favor! - Segurou no braço do amigo e o trouxe para trás. - Senhorita Granger, alguma coisa?


 


Várias coisas passaram pela minha cabeça. Várias palavras, frases, pessoas, rostos, ações que eu devia tomar, e eu só tinha certeza de uma.


 


- Nenhuma delas sabem, professor, me desculpe. - Fui ao lado de Harry.


 


- Tudo bem, vamos espalhar aurores por Londres, Hogsmeade, vilarejos aqui perto. Vocês podem voltar aos seus quartos., qualquer notícia, vocês serão os primeiros a serem informados. - Disse Dumbledore sabiamente.


 


Filth, que tinha surgido não sei da onde, mandou que fossemos para nossos quartos. Gina se despediu e entrou no quadro da Mulher Gorda. Olhei Harry e Ron com olhares irônicos e peguei o caminho para meu quarto.


 


- Potter, o seu quarto é lá em cima. - Apontou para o quadro da Mulher Gorda.


 


- Nós vamos estudar táticas de jogo, senhor Filth! Pode deixar, ele está em boas mãos! - Disse Ron jogando-se em cima do ombro do amigo.


 


Descemos as escadas em silêncio, ao vermos que não estávamos perto de nenhuma pessoa, comecei a falar.


 


- Estufas da mãe dela, no centro de Londres.


 


- Está pensando em- -


 


- Já pensei e já sei como ir. - Sorri maliciosamente. - Mas eu acho que eu vou sozinha.


 


- Nem pensar! - Soltou Harry no mesmo momento.


 


- Eu sou a mais encrencada daqui, não quero meter vocês nessa.


 


- Já meteu, Hermione, não tem volta. - Disse Ron.


 


Mordi os lábios e comecei a subir as escadas para meu quarto. Ao entrar, quase tropecei na bagunça que tinha feito.


 


- Uau, furacão? - Ron riu. Tentou pular as roupas e objetos até a cama. - Qual é o plano?


 


- Não temos um plano. - Soltei obviamente pegando uma mochila. - Nós nunca temos um plano, não é agora que vamos ter. - enfiei algumas roupas lá dentro.


 


- Está pensando em ir agora? - Perguntou Harry.


 


- Lógico, por que?


 


- E como pensa em despistar esses aurores?


 


- Ron, pensa comigo, meu amigo 'loiro'. - Sentei-me ao seu lado da cama. - Como nós fomos até aquele fantástico show?


 


- Ah, você não explica... - Levantou-se e foi até a porta. - Vou pegar algumas roupas também. - Saiu deixando a porta entreaberta.


 


- Você não acha que está se arriscando de mais? Entregando a sua cabeça a prêmio pra aquele idiota do Ministro?


 


- Harry, Tonks e Lupin estão presos por minha causa, eu estou aqui, livre e eles lá, presos! E a culpa é integralmente minha. Mais ferrada que eu estou, impossível. - Peguei um casaco e enfiei e varinha dentro dele. - Não vai pegar nenhuma roupa?


 


- Se eu voltar até lá, Dumbledore vai desconfiar. - É, eu não tinha pensado nisso. - Vou pegar algumas do Ron. - Sorriu e saiu do quarto.


 


Abri minha caixinha de poções e peguei algumas jogando-as dentro da bolsa, no meio das roupas para não quebrar. Naquela bagunça, saí do quarto o trancando. Subi as escadas e entrei no quarto de Ron.


 


- Só nós três? - Perguntou o ruivo.


 


- Quanto menos pessoas, melhor.


 


- Você não ter pelo menos trocar de roupa? - Perguntou olhado meu modelo.


 


- Ah, não, gosto desse vestido. - Pisquei.


 


- Vão sentir a nossa falta, o que vamos fazer?


 


- Hm, não tinha pensado nisso.


 


- Eu tenho uma idéia. - Disse Ron sorrindo maliciosamente.


 


***


 


- Eu ainda vou casar com um dos seus irmãos, Ron! - Soltei sorrindo largamente.


 


- Ninguém vai suspeitar.


 


Transfiguramos travesseiro em um boneco e o cobrimos. Os gêmeos tinham inventado um geléia que responde qualquer pergunta como se fosse você. Deixando ali perto do boneco, poderíamos dizer que estávamos muito cansados e que íamos tirar o dia de folga. Era suficiente até voltarmos.


 


- Ok, um pra você e um pra mim. Pro Harry, a gente dá um jeito de avisar o Tony ou algum outro cara e eles acobertam ele.


