O Espião
N:A: Nem vou me desculpar pela demora no capítulo. Vamos direto ao que interessa:
Capítulo 06 – O Espião
A viagem de volta ocorreu sem maiores surpresas. Quando retornaram ao hotel, após a prova, Remo e Tonks já haviam retornado dos dias passados em Beauxbatons, ansiosos pelas notícias.
Após uma boa noite de sono, todos partiram. Mais uma vez, Harry preferiu viajar no trailer, rebocando seu carro. Chegaram ao final da tarde, e de lá aparataram para o Largo Grimaudi, onde rapidamente todos se reorganizaram.
Harry estava no quarto com Rony e Neville. Sentado em uma das camas, acompanhava os dois desfazerem as malas. Ouviu uma leve batida na porta e sem esperar autorização, entraram Mione e Gina, que se sentaram a seu lado.
- Harry, você tem certeza de que vai fazer isso? – Perguntou Mione, mostrando preocupação.
- É claro que ele tem certeza, garota. – Cortou Rony – Senão ele não faria. Não é mesmo, Harry?
- Rony! – Ralhou Gina, um olhar de reprovação faiscando em direção ao irmão – Ela só está preocupada. Assim como todos nós estamos.
- Mas o Harry sabe que é arriscado, Gina. Tanto ou até muito melhor do que todos nós. – Continuou o ruivo – Ele não é louco, não faria uma coisa assim se não tivesse certeza do que fazer.
- Mas ele está sob muita pressão, Ronald. – Foi a vez de Mione contestar – Pode estar acreditando que é sua obrigação vencer o... Ridle. Que tem dívida conosco, por não lembrarmos mais de nossas vidas e com os pais, por esquecê-los. Ele não pode se lançar em uma missão suicida destas, sem estar preparado. Não podemos deixar que seja ferido. Talvez seja melhor simplesmente esquecermos tudo isto e sairmos da Inglaterra.
- E viver fugindo, Mione? Você conseguiria? – Finalmente Harry se manifestou, vendo a jovem corar imediatamente – Sabia que não. Nem eu. Olha, fique tranqüila. Eu sei que é uma missão perigosa e um tanto suicida, mas não tenho a intenção de morrer. Pelo menos não ainda.
- Não fale isso nem de brincadeira! – Gina sibilou, um olhar duro lançado ao moreno.
- Não estou brincando, Gina. Farei o que for necessário para que tudo volte ao normal. – Então sorriu levemente, antes de continuar – Mas ainda temos muita coisa para fazer, não pretendo deixar que me peguem tão cedo.
- Acho bom mesmo, Potter. Ai de você se não voltar inteiro desta missão idiota. – E dizendo isto, a ruiva se levantou e deixou o quarto, rapidamente.
- Ela está realmente muito preocupada com você, Harry. – Disse Mione, antes de acompanhar a amiga.
Pouco depois, finalmente Harry desceu, disposto a partir. Não poderia adiar seu retorno por mais tempo, então não adiantava continuar protelando. Quando chegou à cozinha, todos estavam reunidos.
- Bom, acho que é hora de ir. – Anunciou ele, com simplicidade, numa tentativa de ocultar sua ansiedade.
- Sim você tem razão, Harry. Já está tarde. – Disse Lupin, aproximando-se dele – Não temos tempo para que eu possa lhe ensinar mais nada, mas ainda tenho algumas coisinhas que podem lhe ser úteis durante a missão.
Remo tirou um frasco de comprimidos de dentro do bolso e o entregou a Harry.
- São cápsulas contendo um preparado com erva Moi.
- E para que serve? – Perguntou este, analisando o frasco. No rótulo estava escrito que era comprimido para enxaqueca, um que ele já estava acostumado a tomar.
- A erva Moi possui muitas características. Inclusive proteger quem a ingere, em uma dose controlada por um período de tempo específico, da maioria dos feitiços ou poções.
- Isso é ótimo! – Intrometeu-se Gina – Assim você não precisa temer qualquer poção da memória que lhe derem. Não vai esquecer quem é novamente.
- Tem razão, Gina. É uma ótima idéia. Mas por que você disse que a dose tem que ser controlada e o prazo, específico? – Perguntou Harry.
- Por que se for ingerida em excesso, a erva Moi é um terrível veneno. – Respondeu Minerva – Pode ser fatal.
- Claro. Eu já devia supor que seria algo do tipo. – Um sorriso triste se formou, mas sumiu rapidamente.
- Exato. Por isso, deve tomar apenas uma cápsula por vez e apenas quando julgar estritamente necessário. – Finalizou Remo.
- Certo! Vai ser bem útil, de qualquer forma. – E ele guardou o frasco no bolso do casaco – Mais alguma coisa?
Remo fez um floreio com a varinha, e um embrulho surgiu em suas mãos que ele repassou para Harry.
- Esta capa é sua. É uma herança de família. Seu pai deixou para você e eu a recolhi na casa de seus tios, quando tudo aconteceu. É uma capa muito especial, Harry. Uma capa da invisibilidade.
- Como é? – Assustou-se Harry, franzindo a testa e abrindo a capa, para observá-la melhor – Você está falando sério?
- Seriíssimo. – Respondeu Lupin, sorrindo – Cubra-se com ela.
Harry assim o fez, e todos perceberam com assombro, que era verdade. O jovem desapareceu sob a capa. Retirando-a, ele foi taxativo.
- Ela é ótima, Remo. Será muito útil, sem dúvida nenhuma.
- Tem mais uma coisa. – Continuou o professor, retirando um clipe de papel do bolso e o entregando também ao rapaz – Isto é uma Chave de Portal. Eu a programei para ser acionada através de uma senha e não um feitiço. Assim, se você estiver em alguma situação de risco, qualquer que seja, e precisar de uma fuga rápida, basta segurar este objeto em sua mão e dizer “Sede da Ordem”. A Chave o trará para cá.
- Certo! Ótima idéia. – Ele agradeceu, guardando cuidadosamente o objeto em um de seus bolsos – Espero não precisar usá-lo.
- Eu também. Mas veja Harry.Nenhum destes objetos nem qualquer feitiço que lhe ensinei será eficaz caso Riddle consiga ler sua mente e descobrir o que está fazendo. Por isso, o mais importante de tudo é manter sua mente fechada para ele. Todo o tempo. Você não poderá baixar suas defesas em momento algum dentro daquela casa.
- Eu sei Remo. Você já me disse isto, várias vezes. Fique tranqüilo, não serei descoberto.
- Muito bem então. Agora vamos, vou acompanhá-lo até seu carro.
Harry despediu-se do grupo, um a um. Quando chegou em Rony, sussurrou em seu ouvido para que pegasse menos no pé de Mione. Para esta, pediu mais paciência com o ruivo. Não foi de propósito. Ou pelo menos não de forma consciente, que ele deixou Gina por último. Quando se aproximou, ela se afastou, desviando o olhar.
- Não se preocupe. Estarei bem. – Disse, apenas.
- Acho bom mesmo. – Respondeu ela, mal humorada.
Harry sorriu e resolveu desanuviar o ambiente, tentar alegrar aquela ruiva geniosa. Então se lembrou de um filme que assistira há algum tempo. Talvez a situação não tivesse muito a ver, mas mesmo assim começou a entoar uma canção, acompanhado de uma interpretação gestual.
All my bags are packed, I'm ready to go
I'm standing here outside you
Todas as minhas malas estão arrumadas, Eu estou pronto para ir
Eu estou parado aqui, bem em sua frente
Gina finalmente ergueu os olhos, agora arregalados e o fitou, incrédula.
- Harry, precisamos ir. – Tentou cortar Lupin, da porta.
O moreno apontou para o amigo com a cabeça e continuou
But the dawn is breaking, it's early morn'
The taxi's waiting, he's blowing his horn
Already I'm so lonesome I could die
Mas o dia está amanhecendo, já está claro
O táxi está esperando, ele está buzinando
Já estou me sentindo tão solitário que eu poderia morrer
E o rapaz olhou de maneira dramática para a parede de ruivos que o fuzilava com o olhar.
- Não se atreva a continuar, Potter. – Anunciou a ruiva, ainda assustada, mas sem conseguir esconder um certo divertimento e um rubor denunciante.
Ignorado completamente...
So kiss me and smile for me
Tell me that you'll wait for me
Hold me like you'll never let me go
'Cause I'm leaving on a jet plane
I don't know when I'll be back again
leaving on a jet plane
I don't know when I'll be back again
Então me beije e sorria para mim
Diga-me que você irá esperar por mim
Abrace-me como se você nunca fosse me deixar ir embora
Porque eu estou partindo em um jato
Eu não sei quando eu estarei de volta novamente
Partindo em um jato
Eu não sei quando eu estarei de volta novamente
- Pare com isso, Harry. Não vou te beijar, de jeito algum. – Ela estava sorrindo, pois agora ele levava uma mão ao coração e a outra estendia como se esperasse receber algo.
