Início da mudança



Qualquer um pode Amar

Capítulo 1 – Início da Mudança

- Por favor, Gina, tente entender! – suplicava Molly Weasley, enquanto tentava alcançar a filha, que já estava longe.

Tudo começara duas semanas antes, quando a matriarca da família Weasley resolveu poupar pelo menos um único filho, ou melhor dizendo, sua única filha, da guerra que se instalara no mundo mágico.

Desde a morte de Dumbledore, a Ordem tem aumentado o seu número de integrantes consideravelmente. Com todos os seus filhos homens participando da guerra (até mesmo Percy), a Sra. Weasley e seu marido, Artur Weasley, resolveram que pelo menos sua filha caçula continuaria seus estudos longe do caos que se instalara no Reino Unido.

Hogwarts não abriria naquele ano, mas escolas como Beauxbatons e Durmstrang sim. Porém, eram institutos que não abriam bolsas, tendo uma mensalidade alta demais para a condição financeira dos Weasley. Sem outra alternativa, procuraram por institutos de ensinos que possuíssem alguma bolsa de estudo para que sua filha pudesse entrar. Ela tirara boas notas nos N.O.M.’s e não recebeu detenções por mal comportamento na escola anterior, o que facilitaria as coisas.

Para a surpresa de ambos, a única escola que aceitou o pedido de transferência de Gina e lhe concedeu uma bolsa foi o Instituto de Magia e Bruxaria de Northshore, nos Estados Unidos. Sr. e Sra. Weasley aceitaram quase que imediatamente, e receberam a carta contendo os materiais e livros necessários para o 6º ano e a informação de que as aulas de Gina começariam naquela semana, quase um mês antes da data que Hogwarts começava.

Até o momento tudo estava certo, mas havia chegado a pior parte: contar para Gina.

- Querida... – Molly falou carinhosamente durante o almoço, quando só havia as duas em casa – eu e seu pai tomamos uma decisão muito difícil, mas achamos que será o melhor para você.

A garota imediatamente parou de comer e empurrou o prato pra longe, olhando com atenção para a mãe.

- Hogwarts não irá abrir esse ano, como você bem sabe. – Molly escolhia as palavras cuidadosamente – e eu e seu pai queremos que pelo menos você – ela frisou a palavra – continue e termine os estudos.

Gina continuou em silêncio, antes de dizer algo:

- E como vocês esperam que isso aconteça se a senhora mesmo acabou de dizer que Hogwarts não irá abrir?

Molly ficou em silêncio, observando a filha com expectativa, até que a ficha caiu para Gina.

- Ah não! – disse a ruivinha, se levantando.

- Querida, é um bom colégio, você terminará seus estudos e...

- Mamãe, eu não quero ir pra outro colégio! Eu quero lutar na Ordem ao lado do Rony e de todos meus irmãos!

- Definitivamente não, Gina! – Molly ficara séria de repente e Gina se calou – Ter seus irmãos na Ordem já é sofrimento demais para seu pai e para mim! Fred e Jorge não terminaram seus estudos, Rony seguiu os mesmos passos, mas eu não vou deixar que o mesmo aconteça com você!

Molly parou e inspirou profundamente.

- Agora, como eu estava dizendo... Seu pai e eu procuramos outra instituição de ensino, alguma que oferecesse uma bolsa de estudos, já que instituições como a de Hogwarts, em que não se paga nada, parecem não existir. - ela tirou de dentro de seu avental um folheto e estendeu para a filha – essa foi a única escola que te aceitou de bom grado por suas notas e lhe concedeu uma bolsa.

Gina pegou o folheto e olhou.

- ESTADOS UNIDOS? – ela berrou, ao ver a localização – vocês querem que eu vá para os Estados Unidos? – disse, perplexa.

- Querida, será mais seguro e...

Gina não esperou a mãe acabar de falar; deu as costas e saiu correndo para fora de casa, para além das colinas que existiam na propriedade dos Weasley.

E foi assim que tudo começou...

Algumas horas depois

Hermione se aproximou lentamente de Gina, que estava sentada no gramado, ao lado de uma árvore. A morena sentou-se ao lado da ruiva, em silêncio.

Permaneceram naquela situação por um tempo, até que Gina resolveu falar.

- Sabia que minha mãe ia chamá-la para tentar me convencer.

Hermione deu um meio sorriso, e segurou a mão de Gina entre as suas.

- Sua mãe só quer o melhor pra você, Gi.

Houve mais alguns minutos em silêncio, antes que a ruiva se pronunciasse.