 


- Perfeito. - Escrevi um bilhete rapidamente e o enfeiticei. Iria até a cama de Tony, dizendo em poucas palavras, o nosso plano. - Vamos.


 


Descemos as escadas em silêncio, tirei minhas sandálias no quarto de Ron e coloquei aquele meu All Star favorito. Não estava combinando com nada, mas não tinha escolha. Parecíamos refugiamos tentando fugir do campo de concentração. Cada detalhe era significativo, qualquer ruído seria nossa cabeça em cima de uma bandeja com a maçã na boca.


 


Pegamos um caminho mais curto até a lareira esquecida por todos da escola, e amada por alguns delinqüentes juvenis. Ao chegarmos, entramos naquele apertado armário, descemos pelo alçapão e finalmente chegamos àquela sala.


 


- Para onde vamos? - Perguntei tirando o saquinho de Pó de Flu do bolso.


 


- Podemos ir para a Ordem. - Sugeriu Harry.


 


- Eu acho arriscado, devem ter capangas do Ministério por lá.


 


- Duvido muito. - Ron e eu trocamos olhares e consentimos lentamente com a cabeça indo até a laleira. - Bom, eu vou primeiro, qualquer coisa, eu volto. - Ficou dentro da lareira, disse bem alto e bem claro as palavras e jogou aquele Pó verde no chão. Num piscar de olhos, Harry tinha sumido.


 


- Soube que vocês estão 'bem'.


 


- 'Bem', nós sempre estivermos. - Ri baixo.


 


- Você entendeu... - Rolou os olhos. - Bom, acho que podemos ir. - Ron serviu-se de pó e também pegou o mesmo caminho de Harry.


 


Esperei alguns minutos e logo fui atrás dele. Eu odeio viajar de Pó de Flu, fico com alergia pelo menos por dois dias. Desci na sala de Sirius, escorregando e quase batendo a cabeça na parede. Harry me ajudou a me levantar e a bater a poeira da roupa.


 


- A casa está vazia. - Disse enquanto guardava sua varinha.


 


- Moody ficou por Hogwarts, então. - Conclui indo até a cozinha. - Agora, não podemos mais voltar atrás. - Deixei a minha mochila em cima da mesa e abri os armários atrás de alguma comida, mas foi em vão. - Eles não comem por aqui?! - Soltei aborrecida.


 


- Vocês deviam ter comido! - Soltou Ron se sentando na mesa. - Não esperei estar aqui de volta antes das férias.


 


- Nenhum de nós esperava isso. - Sentei a sua frente e Harry ao meu lado.


 


- São seis horas da manhã, não dormimos a quase vinte quatro horas, estamos com a roupa da farra de ontem... - Lamentava-se o ruivo. - Quando começaremos a caçada?


 


- Pensei que já tivéssemos começado. - Sorri sarcasticamente. - Acho que estamos a um passo a frente dela. Pelo estado que estava aquela sala, nós fomos os primeiros a usá-la naquela semana, ela não usou Pó de Flu para ir. Pode ter ido com algum tretálio que roubou do Ministério. Ela demoraria, pelo menos, até meio dia para chegar aqui em Londres, isso se pegar um rápido.


 


- Temos um tempo para descansar. - Soltou Harry se espreguiçando. - Vou ver se tem alguma comida na dispensa. - Saiu da cozinha e foi até a porta ao lado.


 


Naquele momento, ouvimos a chave girar na fechadura. Olhei em pânico para Ron e Harry que tinha voltado a cozinha. Peguei minha mochila e corri para apagar a luz. Corremos os três para a pequena e apertada dispensa e nos trancamos lá.


 


Ouvimos passos em direção a cozinha. As portas eram velhas, então tinham frestas entre as emendas das madeiras, numa delas, meu olhar encaixou exatamente. A porta da cozinha se abriu e logo reconhecemos Moody. Respirei um pouco aliviada, mas não sabia se ele poderia ser amigo ou inimigo nessas horas.


 


- Podem sair daí, eu já vi vocês. - Ron que estava atrás de nós, nos empurrou sem querer, Harry e eu fomos a baixo junto com a porta. - Hey, Remo demorou para arrumar essa porta. - Nos levantamos. - Trouxe o café da manhã. - Trouxe dois litros de leite e um saco com alguns pães.


 


- Você sabia que nós--


 


- Não, mas esse perfume doce e enjoativo da Granger infectou a casa inteira! - Discretamente, cheirei meu cabelo para ver se o cheiro era mesmo forte.



Nos sentamos, eu ao lado de Harry, Ron a nossa frente ao lado de Moody. Estamos mudos, receosos, não sabíamos se confiávamos ou saíssemos correndo naquele momento.


