A última folha de Outono
A última folha de Outono
“O velho...” Tom guardou a sua varinha e virou-se para trás.”Não basta me perseguir no meu tempo tem que me encontrar aqui também?” Tom disse sarcasticamente.
Dumbledore fez um gesto com a mão e Snape lhe deu um dos frascos da poção “Tom Riddle, beba isso.” Ele ergueu a mão para dar a poção para Tom.
Tom olhou Dumbledore de cima em baixo. “Enlouqueceu velho?”
“Você sempre foi tão teimoso Tom...”
“Eu não te entendo. Nunca entendi. Eu sempre fui um aluno exemplar e você sempre me ignorou. Me tornei o melhor de todos os bruxos. Praticamente dominei o mundo e você nem me olhou.” Tom encheu os olhos de raiva.
“Me desculpe por não ser o pai que você não teve Tom.”
“Não fale asneiras velho! Nunca o mirei como pai!”
“Então porque se importa com o que eu acho ou deixo de achar de você?”
“Eu não me importo. Só não compreendo porque você nunca olhou para mim. Por que nunca chamei a sua atenção quando todos olhavam para mim.”
“Você nunca chamou a minha atenção pois eu só dou minha atenção àqueles que posso ensinar algo ou aprender algo com. E você é teimoso demais Tom. Agora chega disso e beba a poção...” Dumbledore ergueu novamente a poção para Tom.
Tom isolou a poção, com um movimento sutil de sua mão. “Você vai olhar para mim Albus Dumbledore! Você vai ver toda a minha grandiosidade! E você vai me venerar!” A voz de Tom ficou grave e ele estava levitando no ar, uma névoa negra cobrindo o seu corpo, imponentemente.
“Este teatro não funciona comigo Tom...” Dumbledore falou impacientemente.
Os olhos de Tom pareciam ter demônios vivos. “E isso Dumbledore...” Tom pegou a faca que ainda tinha no bolso e gravou na perna do corpo de Rony. “funciona?” Ele nem pareceu sentir a faca gravada na perna.
“Você é um tolo Tom, sempre foi um tolo!” Dumbledore ergueu a mão. “Accio faca!” a faca saiu da perna de Tom e foi para a sua mão.
Tom pegou com as mãos na abertura que a faca tinha deixado e começou a rasgar a carne de Rony, escondendo a dor, rangendo os dentes. “Vai deixar um pobre inocente ser esfolado por esse tolo?”
“Pare com isso Voldemort!” Era Harry quem lhe dirigia a palavra. Quando Tom olhou viu que todos estavam na sala lhe apontando suas varinhas. Foi somente naquele momento que percebeu que o salão estava cheio.
“Não seja ridículo Potter.” Tom fez um movimento sutil com a s mãos “Accio varinhas!” As varinhas saíram da mão de todos e foram para as mãos de Tom. Apenas Dumbledore ainda apontava a sua varinha para Tom.
“Todos aqui...” Tom olhou para o cômodo com mais calma. Olhou severamente para Snape “Snape, o traidor.” Em seguida para Potter e Hermione. “Potter e a sua namoradinha que faz magias sem varinha.” Com um olhar mais cálido olhou para Ginny. “Minha pequena Ginny que tem grandes dificuldades de morrer.” Com olhar de deboche viu Draco. “E Draco Malfoy, o garoto que me permitiu estar aqui neste momento. Sou muito grato Malfoy. Apesar de que sei que você queria me matar. Quanta prepotência...”
Draco olhou com ódio para Tom. E este o ignorou, observando agora Dumbledore. “E o velho, que não pode distinguir os fortes dos fracos.”
“Você é um fraco Tom, fraco e tolo.” Dumbledore falou com calma e severidade.
“Como ousa!” Tom rangeu os dentes, se recompondo em seguida. “Eu pretendia matar apenas você Potter.” Tom inclinou-se ligeiramente para Harry.
“Então venha!” Harry gritou dando um passo à frente.
“Não...” Ele respondeu com deboche. “Quer dizer, em breve. Primeiro vou mostrar a este velho que ele deveria ter me adotado quanto teve a chance! Que deveria querer ao seu lado o bruxo mais grandioso de todos, e que poderia ter se não fosse tão displicente.”
