Capítulo 14



Capítulo
14

O
rato se pudesse sorrir, estaria rindo. Seus guinchos, no entanto,
anunciavam sua alegria enquanto a face humana não se
transformasse outra vez.

Correndo
rapidamente pelo chão de madeira, sentiu o cheio forte do fogo
se espalhando pelo laboratório e teve certeza que o casal de
pombinhos estaria morto em poucos minutos.


A conversa foi
bruscamente interrompida.

Primeiro
sentiram o cheiro de queimado, mas só tiveram tempo de virar
os rostos... Foi como um ataque de dragões, em questão
de segundos o fogo se alastrou, alimentando-se das milhares de
páginas dos livros de Dumbledore. Em poucos minutos a torre
toda estava em chamas. Cada estante e papel sendo queimados sem
piedade.

Nenhum dos dois
teve tempo de reagir e já estavam cercados de fumaça.
Fuligem e faíscas que os rodeavam tornavam impossível
distinguir a saída. Tossindo forte, Ronald pegou Hermione pela
cintura e a puxou para o mais longe do fogo e na direção
da única entrada de ar puro, uma das janelas da torre.

- O que
aconteceu! – gritou Hermione, entre tosses. – De repente...

- Não
importa! Precisamos sair daqui! – gritou tentando aumentar sua voz
além das labaredas.

- Estamos
encurralados! – apontou ela para a porta que dava para a escadaria
da torre, onde estantes em chamas haviam caído, bloqueando a
saída.

Desesperados, os
dois procuraram a sua volta alguma coisa que fosse capaz de
ajudá-los, mas tudo estava queimando. Ronald colocou a cabeça
para fora da janela, respirando fundo o ar puro, e tentou ver se era
possível escapar pulando, mas a queda com certeza os mataria.

- Temos que
atravessar o fogo, não tem outro jeito – anunciou.

- Não...
Tem que a ver algo!

Hermione se soltou
dele e começou a procurar freneticamente por algo pela mesa
onde procuraram informações sobre Animagos. Muitos
livros já estavam em chamas e não demoraria para tudo
ser consumido.

- Hermione! Não
há tempo para salvar os livros! – gritou Ronald, não
tirando os olhos de uma das estantes mais próximas que rangia
enquanto pedaços de madeira começavam a pegar fogo e
ameaçar a cair em cima deles.

- Estou nos
salvando! – exclamou em triunfo Hermione, pegando um papel
chamuscado e se afastando no momento exato que uma estante próxima
despencou em cima da mesa.

Se não
estivessem em uma situação tão preocupante,
Ronald teria comentando sarcasticamente que agora sim, graças
ao papelzinho queimado, estavam salvos. Mas como não era o
caso, só rezava que fosse verdade. Para aumentar ainda mais
sua confusão, Hermione levantou o vestido até o joelho
e tirou de um cinto preso à sua perna uma vareta de formato
estranho.

-

Aguamenti! – gritou, apontando a vareta para as labaredas
mais próximas.

Imediatamente
entendeu o que ela pretendia. O feitiço enfraqueceu
rapidamente o alvo, aumentando gradualmente a distância entre
eles e o perigo iminente de morte.

Repetiu o processo
até chegarem às estantes caídas que bloqueavam a
saída. Infelizmente, o fogo ainda estava vivo e não
dava sinais de se apagar tão cedo. Ronald se moveu para perto,
e mesmo com o braço machucado, tentou levantar os escombros
para que Hermione passasse, mas não era tarefa fácil.

Enquanto isso
Hermione continuava a lançar o feitiço, tentando
segurar o avanço das chamas ao redor deles.

- Não vou
agüentar por muito mais tempo, Ron! – avisou, respirando com
dificuldade.

Gritando de dor,
conseguiu tirar as madeiras mais leves e depois levantar uma das
estantes, liberando um pequeno vão por onde Hermione cabia.

- Sai, Herm! Por
aqui! – avisou, tossindo forte.

-
E você! – gritou, passando pelo vão, mas parando
antes que saísse.

- Estou logo
atrás! – garantiu, quase não suportando mais o peso
da estante. – Não pare!

Hermione assentiu,
correndo para fora do laboratório.

Assim que teve
certeza que ela estava a salvo, Ron se preparou para passar pelo
mesmo vão rapidamente antes que a estante caísse sobre
ele. No entanto, antes que pudesse fazer qualquer coisa ouviu gritos
desesperados não distantes dali. Pareciam guinchos misturados
à pedidos de socorros de um homem.

Ignorando a voz de
Hermione gritando por ele, correu, atravessando o fogo, na direção
dos gritos.