- Desde que o Harry terminou comigo, eu não vejo mais sentido na minha vida. – falou, enquanto olhava o sol se pondo no horizonte – eu sei que era o certo, que essa guerra é praticamente dele, mas isso não impede que eu sofra, que eu sinta essa dor enorme dentro de mim.

Ela olhou para Hermione rapidamente, antes de voltar a olhar pro pôr do sol e continuar.

- Se não fosse por meus pais, eu não teria motivo pra me manter viva. Essa guerra está afetando toda a família. Tenho medo de acordar dia seguinte e receber a notícia de que um dos meus irmãos foi morto. Já não basta o Gui ter sido ferido gravemente...

Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Gina.

- Eu prometi a mim mesma que não choraria mais. – disse, enquanto secava a lágrima com a mão livre.

Hermione passou o braço pelo ombro de Gina e puxou-a para um abraço.

- Chorar não é sinônimo de fraqueza, Gi. As lágrimas mostram que uma pessoa tem coração e que sabe amar.

Sem conseguir se controlar mais, Gina chorou copiosamente, sem nem tentar controlar as lágrimas. Hermione continuou abraçando-a e ficaram naquela situação por um bom tempo, até que a ruiva se desvencilhou do abraço e secou o rosto com as mãos.

- Vamos voltar? Já está anoitecendo. – disse a morena.

- Tudo bem, mas vamos devagar, meus olhos ainda estão inchados.

Foram andando lentamente, de volta pra casa. Até que Hermione resolveu falar.

- Sabe, Northshore não parece ser um lugar ruim. Eu li em algum lugar que é uma das melhores instituições mágicas existentes...

Gina riu.

- É, tem razão... – ela tirou o folheto do bolso – aqui diz que o local foi todo reformado, há pouco tempo.

Permaneceram num silêncio incômodo. Gina não conseguia sequer imaginar-se em outro local, mantendo seus estudos, enquanto toda sua família e seus amigos estavam lutando numa guerra.

- Bom, pelo que eu soube com sua mãe, suas aulas começam daqui há alguns dias – comentou Hermione, casualmente – mas ela prefere que você fique até o casamento do Gui.

Gina deu um sorriso fraco. Seu irmão, mesmo depois de ter sido ferido gravemente por um lobisomem, iria se casar no fim de semana. Apesar de nunca ter gostado de Fleur, a admirava por ela não ter deixado de amá-lo por isso.

- É... Uma pena que teremos que usar aqueles vestidos horríveis. – disse Gina, referindo-se aos vestidos de dama de honra, escolhidos pela própria Fleur.

As duas riram um pouco, e finalmente chegaram à toca.

- Hora de seguir com a vida, Gi. – disse Hermione, séria, à entrada da Toca.

A ruiva apenas consentiu, enquanto entrava na casa acompanhada da amiga.

Hermione subiu para desfazer suas malas e Gina seguiu para a sala, onde encontrou os gêmeos Weasley.

- Gininha, mamãe nos contou sobre sua nova escola. – disse Fred.

A garota sorriu fracamente.

- Não se preocupe, as coisas lá serão melhores do que em Hogwarts, mesmo sem a gente. – disse Jorge.

- Jorge tem razão, lá ninguém te chamará de “traidora do próprio sangue” ou “amante de trouxas”. – disse Fred, sorrindo.

Gina apenas consentiu com a cabeça, triste demais para falar algo.

Os gêmeos se entreolharam, antes de continuar.

- Mas, por precaução, resolvemos mudar também a velha fama da família de “pobretões”. – foi dizendo Jorge, enquanto levantava-se e puxava Gina pelas escadas.

- Sabe como é, queremos que nossa maninha seja tratada lá como uma... – eles pararam em frente á porta do quarto dela – PRINCESA! – gritaram os dois juntos, enquanto escancaravam a porta.

Gina olhou pra dentro, assustada. Em cima da sua cama, havia um belíssimo vestido de gala, com sapatos combinando ao lado. No chão, havia três malas enormes, que pareciam recheadas de roupas e acessórios.

- Com essa guerra, não teremos tempo para gastar o dinheiro que andamos lucrando com a loja. – explicou Jorge.

- Por isso, resolvemos gastar uma grana com a nossa irmã querida, que se mandará para outro continente. – completou Fred.

A garota sentiu lágrimas chegarem aos seus olhos.

- Ah, Fred, Jorge! Não precisava! – disse, enquanto abraçava os dois irmãos.