There's so many times I've let you down
So many times I've played around
but tell that they don't mean a thing
So kiss me and smile for me
Tell me that you'll wait for me
Hold me like you'll never let me go
'Cause I'm leaving on a jet plane
I don't know when I'll be back again
Oh babe, I hate to go
Oh babe, I hate to go
Houve tantas vezes que eu te deixei pra baixo
Tantas vezes em que eu brinquei com você
Mas diga que isso nunca significou nada
Então me beije e sorria para mim
Diga-me que você irá esperar por mim
Abrace-me como se você nunca fosse me deixar ir embora
Porque eu estou partindo em um jato
Eu não sei quando eu estarei de volta novamente
Oh babe, Eu odeio ir
Oh babe, Eu odeio ir
Harry parou de cantar e fitou os olhos castanhos, profundamente.
- Eu odeio ter que ir. Mas eu volto. Pode acreditar.
- Certo. Eu acredito. – Sorriu ela, aproximando-se e beijando-lhe a face – Depois de tanto esforço, acho que mereceu.
Harry piscou para ela, girou nos calcanhares e saiu da cozinha, atrás de Lupin, ignorando os vários pares de olhos que o fitavam ameaçadoramente. Assim que desapareceram, Mione não agüentou mais e comentou.
- Isso foi... Tão fofo...
- Eu não entendi muito bem o que aconteceu, mas tenho que admitir. Foi muito fofo. – Concordou Tonks.
- Sabem, acho que esse quatro olhos não tem noção do perigo. – Disse Fred, ainda de braços cruzados olhando para onde Harry acabara de sair.
- Sem dúvida, mano. O cara só pode estar louco, se tem a cara-de-pau de cantar nossa irmã assim, na nossa cara. – Completou Jorge.
- Fred! Jorge!- Ralhou Molly – Nem pensem em fazer nada contra o pobre rapaz. Ele já tem muita coisa na cabeça, para ter que se preocupar com as traquinagens de vocês.
- E ele não estava ME cantando, ele estava cantando PARA mim. É diferente, seus cabeçudos. – Emendou Gina, querendo encerrar o assunto, ao mesmo tempo em que era arrastada dali por Mione, que começava a contar para Tonks a história do filme.
Minutos depois, já no quarto que Gina e Mione dividiam, Tonks era mais uma a suspirar pela história de amor e perda do filme.
- Só espero que nada assim aconteça na vida real. – Gina suspirou, por fim.
- Tenho certeza de que tudo acabará bem. – Tonks tocou suas mãos, que estavam dispostas sobre seu colo.
*****
Assim que atravessaram a porta, Remo segurou o cotovelo de Harry, girou e ambos aparataram, surgindo nos arredores da pista de treinos onde os carros e o trailer estavam estacionados. Ainda em silêncio seguiram em direção ao carro do rapaz, o homem mais velho trazia um sorriso maroto nos lábios, que não passou despercebido.
- Do que você está rindo? – Perguntou ele.
- De você, é claro.
- Por quê? O que foi que eu fiz de tão engraçado assim?
- Na verdade nada. Só estava me lembrando de seu pai e de como você está parecido com ele. Ainda mais agora.
- Sério? Por que “ainda mais agora”? – O moreno sorriu levemente, ao saber que se parecia com seu pai, de quem não tinha lembrança alguma.
- Bom, tenho reparado nisto desde que nos reencontramos. Acredito, que pelo fato de não se lembrar na totalidade de seu passado – um passado traumático que lhe deixou várias marcas, tornando-o introspectivo e tímido -, você está muito mais espontâneo e extrovertido. E isto me lembra muito seu pai, quando tinha a mesma idade.
- E isto é ruim? – Argumentou ele, ainda sorrindo, encostando-se à porta do carro.
- Sim e não. – Respondeu o professor, emendando em seguida – É bom, pois você sempre carregou muitas responsabilidades. Sempre foi muito responsável, sério. Então, ver o que vi agora a pouco na sede, é muito bom.
- Eu só queria que ela não ficasse tão preocupada. Dava para ver nos olhos dela que estava apavorada com o que pode acontecer comigo.
- Eu sei. E acho que foi perfeito. Definitivamente, algo digno de Thiago. Mas imprudente, na frente de tantos Weasleys.
- Bom, acho que o risco valeu à pena.
- E isto mostra o quão imprudente você pode ser. Mais uma vez, se assemelha muito a seu pai. Mas isto pode ser muito perigoso, Harry.
- Eu sei, Remo. Fiz o que tinha que fazer, calculando exatamente os riscos. Sabia que não seria assassinado pelos irmãos da Gina. Eles também estavam preocupados com ela. Mas não se preocupe, não sou irresponsável. Não colocarei minha vida em risco sem necessidade.
- Assim espero. Já perdi meu amigo, não gostaria de ver seu filho perecer nas mãos de Riddle também.
- Não verá, Remo. No que depender de mim, Riddle nunca irá vencer.
- Ótimo. – O homem apertou a mão do jovem, despedindo-se – Agora vá. Está tarde.
Sem dizer mais palavra, Harry entrou em seu possante carro, deu a partida e saiu. Quando olhou pelo retrovisor, já não havia mais ninguém o observando. Respirou fundo e começou a treinar sua mente. Precisava condicioná-la, a partir daquele momento, a não revelar nada do que sabia ou pretendia fazer. Pouco depois, os portões da mansão Riddle se abriam e ele estacionava seu possante Bentley na garagem. Desceu, respirou fundo e entrou em casa.
Como esperado, o silencio reinava. Percorreu todo o andar inferior, ainda com sua mochila nas costas, até a cozinha, onde encontrou Helga.
- Oi Helga. Tudo bem por aqui? – Perguntou ele, tentando parecer o mais natural possível – Sentiram a minha falta? – Não houve resposta e nem Harry esperava receber, então continuou – Vou ajeitar minhas coisas no quarto, desço na hora do jantar.
Rapidamente subiu, entrou em seu quarto e trancou a porta. Então tirou suas coisas, guardando-as em seus lugares, com exceção de três objetos. Sua varinha, a Chave de Portal e a sua Capa. Pensou por alguns instantes, então se decidiu. Retirou um casaco do armário e o vestiu. Num bolso interno escondeu a varinha, em outro a capa e o clipe, que era a chave, enfiou no bolso da calça. Continuou no quarto até anoitecer, treinando oclumência e quando era hora do jantar, desceu para enfrentar seu maior temor.
Quando entrou na sala de jantar, ELE estava sentado, lendo um jornal. Levantou os olhos em sua direção e um sorriso surgiu. Um sorriso, que Harry percebeu, não chegou ao olhar.
- Harry! Que bom que chegou. Estava preocupado com sua demora. Draco retornou ontem mesmo e disse que um de seus carros colidiu. Está tudo bem?
- Olá tio. – Ele se esforçou para tentar ser natural ao dizer isto – Está tudo bem sim. Apenas demorei um pouco mais e resolvi voltar com a equipe. E ninguém se feriu, felizmente.
O jantar seguiu, com conversas amenas e obviamente falsas. Por duas vezes Harry sentiu uma forte pressão em sua mente, a tentativa de seu tio em espioná-lo. Mas em ambas ele estava atento e conseguiu se proteger, esperando que sem levantar suspeitas. O jantar já chegava ao final e Harry não conseguira comer praticamente nada. Estava se sentindo nauseado, não sabia se por estar naquela casa, representando o papel que estava, frente ao homem que assassinara seus pais, por estar tão estressado com sua missão ou simplesmente por ter, pela primeira vez, consciência do olhar de enfado e desprezo que recaia sobre ele. Sua vontade era se levantar daquela mesa e se trancar dentro de seu quarto, fugir daquela casa assim que tivesse oportunidade. Mas ele sabia que este era um sonho impossível naquele momento. Precisava colocar seu plano em Prática, e não havia por que esperar mais. Respirou fundo e puxou a conversa que queria.
- Tio, andei pensando muito nestes últimos dias. Principalmente desde o acidente do final de semana.
- Em quê, Harry? – Indagou o homem, ainda desatento ao assunto.
- Em minha vida. No quão sem sentido ela tem sido. – Harry se preparou para a reação, e, com efeito, Riddle dirigiu-lhe um olhar frio, que parecia querer perfurar-lhe a alma.