 


- Eu não sou a Mãe Weasley, mas eu me preocupo com a saúde de vocês! Comam! - Quase jogou a comida em nós, naquele jeito delicado Moody de ser. - Então, qual é o plano?


 


- Não temos um plano. - Soltei me servindo de leite e o esquentando com a ponta da varinha, Harry pediu que eu fizesse o mesmo com o dele.


 


- Vocês tem um plano sim! Senão, não estariam aqui na Ordem. - Pegou um pão e deu uma grande mordida. - Eu lembro de ter deixado vocês em Hogwarts... Avisaram alguém? - Negamos. - Que bom, a sentença será maior. - Sorriu sarcasticamente.


 


- Você tem contato com Tonks e Lupin? - Perguntei.


 


- Não. - Caí nos ombros. - Mas pode mandar um recado pra eles.


 


***


 


- Pode escrever aí, Granger.


 


Eu estava sentada no escritório de Sirius, a minha frente, um caderno, os garotos estavam um de cada lado meu, em pé, apenas observando. Moody ficava a frente, me entregou a pena e pediu, mais uma vez, que eu comece a escrever.


 


- E como ela lerá?


 


- Aparecerá na pele dela. - Ergui uma sobrancelha.


 


- Isso não machuca? - Perguntou Ron.


 


- Não, para Ninfadora não. Vamos! Seja breve nas palavras.


 


Molhei a tinha no tinteiro e molhei os lábios. Me inclinei sobre o caderno e deixei um pingo cair. Absorveu rapidamente.


 


- Agora, ela terá uma pinta! - Rolou os olhos.


 


As coisas estão começando ficar caóticas por aqui, Harry e Ron já sabem dos meus pais assim como a escola. Eles irão pagar por tudo que fizeram com você. Eu já me ferrei de mais e estou vendo minha cabeça a prêmio.


Hermione.


 


E desapareceu em segundos.


 


- E ela saberá que Hermione lhe escreveu? - Perguntou Harry.


 


- Lógico, Potter, ela sentirá. - Andou até a porta. - Acho melhor vocês descansarem um pouco. Aqui estão seguros.


 


Era complicado entender a cabeça de Moody. Uma hora está te xingando horrores e na outra, está feliz e te tratando bem. Quem somos nós para questioná-lo?


 


- Podem subir para os quartos. - Saiu de lá mancando.


 


***


 


- Mas e aí, acontecia tudo mesmo?


 


- Tudo, tudo que você quisesse.


 


- Perigoso, não? - Harry era um estraga sonhos.


 


Ron deitava a cabeça na minha barriga e eu deitava a cabeça no colo de Harry. Estávamos todos no quarto, naquele colchão macio cheio de cobertas, deixando ainda mais fofo. O moreno lia um pequeno livro, eu e Ron apenas conversávamos.


 


- Tentador, diria eu. - Ron pegou a minha mão e começou a brincar com ela. - Sabiam que vocês são a minha família agora?


 


- Sempre fomos. - Soltou Harry concentrado no livro.


 


- Mas agora é pra valer! Se depender da minha tia Jose, ela nem sairia na rua para comprar comida. Morre de medo até da própria sombra. - Ri. - Se é que vou vê-la de novo...


 


- Cara, você não vai para Azkaban! - Disse Ron. - Dumbledore não deixaria.


 


- Não deixaria até fugirmos da escola sem confiar nele! - Ron meneou a cabeça. - Agora, meu futuro tá nas mãos daquela idiota...


 


- Sempre a achei esquisita. - Torceu o nariz.


 


- Mas deixou o Harry ficar com ela! - Disse nervosa.


 


- Ele ficou porque quis, ou melhor, ele estava enfeitiçado!


 


- Grande coisa...!


 


- Não comecem, por favor. - Pediu virando a página do livro.


 


- Francamente, pare de ler! - Peguei o livro e o joguei no chão.


 


- Hey, era interessante!


 


- Você está andando muito com a Hermione, cara. - Soltou Ron totalmente sem graça, ao meu ver. - Tô morrendo de sono só que não quero dormir porque terei que acordar daqui a pouco e não quero estar com sono quando estivermos em ação.


 


- Você é confuso de mais, Ronald! - Ri.


 


- Então, vou tomar um banho! - Levantou-se e espreguiçou-se. - Não façam nada que eu não faria. - Piscou e saiu do quarto.