- Mas a surpresa não acabou! - foi dizendo Jorge, enquanto adentrava o quarto.

- Nós guardamos o melhor para o final! – disse Fred, enquanto seguia o irmão.

Os dois foram até atrás das malas e levantaram juntos um embrulho comprido.

- Tcharam! – disseram juntos, enquanto levavam o pacote até Gina.

A garota, ainda surpresa e com lágrimas nos olhos, aproximou-se do pacote e o abriu, encontrando dentro uma linda vassoura Nimbus 2001.

- Eu não acredito! – disse, com um sorriso enorme brotando na face.

- Compramos uma excelente vassoura para uma excelente artilheira! – disse Jorge.

- Assim, quando chegar ao seu novo colégio, poderá se candidatar ao time de Quadribol de lá. – falou Fred.

Parada, com a vassoura nas mãos, Gina começou a chorar de novo, numa mistura de felicidade e tristeza.

- Muito obrigada! – foi dizendo, enquanto abraçava novamente os irmãos – eu vou sentir muita falta de vocês estando lá, sabia?

Os dois trocaram risinhos cúmplices.

- Mas nós cuidaremos para que você não se esqueça da gente – comentou Fred.

- Tem vários kits mata-aula dentro da sua bagagem, assim como os pântanos portáteis e nossa nova coleção de fogos de artifício mágicos. – disse Jorge.

Os dois trocaram um sorrisinho maldoso, enquanto Gina sacudia a cabeça.

- Vocês não têm jeito mesmo! – disse, sorrindo – em todo caso, é sempre bom eu estar preparada com esses kits.

Os gêmeos sorriram em concordância.

- Bom, melhor descermos para o jantar. – foi dizendo Jorge, passando a mão pelo ombro de Gina.

- E, em todo caso, para mamãe nós só te presenteamos com roupas, tá? – disse Fred.

- E o Rony não pode saber sobre a vassoura. – completou Jorge.

Gina desceu rindo com os gêmeos, esquecendo-se dos sentimentos ruins que a assolavam.


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O dia do casamento de Gui chegou e, para a tristeza e felicidade de Gina, Harry estava lá. Não só ele, mas todos seus amigos de Hogwarts haviam sido convidados para prestigiá-la numa pequena festa de despedida que teria depois do casamento.

Lhe entregaram pequenas lembranças para que ela nunca se esquecesse deles. Até mesmo Harry lhe dera algo, um pingente dourado em forma de coração.

Apesar de ter sorrido durante toda a festa, chorou à noite em sua cama, abafando os soluços com o travesseiro. Só de pensar que poderia nunca mais ver seus amigos, que lutariam naquela maldita Guerra, seu coração se partia.

E havia o Harry. Ah, seu doce e amado Harry! Terminara com ela justamente por amá-la e, apesar de ter dito que compreendia, dentro dela, sabia que não era o certo. Mesmo querendo protegê-la, tal como seus pais, ele podia ter insistido para que ficassem juntos. Poderiam lutar lado a lado, pelo mundo mágico e por seu amor.

Mas ele preferiu o caminho mais fácil. Separando-se dela, estava livre para empenhar sua própria vida na luta contra Voldemort.

Sabia que estava sendo egoísta; Harry pertencia ao mundo mágico e não a ela. Mas gostaria de ao menos ter se despedido dele decentemente... No casamento, ele manteve-se distante dela, com medo do que poderia acontecer se tivessem um momento a sós.

Iria embora sem se despedir, sem dizer o quanto o amava. “não, ele sabe o quanto eu amo... Sempre o amei e sempre vou amar” pensou. E, com esse pensamento, adormeceu.

Acordou com os olhos inchados por ter chorado na noite anterior. Era esse o dia, aquele onde ela daria adeus à sua família e ao perigo, indo para um lugar onde Voldemort não tinha acesso.

Tentou se animar com a idéia de que iria para uma boa escola, mas não conseguiu. Só de pensar em ser uma novata e em fazer amigos novamente, seu estômago doeu.

Suas malas já estavam prontas e toda sua família lhe aguardava para o café da manhã, onde comeriam juntos. Haviam tirado folga de seus deverem apenas para estar com ela.

A conversa foi amena, com se dali a poucas horas Gina não fosse embora.

Ao terminar o café, passaram as horas da manhã juntos, conversando na sala enquanto jogavam snap explosivo.

“Vou sentir muita falta disso” pensou Gina, tentando gravar cada sensação daquele momento junto de sua família. Cada risada, cada cheiro, cada palavra...