- Verdade, meu sobrinho? E por que você acha isso? – A frase saiu apenas num sibilar, mal chegando aos ouvidos do rapaz.
- Sabe, sinto como vivesse uma vida inútil e fútil. Passo meus dias no clube, as noites bebendo em festas e no intervalo de tudo isto, arrisco minha vida nas pistas, a trezentos quilômetros por hora. – Enquanto falava, Harry se esforçava para focar imagens relacionadas - Acho um grande desperdício de tempo e dinheiro.
- Entendo! – Riddle ainda tinha os olhos semicerrados, a desconfiança nítida em seu semblante duro – E o que pretende fazer com sua vida então? Já que não deseja mais a boa vida que lhe proporciono?
- Tio, me perdoe se pareço ingrato pela vida que eu tenho hoje. Não é nada disto. O senhor sempre foi muito condescendente com meus abusos. Na verdade, tem me mimado até demais, satisfazendo todos os meus desejos, como a equipe de corridas.
- Então qual é o problema? Tem tido aqueles sonhos novamente? – E Riddle trocou um rápido olhar com Helga - Alguém anda colocando idéias na sua cabeça?
- Claro que não, tio! – A afirmação, intensa, foi mais pela estocada em sua mente do que pelo que fora dito. Quando parou, ele sorriu, tentando disfarçar o suor frio que começava a escorrer – Não tenho tido sonho nenhum. E ninguém faz a minha cabeça, sou inteligente o suficiente para tomar minhas próprias decisões. – Suspirou, um pouco mais controlado e continuou – Estive pensando que poderia fazer algo mais produtivo. O senhor trabalha tanto na empresa, acho que já está na hora de assumir minhas responsabilidades nesta família. Gostaria de ajudá-lo na empresa, tio.
- Me ajudar? Você quer trabalhar, Harry? É isso? – E um sorriso descrente surgiu nos lábios de Tom Riddle e ele visivelmente teve que se esforçar para não rir – Muito bem. Acho que podemos ajeitar isso.
- Legal! Não quero nada demais, tio. Acho que devo começar por baixo, com uma função de menor importância. Para pegar experiência, entende?
- Claro. Está coberto de razão. Vou tentar encontrar uma função que se encaixe aos seus anseios e necessidades.
- Obrigado, tio. Agora, se me dão licença. – E Harry saiu, o mais rápido que pode, indo para seu quarto. Assim que trancou a porta, correu para o banheiro, não conseguindo mais conter seu mal-estar.
Já era tarde da noite e Harry não conseguia relaxar. Com isso, o sono não vinha. Estava deitado, esforçando-se para esvaziar a sua mente e encontrar a paz necessária para o sono, quando ouviu sua porta se abrindo. Instintivamente tateou em busca de sua varinha, que estava escondida sob seu travesseiro, junto de sua capa. Segurou-a com força e continuou como estava, imóvel, fingindo que estava dormindo. Não enxergava nada no escuro e sem seus óculos, mas sabia quem deslizava sorrateiramente por seu quarto, em direção a seu guarda-roupa. Era Helga. Ela abriu a porta cuidadosamente, remexendo em suas roupas, procurando algo. Revistou suas gavetas e depois se abaixou, olhando debaixo da cama. Harry prendeu a respiração, agradecendo pela idéia de esconder as provas debaixo do travesseiro. A busca continuou por mais alguns minutos, até que se dando por satisfeita, Helga saiu do quarto, tão sorrateiramente quanto havia entrado. Harry conseguiu relaxar um pouco e largou sua varinha, permanecendo deitado, fitando o teto no escuro da noite, uma certeza absoluta tomando conta de seu ser. Aquela não era a primeira revista que seu quarto sofria. E não seria a última. Ele não estava seguro nem mesmo dentro de seu quarto. Não poderia baixar a guarda em momento algum, nem de dia nem à noite.
*****
Na sede, a noite também já avançava rumo à madrugada. No quarto das moças, Hermione se virou em sua cama e acabou despertando. Sua atenção foi atraída por um vulto que estava parado em frente à janela, os cabelos rubros destacando-se sob a luz do luar.
- Gina, o que você está fazendo acordada há esta hora? – Perguntou ela, sentando-se na cama.
- Não consigo dormir, Mione. Não sem saber como ele está. – Respondeu Gina, sem se virar, ainda olhando para a imensidão da noite.
- E você acha que ficando a noite inteira parada nesta janela vai resolver algo? Que assim, qualquer notícia chegará mais rápida? Gina, garanto que a noite passa muito mais rápida se você estiver dormindo. E ele está bem, tenho certeza disto. Temos gente de guarda, se algo tivesse dado errado, já saberíamos.
- Mas só de pensar que ele está sozinho, naquela casa repleta de inimigos... Mione, eu fico apavorada. – Ela então se virou para a amiga, os olhos marejados.
- Gina, ouvi Remo e Tonks conversando sobre se encontrarem com Harry até o final de semana. Por que não conversa com eles?
- Será que me levam junto? – E um brilho de esperança surgiu no olhar da ruiva.
- Não sei. Talvez não seja uma boa idéia, Gina. Você pode ser reconhecida.
- Mas que droga, Mione. Somos bruxos. Do que adianta fazermos tanta coisa, se não podemos nos proteger ou nos esconder? – Esbravejou ela, inconformada.
- Não adianta ficar deste jeito, garota. Converse com eles primeiro e depois a gente vê como fica. Mas uma coisa eu garanto. Se amanhã, durante os treinamentos, você mal puder ficar acordada, suas chances de sair da sede serão nulas. Portanto, trate de deitar nesta cama e dormir um pouco.
Convencida pelos argumentos da amiga, Gina finalmente se deitou. Pouco depois, embalada pela esperança de poder ver pessoalmente como Harry estava, ela finalmente caiu em sono profundo.
*****
Os dias que se seguiram a seu retorno foram como esperados por Harry. Ele era vigiado o tempo todo em que estava em casa, por Helga ou Rabicho, que vivia escondido pelos cantos da casa. Quando conseguia despistá-los, colocava sua capa e revistava a casa. Á noite procurava manter-se atento para as visitas indesejáveis. O tempo inteiro concentrava-se ao máximo, sempre mantendo suas barreiras erguidas e sua mente protegida. Quase toda noite, Lhe era servido algum chá, o que o forçava a ingerir erva Moi com muito mais freqüência do que desejava. O único lugar onde ele podia relaxar um pouco era no clube, onde ele estava naquela manhã de sexta-feira.
Não estava sozinho no clube. Mas afastara-se de Draco e das meninas, para tentar descansar um pouco. Estava deitado em uma cadeira, aproveitando o sol de final de verão, cochilando, quando percebeu que não estava mais sozinho. Sentiu uma sombra tapar-lhe a luz do sol. Irritado, imaginando ser Cho a tentar seduzi-lo pela enésima vez, abriu os olhos, fazendo a cara mais contrariada que podia.
- Mas será que... – Ele começou, mas parou imediatamente ao perceber que não era Cho e sim duas moças, desconhecidas para ele. Envergonhado, continuou – Desculpe... Posso ajudá-las?
A jovem que estava mais próxima e sorria, deu uma leve gargalhada, piscou para a outra, que parecia um tanto envergonhada e sem a menor cerimônia, sentou-se na espreguiçadeira ao lado do rapaz.
- Eu acho que sim. – Respondeu ela, radiante – E aí, Harry. Beleza?
O moreno deu um pulo, sentando-se imediatamente, de frente para a moça, enquanto sua companheira se sentava também.
- Tonks? – Sussurrou ele, recebendo uma piscadela em resposta. Harry olhou para a outra, tentando adivinhar quem seria – E...?
- Quem você acha? Quem poderia estar tão desesperada em ver com seus próprios olhos se você está inteiro ou não? – Cutucou Tonks, fazendo a outra corar.
- Gina? – Harry sussurrou novamente, encarando a garota – Você não deveria estar aqui.
Ela, que abrira a boca para cumprimentar Harry, engoliu o que estava prestes a dizer, tornando-se rubra imediatamente.
- Eu... Eu... Pensei que você ficaria feliz em ver um rosto amigo, Harry. – Disse ela, rispidamente.
- Desculpe, não quis ser rude. – Apressou-se em responder – É claro que eu estou feliz em ver você... Vocês. Mas é muito perigoso pra você, Gina. Não quero que se arrisque deste jeito.
- Como você está se arriscando? – Inquiriu a jovem, erguendo a sobrancelha.
Harry riu. Sabia que não ia vencer a discussão com aquela ruiva teimosa. Que, aliás, de ruiva não tinha nada.