 


Virei-me na cama deitando de bruços, olhando aquele moreno ali na minha frente, pensativo e cansado. A barba por fazer, o cabelo levemente bagunçado, os botões da camisa abertos. Quer visão melhor?


 


- Você não acha esse vestido muito curto pra você? - Perguntou e me fez rir.


 


- Não, - - Mordi os lábios. - na medida exata.


 


- Um pouco mais curto e mostraria sua alma. - Eu ri mais uma vez.


 


- Está parecendo um irmão mais velho chato.


 


- Não está com medo? - Deitou-se na cama, ficando ao meu lado encarando longamente o teto.


 


- Medo do que?


 


- Das conseqüências, eu sei que nós também estamos encrencados, mas você está totalmente-


 


- Ferrada, eu sei. - Deitei nas mãos. - Dane-se, já fiz a merda mesmo.


 


Harry suspirou apoiando uma das mãos atrás da nuca e a outra ficou sob seu peito. Alvo da minha mão que brincou com seus dedos, reconhecendo aqueles ossos.


 


- Pior de tudo é que eu não achei o Bichento. - Torci o nariz.


 


- Esse é um dos seus menores problemas, senhorita Granger.- virou-se para mim apoiando-se num dos braços e eu virei o encarando por baixo.


 


- Tenho ouvido isso muito. - Aproximou-se aos poucos com um mero sorriso nos lábios.


 


- E vai continuar ouvindo... - Roçou seu nariz no meu e me fez rir. - Você não tem juízo, Hermione Granger!


 


- Tenho, só que não uso. - Abri um largo sorriso e depois colei meus lábios nos seus.


 


Passou uma das mãos pela minha nuca e a outra ficou sustentando seu corpo. Toquei aquele rosto áspero e depois aquele ombro definido.


 


- Er- - Nos separamos no mesmo momento e nos sentamos ajeitando nossas roupas. - será que os dois pombinhos podem se soltar e dar uma olhada nisso? - Jogou o jornal em nós e depois saiu mancando resmungando alguma coisa.


 


“Ministério abre Inquisição em Hogwarts”. Dizia a manchete do Profeta Diário daquele dia.


 


- Scrimgeour não deixaria vazar nada! - Disse pegando o jornal da mão de Harry. Comecei a ler em voz alta enquanto ele apoiava seu queixo em meu ombro para acompanhar também. - “Na última madrugada, a Alta Legião de Aurores do Ministério da Magia de Londres, seguiu rumo a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Com Rufo Scrimgeour, Ministro da Magia, como líder, a ação seria concreta e rápida. Mas, com fontes exclusivas, o jornal Profeta Diário teve acesso ao caso mais comentado de todo mundo bruxo.”


 


- Essa será a última edição do Profeta Diário. - Deduziu pessimista.


 


- “A busca pelo pingente de Magia Negra intitulado Aimer começou em meado do século XIX e continua até hoje. Há rumores que ele se encontraria dentro da escola dirigida por Alvo Dumbledore, um renomado bruxo conhecido mundialmente. Mesmo sem nenhuma ligação direta e comprovado com Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, um dos nomes mais citados é do jovem Harry Potter.”


 


- Francamente...! - Bufou.


 


- “Harry Potter seria o responsável pela guarda do pingente das trevas e assim, como os estudos afirmam, seria o causador de mortes.” Oh, Meu Deus! Que absurdo! - Soltei totalmente enfurecida. - Esses caras só querem vender, certeza!


 


- E ainda tem mais: “Não satisfeito com a fala em cima de Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, Potter procura um jeito de atrair os holofotes para si, assim como sua amiga e confidente, Hermione Granger, 17 anos.”


 


- Idiotas...! - Amassei e joguei o jornal no chão. - Todos na escola já devem saber...


 


- Não ligo para o que eles pensam. - Levantou-se nervoso.


 


- Já pensou que podem te achar um assassino?


 


- Lógico que já! Foi a primeira coisa que me passou pela cabeça! - Passou a mão na testa e andou de um lado para o outro. - Desgraçados...


 


- O que se passa, galera? - Perguntou Ron entrando no quarto com uma roupa mais limpa, secando o cabelo com as mãos.


 


- Se passa que vazou informação para o Profeta Diário! - Soltei cruzando os braços. Ron abaixou-se e pegou o jornal, em dois minutos, leu a matéria.


 


- Caraca, que idiotas! - Olhou para nós.


 


- Pois é! - Suspirei aborrecida. - Estão acusando o Harry de ser assassino, Ron! A culpa disso é minha! - Meus olhos se encheram de lágrimas de ódio.