Almoçaram juntos e, apesar de os gêmeos terem se esforçado para alegrar a mesa, o clima permanecia pesado. Queria ter forças para relutar, bater o pé e dizer que ia ficar, mas não o fez. Não podia causar mais dor aos seus pais do que eles já sentiam.

Faltando uma hora para o meio-dia, toda sua família acompanhou-a até o porto.

Para chegar a Northshore, era preciso pegar um barco que a levaria até uma pequena ilha no meio do Oceano, onde havia chaves-de-portal especiais para levá-la até as mediações de seu novo colégio.

Lera todo o folhetim que sua mãe lhe dera. Era uma instituição caríssima, mas aberta a bolsistas estudiosos. Porém, havia um pequeno fato que sua mãe não lhe falara: era um internato feminino, onde as internas tinham uma liberdade controlada para sair pela cidade de vez em quando, tendo sempre um horário de recolher.

O navio apitou, era hora de embarcar. Despediu-se de sua família com um sorriso fraco no rosto, enquanto abraçava a todos. Enquanto chorava de madrugada, prometeu a si mesma que iria passar a sensação de confiança para sua família, como se ela estivesse indo apenas na esquina e logo estaria de volta.

Mas, vendo seus pais chorando e seus irmãos com feições tão tristes, fora difícil manter aquela promessa. Teve que usar todo seu autocontrole até embarcar, onde virou para eles e acenou.

- Te amamos, Gina! – berrava Rony.

- Se cuida, princesa! – Carlinhos.

- Estaremos te esperando! – gritava o resto da família.

Com a voz embargada de emoção, Gina conseguiu gritar:

- Se cuidem!

Virando-se logo em seguida e encaminhando-se para a sua cabine. Achá-la foi fácil, pois todas as portas eram numeradas.

Levava nas mãos apenas uma pequena bolsa. As bagagens de todos os passageiros eram levadas em outra embarcação, junto com produtos para a venda no país. Largou a bolsa sobre a cama e saiu para o convés. Enquanto caminhava, percebeu que o navio estava cheio de pessoas. “Fugindo da guerra” completou em pensamento.

Encostou-se na murada da proa, tentando apreciar a vista. Demorariam cerca de quinze horas para chegar na ilha, com as condições climáticas favoráveis. Era um dia radiante de primavera, contrastando com seus sentimentos. Apesar disso, usava uma das roupas que os gêmeos lhe deram: um conjunto de saia e blusa azul, com a bainha estampada por girassóis. Uma faixa nos cabelos mantinham sua franja separada. Ali, indefesa e perdida em seus pensamentos, nem percebeu que estava sendo observada por um indivíduo nas sombras.


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Foi um dos primeiros a entrar no navio, indo direto para sua cabine. Quanto menos pessoas o vissem, melhor, era o que pensava.

Não queria ir para os Estados Unidos, mas não tinha outra escolha. Se ficasse, teria que se juntar permanentemente aos Comensais da Morte, e não era isso que desejava. Já não bastava as coisas que fora obrigado a fazer em Hogwarts para ajudar o Lord das Trevas e, principalmente, para manter seus pais à salvo da fúria dele.

Graças a seu padrinho, que arranjara para ele a viagem e a matrícula em outro colégio, poderia começar uma nova vida, onde ninguém saberia quem eram os Malfoy. Isso era ruim, já que não imporia o mesmo respeito de antes.

Como o único que possuía oclumência avançada era Snape, só ele sabia de sua viagem. Não pôde nem ao menos se despedir de seus pais e, dentro dele, sabia que era melhor assim. Afinal, era por culpa das escolhas erradas de seu pai que ele se encontrava naquela situação. Se sentiu mal por sua mãe, mas nada podia fazer.

Perdido em seus pensamentos, cochilou por um curto período, sendo acordado pelo apito do navio que zarpava.

Era uma embarcação grande, com cabines individuais, áreas de lazer e alimentação coletivas. Não possuía muito luxo, mas era seu único meio de sair do país. Além do que, não levava muito dinheiro, pois não tivera tempo de mexer no cofre da família e fazer uma retirada. Levava consigo apenas uma mala com roupas necessárias e uma quantidade de galeões que reservara para casos de emergência.

Provavelmente, teria que arranjar dinheiro nos Estados Unidos, mas isso não o preocupava. Com suas habilidades, arranjaria trabalhos bem remunerados no país.

Saiu para o convés, coberto com um sobretudo preto e uma boina na cabeça da mesma cor, para esconder os cabelos platinados. No rosto, óculos escuros para não ter que encarar ninguém diretamente.