Gina estava realmente irreconhecível. Morena, cabelos curtos e espetados, olhos verdes. A pele clara, um corpo delicado e bem torneado, sob um biquíni discreto, mas que deixava a mostra todos os seus atributos. Ou melhor, os atributos de quem ela roubara algum fio de cabelo antes de tomar a poção Polissuco. Tonks, como sempre, não estava nada discreta. Loira, cabelos na altura dos ombros, mantinha o rosto com seu formado original, de coração. O corpo perfeito, mas Harry notou que suas curvas estavam ocultas, em parte, por um maiô e uma saia. Provavelmente influência de estar acompanhada pelo marido.
- Muito bem. Presumo que conseguiu convencer a todos, então não tenho a mínima chance de convencê-la da loucura que está cometendo. – Completou Harry – Onde está Remo?
- Do outro lado da piscina, vigiando. – Respondeu Gina, e ainda magoada, emendou – Harry, eu realmente pensei que você gostaria de me ver aqui.
- Eu gostei, Gina. Gostei mesmo. Pena que não posso ver você em seu próprio corpo. – Ele deu um sorriso de canto, ante a expressão de incompreensão que ela fez – Eu adoraria ver suas pintas, sob a luz deste sol.
- Certo! Agora que vocês dois já jogaram bastante conversa fora, acho que é hora de falarmos de assuntou mais sérios. – Intrometeu-se Tonks, antes que Gina reiniciasse alguma discussão. Se bem, que esta corara tanto que talvez ficasse sem fala por alguns minutos – Harry, como andam suas investigações?
- Claro! – Anuiu ele, ainda maroto, mas sentou-se mais ereto e assumiu um ar sério, iniciando seu relatório.
- Quer dizer que não encontrou nada ainda? – Perguntou Gina, ao final.
- Não. Mas eu já esperava por isso. – Confirmou Harry.
- Então está na hora de você cair fora. Não há mais motivo para permanecer entre eles. – Disse Tonks, pensativa.
- Na verdade, acho que ainda tenho onde procurar sim. Ele não seria tolo em guardar informações importantes dentro de casa, onde eu poderia esbarrar com elas por acaso. Acredito que terei sucesso ao revistar o escritório dele, na empresa.
- E como pretende fazer isto? – Tonks perguntou.
- Vou trabalhar lá. Já pedi a ele e devo começar nas próximas semanas. – Informou ele.
- Ou seja, vai se arriscar ainda mais. – Constatou Gina.
- Vou tomar cuidado. – Encerrou Harry.
Logo terminaram de discutir as possibilidades e retomaram uma conversa mais amena, mas que foi bruscamente interrompida.
- Harry! Quem são essas duas? – Exigiu Cho, parando em frente ao trio, com as mãos na cintura e olhar assassino para as moças.
- São minhas amigas. Não que isso seja da sua conta, é claro. – Respondeu o moreno, deixando claro seu desagrado em ser interrompido.
- Como não é da minha conta? Harry, somos namorados. Na-mo-ra-dos – Cho frisou bem a última palavra, como um aviso claro de posse.
- Cho, nós já fomos namorados. Há um bom tempo. Hoje somos, no máximo, amigos. E mesmo isso você está colocando em risco com este tipo de atitude. – Disse Harry, antes que Gina e Tonks revidassem – Assim, não lhe devo nenhuma satisfação da minha vida.
- Harry! – Gritou Cho, os olhos já marejando – Seu grosso!
A oriental virou-se e saiu da área da piscina, pisando duro, sendo seguida por sua amiga Pansy, que assistia a cena junto com Draco. Este, por sua vez, mesmo contrariado, aproximou-se e cumprimentou as duas.
- Não precisava ter feito isso, Harry. – Disse ele, para o moreno.
- Estou farto dela, Draco. Ela não consegue assimilar que acabou tudo, que não temos mais nada em comum. E não tem o direito de agir como está agindo.
- Certo! Concordo, mas você poderia pegar mais leve com ela. – Ao perceber que o outro não se arrependia da atitude tomada, suspirou e mudou de assunto – Afinal, de onde você conhece essas duas moças tão lindas? Normalmente sou eu quem apresenta mulheres para você, não o contrário.
- Estas são... Ana e Júlia. Eu as conheci no Padock, durante a última corrida. – Apresentou Harry.
- Muito prazer senhoritas. Draco Malfoy.
- Prazer! – Responderam as duas, em uníssono.
- Não me lembro de tê-las visto no Padock. E garanto que sou ótimo fisionomista. – Continuou Malfoy, sorrindo da maneira mais encantadora possível.
- Você devia estar ocupado, resolvendo problemas com sua equipe. – Cortou Harry, rispidamente, ao perceber a intenção de Draco em se aproximar de Gina.
- Bom, foi um prazer conhecê-lo, senhor Malfoy. – Disse Tonks, levantando-se rapidamente e puxando Gina – Mas precisamos ir. Nosso tempo está se esgotando.
Despediram-se rapidamente e seguiram em direção a Remo, que já demonstrava extrema preocupação com a cena que vira de longe. Gina mal conseguia acompanhar a conversa do casal. Estava perdida em seus próprios pensamentos, relembrando a conversa entre Harry e Cho. E os sentimentos que nela despertavam. Pois se por um lado ela ficara penalizada pela forma rude com que Harry a tratara, por outro estava explodindo de felicidade pelo mesmo motivo. Pois significava que ele não sentia mais nada por ela.
*****
As semanas que se seguiram foram conforme planejado. Harry começou a trabalhar nas empresas de Riddle, mas no início procurava cumprir suas obrigações conforme o esperado, para garantir que ninguém desconfiasse dele. Também como planejara, não recebera nenhuma função importante. Ele sabia que Riddle faria questão de humilhá-lo, e conforme previra, fora designado para atividades simples. Era responsável por tirar cópias, distribuir a correspondência e fazer pequenos serviços para os executivos. Durante uma semana foi treinado por um rapaz, Josh Spencer. Após este rápido treinamento, começou a cumprir suas atividades, divididas com Josh e Harry tinha certeza absoluta de que o outro tinha também a função de vigiá-lo e reportar qualquer desvio de conduta ou atividade suspeita.
Como Harry não tinha a menor idéia se seu companheiro era mais um bruxo vigiando-o ou não, resolveu fingir por algum tempo. Aproveitou este período para conhecer a empresa.
As empresas Riddle eram um conglomerado empresarial que atuava em vários segmentos. Possuía participação em várias indústrias, empresas do ramo de entretenimento, tecnologia da informação e comércio exterior. No prédio onde Harry agora trabalhava ficava a matriz, cujo presidente do conselho era seu “tio”. E os diretores de cada subsidiária, além das áreas de recursos humanos, que era centralizada. Harry trabalhava no andar da diretoria e assim, tinha trânsito livre por todos os departamentos.
De inicio sentiu grande resistência das pessoas em aceitá-lo. O peso do nome, o fato de ser sobrinho do presidente e o fato de estar trabalhando numa atividade tão subalterna chocou a maioria das pessoas. Chegou até mesmo a ouvir comentários de que ele estava sendo plantado ali como espião, para vigiar os funcionários e delatá-los ao tio. Foi com muito esforço que o rapaz conseguiu conter uma estrondosa gargalhada. Pensou em como as pessoas estavam perto da verdade, com exceção do foco de sua espionagem. E seus motivos para tal atitude.
Porém, não demorou muito para as pessoas notarem a diferença entre tio e sobrinho. Enquanto Tom Riddle era frio e distante e tratava a todos como lixo, não escondendo sua repulsa quando era obrigado a falar com qualquer um que fosse, Harry era simpático e educado. Tímido, mas tratava a todos com gentileza e respeito. Cumprimentava a todos por quem passava com um sorriso, olhando-os nos olhos, e conforme se familiarizava com as pessoas, não esquecia seus nomes. Assim, em pouco tempo, já era querido pela grande maioria dos colegas. Até Josh parecia gostar dele. Mas continuava a vigiá-lo.
A partir do momento que começou a trabalhar, só tinha tempo para visitar o clube nos finais de semana. O que foi ótimo, pois assim podia realmente descansar. Para evitar desconfianças, continuava a sua amizade com Draco e conseqüentemente era obrigado a aturar a presença de Cho. Felizmente, depois do que dissera a ela, esta se mantinha afastada, fazendo caras e bocas, mostrando o quanto estava magoada com ele e esperando que lhe pedisse desculpas. Ele, por sua vez, a ignorava com todo o prazer. Assim, o contato com os membros da Ordem tornara-se muito mais difícil. Normalmente, encontrava-se com Tonks ou Lupin durante seu horário de almoço. Para sua grande infelicidade, Gina não obteve mais autorização para deixar a sede. Durante estes breves encontros, Harry relatava o que vira e discutia com os dois o que fazer a seguir. Assim, chegaram à conclusão de como Harry poderia burlar seu vigia e efetivamente começar a procurar o que precisava.