 


Harry voltou a se sentar a cama, passou a mão nos meus ombros e beijou meu pescoço pedindo que eu me acalmasse.


 


- Espero que o pessoal da escola não leia essa reportagem e vá correndo falar com a gente. - Mirei meu olhar preocupada do ruivo.


 


- Aí sim estamos ferrados.


 


***


 


Fechei meu casaco e terminei de prender meu cabelo.


 


- Pronta para matar? - Perguntou Ron sacando a varinha e ficando com ela a postos.


 


- Nem precisa perguntar. - Sorri maliciosamente.


 


- Rony, você pegou suas piores camisetas para mim, não é? - Perguntou Harry se olhando no espelho. Fui atrás dele e segurei nos seus ombros olhando seu modelo pelo espelho.


 


- Está lindo, amor. - Sorri beijando sua bochecha.


 


- Eu sou menor do que você, sabia? - Perguntou Harry vendo que as suas camisetas ficavam maiores do que as que ele costuma usar.


 


- Cara, você não ouviu sua mina? Você tá lindo! Vamos logo. - Descemos as escadas.


 


- Aonde os três pensam que vão? - Nos parou.


 


- Salvar o mundo? - Ironizou Ron.


 


- Vocês nem devem saber aonde essa garota está.


 


- Sabemos sim. - Respondi.


 


- Certeza, Granger? - Entreolhei os olhos e neguei vencida. - Foi o que eu pensei. Venham. - Nos seguimos até a sala de Sirius. - Seu padrinho era um gênio em questão de achar pessoas.


 


Sentou-se na cadeira atrás a mesa e tentou achar um pergaminho no meio de tantos daqueles. Abriu as gavetas, olhou dentro dos livros e logo se lembrou. Levantou-se de novo, foi até um quadro velho que tinha na parede a esquerda e bateu em baixo dele. Um pedaço de pergaminho caiu em suas mãos.


 


- Como ela chama?


 


- Meg, Meg Rowan. - Respondi me aproximando da mesa. Voltou a se sentar e pegou uma caneta. Escreveu o nome dela no centro do papel e logo várias coisas começaram a aparecer, como se fosse um desenho a grafite. - bem, vocês conhecem esse lugar?


 


Meus olhos se arregalaram.


 


- É-- Peguei o papel de cima da mesa. - É a minha casa.


 


- Esse é um pergaminho enfeitiçado para achar qualquer pessoa, em qualquer lugar. Ele desenha o paradeiro dela, ele nunca erra. Uma invenção do seu padrinho. - Olhou Harry. - Bom, vão até a Casa dos Granger e não voltem aqui sem o colar ou sem uma cabeça enfiado numa estaca.


 


Saímos da Ordem e ficamos um momento em frente a casa, pensando e se preparando.


 


- Não podemos aparatar. O Ministério já terá uma localização nossa.


 


- Então, o que sugere? - Perguntou Ron.


 


- Vamos ser trouxas por algumas horas. - Sorri.


 


***


 


- Ônibus me dá enjoos. - Reclamou Ron subindo para o segundo andar daquele ônibus vermelho.


 


- Oh, pare de reclamar. - Sentei-me ao lado de Harry, a frente de Ron.


 


- Demora muito daqui até sua casa? - Perguntou Harry.


 


- Não, uma meia hora. - Ron arregalou os olhos.


 


- Até lá, vocês verão meu almoço de ontem... - Colocou uma mão no estômago e eu e Harry rimos.


 


O caminho foi silencioso. Eu pensava o que aquela vadia fazia na minha casa. Harry olhava para fora e para mim, entrelaçou seus dedos nos meus e eu deitei em seu ombro. Até o final, Ron não vomitou e a minha ansiedade não passou.


 


Descemos na rua de cima, tivemos que andar um pouco até a minha casa. O dia estava nublado e feio, um vento chato e gelado passava pelo meu corpo.


 


Parecia que eu estava indo para a boca do leão, me oferecendo como banquete. Por favor, Hermione! Ela é só uma garota mimada! E o outro, um tremendo idiota...! Você dará conta deles, é só pegar o colar e voltar para Hogwarts como se nada tivesse acontecido.


 


- E aí? A gente chega com os pés na porta? - Perguntou Ron já sacando a varinha.


 


- A gente não sabe o que eles estão fazendo lá dentro.


 


- Eu acho que estão fazendo sexo. - Eu e Harry rimos.


 


- Oh, Ron! Me poupe dos seus comentários! - Ri mais um pouco.


 


- Vamos lá, vai ser fácil! Só arrancar do pescoço dela como você fez a última vez!