Contrastava terrivelmente com tudo à sua volta; o sol brilhava e as pessoas sorriam aliviadas, prontas para começar de novo em outro continente.

“Mas que diabos eu estou fazendo aqui?” perguntava-se em pensamento, enquanto dava voltas pelo navio. Quando estava prestes a voltar para sua cabine, reparou em uma garota encostada na murada do navio. Carregava uma expressão sofrida em seu rosto, diferente dos sorrisos das pessoas em volta.

Quase que hipnotizado, retirou seus óculos escuros e a olhou melhor. Tinha cabelos ruivos e curtos, corpo pequeno mas bem modelado. Por alguma razão, sentiu que a conhecia de algum lugar.

Só então se deu conta de quem a garota solitária era. “Uma Weasley!” pensou alarmado. A caçula daquela família de pobretões, namorada do Potter e que fazia questão de comprar briga com ele toda vez que cruzavam os corredores de Hogwarts.

Olhou desesperadamente para os lados. Se ela estava ali, provavelmente toda sua família de coelhos deveria estar também. Não os culpava por estarem fugindo do país, afinal, até os mais corajosos temem por suas vidas.

A ruiva começara a se mover, indo em sua direção. Desesperado, deu uns passos para trás e, quando ia se virar, tropeçou em um rolo de cordas que encontrava-se ali, indo de cara no chão e fazendo os óculos escuros na sua mão voarem longe.

“Mas que merda!” pensou. Enquanto levantava-se, puto da vida por ter tropeçado à toa, ouviu uma voz doce atrás dele.

- Você está bem?

Ao virar-se, quase engasgou com o que viu. A jovem Weasley o olhava preocupada e com uma expressão tão inocente que derreteria uma calota polar. Abaixando a cabeça e puxando a boina para frente, para fazer sombra e não encará-la diretamente, fez um esforço para sua voz sair mais grave.

- Estou.

A ruiva abaixou-se e pegou no chão os óculos que estava perto de seus pés.

- Toma, você deixou cair.

Pegando rapidamente das mãos dela e evitando qualquer contato, virou-se de costas e caminhou, colocando seus óculos novamente. Indeciso, parou por alguns segundos e, ainda daquela forma, falou um “Obrigado” antes de retomar a caminhada para longe da ruiva.

(N/A: o olhar descrito que Gina faz é o que está na capa da fanfic referente a ela, assim como suas roupas atuais também aparecem na imagem.)


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Gina ficou parada no mesmo lugar, observando o jovem estranho afastar-se. Ele escondia o rosto e por isso não pode olhar direito para ele, mas tinha a sensação de que era familiar.

Não se incomodando com isso, resolveu visitar o salão de jogos. Mesmo estando sozinha, não fazia questão de companhia, mas precisava passar o tempo dentro do navio.

Sentou-se numa mesa onde senhoras de idade jogavam carteado. Gentilmente, pediu para fazer parte do jogo e logo estava enturmada com elas. As senhoras pareciam encantadas com sua companhia, o que fez Gina lembrar-se de seus falecidos avós.

- Ah, olhando para você, lembro-me dos meus tempos de juventude! – exclamou uma delas, numa pausa do jogo.

- Bom, isso faz tempo, não? – disse a outra.

E Gina ria com elas, tentando afastar seus pensamentos para longe.

A tarde passou rápido, logo deu a hora do jantar e o grupo de senhoras a convidou para cearem juntas. Não vendo nada de mal nisso, acompanhou-as e até divertiu-se um pouco com a conversa delas. Contavam suas experiências e o que as trouxeram ali.

Eram todas viúvas e seus filhos ou haviam morrido, ou encontravam-se justamente nos Estados Unidos. Aproveitando o momento oportuno, juntarem-se e decidiram fazer a viagem para lá juntas.

- E você, minha jovem? O que faz sozinha tão longe de casa? – perguntou uma delas.

Evitando dizer demais, Gina simplificou:

- Meus pais gostariam que eu terminasse a escola e, por isso, me mandaram para uma onde eles tinham um conhecido.

Só uma parte era verdade, a que ela estaria em uma nova escola; mas não sentiu necessidade de falar mais do que isso e procurou mudar de assunto.

Tão logo acabaram de comer, acompanhou-as para o convés, onde se despediu-se, alegando que iria dormir cedo.

- Mas já, querida? Uma garota tão bonita como você deveria aproveitar mais a vida!

