Capítulo único
Título: Galáxia
Autor: Não pode ser a Raps de sempre. Não ela.
Beta: Hokute-kute (Hokuto)
Ship: Harry/Ginny
Observação: Projeto Ficwriter Estações (Inverno) - Tema: i. raio de sol
Um raio de sol entrava pela janela. Ele piscou algumas vezes, passou a mão pelo rosto como se assim fosse afasta-lo.
Não adiantou.
Suspirando exasperado, ele abriu os olhos. Virou para o lado e a viu. Um sorriso se formou.
Ginny deitava espalhada pela cama, de barriga para a cima, a boca francamente aberta, os cabelos espalhados à sua volta. A luz fujona que escapava de uma brecha na cortina, iluminava parte de seus fios ruivos. Harry esticou a mão, encostou em uma mecha. Por um momento achou que tivesse capturado nos dedos um raio de sol. Um raio macio e só seu.
Ele tinha um olhar carinhoso enquanto enrolava em seu dedo um dos pequenos fios do astro rei: Ginny, a dona do sol, sua estrela pessoal. Ela se mexeu, murmurou alguma coisa em seu sono, mudou uma perna de lugar, voltou à estática.
A mão de Harry delicadamente foi descendo pelo corpo da esposa, cuidadoso em não acordá-la com suas mãos grandes e quadradas. Primeiro brincou com as sardas de seu rosto, fingiu contá-las rapidamente, desceu pelo pescoço branco, desenhou o formato do colo, sentiu de leve seus seios fartos, e por fim, encontrou sua barriga.
Estava tão grande.
Sua mão queria sentir aquilo que só poderia ser o maior sinal da magia no mundo. Queria encostar seu ouvido ali e conversar com o que no futuro poderia ser seu grande companheiro de partidas de quadribol. Mas não o fez para não acordar esposa. Contentou-se apenas com o toque suave dos dedos pela barriga.
Foi quando se deu conta, que se Ginny era um raio de sol luminoso e belo - ou um astro rei quente e necessário - aquela criança, que ele nem ao menos conhecia ainda, já era sua estrela Dalva.
Sentia-se, naqueles pequenos momentos, como um sistema solar: vasto, cheio de vida e intrinsecamente ligado com cada um de seus astros. Seu sol, sua estrela, seu calor, seu sentido.
Ginny era linda dormindo. Mesmo que sempre ficasse naquela posição estranha, mesmo com a boca aberta, mesmo com o leve ressoar e mesmo com os cabelos espalhados. Porque afinal, era assim que um Sol deveria ser, com seus raios espalhados em todas as direções, tornando menos vazia a vida de um pequeno sistema solar, iluminando a sua tristeza e dando um sentido à sua existência. Principalmente quando desse Sol acabava de derivar uma nova estrela. Uma estrela que iluminaria ainda mais o céu de Harry. E ele sorria.
Imaginava se nesses momento ele era o único pai a se sentir assim, e não podia evitar questionar se seu próprio pai não se sentira assim quando vivo. Teria Harry algum dia sido estrela e não sistema-solar?
Sorriu ainda mais. Ele sabia que sim. Ele tinha plena certeza que James Potter amara sua família intensamente, e se sacrificara para proteger sua única estrela. James Potter cumprira seu papel como sistema-solar.
Harry pensou se já não havia forma de seu pai renascer. Como todo pequeno sistema-solar ou galáxia, ele deveria recomeçar pequeno, sendo apenas uma estrela.
Olhou sua esposa e pensou. Por que não chamar aquele filho de James? Sua estrela particular, a possibilidade de certa forma recompensar todo o amor que recebeu apenas por existir na família certa, amando de volta com toda a intensidade seu filho por vir. E para que a criança jamais fosse uma estrela solitária, chamaria-se James Sirius. Renasceria com uma intensidade de brilho que poderia cegar. O brilho da vida daqueles que são bravos, destemidos e amam.
Seus olhos encaravam seu Sol adormecido, com os belos raios luminosos emoldurando-o. Teve a impressão de que ela concordaria com aquela idéia.
Porque Ginny sempre entendia como ele se sentia. Porque Ginny era o que, naquele momento, dava sentido à sua vida. Eles eram deuses capazes da criação, eram astros que derivavam estrelas, eram o universo transformador de vida. Ele eram pais. E também porque Ginny o amava.
Eles tinham o nome de seu primeiro filho. Um nome digno de uma constelação.
N/A: Essa autora ficaria imensamente feliz se você deixasse um comentário ao final da leitura. É um estímulo e tanto ^^ Obg.
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