Assim, na segunda-feira, inicio da terceira semana que estava trabalhando, Harry chegou com tudo planejado. Saiu mais cedo de casa, na intenção de chegar antes de seu tio e da maioria dos funcionários. Como sempre, escondida sob sua camisa, enrolada em sua cintura, estava sua capa. E no bolso interno de sua jaqueta, sua varinha. Sentado em sua pequena mesa, aguardou a chegada de seu companheiro. Enquanto este separava as correspondências, que deveriam ser distribuídas em seguida, Harry apontou-lhe a varinha discretamente, sob a mesa, ocultando-a da câmera de segurança e efetuou um feitiço de confusão. Aproximou-se, sussurrou em seu ouvido a desculpa que deveria dar para justificar sua ausência e saiu da sala. Entrou no primeiro banheiro que encontrou, escondeu-se em um dos boxes e cobriu-se com a capa, saindo logo sem seguida.
A partir de então, as coisas ficaram muito mais interessantes e perigosas. Harry podia entrar em todas as salas, ouvir conversas e revistar gavetas e armários, ler documentos, tudo que quisesse. Desde que tomasse extremo cuidado. Precisava andar com suavidade, para não ser ouvido. Quando entrava em uma sala e pretendia revistá-la, lançava um feitiço que Remo lhe ensinara nas câmeras, para enganá-las e assim ninguém perceber gavetas se abrindo e fechando sozinhas. Durante duas semanas Harry devassou as empresas do tio. E apesar de descobrir que muitas delas não passavam de empresas fantasmas ou que sonegavam impostos, não encontrou nada relacionado à magia ou a qualquer objeto mágico. Frustrado, decidiu que precisava se arriscar um pouco mais, pois só restava uma sala onde ele não entrara. Não por falta de tentar, mas por estar sempre trancada. A sala da presidência, onde seu tio trabalhava.
Assim, a partir do dia seguinte, Harry começou a montar campana na ante-sala da presidência, em horários alternados, aguardando uma oportunidade de invadi-la. Durante três dias, não conseguiu nada. Sua paciência, que ele sabia não ser uma de suas melhores qualidades, estava se esgotando e ele precisava se controlar muito para não mandar tudo para o inferno, derrubar a porta e revirar a sala em busca das provas que queria. Antes que fizesse isto, porém, na manhã de quinta-feira, a primeira do mês de setembro, surgiu uma oportunidade que ele não podia desperdiçar.
Como fizera nos dias em que mantinha sua vigilância no período da manhã, Harry saiu mais cedo de casa. Confundiu Josh, cobriu-se com sua capa e foi para a ante-sala. Poucos minutos depois, chegaram Riddle e Malfoy, acompanhados por mais um homem, que Harry não reparou de imediato. Sua atenção estava na cena que ocorria com Lucius Malfoy.
Assim que o grupo chegou, Tom abriu a porta da sala e entrou. O estranho o acompanhou, mas quando Malfoy estava prestes a atravessar, sua secretária apareceu, chamando seu nome. Lucius era um dos diretores da empresa, e já tivera sua sala devidamente revistada por Harry. O homem, contrariado, virou-se para a secretária, perguntando o que ela desejava. Enquanto esta lhe estendia um documento que necessitava de assinatura, Harry esgueirou-se pelo espaço que havia entre ele e a porta aberta, movendo-se o mais rápido possível para um canto da sala. Reforçou suas barreiras e aguardou. Assim que se livrou da secretária, Malfoy entrou, sacou sua varinha e lacrou a porta com um feitiço, enquanto Riddle desfazia o que ocultava sua face.
- Pode começar seu relatório, Severo. Como estão as coisas em Hogwarts?
- Tudo dentro do planejado, mestre. O ano letivo teve início normalmente e não notei nada de anormal dentre os alunos.
Assim que ouviu a voz baixa e grave, Harry estremeceu. Imediatamente surgiu em sua memória mais uma lembrança. Viu-se no alto de uma torre, imóvel, colado à parede, sob sua capa. De onde estava, podia ver Draco apontando uma varinha para um homem extremamente idoso, de barba branca e longa, óculos em formato de meia-lua. Era Dumbledore. Ele não sabia como, mas sabia que era ele. Havia outras pessoas no local, pessoas que ele não lembrava quem eram, mas que obviamente desejavam fazer mal ao simpático senhor. Harry tentava, a todo custo, libertar-se do que o estava imobilizando, mas não conseguia. As pessoas discutiam, instilando Draco a atacar Dumbledore, até que a porta foi escancarada e um homem surgiu. Ele avaliou a situação cuidadosamente, aproximando-se de Draco. Dumbledore implorou-lhe, mas foi sumariamente ignorado. Com um olhar de puro ódio, ele apontou a varinha e lançou um feitiço, que atingiu Dumbledore e lançou-o longe. Morto. Era aquele mesmo homem, falando com o mesmo tom de voz, a mesma frieza. Era Snape. E Harry o odiava.
Sentiu uma onda de náusea o atingir, fazendo-o fechar os olhos. Aquele homem era um assassino. E sabia que era seu inimigo. Teve ganas de jogar sua capa longe e matá-lo, ali mesmo, não se importando com as conseqüências, mas sabia que seria suicídio. Com grande esforço tentou se acalmar e concentrou-se ainda mais, rezando para que o momento de descontrole não tivesse levado a cabo todo o esforço empreendido até ali. Abriu os olhos novamente e fitou o trio.
Snape parecia perscrutar o ambiente, com cenho franzido, preocupado. Harry receou que tivesse sido desmascarado, mas a sensação foi por apenas um segundo, pois logo em seguida o homem retomou a palavra.
- Acredito, que dentro de dois ou três anos, teremos bruxos suficientes para dominar a Inglaterra, se desejar. Ou até mesmo expandir seus domínios para outros países.
- Assim espero, Severo. Necessito de Comensais a meu serviço e não estou nem um pouco satisfeito por não ter nenhum dos formandos de Hogwarts se juntado a eles até o momento.
- Eu compreendo seu desapontamento, mestre. Mas seria extremamente arriscado incluir os jovens, com tão pouco condicionamento. Faz apenas um ano que estão aprendendo a reconhecer as maravilhas das artes das trevas. Muitos, principalmente os antigos Grifinórios, ainda possuem arraigados em seu âmago, os princípios de suas casas. Insisto em mantê-los fora por mais um período, até que as novas memórias estejam consolidadas e os riscos de nos traírem, menores.
- Que assim seja, Severo. Aguardarei mais um ano, não mais que isto. Espero que ao final deste, você me apresente um bom número de novos Comensais, todos dispostos a me servir.
- Assim será, mestre. – Concordou Snape, fazendo uma leve reverência.
- Muito bem. Até lá, Bella já terá concluído sua tarefa e teremos um estoque suficiente para dar o próximo passo. – Disse Riddle, o que fez Harry prestar ainda mais atenção. O homem virou-se para Malfoy e continuou – Ela apresentou mais algum relatório, Lucio?
- Sim mestre. Ontem mesmo recebi novas informações. – E Malfoy estendeu uma folha de papel para que seu mestre lesse – Tudo corre conforme planejado. A mina de diamantes é uma das melhores e maiores do planeta, as remessas que chegam da África do Sul não param de chegar. Se tudo continuar assim, em mais um ou dois meses Bella terá atingido seu objetivo e poderá retornar à Inglaterra.
- Perfeito! E isto nos garantirá subsídios suficientes para colocar a próxima fase de meu plano em ação. – Sorriu Riddle.
- Mestre... – Começou, de forma vacilante, Malfoy – Sei que não somos dignos de conhecer toda a vasta complexidade de seus planos. Mas, se o senhor pudesse nos adiantar um pouco mais do que pretende fazer... – E a frase acabou morrendo em seus lábios, ao notar o olhar frio e pungente que recebia.
- Você também deseja maiores informações, Severo? – Perguntou Riddle, sarcasticamente.
- Não! Diferentemente de Lucius, sei exatamente qual é o meu lugar. Vivo para servi-lo, meu senhor. Cumpro seus desejos, apenas isto. Não sou digno de conhecer toda a grandiosidade de seus pensamentos.
- Muito bem Severo. Você disse tudo. Nenhum de vocês é digno de saber o que pretendo.