Dando um sorriso culpado, Gina retirou-se, mas não foi para sua cabine. Preferiu ir novamente para a murada e observar o oceano, que estava calmo sobre uma linda luz do luar.

Ouvindo passos, virou-se e deparou com o jovem que ajudara parado no meio do convés, olhando para ela.


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Após o breve encontro com a Weasley, Draco voltou para sua cabine, onde deitou-se e tirou um cochilo. Acordou quando já era hora do jantar e caminhou para o restaurante do navio.

Enquanto escolhia sua comida, observou a ruiva numa mesa com senhoras que definitivamente não eram suas parentes. Fingindo que escolhia uma mesa, passou perto delas a tempo de ouvir “Meus pais gostariam que eu terminasse a escola e, por isso, me mandaram para uma onde eles tinham um conhecido.”

Então era isso, a Weasley fêmea estava sozinha naquele navio, assim como ele.

Sentou-se distante da mesa delas e comeu sua refeição o mais rápido que pôde. Não agüentava ter tanta gente sorrindo por perto, quando ele se encontrava num estado tão depressivo.

Ao acabar de comer, viu a ruiva sair com as senhoras e, curioso, foi atrás, observando de uma distância segura.

Viu a garota se despedir do grupo e seguir para a proa no navio, onde encostou-se na murada, na mesma pose que estava quando o loiro a encontrou mais cedo.

Ela estava novamente com um olhar melancólico. Por algum motivo que desconhecia, sentia uma dor interna ao vê-la daquela forma. Por que ela sofria tanto? Quer dizer, tudo bem, estava longe da família e tudo mais, até dava pra entender que ficasse um pouco mal. Mas, ainda assim, o seu olhar passava uma dor mais profunda, quase como se ela estivesse afundada em solidão.

Cansado de vê-la daquela forma, resolveu tomar uma atitude. Descobrindo quem ele era, ficaria, no mínimo, zangada. “E até que ela não fica feia quando está com raiva de mim...” pensou, lembrando-se dos anos anteriores.

Caminhou em sua direção e parou, esperando ela virar-se. Quando o fez, encarou-o com curiosidade.

- Você não é o rapaz de hoje cedo? – perguntou.

Ele estava sem óculos e sem o sobretudo, mas devido a pouca luz do local, não conseguia ver direito seu rosto.

- Sim, eu sou. – falou. Dessa vez, não fez o mínimo esforço para modificar a voz.

A garota permaneceu em silêncio encarando-o, e ele resolveu completar.

- E você é uma Weasley.

Gina não esboçou nenhuma reação, apenas começou a andar em sua direção.

- Você sabe que em sou, mas eu não sei quem você é. É um tanto injusto, não acha?

Draco deu um meio sorriso.

- Bom, você não vai gostar de saber quem eu sou, afinal você odeia os...

Antes que terminasse a frase, foi interrompido por um barulho imenso e sentiu o navio estremecer. Instantes depois, gritos enchiam o ar calmo da noite.

- Mas o que é isso? – falou Gina, equilibrando-se para não cair.

Draco olhou para o céu. Viu então três indivíduos encapuzados lançando magias para todos os lados. “Não... Como eles descobriram que eu estou aqui? Snape jamais teria falado; mas e se o Lord conseguiu extrair a informação dele...?”

Havia permanecido parado enquanto pensava, e se deu conta de que tinham que sair dali, pois eram alvos fáceis, parados no meio de um local aberto.

- Vem! – disse, já pegando o braço de Gina e arrastando-a com ele.

A garota pensou em se desvencilhar, mas desistiu. O aperto sobre seu braço era muito forte para que conseguisse se soltar.

O loiro guiou-a até um canto que ficava completamente escondido pelas sombras, onde havia cordas e outras coisas. Esconderam-se atrás de algumas tralhas e se concentraram nos sons da noite. Havia muitos gritos e podiam ver as luzes dos feitiços ao longe.

Draco estava preocupado. Se os comensais o procuravam, não adiantaria ele se manter escondido, pois logo o achariam. E a ruiva ao seu lado também estaria em perigo. “Droga!” pensou, tentando achar uma melhor solução. Decidido, levantou-se e falou:

- Fique aqui, eu vou ver o que está acontecendo, mas volto pra te buscar.

Já estava se afastando, quando a garota gritou:

- Mas eu nem sei seu nome!

Parando e, ainda de costas, retirou sua boina, que cobria os cabelos.

- Acho que você me conhece a mais tempo do que pensa, Weasley. – disse sério, antes de continuar a correr em direção aos sons.