Em
alguns segundos a fumaça revelou um homem gordo e careca caído
no chão tentando desesperadamente tirar seu rabo debaixo
de uma pilha de livros em chamas. Apesar do breve susto, Ron correu
até ele e o ajudou a se soltar.

Sem
tempo para explicações o carregou até novamente
a saída, quando se preparava para levantar a estante outra
vez, uma explosão destruiu completamente os móveis que
bloqueavam a passagem, jogando para trás alguns metros Ron e o
homem, deixando o último inconsciente.

Na passagem estava
Hermione ofegando com a vareta apontada para eles. Olhou confuso para
ela, que retornou o encarando.

- Você
estava demorando demais – respondeu, explicando a atitude drástica.
– Tive que fazer alguma coisa.

- Por que você
não fez isso antes de eu quebrar minhas costas levantando
aquelas estantes?

- Não
reclame, e vamos!

Os
dois pegaram o homem desacordado e começaram a descer as
escadas, onde vários guardas subiam assustados carregando
baldes cheios de água. Quando viram Hermione, pararam
surpresos.

- Minha senhora! –
um deles exclamou, quase derrubando todo o conteúdo do balde
neles. – Você está aqui... Mas...

- Sem tempo para
perguntas, temos que apagar esse fogo antes que se alastre por todo o
castelo – interrompeu Ronald, cansado.

Enquanto
os soldados subiam, os três desceram e só pararam para
respirar direito quando estavam no pátio do castelo, longe o
bastante para ver as chamas destruindo o teto da torre e todo o
laboratório de Dumbledore, mas finalmente morrendo.

Quando o perigo
diminuiu, se viraram para o homem gordo caído ao lado, devagar
seu rabo começavam a diminuir e desaparecer.

- Acho que pegamos
nosso animago, Ron – deu um meio sorriso.

- E ele vai pagar
pelo que fez – anunciou sério, chegando perto daquele que
acabara de incendiar anos de sabedoria. – Hora de acordar, rato.

Com força
chacoalhou o homem até que ele abrisse seus olhos pequenos.
Quando o fez soltou vários guinchos assustados, tentando
escapar de Ronald.

- Quem é
você? – perguntou calmamente Hermione, ainda com sua vareta
em mãos.

Não houve
resposta, ele continuou a se mexer desesperadamente sem sucesso.

- Ela te fez uma
pergunta! Por que você tentou matar Hermione!

- Por favor, por
favor! Seja bonzinho, seja bonzinho! – guinchou. – Não fiz
nada, nada! Estava passando e aí... Fogo por toda parte!

- Mentiroso! Foi
você que começou o incêndio! – gritou Ron,
começando a perder a paciência.

- Não,
não... Dou minha palavra!

- Sua palavra não
serve para nada, agora responda! – mandou outra vez, agora
ameaçando a lhe dar um soco no rosto.

O homem soltou um
grito desesperado.

- Está bem!
Está bem... Eu conto! Tudo! Pode me largar agora?

Com
isso, o soltou pouco, mas manteve-se perto o bastante para evitar que
fizesse algo de errado.

- Fui eu que
tentei matar a noiva do rei...

- Por quê? –
perguntou Hermione.

Seu rosto se
contorceu de nervoso.

- Foi a...

Mas não
conseguiu falar nada mais... Começou a engasgar furiosamente,
seu rosto ficando levemente vermelho com falta de ar. Hermione e Ron
se entreolharam, alarmados. Colocou as mãos no pescoço
desesperadamente como se algo invisível estivesse o
enforcando.

- Que está
acontecendo? – exclamou Ron.

Pegou o pelo
colarinho outra vez mas não havia mais nada a fazer, ele
simplesmente parou de se debater e seus olhos se reviraram. Estava
morto.


- Levantem seus
cães ordinários! – rosnou Fenrir, chutando alguns
soldados ainda caídos no chão. – Levantem!

Enquanto um a um
os saxões bêbados era forçados por Fenrir, o
Cinzento a acordar de mais uma noite de pilhagem e bebida, Servolo e
os capitães de seu exército caminhavam pelo
acampamento, seguindo para mais um dia de guerra.

Havia
o cheiro de vitória misturado com o de sangue naquela manhã.
E todos estavam sedentos por mais. Faltava pouco para encontrarem e
massacrarem o exército principal do rei britânico,
depois Camelot os esperava para ser conquistada.

Servolo estava
estranhamente satisfeito, suas feições quase de cobra
se distorciam em um sorriso malicioso. Ao seu lado estavam Bellatrix
e Rodolphus, seus mais leais servos... E Lúcio Malfoy,
definitivamente fora de seu ambiente natural.