- No entanto, mestre. Se me permite expressar um ponto de vista... – E após receber a anuência do outro, concordou – Não tenho a intenção de questionar suas decisões. Mas me preocupo com qualquer situação que envolva Harry Potter.
- E o que lhe preocupa com relação ao garoto, Severo? – Indagou o mestre, curioso.
- Não confio nele. Mesmo sem saber quem é, algumas características não mudam. Ele continua o mesmo inconseqüente, imprudente, enxerido e convencido Grifinório de sempre. Preocupa-me que segredos importantes estejam em locais onde ele possa, com sua habitual tendência de esbarrar no que não deve, acabar descobrindo. – E Snape lançou um rápido olhar para a estante atrás da mesa de Riddle, fato que não passou despercebido a Harry – Acho um risco desnecessário.
- Severo, Severo! – Riu Tom Riddle – Você, assim como a maioria, supervaloriza demais o Potter. Não tenha receio, o garoto está completamente domado. Dócil como um cordeiro. Acredita ser um verdadeiro Trouxa. Teve alguns flashes de memória, mas eu o estou dopando com doses generosas de poção, que o mantém sob controle total.
- Saber disto me deixa extremamente aliviado, mestre. Mas ainda considero um risco mantê-lo vivo.
- Isto não durará muito mais tempo, meu caro. Assim que eu julgar que ele não é mais necessário, acabarei com a vida dele. E de seus amigos também. O que depende deles, é se suas mortes serão rápidas ou não. – E virando-se novamente para Malfoy, perguntou – Algum sinal da Ordem da Fênix ou da namoradinha do Potter?
- Não mestre. Desde o resgate da pequena Weasley, nenhuma nova ação. Nem mesmo uma tentativa de contato com a família, segundo meus informantes.
- Ótimo. Quando eles acordarem e tentarem algo, já será tarde demais. – Concluiu Riddle, levantando-se de sua poltrona – Agora vamos. Severo, volte para Hogwarts e mantenha-me informado de tudo. Lucius, vamos para o ministério. Tenho assuntos a tratar lá esta manhã.
Em instantes os três homens evaporaram em pleno ar. Harry aguardou mais alguns momentos, certificando-se de que ninguém retornaria e então saiu de onde estava. O primeiro pensamento que teve foi de alívio, ao lembrar-se do que fora informado assim que chegara da França.
No dia seguinte a sua partida, Alastor Moody percebeu que a ausência dos Weasleys não passaria despercebida. Visitando a casa da família, percebeu que uma dupla de comensais a vigiava e já demonstrava inquietação pelo fato de não ver ninguém da família até àquela hora. Estavam prestes a invadir a casa, quando Moody os surpreendeu e azarou, lançando uma maldição Imperius nos dois. O mesmo aconteceu na casa de Hermione, pouco tempo depois. Tonks foi avisada e conseguiu pegar o vigia. Com os Comensais sob controle, pelo menos por hora não havia risco de Riddle saber que eles estavam fora de seu controle.
Harry foi até a porta, confirmando que esta estava realmente trancada. Então se virou e caminhou até a estante, analisando-a meticulosamente. Seu instinto dizia que havia algo importante ali. Percebeu que a maioria dos livros, não passavam e fachada. Livros que estavam ali apenas para preencher o espaço, arrumados de forma a garantir o melhor visual estético. Alguns outros objetos comuns alojados aqui e ali, mas nada fora do comum. Com exceção de uma peça. Uma caneca de bronze, extremamente antiga e oxidada pelo tempo, com pequenas incrustações de pedras preciosas ao redor. Com muito cuidado, ele descobriu uma das mãos e buscou a peça. Assim que a pegou, sentiu o mundo girar e o chão sumir sob seus pés. A caneca era uma chave-portal.
Quando a desagradável sensação passou, Harry abriu os olhos, o que não fez diferença alguma. Onde quer que estivesse, a penumbra era total. Sacou sua varinha e enquanto retirava e guardava a capa, conjurou luz. Apesar de não ser muita, conseguiu ver que estava em algum tipo de caverna ou construção subterrânea. Não era possível determinar a extensão do ambiente, mas parecia ser uma grande câmara. Devia ser hermeticamente fechada, pois o ar era viciado e putrefato. Erguendo a varinha, percebeu o que deixara o ar tão fétido.
No meio do salão havia uma espécie de trono. Sentado neste, um esqueleto, numa posição nobre, tinha sobre a cabeça uma coroa e no dedo anelar da mão esquerda, um belo anel de pedras preciosas. Suas vestes, apesar de estarem praticamente se desmanchando, demonstravam ser de grande luxo. Em uma pequena mesa a seu lado, havia vários pergaminhos e uma pilha de pedras que ele não conseguia distinguir exatamente o que era. E à sua frente, uma longa mesa posta, com o que deveria ter sido sua última refeição ou oferenda, com travessas, talheres e taças de ouro ou cristal.
Harry depositou a caneca de bronze sobre a mesa e começou a analisar o ambiente. Sua curiosidade o levou até onde estavam os pergaminhos e as pedras. Examinando-as, ele não conseguiu evitar o assombro. Apesar de estar completamente sem brilho, ele não tinha dúvidas de que aquelas pedras eram diamantes. E pela grande pilha, que agora ele percebia, espalhara-se pelo chão, certamente havia uma fortuna a seu alcance. Mas o que estava lhe chamando mesmo a atenção era o estado das pedras. A conversa que ouvira a pouco lhe veio à memória e ele entendeu que havia alguma ligação entre os diamantes e o que estava acontecendo. Olhou para os pergaminhos e uma esperança de que eles fossem a ligação que procurava o deixou emocionado. Rapidamente enfiou alguns diamantes no bolso da calça. Tentou puxar os pergaminhos, mas havia muitos diamantes sobre estes, e quando puxou acabou derrubando várias pedras, que caíram, o som reverberando pelo ambiente.
Harry ignorou-as, fixando sua atenção nos pergaminhos. Ele não reconhecia a língua na qual foram escritos, mas isto não importava naquele momento. Lupin poderia conhecer o idioma ou traduzir o que estava escrito. Satisfeito com o resultado de sua incursão, dobrou os pergaminhos e começava a colocá-los no bolso interno da jaqueta, quando ouviu um rosnar baixo às suas costas. Sentiu seu sangue gelar nas veias, enquanto virava-se lentamente.
No canto mais afastado da alcova, num lugar onde a luz de sua varinha não alcançava, Harry viu dois pontos amarelos destacando-se na escuridão. Que foram subindo, até ficarem na mesma altura que seus olhos. Com o máximo de cuidado, ele apontou a luz para o local e um rosto de mulher, com traços duros surgiu. Os pontos eram seus olhos, que o fitavam com intensidade. A criatura começou a avançar lentamente em sua direção, deixando o resto do corpo a mostra, e uma imprecação brotou na boca seca do rapaz.
- Merda! Agora ferrou tudo.
Apesar do rosto humano, a criatura possuía um corpo de leão e um rabo de escorpião, cujo ferrão se projetava sobre a cabeça. Andava com uma leveza incrível para o tamanho, e quando Harry tentou dar dois passos para o lado, o animal deu um salto, desferindo um golpe de sua poderosa pata, que lhe atingiu o tórax e lançou-o a metros de distância. Uma dor lancinante subiu do local atingido e Harry não precisava olhar para baixo para saber que estava ferido. Ignorando a dor, procurou se levantar, mas a criatura atacou novamente. Desta vez, porém, ele agiu rápido, erguendo um escudo, o qual retiniu alto quando foi atingido pelas afiadas garras. A criatura ainda tentou alcançá-lo duas vezes, e quando percebeu que não conseguiria, afastou-se e girou o rabo, atingindo-o lateralmente e lançando-o do outro lado da câmara, onde Harry bateu a parte de trás da cabeça na parede, escorregando até o chão. Agora, além da dor, sua cabeça doía e girava, mas ele precisava ignorar o que sentia e se levantar novamente.
A cena se repetiu a criatura testando o escudo várias vezes e ao perceber que não conseguia ultrapassá-lo, jogava Harry de um lado para outro, como se fosse um brinquedo. A partir da segunda vez em que foi lançado, no pequeno intervalo que tinha antes de ser atacado novamente, Harry lançava sobre ela todo feitiço que lhe vinha à memória, porém sem nenhum resultado efetivo. O animal parecia ser imune a qualquer feitiço e ser atingido por eles apenas o deixava ainda mais irritado.