“Isso tudo por causa do seu complexo de abandono Tom...?” Dumbledore provocou-o um pouco.
“Eu não tenho complexos! Eu sou a perfeição encarnada!”
“Você é muito complexado...” Dumbledore falou quase que paternalmente. “Eu tentei te ensinar alguma coisa Tom, mas... você sempre foi um imbecil. E a imbecilidade sempre leva vantagens sobre a sabedoria. Esta superioridade evidencia-se sobre tudo quando o ignorante ignora por completo o conhecimento do sábio. Não há como ministrar conhecimentos a um tolo que se orgulha da própria tolice.”
“Chega velho! Cansei de tentar conversar com você! Você é apenas um velho! Apenas um velho sem perspectiva de poder!” Tom pegou as cinco varinhas que havia pegado de seu oponentes, soltou-as no ar e elas levitaram formando um círculo em torno dele. “Vamos dançar!” Falou com um ar psicótico. Fechou os olhos, erguendo as mãos para cima, a névoa negra em torno dele se intensificou ainda mais, deu um sorriso maléfico e as varinhas começaram a conjurar diversas maldições imperdoáveis.
Tom orquestrava as varinhas, movendo as mãos com leveza. Em sua própria insanidade ele via beleza, deleitava-se ao escutar o estrondo que cada um dos feitiços causava. Mal podia conter os sorrisos ao escutar os gritos. Deliciava-se ao sabor do caos.
Hermione gritou. “Protego!” Um escudo se formou sobre ela e Harry.
Tom ergueu levemente suas mãos para cima como se seguisse o ritmo de uma música muito suave, imediatamente a névoa negra se intensificou cobrindo boa parte do cômodo. Tom levitou um pouco mais de modo que só ele pudesse ver.
Ginny viu um feixe vindo em sua direção, mas por causa da densa névoa ela o viu tarde demais, caiu no chão urrando de dor, visivelmente fora atingida por uma Cruciatus. Snape fez um escudo nele e em Draco, apenas erguendo as mãos.
Draco não agüentava mais ouvir aqueles gritos incessantes de Ginny, ele ergueu a mão e gritou o mais forte que pode “Finite Incantatem!” Ele já tinha estudado um pouco sobre feitiço sem varinhas mas nunca praticado, por isso caiu no chão um pouco sem forças.
Hermione perdia suas forças aos poucos e não poderia agüentar segurar o escudo por muito tempo.
“Protego!” Era a voz de Dumbledore que ecoava por todo o cômodo, estremecendo o ar do local. Um escudo gigantesco formou-se em torno de todos. As varinhas sobre o controle de Tom ainda praguejavam, porém refratavam no escudo e ele mesmo tinha que se desviar de suas magias. Tom cessou as magias e recolheu as varinhas.
Desceu majestosamente até o chão. Ergueu as mãos para os lados e a névoa negra foi rapidamente sugada por elas. “O que você quer velho?” Ele perguntou impaciente.
“Que você beba a poção.” Snape deu mais uma poção nas mãos de Dumbledore.
Respirou fundo e foi até Dumbledore com passos leves e largos. A distância que se formou entre Tom e Voldemort era de centímetros e Dumbledore não mudou a sua expressão serena nem por um segundo.
Draco acenou para Harry. E gesticulou ‘Distraia ele’. Malfoy nem podia acreditar que estaria se aliando com Potter, mas tinha uma boa idéia e precisava da ajuda dele. Harry gesticulou em resposta “O quê?” Draco ia responder mas teve uma idéia melhor.
Tom pegou a poção das mãos de Dumbledore e em seguida virou sua mão esquerda para Snape. “Accio poção.” A poção que estava nas vestes de Snape foi para as mãos de Tom.
Tom foi até o meio do salão, segurando os dois frascos com uma mão. “Evanesco” Tom conjurou o feitiço com uma voz de tédio. Os dois frascos desapareceram. “E agora?” perguntou com descaso.