- Devo confessar
que não lhe dei crédito o bastante, Lúcio. Não
imaginava que seus planos fossem dar tão certo.

- Obrigado, meu
lorde.

- As informações
que seu filho nos enviou selaram o destino daquele reizinho... Não
vai demorar muito agora. Espero que os planos para enfraquecer
Camelot também estejam correndo bem... Não concorda?

- Pettigrew vai
matar a noiva de Potter, tenha certeza.

Servolo riu,
achando graça na confiança do traidor de Camelot.

- Em breve todos
saberão do significado de meu verdadeiro nome... Voldemort irá
conquistar todo esse charco que chamam de reino... Marchemos para a
vitória! – gritou triunfante.


-
Que tal paramos para descansar, hein? Acabei de ser pisoteado por um
cavalo e essa andança toda, que não está levando
a nada, está piorando minha situação –
reclamou Draco pela vigésima vez, encostando em uma árvore
próxima para recuperar suas forças.

- Não
reclame, estamos quase chegando.

Ele sinceramente
duvidava disso, tinha certeza que ela não sabia onde estavam.

- Podemos estar
perto, mas eu não agüento andar nem mais um minuto. Por
que não podemos ir até aquele lago simpático ali
– apontou uma clareira próxima. – E beber um pouco d’água?

Ginevra olhou para
o lugar onde sugeria ficarem e após alguns instantes desistiu
de discutir.

- Está
bem... Mas só alguns minutos, não quero perder o
exército. Precisamos voltar antes que eles partam.

Os
dois andaram até o lago pequeno, Draco saciou sua sede e
depois sentou em um tronco de árvore caído enquanto a
ruiva observava impaciente. Já devia estar chegando perto do
meio dia e nenhum deles havia comido, o que até agora tinha
sido ignorado.

Draco viu aquele
breve momento de descanso como uma oportunidade de tentar melhorar a
relação deles. Confiança acreditava que começava
a conquistar, agora queria se mostrar simpático, no mínimo.

- Afinal, qual é
a sua pressa de voltar para o acampamento?

- Se demorarmos
eles vão embora sem nós.

- Eu sei disso...
Estou perguntando por que você resolver fingir que é
homem e bancar soldado.

A pergunta era
sincera... Apesar de que sua mãe lhe falara que Ginevra faria
tal coisa, ainda era difícil para ele compreender a razão
daquela idéia maluca.

- Não
interessa.

- Você quer
que eu conto meu maior segredo, e depois você conta o seu? Que
acha?

Ela revirou os
olhos, pegando uma pedra no chão e atirando no lago. Sem
desistir, tentou achar alguma coisa em sua vida que pudesse comovê-la
o bastante para falar sobre seus próprios problemas.

- Meu pai e eu não
nos damos muito bem, entende? Minha mãe e ele vivem competindo
em tudo... Inclusive pela minha atenção – começou
Draco tentando parecer sentimental.

- Você é
mimado, grande surpresa.

- Não
exatamente. Eles brigam toda hora, ruiva. Agora que sou um menininho
crescido isso já não importa mais, mas quando era
menor... A coisa era diferente. Quando eles discutiam, gritavam tão
alto... E quase sempre na minha frente. Achava que era minha culpa,
as brigas. E meu pai sempre me falava isso. Que eu não servia
para nada a não ser atrapalhar eles.

- Por que você
está me contando isso? Do nada assim? – perguntou a ruiva,
entre incômodo e desconfiança.

- Acho que foi a
experiência de quase morte – mentiu dando uma risada amarga
para dar mais efeito dramático. – Cansei de guardar
segredos. Você já se sentiu tão sozinha que é
sufocante? Nunca tive irmãos para compartilhar meus
problemas...

A expressão
dela tornou-se triste e Draco sabia que tinha atingido seu
objetivo... Não demoraria até começar a
confessar seus maiores segredos.

- Melhor nunca
ter, do que possuir e perder.

- Você tem
irmãos?

- Tive –
respondeu simplesmente, não olhando para ele.

Ficou em silêncio,
esperando que continuasse sozinha.

- Eles... Morreram
em batalha.

- Então é
por isso. Você quer vingança.

Ginevra se virou
para ele com expressão de raiva no rosto.

- Não finja
que me entende, Malfoy.

- Se não é
vingança, então o quê?

- Justiça...
Eles foram traídos.

- Saxões
não são os inimigos mais honestos...

- Não foram
os saxões que os mataram.

Com essa nova e
preocupante informação, Draco engoliu seco, de repente
tendo uma visão de Gina se aproximando e enfiando uma espada
em sua barriga. Mas, felizmente, ela continuava parada no mesmo
lugar.