Num dos ataques com o rabo, este atingiu a perna de Harry e agora ele mal conseguia ficar de pé. Era óbvio que não resistiria muito tempo àqueles ataques e o animal parecia estar adorando a brincadeira com sua presa. Portanto, se quisesse sair dali vivo, teria que tomar uma atitude. Procurou a caneca de bronze e a encontrou no mesmo local em que havia deixado, sobre a mesa. Lembrando-se de uma instrução dada por Lupin, sobre outra criatura extremamente resistente a feitiços – Os Dragões - Quando foi atacado novamente lançou um feitiço “Conjunctivitus” diretamente em seu rosto.
Com um urro de dor, a criatura parou, tentando com a pata acabar com o que lhe afligia a visão. Aproveitando-se da oportunidade, Harry correu até a mesa e segurou firmemente a caneca, sentindo o já conhecido e desagradável puxão na região do umbigo, e então sentiu os joelhos baterem no piso frio do escritório de Riddle. Olhou rapidamente em volta, certificando-se que ainda estava só. Com dificuldade colocou a caneca em seu devido lugar, certificou-se de que não deixava nenhuma marca de sua passagem no escritório, retirou o clipe do bolso e murmurou.
- Sede da Ordem! – E desapareceu.
*****
Era quase hora do almoço e Molly já se ocupava das panelas na cozinha da Ordem. Naquela manhã, tinha a ajuda de Gina e Mione. Todas estavam ocupadas, mas conversavam animadamente. As meninas contavam como havia sido a cessão de treinos que terminara a pouco e sobre a peça que os gêmeos pregaram em Rony, quando um som chamou-lhes a atenção e todas viraram, procurando o que era. Surgira, no meio da cozinha, um Harry cambaleante, com a roupa em frangalhos acima da cintura e todo ensangüentado. O rapaz olhou-as, perdeu o equilíbrio e caiu desacordado ao chão. Só então elas pareceram despertar e correram até ele.
- Gina, chame ajuda. Rápido! – Ordenou Molly, enquanto ela e Mione se ajoelhavam ao lado do rapaz.
Gina não se fez de rogada. Saiu da cozinha aos berros, chamando por Lupin, Minerva, Mme. Ponfrey. Em poucos instantes, todos os membros da Ordem estavam na cozinha e Harry era removido para o quarto.
Meia hora depois, o corredor em frente à porta de Harry ainda estava congestionado. Dentro do quarto com ele, estavam apenas Mme Ponfrey, Mcgonaggal e Lupin. Este último finalmente saiu, sendo interpelado imediatamente.
- Como ele está, Remo? – Perguntou Tonks, apreensiva.
- Está bem, Ninpha. Logo deve acordar. – Respondeu, sem maiores detalhes.
- Mas e todo aquele sangue? Ele parecia bastante machucado quando o trouxemos. – Disse Rony.
- Os cortes em seu dorso não foram tão profundos, felizmente. Papoula estancou o sangramento e fechou os cortes facilmente. E além de várias escoriações, o máximo que ele sofreu foi uma concussão na nuca. Deve ter batido fortemente a cabeça.
Um alívio pungente atingiu a todos e o professor continuou.
- Ele deve descansar mais algumas horas. No momento não há nada mais que possamos fazer. Precisamos esperar que acorde para que consiga explicar o que houve.
Assim, dispersaram. Todos, com exceção de Gina, que ficou encarando Remo. Este sorriu, abriu a porta e permitiu sua passagem para dentro do quarto, fechando a porta logo em seguida. Harry estava dormindo, muito tranquilamente. Observando-o, Mme Ponfrey suspirou e se virou para Mcgonaggal, que estava sentada na beira da cama, ajeitando delicadamente os cabelos revoltos do rapaz.
- Eu não consigo acreditar, Minerva. Com memória ou não, Potter não consegue se manter inteiro por muito tempo. Nunca vi nada igual em minha vida.
- Deve ser um dom, Papoula. Meter-se em tantas situações de risco e conseguir escapar apenas com arranhões e escoriações. Só espero que este dom o mantenha a salvo por mais tempo. – Ela vê Gina parada no meio do quarto neste momento, se recompõe e lhe dirige a palavra – Srtª Weasley. Já esperava sua presença.
- Ele está bem mesmo? – Perguntou a ruiva, apreensiva.
- Sim minha cara. Só está dormindo, agora. Mas logo deve acordar. – Informou Mme Ponfrey.
- Posso ficar com ele? – Pediu ela.
- Talvez mais tarde, Srtª Weasley. Por ora, eu mesma ficarei aqui. – Disse Mcgonaggal, docemente. Gina ficou rubra, mas assentiu. Virou-se e saiu do quarto.
Quando Harry acordou, por um momento achou que não tivesse escapado. Assustado, começou a se debater, até ouvir alguém lhe chamar insistentemente e uma mão apertar seu ombro e segurá-lo na cama.
- Harry! Harry! Acalme-se, você está em segurança agora. – Disse Mcgonaggal.
- Professora? – Finalmente ele falou, olhando para ela, que lhe entregava seus óculos. Ele os colocou, enquanto suspirava aliviado e se ajeitava sobre os travesseiros – Por um momento achei que ainda estivesse naquele lugar.
- Que lugar, Harry? O que aconteceu para você chegar aqui naquele estado?
- Onde estão todos? Acho que tenho boas notícias.
- Devem estar almoçando. - E continuou rapidamente, ao perceber que ele tinha a intenção de se levantar da cama - Mas você não pode se levantar, ainda está convalescente.
- Não posso ficar nesta cama, professora. Preciso voltar antes que notem a minha falta. E o que tenho para contar pode ser realmente importante.
Ciente de que ele realmente tinha razão, Minerva não tentou impedi-lo. Ela deixou-o se vestir e logo ambos entravam na cozinha, Harry sendo amparado pela bruxa anciã.
- O que você está fazendo fora da cama? – Gritaram Mme Ponfrey, Molly e Gina ao mesmo tempo, quando os viram.
- Harry disse que tem informações importantes para nos contar. E não pode esperar, pois deve voltar para seu disfarce.
- Mas ele mal se agüenta de pé. Como assim vai voltar? – Perguntou Mione.
- Eu preciso, Mione. – Respondeu o moreno, enquanto se sentava ao lado de Gina.
- O que você precisa agora, meu jovem, é se alimentar. Olhe só como você está magro e abatido. Parece que não come naquela casa, Harry. – Disse Molly, começando imediatamente a preparar um prato para ele.
- Na verdade não ando comendo muito mesmo, srª Weasley. Não confio na comida que Helga prepara. – Disse o rapaz, com tristeza – E nem de longe a comida dela se compara com a sua.
Molly ruborizou levemente, enquanto falava algo que ninguém entendia sobre Helga. Até o final do almoço ninguém falou nada, mas assim que terminou, Harry começou a narrar como havia sido sua manhã. Quando comentou sobre Snape e sua proposta de liquidá-lo imediatamente, Gina não se conteve e buscou sua mão, que estava sobre a mesa e apertou-a com força. Ao final da narrativa, Harry depositou sobre a mesa os pergaminhos, muitos dos quais agora estavam rasgados e ou sujos de sangue, e os diamantes. Enquanto Moody pegava algumas pedras e as examinava com seu olho mágico, Remo olhava para o rapaz com visível orgulho.
- Harry, você sabe que criatura mágica enfrentou hoje?
- Não faço a menor idéia. Nem me importo muito em saber, para ser bem sincero.
- Pois foi uma Manticora! Um ser mágico muito antigo e raro. Praticamente imune a qualquer feitiço, que pode viver por séculos. É impressionante que tenha vencido uma.
- Eu não venci. Apenas fugi. – Admitiu ele – E eu pensei que isso fosse mitologia.
- Não minimize o que fez, meu rapaz. Poucas pessoas enfrentaram uma Manticora e escaparam com vida. – Disse Moody, com sua voz gutural.
- Mas Harry tem razão numa coisa. A Manticora é um ser mitológico, oriundo da antiga Grécia. O que um animal assim está fazendo aqui? – Perguntou Mione.
- Bom, na verdade não sabemos para onde Harry foi levado. Pelo que ele contou, a chave pode tê-lo transportado para qualquer lugar. Inclusive a Grécia. – Apontou Mcgonaggal.
- Mas não me parece que estes pergaminhos estejam em grego. – Lupin, que pegara os pergaminhos para examinar, disse – Não conheço que língua é esta, precisaremos descobrir e depois traduzir o que está escrito. Mas grego eu sei que não é.
- Mas será que a informação é importante mesmo? – Gui finalmente se pronunciou.
- Certamente! O que nos leva a outra informação importante. Agora sabemos onde os Lestrange estão. Precisamos mandar alguém para a África do Sul investigar esta mina de diamantes. – Disse novamente Lupin, ao que um silêncio tomou a todos por alguns instantes.