 


- Mas aquela vez ela estava com você, foi isso que me motivou!


 


- Ciumenta... - Cantarolou Ron.


 


Paramos na frente de casa. Não tinha mudado nada, só uma placa de vende-se na frente. Vende-se merda nenhuma!


 


- Seguinte: - - Começou Ron a dizer quando ouvimos uma janela ou coisa parecia quebrar.


 


Começamos a correr em direção a casa com varinhas em punho, abri a porta com magia e logo entrei gritando seu nome e que era bom ela aparecer. A casa estava num breu sem tamanho. Toda claridade estava sendo tampada por cortinas, por lençóis. Não havia muitos móveis, a casa estava imunda e o silêncio predominou.


 


- Cadê eles? - Sussurrei. Em passos pequenos, entramos na sala de jantar que tinha algumas velas acesas. Harry ergueu seu olhar para o teto e aponto para o piso superior. Voltamos até a escada mas antes de subirmos, Ron gemeu atrás de nós.


 


- Parados! - Era Belby.


 


Me assustei ao ver seu estado. Estava com os olhos vermelhos, fortes olheiras e a varinha apontada para nuca de Ron.


 


- Solte as varinhas! - Ordenou e nós obedecemos. Ron choramingava. - O que vocês estão fazendo aqui?! Como nos encontraram?!


 


- Cara, abaixa essa varinha, vamos conversar. - Pedia Harry se aproximando.


 


- Não se aproxime! - Pegou Ron pelo pescoço ainda com a varinha o pressionando. - Sua vadia... - Me olhou. - Você pensa que eu esqueci o que você fez comigo?


 


- Isso não é motivo para machucar o Ron! Sua briga é comigo, deixe ele em paz!



Eu sou péssima para essas horas! Sempre me desespero e as lágrimas vem a tona.


 


- Como vocês vieram parar aqui?! - Perguntou mais uma vez quase enfiando a varinha na garganta do ruivo. - O Ministério está com vocês?! Aqueles idiotas estão lá fora?! - Tentou olhar pela janela mas ficou atento a qualquer movimento nosso.


 


- Não, Marcos! Nós não estamos com o Ministério! - Disse Harry tentando acalmar ele. - Nós fugimos de Hogwarts, estamos aqui apenas para--


 


- Não! Vocês não vão! - Puxou Ron para a outra sala e nós o seguimos. - Ele- - Estava ofegante de mais. - é nosso...


 


Troquei olhares com Harry e logo ouvimos um barulho de salto atrás de nós.


 


- Olá, querido. - Senti uma varinha encostar na minha nuca. Não me mexi ao contrário de Harry que virou-se no mesmo momento. - Pensei que nunca voltaria para me buscar... - Deu uma risada irônica.


 


Ao me virar lentamente ela, sua varinha estava apontada para o meu coração. Meg ainda estava com o vestido da festa só que sujo, um pouco rasgado e os cabelos completamente bagunçados, combinando com a maquiagem borrada. No seu pescoço, o grande pingente.


 


- Eles fugiram de Hogwarts, docinho! - Gritou Belby lá de trás, ainda prendendo Ron. Meg abriu um pequeno sorriso malicioso e depois, deu uma risada macabra.


 


- Idiotas... E os tolos do Ministério?


 


- Eles não sabem.


 


- Lógico que sabem. - Indagou.


 


- Não, não sabem, eu menti para eles. - Respondi


 


- Oh, está bem encrencada, hein, Granger? - Riu mais uma vez. - E você, amor? Veio se juntar a mim? - Agora, apontava a varinha para o peito de Harry.


 


- Esqueça, Rowan. - Meg fechou seu sorriso aos poucos.


 


- Como nos encontraram?


 


- Vocês sabem que essa é a minha casa?! - Perguntei como se fosse óbvio.


 


- Lógico que sabemos, Granger! Você ficava sonhando alto, falando com seu querido 'gato', achei que fosse o melhor lugar! Afinal, ninguém sabe que seus pais estão mortos.


 


- Cala a boca.


 


- Ficava idealizando encontro com seus vários 'namorados', se é que podemos chamá-los assim. - A raiva dentro de mim foi crescendo de tal maneira que estava me controlando ao máximo para não partir para cima dela. - Com que roupa iria nessa festa, com que roupa ia naquela... Simplesmente, patética. - Deu uma risada.


 


- Largue eles! - Pedi mais uma vez. - Eles não tem nada a ver com isso, o assunto é entre eu e você.