Gina ficou tão surpresa ao ver os cabelos platinados brilhando à luz da lua que não conseguiu se mover. Quer dizer, ele era a última pessoa da face da Terra que esperava encontrar indo a caminho da América.

Mas o que Draco Malfoy fazia ali? Naquele momento, sua surpresa e curiosidade venceram toda a raiva que já teve por ele, e só queria saber o que estava acontecendo.

Pelo visto, o navio estava sendo atacado. Esticou o pescoço o máximo que pôde e viu um ser encapuzado sobrevoando o navio, atirando feitiços para todos os lados.

“Comensais!” pensou desesperada. Mas o que eles estariam fazendo ali?

Tentou raciocinar. Se o Malfoy estava ali, deveria haver alguma ligação entre as duas coisas.

E o que ela estava fazendo ali, parada? Malfoy dissera para ela esperar ali, mas desde quando ela dava ouvidos a um Malfoy?

Apalpou suas roupas. Droga, esquecera a varinha na cabine! Começou a correr, entrando no primeiro corredor que viu para sair da vista dos atacantes e foi até seu quarto.

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Ao afastar-se de Gina, Draco correu desesperadamente, tentando manter-se nas sombras. Precisava descobrir o que os Comensais faziam ali.

Quando chegou mais perto, utilizou sua varinha e realizou um feitiço para ampliar sua audição, muito utilizado para espionagem, concentrando-se nos dois comensais que pairavam alguns metros à sua frente.

- Esses idiotas estão correndo feito insetos. – disse um deles.

- Assim eles aprendem a não saírem do país numa época tão importante para o Lord. – emendou o outro.

Draco parou para pensar no que escutara. Então eles não sabiam que ele estava ali! Fora só uma terrível coincidência do destino que o fizera estar naquele navio durante o ataque.

Um terceiro comensal se aproximou e Draco concentrou-se novamente na conversa.

- Já desregulei todo o comando central do navio, logo ele irá pelos ares. – disse o comensal.

Draco parou para se lembrar sobre algumas aulas que teve em Hogwarts. Em um navio mágico, o comando central era a mágica que o mantinha funcionando e, se ele não funcionasse corretamente, explodiria.

- Hora de irmos embora. – falou o comensal e os três aparataram.

Como eles conseguiram? No meio do mar, era quase impossível fazer uma aparatação correta. Olhou para o mar. Viu pequenos barcos lotado de pessoas nele. “Todos estão fugindo e eu sou o único idiota aqui!” pensou, enquanto caminhava para um dos barquinhos. Então se lembrou de Gina.

Havia deixado a Weasley lá, dizendo que voltaria. “Ah, diabos, ela nem deve ter ficado esperando lá! A essa altura, já embarcou num desses botes.”

Olhou para as pessoas que embarcavam desesperadas, tentando salvar suas vidas. Não viu nenhum cabelo vermelho berrante.

“Droga!” pensou enquanto dava meia volta e corria para o lugar onde largara Gina. “Por que é que eu estou me importando tanto com uma Weasley?”


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Gina chegou em sua cabine e olhou para os lados. Com o tremor no navio, sua bolsa havia aberto e suas coisas rolavam pelo chão. Tateou às cegas embaixo da cama e sentiu sua varinha. Pegou-a e colocou presa no sutiã, entre os seios, já que sua saia não possuía bolsos e não tinha onde colocá-la.

Começou a correm, tentando encontrar um novo caminho para sair, sem sucesso. Acabou voltando pelo mesmo de antes, e quando finalmente alcançou o ar livre, sentiu um novo tremor, só que mais forte. “Alguma coisa não está certa com o navio.” Pensou, olhando para o assoalho. Começou a sentir seus pés ficarem mais quentes.

O navio estava se sobre aquecendo e precisava sair dali o mais rápido possível. Começou a correr no sentido onde viu o sonserino se dirigir, mas já era tarde. Uma explosão aconteceu alguns metros atrás e ela foi arremessada na direção do oceano. Como se estivesse em câmera lenta, olhou para o navio antes de atingir o mar e viu um loiro lá parado, olhando assustado para ela. “Então ele não me abandonou” pensou Gina.

Caiu na água, batendo sua cabeça em pedaços de madeira que voaram com a explosão. Começou a afundar e, antes de perder a consciência, sentiu braços fortes a puxando para a superfície.


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Chegou a tempo de ver Gina correr em sua direção e estava prestes a respirar aliviado, quando houve uma explosão atrás dela. Viu-a ser zunida longe com o impacto e o encarando antes de cair na água.