Draco se aproximou, saindo de trás do escudo protetor criado por Dumbledore.
“Malfoy?” Tom olhou para ele sem entender.
Draco se ajoelhou perante Voldemort “Eu vim aqui cumprir a promessa que fiz a meu pai, a promessa de te servir. Engana-se, pois nunca desejei matá-lo, desejo apenas servi-lo.”
Tom fitou o menino um pouco desconfiado. “Para que você foi ao passado então garoto?”
“Para te trazer de volta senhor.” Draco não levantou a cabeça nem uma vez, temia que se Tom o encarasse nos olhos perceberia que estava mentindo.
Ginny observava a cena perplexa. Não podia acreditar no que estava escutando.
“Não me engana criança. Sei que primeiro tentou ir ao passado quando eu tinha apenas onze anos, mas não foi bem sucedido.”
“Me enganei sim, meu senhor. Desejava ir quando o senhor já estive com dezessete anos, mas coloquei menos yew do que devia. Errei nos cálculos da poção.”
“E para que quero um comensal que erra em cálculos de poções tão simplórias?”
“Eu sabia!” Harry saiu do escudo de proteção. “Sabia que você trouxe ele de volta apenas para me matar!”
Tom virou-se para Harry. Draco aproveitou o momento e pulou nas costas de Voldemort. Puxando os longos cabelos pretos dele para trás com uma mão e com a outra pegou a poção que estava em seu bolso e entornou pela boca de Voldemort. Tom cuspiu um pouco da poção, mas agora era tarde ele já tinha bebido.
“Garoto maldito! Você vem comigo!” Tom virou-se para Draco, cravando suas unhas nas costas do menino.
Ginny encheu os olhos de lágrimas, viu quando Tom cravou as unhas nas costas de Draco. Sabia que aquela seria a última vez que veria Draco. Seria se ela não fizesse nada, se ficasse ali parada. Começou a ver um pequeno campo de luz se formando em torno dos dois, correu para fora do escudo protetor de Dumbledore, pulando em Draco.
Ginny desvencilhou Draco das mãos de Tom. As vestes de Draco foram rasgadas no movimento brusco. Os dois caíram no chão. Ginny pode sentir o corpo de Draco sobre o seu, estava com o rosto enterrado no pescoço dele. Aquele cheio de ervas finas lhe penetrava a mente, por um momento ela se esqueceu de tudo. Levantou a cabeça e viu Draco olhando diretamente para ela com um olhar de pânico. Então ela se lembrou. Sentiu todos os ossos de seu corpo esfriarem e então escutou alguém respirar calmamente, um jeito de respirar que ela conhecia e temia.
Todos viram os corpos dos três serem erguidos no ar, uma enorme luz dourada os cobria. A luz se tornava cada vez mais intensa, então houve um clarão com um grande estrondo e eles não estavam mais lá. Apenas o corpo de Rony encontrava-se no meio do salão.
Dumbledore desfez o escudo e respirou fundo. Snape encarava a cena com um olhar de ceticismo, como se não pudesse acreditar no que tinha visto. Hermione olhou perplexa para a cena. E Harry desmontou no chão, chorando compulsivamente. “Ginny... Ginny...”
“Eles podem sobreviver.” Snape falou com uma voz baixa. Porém o silencio mórbido da sala permitiu que todos o escutassem. “Se eles sobreviverem cinco minutos no passado eles vão voltar.”
“Eles vão ficar bem.” Dumbledore falou com calma. Todos o encararam, incrédulos.
“Bem!?” Harry gritou. “Bem? Ela está presa no passado com Voldemort! Nada está bem!” a voz dele ficava mais rouca a cada berro.
Dumbledore olhou para uma menina sem vida que esta ao seu lado. “Esta é a Srta. Zabini?” ele perguntou numa mistura de preocupação e curiosidade.
“É...” Hermione a olhou. “Enervate...” conjurou o feitiço sem vontade.
A menina se levantou, olhou ao seu redor e começou a gesticular compulsivamente. Dumbledore com um gesto de mão disse “Finite Incantatem!”