 


- Granger, Granger... - Forçou a varinha contra o peito de Harry o forçando ir para trás. - Sempre quereno defender aqueles que ama... O herói aqui é o Potter, não você. Você não passa de uma mera 'coadjuvante', uma mera ajudante nas suas aventuras de glória...


 


- Me diga, Rowan, como você sabia a existência desse colar? - Antes de ser morta, eu queria, pelo menos, saber um pouco da história que se passou sem o meu consentimento.


 


- Ora, Granger, fácil. - Empurrou Harry até o lado de Ron, que ainda estava preso por Belby, e deu atenção total a mim. - Depois daquela aula de Feitiços Avançados que você estava com o colar no pescoço, antes mesmo de saber o real poder dele, eu sabia que seria algo muito interessante para mim.


 


- Interessante para você? - Perguntei um pouco confusa.


 


- Eu já tinha ouvido falar desse pingente, já sabia seus poderes, suas conseqüências, mas nunca pensei que esbarraria com ele na minha própria escola, e ainda mais, no pescoço da minha 'amiga.' - Andou para perto de mim com a varinha em mãos. - Até que os professores o encontraram no corredor e eu vi você e o Potter observando a cena...


 


 


- Pegue, Severo. Mande que o professor Slughorn avalie essa peça. – Disse Dumbledore, passando a nossa frente, entregando, o que parecia de longe, aquele maldito pingente de Orgulho e Oportunidade Farta para Snape. Arregalei meus dois olhos e quase mordi a mão de Harry. – Podemos agora, voltar aos nossos aposentos. – Retiraram-se ainda falando sobre aquele assunto. Ao sumir dos nossos olhos, me soltei bruscamente de Harry e sai de baixo daquela capa de invisibilidade que já estava tirando totalmente meu ar.

- Idiota, o que está fazendo aqui?! – Perguntei num sussurro berrante.

- O que eu estou fazendo aqui?! O que você está fazendo aqui! – Embrulhou a capa de uma forma amassada e olhou na direção que os professores foram.

- O que aconteceu?

- Eu tava dando umas olhadas no mapa e percebi que tava tendo uma grande agitação de todos os professores. – Fomos até o corredor que supostamente, aquele colar tinha parado.

- E encontraram aquele colar? – Perguntei cruzando os braços. Harry se abaixou em frente um círculo de cinzas, parecia que algo tinha sido queimado ali.

- Aquilo era um colar? – Perguntou olhando para mim que engoli seco.

- Lógico que era, você não percebeu?

- E você sabe do que é? – Ergueu-se.

- Não tenho idéia. – Menti suspirando.

- Deve ser alguma coisa bem importante, estão dizendo que até poderia ser uma peça das artes das trevas. – Voltei a ficar ainda mais surpresa. Meu Merlin, eu carreguei no meu pescoço um artefato das trevas...

- Mas não é uma Horcrux, não é? – Harry mirou seu olhar preocupado sobre mim, passou do meu lado ajeitando a capa de invisibilidade e respirou fundo.

- Eu vou indo, boa noite. – Molhei os lábios, e num salto de onde estava, peguei em seu braço e o fiz esperar.

- É ou não é? Você ouviu algum deles dizendo isso? – O soltei lentamente.

- Não, Hermione. – Respondeu num tom diferente, parecia estar com raiva de mim. – Nem sei o porquê de você estar tão preocupada. Você não tem nada a ver com isso, só viu tudo acontecer porque, acidentalmente, passava pelo corredor. Então, se não se importa, eu vou para o dormitório.


 


 


- Eu não sei, mas eu vi em você que você sabia mais do que estava escondendo dele aquela noite. Aí, como eu posso me transformar em gatos, aprimorei meus conhecimentos nessa minha técnica até ficar idêntica ao seu gato. Ficando igual a ele, tinha acesso livre ao seu quarto, todas as vezes que você o achou e o trancou, eu o peguei.


 


- Então, ele não se move por conta própria?


 


- De jeito nenhum.


 


- Então, você esteve na Ordem? - Perguntou Harry.


 


- Sim, querido. Eu peguei o colar de dentro do quarto da Senhora Black.


 


De repente, minha mente se invadiu com um confronto de idéias, um confronto de ideologias que eu não queria acreditar. Só faltava uma pergunta, uma coisa apenas.


 


- Você- - Virou-se para mim. - Você matou David Scott? - Belby, ao fundo, riu alto e sarcástico.


 


- Você está querendo saber de mais, bitch.


 


- Foi ou não?! - Perguntei mais uma vez.


 


Meg virou-se completamente para mim, aproximou-se aos poucos, tentei me esquivar mas ela conseguiu chegar bem perto, foi até o meu ouvido abrindo um sorriso malicioso.