Sem nem pensar duas vezes, o loiro pulou atrás, mergulhando em direção à ruiva. Ela já estava com os olhos fechados quando conseguiu alcançá-la e retornar com ela à superfície.

Segurou-se num pedaço de madeira que flutuava por ali, e tentou manter uma Gina inconsciente segurando também.

Olhou em volta e conseguiu achar o que queria. Com a explosão, um dos botes de segurança, compactados num rolo do tamanho de um braço, havia voado também. Desprendeu a trave e viu um pequeno bote surgir magicamente ali.

Subiu com uma certa dificuldade e, usando um Wingardium Leviosa, trouxe Gina para dentro do bote também.

Aproximou seu ouvido e tentou ouvir a respiração dela. Não ouvia nada. “Puta merda, o que mais me falta acontecer hoje?” pensou, olhando para a ruiva.

Deitou-a da melhor forma que conseguiu e, tapando o nariz dela, encostou suas bocas e assoprou. Afastou-se e olhou. Nada ainda. Repetiu o movimento mais duas vezes e, quando já perdia as esperanças, a garota começou a tossir, cuspindo água.

Virou o rosto dela para o lado, para que a água saísse melhor e a sentou, para evitar que engasgasse de novo. Ainda estava inconsciente, mas já respirava de novo.

Suspirou aliviado e pensou no que acabara de fazer. Quase morrera para salvar uma Weasley. Naquele exato momento, seus ancestrais deveriam estar se revirando nos túmulos.

Antes que pensasse em como sair dali, ouviu gritos e olhou para os lados. Pessoas que haviam fugido nos barquinhos acenavam, indicando que estavam ali.

O loiro colocou a varinha dentro d’água e murmurou um feitiço, fazendo o bote começar a se mover em direção aos outros barcos. Anulou o feitiço quando chegaram perto o suficiente.

- Uau, garoto, você foi incrível! – dizia um homem, enquanto prendia o bote de Draco ao barco deles. Usava um quepe indicando que era o capitão. – todos que estavam aqui viram o momento da explosão e como você pulou na água para salvar a garota.

Draco ficou sem reação. Nunca ninguém o elogiara daquela forma e ele não sabia como devia corresponder.

- É verdade, você foi um verdadeiro herói! – disse uma das senhoras, que Draco reconheceu como fazendo parte do grupo que estava com Gina na hora do jantar.

“Hunf, eles pensam que eu sou um herói. Se soubessem metade das coisas que fiz...” pensou o loiro, enquanto mais pessoas o parabenizavam pela sua corajosa ação.

Ajudou o capitão a transferir Gina para o barco deles e fez um pedido para a senhora que conhecia Gina.

- Não deixe ela saber sobre isso, sim?

- Ah, mas por que não? Foi um ato tão corajoso! – disse a senhora.

Dando seu melhor sorriso, Draco enrolou-a:

- Eu morreria de vergonha se ela soubesse do que fiz.

Encantada, a senhorinha prometeu que não contaria nada à Gina sobre o episódio.

Como já haviam viajado dez horas, faltava pouco para chegarem à ilha. Com as varinhas em punhos, enfiadas dentro d’água, as pessoas disseram o mesmo feitiço ao mesmo tempo, levando os barcos adiante com muita rapidez.

Com a brisa marítima em seu rosto e, iluminado por um luar brilhante, Draco tentou ignorar o sentimento que havia sentido quando viu a Weasley ser engolida pelo oceano.

Achou melhor esquecer o que aconteceu ali e concentrar-se em sua nova vida que construiria a partir de agora.


... Fim do capítulo 1 ...

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N/A: Olá!!!

Primeiro, as perguntas de praxe: gostaram do primeiro capítulo? Gostaram das capas?

Aliás, acharam a narração muito ruim? Eu queria mostrar tanto o que acontecia com o Draco quanto com a Gina, mas tive medo de q isso tornasse o capítulo maçante. Fiz de tudo para que isso não acontecesse, mas preciso da opinião de vocês para saber de consegui ou não.

Bom, algumas coisas para vocês pensarem sobre o próximo cap de QUPA: Gina estará num colégio feminino. Como vocês acham que ela vai encontrar o Draco...?

Vou deixar isso para vocês imaginarem ;P

Posto essa fic na ff.net, procurem por lá ^^
Aliás, no meu profile tem a 2ª capa, que é sobre o Draco ^^

Bjinhos!!!

>> Princesa Chi <<

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