Capítulo 9
O ódio começava a me consumir naquele momento, como um veneno mortal que vai espalhando-se lentamente por todas as artérias do corpo, matando aos poucos.
Apanhei a primeira coisa que vi à minha frente – um grande cálice prateado com algo azul fumegante que quase transbordava – e entornei-o de uma vez só.
Se arrependimento matasse Ginevra Molly Weasley estaria, naquele exato momento, vestindo pijama de madeira e conversando com as amigas minhocas.
Aquela coisa era puro gelo e desceu queimando mais que chama de Focinho-Curto Sueco. Quem colocara aquilo diante de mim obviamente desejava meu mal, pois no segundo seguinte eu me levantava decidida a sair voando e nem conseguia parar em pé, acabando por cair sentada.
Havia estrelas à minha volta, minhas pupilas dilatavam-se quase instantâneamente. E, embora a música tivesse se tornado um zumbido agourento e as coisas estivessem meio embaçadas, aquela cena deplorável era completamente nítida.
- Você vai se arrepender... – murmurei, pegando o cálice que tornara a se encher, sem me preocupar com o efeito que aquilo estava me causando.
Mais uma vez entornei-o, algo estava tomando vida dentro de meu estômago, me deixando estranhamente vazia.
Nessa hora eu já nem sabia mais porquê estava bebendo, só queria aliviar aquela raiva que se bombeava pelo meu sangue, preenchendo cada pedacinho de mim...
Talvez tivesse sido um momentâneo instante de sanidade que me fez parar de beber e tentar sair dali. Não faço a menor idéia de como consegui chegar às portas de Carvalho, mas de repente eu estava lá, segurando as sandálias numa mão e me apoiando na porta com a outra.
E quem eu menos desejava que aparecesse num momento daqueles surgiu na minha frente com seu terno caro e seus cabelos cuidadosamente penteados.
Draco Malfoy emparelhou comigo antes que eu pudesse me decidir se era perigoso ou não tentar chegar às escadarias de Mármore no meu estado.
Eu busquei ignorá-lo - o que não era nada fácil – e seguir o rumo que estava planejando tomar, mas eu tinha que perder o controle justo na hora em que ouvi sua voz me chamar.
Na situação em que eu me encontrava eu teria caído de cara no chão e quebrado o nariz, mas, enquanto meu corpo traçava uma trajetória totalmente destrambelhada direto para o mármore frio e duro, dois pares de mãos ágeis e firmes me seguraram, deixando-me à centímetros de desfigurar minha face.
- Você é uma tapada mesmo! – exclamou Malfoy com seu tom gentil de sempre, enquanto me colocava de pé.
Cambaleei para trás, buscando focalizá-lo no meio de todos aqueles borrões multi-coloridos, e mais uma vez ele me segurou, dessa vez apertando meus braços com uma decisão perturbadora.
Entre todas as nossas trocas de elogios arranjei um “Eu não preciso de sua ajuda” enquanto batia no braço dele com minha mão livre.
Ele riu, achando graça.
- Que foi que te deram de beber? – perguntou, como se eu fosse uma de suas amigas íntimas.
- Ora, isso não é da sua conta! – empurrei-o com as últimas forças que me restavam, sem conseguir afetá-lo, e quase caí de novo.
Malfoy estava calmo, de uma forma que eu nunca o vira antes. Me olhou por longos instantes e do nada estava me pegando pela cintura.
- O que você vai fazer? – eu não tinha forças para impedí-lo de me erguer do chão.
- Vou te tirar daqui antes que você caia de novo e eu tenha que te levar para a Ala Hospitalar. Eu realmente não quero terminar a noite explicando à Madame Pomfrey que você não sabe nem beber socialmente...
Eu queria mandá-lo ir para lugares perigosos, calar a boca, mas tudo o que o álcool me permitiu fazer foi deixar que um riso lesado escapasse de meus lábios, enquanto muito vagamente sentia meus pés abandonarem o chão e minha mão pender na direção desse, segurando frouxamente as minhas sandálias.
Era a coisa mais estranha que já me havia acontecido. Eu estava sendo carregada pela última pessoa que imaginaria que me amparasse. E, naquele momento, parecia a coisa mais normal do mundo.
Meu penteado havia sido desfeito, eu estava descalça e Draco Malfoy me carregava no colo, parecia cena de casal em Lua de Mel.
- Se um dia eu tiver a oportunidade de lhe dizer tu... tudo o que penso de você, Malfoy.. Me lembre de deixar beeeem claro que eu lhe dres... deres.. derespreso.. não... D-e-s...
Imagine você que eu estava tão bêbada que mal conseguia soletrar “desprezo”, e pior, eu estava bêbada a ponto de tentar soletrar “desprezo”.
Malfoy me mandou calar a boca, me deixando extremamente ofendida. Então comecei a indagar sobre a liberdade de expressão, e ele jurou que me jogaria escada abaixo se eu dissesse mais alguma asneira.
- Você não pode fazer isso!
- Você ficaria mais levinha se calasse a boca...
Alguém deveria ensinar para meu querido amigo Draco que chamar uma garota de pesada não é nada gentil...
E eu fiquei calada, sentindo o cheiro do perfume dele e o calor de seu corpo, acompanhados de um sono desgraçado, que me fez passar um braço por seu pescoço, apoiando a cabeça em seu peito. Não fazia a menor idéia de para onde estava sendo levada, mas obviamente não era para a Torre da Grifinória, já que ele subira poucos lances de escada.
Não me lembro quantos minutos ele demorou até parar, e quando o fez me deitou sobre algo macio e quente – uma cama – e, em vez de me lançar uma maldição, perguntou se eu estava me sentindo muito mal.
Vou admitir que ele foi inteligente ao perguntar isso, pois perguntar se eu estava me sentindo bem era idiotice.
- Por que está me ajudando? – essa era a primeira coisa que eu queria saber.
- Se você entrar em coma alcóolico eu não terei a Weasley nojentinha de sempre para atormentar.
Nossos olhos se encontraram, eu devia estar com a maior cara de bêbada, e apesar de meu ar irônico ele permanecia impassível.
Somente naquele momento tomei consciência do quanto os olhos dele eram bonitos, de um azul bem claro, com pintinhas acinzentadas. Uma idéia besta de contar aquelas pintinhas me veio à mente, uma idéia que me soava agradabilíssima.
Malfoy abriu levemente a boca, na inteção de dizer algo, uma frase muda que deixou bem claro o que ele pretendia fazer.
E eu não pensei em mais nada. Um impulso repentino me guiava de encontro àquela face pálida com olhos de pintinhas acinzentadas...
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N/A: Certo, eu sei que esse beijo aí é o plágio mais descarado do beijo do Harry com a Cho.. Mas eu simplesmente não consegui escancarar o verbo e narrar pra vocês o momento em que o Draco enfiou a lingua na boca da Gina e...
Aguardem o capítulo 10.. Ele vai sevir para consolar leitores aflitos...
Preview: Finalmente o Baile!! Finalmente às sós com Malfoy..
Mas.. bêbada?!
Uma situação perigosa e envolvente...
Ou seria apenas mais um sonho?!
Não estou feliz com essa fic... Devo destruí-la? Abandoná-la?!
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