“Como ousam me tratar deste jeito? Jogando magias em mim como se eu fosse um boneco de testes e o que raios está acontecendo...” Blaise disparou a falar.
Rony levantou-se sentindo uma dor de cabeça horrível, ouvia vozes zunindo em sua mente. A voz de Blaise consumindo as entranhas do seu cérebro. Abriu os olhos com dificuldade e pode ver que a voz de Blaise não vinha de sua cabeça mas da própria Blaise. Pegou uma das varinhas que viu no chão, ergueu-a um pouco trêmulo. “Silencio” A voz da garota sumiu e ela o encarou gesticulando ainda mais.
Draco empurrou-a para cima, neste impulso ela se ergueu estendendo a mão para Draco, ele a segurou sem cerimônia. Draco olhou rapidamente para trás e viu Tom levantando-se um pouco tonto. Puxou Ginny pelo braço e começou a correr pelo corredor.
Uma risada de deboche ecoou. “Onde vocês pensam que vão?”
“Não desta vez maldito!” Draco parou e falou com uma voz pesada e grave, virando-se de frente para Voldemort, encarando-o com um olhar penetrante.
Tom conteve o riso. “Locomotor Mortis!” Lançou um feitiço simples que apenas os impediria de andar, afinal não gostaria de estragar os corpos que ele ainda pretendia usar.
Draco olhou profundamente nos olhos daquele homem e viu neles todas as cenas que o atormentavam. Juntou toda a sua raiva e agonia em uma só palavra “Protego!!” Um enorme escudo se formou. Draco impulsionou as mãos para frente e o escudo foi para frente, varrendo o corredor, carregando estátuas, tapetes...
Tom Riddle tentou segurar o escudo mas era forte demais e ele foi varrido também, entrou para dentro do salão redondo, batendo fortemente contra a parede.
Draco quando viu que Voldemort tinha sido isolado, soltou os braços, parando o feitiço. Ginny colocou as mãos sutilmente nos ombros dele. Draco apenas segurou na mão dela e os dois correram pelo corredor, eles viram uma porta à direita, entraram sem pensar duas vezes. Fecharam-se no pequeno cômodo, que parecia ser um armário vazio.
“Acha que ele nos viu?” Ginny perguntou um pouco aterrorizada.
“Provavelmente.” Ele respondeu com sinceridade.
“Draco isso significa que... que...”
“que nós vamos morrer... sim...” Ele falou como se a consola-se. Abaixou a cabeça um pouco tímido e tornou a olhá-la. “por isso acho que agora deveríamos tratar do assunto do lábio...” Draco pegou nas mãos dela.
Ginny não sabia se ficava feliz ou desesperada. “Nós vamos morrer e você quer discutir o nosso relacionamento?”
“Justamente porque vamos morrer. Eu não poderia morrer sem antes lhe dizer algumas coisas...”
Tom levantou-se enfurecido. Seguiu com passos firmes pelo corredor, como um animal atrás de sua caça. Estava tão compenetrado que não viu um par de olhos azuis o observando...
“Então diga...” Ginny por um momento esqueceu que poderia morrer em alguns instantes.
“Eu fiz o que fiz porque...” ele respirou fundo. “Porque tudo o que eu amava tinha sido perdido... não tinha nada a perder...”
Ele parou tremendo um pouco o lábio. Ela apertou as mãos dele, como se lhe fornece-se coragem para continuar.
“E eu não tinha nada a perder realmente... não tinha, e como você sabe Ginny eu sou...”
“Muito preciso com as minhas palavras...” ela complementou a sentença, sabendo o que ele diria.
Ele riu. “Exatamente... Mas agora Ginny eu tenho algo a perder e eu não posso me dar ao luxo de perder você.”
Os olhos dela lacrimejaram.
“Eu não terminei.” Ele tocou a face dela. “E lhe devo desculpas... pois menti... falei que não sentia nada por você mas disse isso apenas porque estava com medo...” Ele riu tristemente. “Tudo que eu amo tem uma tendência de morrer... só estava com medo que você morresse.”
“Eu não vou morrer Draco...” Ela pensou novamente, lembrando-se da situação em que estavam. “Bem... provavelmente eu vou mas... não vou te abandonar.”