- Por que... Você
acha isso?

- Não
acho... Tenho certeza. Meu irmão Charles antes de morrer me
disse. Jurei encontrar o culpado e vou. Quando achá-lo, o
matarei com prazer.

- Palavras frias.
Será que vai conseguir cumpri-las?

Virou-se de costas
para ele, encarando o lago à sua frente e se abraçando.

- Tenho que
conseguir. É só o que me restou.

-
A vida é muito mais que isso, Ginevra. Não acha que é
hora de deixar o passado para trás? – tentou, sabendo que
era inútil, fazê-la desistir da idéia de matá-lo.

- Como você
sabe meu nome? – retrucou rapidamente, virando para ele.

Antes que pudesse
responder vozes próximas chamaram suas atenções.
Ficaram em silêncio esperando que algo acontecesse, temendo que
fossem saxões.

Depois de longos
minutos vários soldados apareceram por entre as árvores
carregando suprimentos, trazendo cavalos e armas. Entre eles estava o
próprio rei e seus cavaleiros.

Draco revirou os
olhos, irritado com a interrupção. Mas para Ginevra a
chegada deles significava algo muito pior, pois sua identidade estava
exposta para todos ali, não havendo tempo para se esconder.


- Encontramos ele,
Harry – informou Sirius. – E você não vai acreditar
com quem ele estava...

- Desde que não
seja um saxão, não importa.

Os dois andavam
apressados pelo campo recém armado, entre cavalos e soldados,
dirigindo-se em direção a tenda do rei, onde Draco
Malfoy esperava para dar suas explicações.

- Ah, importa sim.
É uma donzela perdida!

Harry parou de
andar subitamente e Sirius logo após fez o mesmo, sorrindo de
ponta a ponta, se divertindo com a história toda.

- Como assim? Uma
mulher? Aqui? Quem é?

- É melhor
você descobrir sozinho – disse o guerreiro apontando para a
tenda de Harry. – E... Não confie no filho de papai, ele
está escondendo algo.

-
Claramente – respondeu Harry, pensando na garota supostamente
próxima de Draco. - Vamos ver o que mais ele anda aprontando.

- Boa sorte –
falou Sirius se afastando.

Harry entrou na
tenda esperando uma saxã ou uma aldeã qualquer que
Draco resolverá se engraçar por um tempo... Não
estava preparando para o que encontrou. Nem de longe imaginaria que
Gina Weasley poderia ser a donzela perdida, muito a encontrar vestida
de soldado e de cabelo cortado.

O choque teve que
ser escondido rapidamente, afinal não era bom perder a postura
na frente de ninguém... Reis não se surpreendem, estão
sempre preparados para todas as situações... Ou pelo
menos deveria ser assim.

Observou vou os
dois por um breve momento, analisando seus rostos para tentar
descobrir o que pensavam. Draco parecia confortável e nem um
pouco afetado pela situação, já Gina logo que
Harry entrara tinha abaixando a cabeça e estava com os braços
cruzados, como se fosse uma garotinha esperando pelo castigo. Ou
então... Simplesmente queria tentar uma última vez que
não fosse reconhecida por ele. Conhecendo Gina, a última
opção era a mais certa.

Limpando a
garganta para tentar recobrar o controle e chamar atenção
para sua presença, Harry se virou para Draco.

- Estou feliz que
não tenha sido morto ou capturado, sir Draco... Mas não
tão animado em encontrar você no meio da floresta com
Ginevra Weasley... Quando ela deveria estar há quilômetros
daqui, a salvo em Camelot. Poderia explicar o que acontece?

-
É bem simples, meu senhor – sorriu. Harry nunca deixou de
sentir certo escárnio no tom de Draco quando o chamava assim.
– No campo de batalha levei um golpe mortal que me deixou
inconsciente e... Ginevra aqui me salvou. Quando acordei
estava na floresta com ela. Não sei como chegou aqui nem como
conseguiu se alistar no exército. Só sei que estou em
dívida com ela. Devo minha a vida, com gosto, a Ginevra.

- Ótimo
então... Pode pagar a dívida acompanhando-a em
segurança de volta a Camelot.

- O quê! –
se manifestou finalmente Gina, levantando o rosto.- Eu não vou
a lugar algum!

Harry não
respondeu, preferiu continuar falando com Draco.

- Pode ir preparar
suas coisas para a viagem. Sir Goyle está com seu equipamento
e seu cavalo.

- Não posso
ir embora – respondeu Draco simplesmente. – Estamos no meio de
uma guerra e tenho meu dever a cumprir.