- Eu vou. – Anunciou Gui, de repente.
- Você? Com este físico e mãos de bancário? Sem chance. – Riu Carlinhos – Podem deixar que eu vou. Tem que ser alguém acostumado a trabalho braçal, pesado. Que tenha músculos.
- Então eu vou com você. – Anunciou Rony, com seriedade, arrancando um lamento de sua mãe.
- Vocês seriam facilmente identificados por Belatriz. As melhores opções seriam eu e Tonks. – Contestou Lupin.
- Mas você precisa ficar aqui, para decifrar este pergaminho. Se eu, você e Minerva trabalharmos duro neles, nossas chances são muito boas. E já que não sabemos ainda se eles servem de alguma coisa ou não, Potter está coberto de razão em voltar para onde estava. Quanto antes o tirarmos de lá, melhor. Neste caso, a melhor pessoa para fazer contato com ele continua sendo Tonks. – Observou Moody.
- Mas e se os Lestrange não conseguirem identificar Rony e Carlinhos? – Perguntou Mione, atraindo a atenção de todos sobre si – E se eles estiverem irreconhecíveis?
- Você quer dizer, se eles estiverem disfarçados? – Perguntou Gina – Como? Usando Polissuco? Transfiguração?
- Poção Polissuco seria muito arriscado. Eles teriam que beber de hora em hora, poderiam se esquecer e seriam descobertos. – Apontou Tonks – No caso de transfiguração, não daria certo. Eles não dominam o feitiço ainda, não poderíamos transfigurá-los antes de partir e deixá-los assim até a volta. O corpo precisa voltar ao normal a certos intervalos, senão correm até risco de vida.
- Eles não dominam, mas eu sim. – Mione parecia um tanto nervosa, mas não desistiria de sua idéia – Eu irei com eles. Assim, posso transfigurá-los pela manhã e reverter o processo ao final do dia.
- Ah, mas não vai mesmo. – Explodiu Rony.
- Além disto, posso ajudar a analisar as informações que eles conseguirem e ser o elo de ligação com a Ordem. – Continuou a jovem, ignorando o comentário do ruivo.
- Hermione, você não vai. Isso é loucura, não há por que se arriscar. – Rony estava vermelho como seus cabelos e parecia a ponto de explodir.
- Ela irá sim, Sr Weasley! – Cortou Mcgonaggal – É a melhor opção que temos e não será seu machismo ultrapassado que prejudicará a missão. Confio plenamente na srtª Granger, tenho certeza de que será de grande ajuda para vocês.
Hermione sorriu, satisfeita, enquanto Rony voltava a se sentar, possesso de raiva. Continuaram discutindo mais alguns detalhes, enquanto Ponfrey ajeitava o curativo no peito de Harry, colocando uma bandagem impregnada com uma pasta amarela e o orientava a voltar no dia seguinte, para trocar o curativo. Então ele resolveu partir novamente.
- Tome mais cuidado, Potter. – Sussurrou Gina, enquanto este se encaminhava para a porta, acompanhado de Lupin. Eles aparatariam, já que Harry alegara não agüentar uma nova viagem através de Chave-Portal.
- Pode deixar, Ruiva. – Respondeu ele, piscando.
Logo que os dois saíram, Mione virou-se para Gina, um brilho no olhar.
- Você me ajuda a fazer a mala? Como será o tempo na África do Sul nesta época do ano? O que eu devo levar em minha primeira missão? – E arrastou a amiga escada acima, exultando de ansiedade.
- Esta será uma missão muito, muito longa. Já estou vendo tudo. – Anunciou Rony para os irmãos e Neville, fazendo uma careta e soltando um muxoxo.
NA: Bom, espero que tenham gostado do capítulo. A música que Harry canta no início chama-se “ Leaving on a Jet Plane”, tema do filme Armageddon, com Bruce Willis e Liv Tyler. É a música que Bem Afleck canta para ela quando está partindo em missão.
Quero agradecer a todos que estão acompanhando esta fic. Sei que a demora na postagem deste cap foi imensa, espero que não haja um intervalo tão grande para o próximo, mas não posso garantir, infelizmente. Apesar das coisas estarem retomando certa normalidade, o tempo que tenho para escrever está muito escasso. Mas eu adoro escrever então estou fazendo o possível para conciliar com minhas outras atividades. Agora, minha intenção é escrever mais um cap da “Cavaleiros do Santo Graal”, devo começar na próxima semana.
Quanto a esta fic... Como vocês perceberam, neste cap tivemos a aparecimento do Seboso. E notícias da Bella. Outros personagens vão aparecendo ao longo dos capítulos, tenham paciência. Este foi centralizado no Harry, mas o próximo vamos ter a ação dividida em duas frentes, um pouco mais focada no Rony/Mione. Agora, as respostas aos Coments individuais:
MariAlmeida: Minha linda, a gente só deixa de ser desconhecido quando se torna conhecido. Adorei sua apresentação e fico muito feliz que esteja gostando do que escrevo. Espero que esteja recebendo meus e-mails.
Pedro Ivo: Grande Pedro. Leitor fiel desde a Guardiões. Mais uma vez, obrigado por acompanhar a fic. Respondendo sua pergunta; Remo e Tonks, assim como os outros membros da Ordem, estavam dentro da sede quando tudo ocorreu. Por algum motivo ( que ainda surgirá mais tarde), eles não foram afetados.
Bernardo Cardoso: Bernardo, fico muito honrado em receber um comentário seu. Você não sabe quão importante é. E como grande fã, não poderia deixar de perguntar. Quando vamos ter atualização da Lembranças do Velho Malfoy?????
Remulo Black: Muito obrigado.
Dark Phoenix: Dark, infelizmente não posso prometer atualizações mais rápidas. Mas estou me esforçando para arrumar mais tempo para escrever. Muito obrigado pelo apoio.
Dani Gente Boa: Oi Dani. Claro que eu lembro de você. Fico realmente muito contente que esteja gostando da fic. Pode esperar que muita coisa ainda vai acontecer. Grande beijo.
Ginny: Obrigado. Este cap deve estar mais ou menos igual. A idéia inicial era fazê-lo maior, compreendendo toda a viagem do Rony e da Mione, mas mudei de idéia. Achei que eles mereciam um cap mais deles, particular.
Lamarck: Muito obrigado, companheiro. O trabalho segue, sem pressa.
Lana Weasley: Oi Lana. Pois é, não podia escrever um cap passado na França e deixar de aproveitar Paris, não é mesmo? E o lance do Rony e da Mione... Bom, no próximo eles passarão um bom tempo juntos. Será que toda esta “tensão” entre eles vai dar em alguma coisa???? Bom, veremos. Este cap não tem tanta ação, mas espero que goste. Beijos.
Laurenita: A explicação para a ligação da Gina e do Harry não demora a surgir. Tenha calma. E aquela cena do Harry, sendo ameaçado pelos Weasleys, tenho que admitir que adorei escrever. Parecia bobo, rindo sozinho enquanto escrevia. E quanto ao beijo... Bom, este também não demora.
Fads: Minha querida Dani, jantar romântico pra você só com o Dr. Jonas. E tenho dito. Rsrsrsrsrs. Minha linda, você ficou ainda mais linda vestida de noiva. Mais uma vez parabéns e obrigado por me dar a honra de participar de um momento tão importante da sua vida. E avisa o Jonas que ele é um cara de muita sorte (ta, disso ele já sabe). Bjs.
Expert: Pois é. Então, esse acabou também. Mas não fica com muita raiva não, assim que der eu atualizo de novo. Grande abraço.
Gilmara: Suposição correta em partes, Gilmara. O Hagrid vai aparecer logo, provavelmente no cap 08 ou 09. E você tem razão, o fato de ser meio-gigante influenciou no efeito do feitiço sobre ele. O que é bom pra Ordem. Quanto à Bella, já dei notícias dela neste e ela aparecerá no próximo. Dobby e Montro também aparecerão no mesmo capítulo que Hagrid e sua suposição também está correta quanto a eles. Se não são chamados, não podem aparecer. Espero que goste deste, aguardo seu coment. Bjs.
Thamis: Muito obrigado.
Ilyatur: Valeu. Fico muito feliz em saber.
Simone: Olha eu aqui, minha linda. Desculpe o sumiço.
Silvia: Que bom que está gostando. Eis mais um. Bjs.
Bom, e como diria o grande filósofo Gaguinho ( Sei que já usei esta, mas adoro o Gaguinho):
Po... Po... Por enquanto é só, P... P... Peessoal.
Até o próximo cap.
Bjs e abraços.
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