 


- Ele sabia de mais.


 


Naquele exato momento, num movimento que até hoje eu não acredito, peguei a sua varinha e a empurrei no chão. Harry também se revelou pegando a varinha de Belby e a jogando longe, soltando Ron, esse que sacou a sua e pressionou na mesma força o pescoço do rapaz.


 


- VOCÊ O MATOU?! COMO VOCÊ TEVE CORAGEM?! - A ergui pelos cabelos a jogando contra a parede. - ME DIZ! COMO VOCÊ O MATOU?! - Gritava, deixava as lágrimas cair, queria que ela fosse a última pessoa a fazer isso, queria que nada tivesse acontecido, na realidade.


 


- Esqueça, Granger! Você também sabe de mais! - Tentou se soltar mas eu a prendia com força contra a parede.


 


- Mais um passo e eu juro que não respondo pelos meus atos. - Disse entre os dentes, tentando demostrar toda a raiva reprimida aqui dentro. - Ande, Rowan! Conte tudo que você fez com ele!


 


Meg olhou Belby sendo pressionado contra Ron, viu Harry com a sua varinha e a minha em mãos, observando a cena um pouco longe mas pronto para qualquer movimento, e me encarou nos olhos enchendo os seus de lágrimas.


 


- Comece a falar... - Pressionei contra seu pescoço que quase senti perfurá-lo.


 


- Ele- - Engoliu com dificuldade. - depois que você terminou com ele, ele foi para o jardim- - suspirou ficando um pouco sem ar. - queria pensar, espairecer, não sei... Ele me viu voltar ao normal, ele me viu me transformar em humana novamente... Eu estava um pouco confusa, cansada, nem percebi que ele estava lá naquele jardim. Eu pensei que ele ia me denunciar, falar alguma coisa para Dumbledore... - Deixou as lágrimas caírem. - Ele começou a me ameaçar, disse que ia começar a pedir favores em troca do segredo, eu estava apavorada! - Choramingou e eu fui soltando-a aos poucos. - Ele não é um príncipe, Hermione! - Quase gritou. - No dia que tudo aconteceu, ele me pegou com o colar em mãos, no meio do corredor, ele queria tomar ele de mim, ele queria- - Seus olhos ficaram fixos no nada, deixando mais lágrimas caírem. - ele queria o colar em troca do seu segredo... Ele não sabia o que ele significava para mim! Ele não sabia!


 


- Você- - A soltei completamente, ainda apontando a varinha para seu peito. - Você o matou por ganância?


 


- Ele queria roubá-lo de mim, Hermione... - Deslizou pela parede e sentou-se ao chão deixando mais lágrimas caírem. - Como eu sabia que você estava atordoada com isso, eu o deixei no local para você pensar que fosse culpa do colar...


 


- Você me fez pensar todo esse tempo que eu fui a culpada pela morte de David. - A ergui novamente. - VOCÊ TEM NOÇÃO O QUE VOCÊ FEZ EU PASSAR, GAROTA?! - Senti uma mão em meu ombro.


 


- Ela já confessou o que fez, Hermione. - Brandou Harry.


 


Por um momento, a raiva tomou conta de mim. Se não fosse por Harry, coisas horríveis teriam acontecido.


 


***


 


- E o que vamos fazer com eles? - Perguntou Ron terminando de arrastar Belby totalmente amarrado, para perto de Meg, também amarrada.


 


- Eu não sei. - Sentei no degrau da escada apoiando-se nos braços em cima dos joelhos. - Minha cabeça tá tão confusa...


 


Harry sentou-se ao meu lado.


 


- Você se sentia culpada pela morte de David Scott?


 


Ergui minha cabeça e o encarei longamente.


 


- Todos os dias que eu acordava, logo de manhã, parecia que algo me pesava nas costas. - Engoli seco. - Ele falava que me amava, Harry. - Meus olhos se enxeram de lágrimas. - Eu nunca retribui isso.


 


- Não pense mais nisso. - Me trouxe para um abraço. - Ele poderá descansar agora. - Afofou meus cabelos.


 


- Caras! Venham ver isso! - Ron gritou olhando fixamente pela grande janela da sala.


 


Nos levantamos rapidamente, passei as mãos nos olhos e logo tive que cobri-los de novo.


 


- O que está acontecendo?! - Perguntei um pouco assustada.


 


Uma grande luz branca tingiu toda sala e só lembro de tudo ficar escuro logo em seguida e sentir o chão duro sob minha cabeça.

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