- E eu não
vou voltar para Camelot! – acrescentou Gina.

-
O seu dever é cumprir minhas ordens – corrigiu, seu tom
sério. – E estou lhe dando uma agora.

Draco
não pareceu nada contente com isso, mas teve que ceder.

- Como desejar...
Venha srta. Weasley, temos que preparar seu cavalo – chamou.

-
Ela fica Draco. Ainda preciso esclarecer algumas coisas.

Nunca
tinha visto o cavaleiro tão abertamente irritado com o ele.
Era claro que estava fazendo um esforço gigantesco para não
pegar sua espada e enfiá-la no estomago de Harry. O que era
interessante, mostrava que possuía mais do que sentimentos de
gratidão por Gina.

Felizmente, o
autocontrole de Draco venceu e ele fez uma pequena reverência,
saindo da tenda logo em seguida.

Virou-se para Gina
e preparou-se para enfrentar a segunda fera.

- Você não
pode me obrigar a voltar.

- Eu sou o rei,
Gina. Esqueceu?

- Não
importa!

- Por que tanta
raiva? O que você está fazendo aqui? – pediu Harry
gentilmente. – Poderia ter morrido.

- Charles também,
mas ele lutou não foi? William... Fred... George... Percy!
Todos eles lutaram. Perdi todos...

- Entendo o que
você está sentindo... Mas morrer também não
é a resposta.

-
Vim aqui fazer justiça. Encontrar o assassino de meus irmãos.
Se morrer, não faz diferença, mas antes tenho que
encontrá-lo.

- Gina... Os
saxões...

- Não...
Foi um de nós, Harry. Charlie me contou antes de morrer.

- Quem?

- Ele não
conseguiu me falar o nome antes de... Mas... Vou descobrir. Tenho que
descobrir – murmurou. – É única coisa que possuo
agora.

Vendo-a sofrer
daquele jeito, procurando alguma razão para continuar
vivendo... Harry sentiu-se miserável, sabendo que na verdade o
culpado da morte dos irmãos dela era ele. Aproximou-se dela e
a abraçou, deixando que encostasse seu rosto no ombro dele.

- Sinto muito,
Gina... Sinto tanto... Devia ter os salvado de algum jeito,
encontrado uma maneira... Como posso me desculpar?

- Me deixe ficar e
lutar – pediu levantando o rosto para encarar o dele. – Por
favor.

Fitou os dois
olhos castanhos dela e a reconheceu finalmente.

- Foi você,
não foi? Quem eu vi naquela batalha?

A resposta veio em
uma aceno de leve com a cabeça. Naquele momento Harry soube
que a sua frente estava uma guerreira. Viu uma força em Gina
que nunca tinha visto em outra mulher, estava completamente
enfeitiçado por ela... E percebeu que era incapaz de negá-la
a vingança que queria.

Levantou o queixo
dela e beijou sua bochecha suavemente.

- A escolha de
partir ou não é sua. Só, por favor, fique segura
– anunciou tristemente.

Saiu da tenda com
um peso nas costas e um sentimento que nunca tinha sentido antes...
Estava tão transtornado que nem percebeu quando passou por
Draco, parado na entrada, ouvindo tudo que tinha se passado.


Não estava
se importando com as palavras açucaradas de Potter ou com o
beijo na bochecha... Não... O que o irritou além de sua
compreensão foi a reação de Ginevra.

Depois
que o rei saiu, ela colocou uma das mãos na bochecha e ficou
com um olhar perdido por um longo tempo até que Draco se
encheu e entrou novamente na tenda.

- O que aconteceu?

Demorou uns
instantes até que saísse do estado desnorteado e
respondesse para ele.

-
Vou ficar. Ele me deixou ficar – sorriu genuinamente pela primeira
vez desde que se conheceram.

Mesmo sendo uma
notícia boa, pois Draco não podia voltar para Camelot
tão cedo com seu pai esperando informações para
Servolo, ainda sim ficou extremamente irritado.

De repente era
vital manter Ginevra muito longe de Potter.


N/A:Mil desculpas pela
demora, mas estava muito ocupada mesmo na faculdade e sem inspiração.
Felizmente agora que as férias chegaram pretendo escrever mais
capítulos dessa fic... Afinal tá chegando ao final,
depois de 1 ano huahauahua. A fic vai ter, talvez, 20 ou 18
capítulos, dependendo de onde eu preferira terminar um ou
outro. Estou me inspirando em várias versões (As Brumas
de Avalon mais), mas grande parte é minha “invenção”,
peguei a base e agora desenvolvi do modo que achei mais interessante
e que tinha a ver com os personagens... Obrigada por todos os
elogios!

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