Ele deu um sorriso triste e profundo. “Não precisa ser gentil Ginny... eu sei que você está vendo o Potter...”
“Harry?” ela perguntou intrigada.
“Snape me contou...”
“Snape?” Ginny riu. “Não Draco, eu não estou vendo o Harry! Aquilo foi só uma encenação que eu fiz com a Hermione. Posso te garantir que não estou vendo o Harry.”
“Não?” Ele perguntou esperançoso.
“Não.” Ela respondeu rindo.
“Ainda bem... não sei se agüentaria isso.” Ele enterrou a cabeça nos ombros dela, chorando devagar.
“Claro que não Draco... é só você... e me desculpe também por ter dito todas aqueles coisas porque estava com o orgulho ferido.”
“Eu imaginei que poderia ter sido por isso.” Draco levantou a cabeça, o seu rosto molhado por lágrimas. Ginny inclinou-se sobre o rosto dele beijando suas lágrimas. “Você esta me imitando Ginny...” ele riu.
“Eu sei.” Ela disse encostando os seus lábios nos dele, segundos antes de beijá-lo.
“Tom Riddle!” Tom ouviu uma voz vindo em sua direção, uma voz que ele não suportava mais escutar.
“Sim Dumbledore?” Tom parou no corredor, virando-se para Dumbledore.
“Venha para a minha sala.”
“Eu estou ocupado no momento.” Ele falou rangendo os dentes.
“Eu disse...” Dumbledore respirou fundo. “Venha para a minha sala.” A voz dele ressoou pelo corredor. “Agora.”
Tom riu. “Este teatro não funciona comigo.”
Dumbledore ergueu a mão. “Stupefy!”. Tom caiu inconsciente no chão.
Hermione agachou para acomodar Harry em seus braços mas ele estava inconsolável, em soluços intermináveis. “Eu tinha que ter feito alguma coisa...”
“Por aqui...” Dumbledore fez um gesto apontando para fora do cômodo. Todos o fitaram por uns instantes.
“Por aqui.” Ele repetiu. “Eu sei aonde eles vão estar. Bem... não sei exatamente aonde, mas garanto que é neste andar, então se vocês pudessem vir...” Dumbledore insistiu no gesto para fora da porta.
Todos seguiram o diretor um pouco incrédulos. Dumbledore andou até uma porta, parou na frente dela esperando os outros. “Acho que é aqui.” Ele falou com um sorriso.
Todos pararam ao seu lado. Dumbledore abriu a porta, que rangeu um pouco. Ginny e Draco estavam lá dentro, hipnotizados em um beijo longo.
“Que pouco vergonha é essa?” Harry comentou perplexo.
Draco separou-se dos lábios de Ginny com dificuldade e olhou para Harry. “Não é da sua conta Potter.” Fez um gesto para fechar a porta. Mas Dumbledore o impediu rindo. “Mais tarde você e a Srta. Weasley podem continuar a sua... hum... conversa.”
“Como você sabia que eles estavam aqui?” Hermione perguntou.
“Bem... há muito tempo atrás, na época que Tom Riddle ainda estudava aqui, eu estava descendo a escadaria do meu escritório. Então escutei um estrondo, olhei para fora da minha sala e vi um garoto loiro conjurando um feitiço muito grande...” Dumbledore fez uma ligeira inclinação a Draco. “Ótimo feitiço Draco.”
“Obrigado...” Ele respondeu sem graça.
“De nada.” Dumbledore olhou para Ginny. “Ele estava acompanhado de uma menina ruiva e os dois correram... um pouco depois Tom saiu daquela sala.” Ele apontou para o salão redondo. “E eu o impedi de chegar a vocês.” Pensou mais um pouco. “É... basicamente isso.”
“Então você sabia o tempo todo?” Hermione perguntou indignada.
“É.” Dumbledore respondeu com simplicidade.
“Isso explica o otimismo...” Draco riu.
“Mas não explica porque você, Malfoy, trouxe Voldemort para cá!” Harry segurou Draco pelo colarinho.
“Ele teve os seus motivos Harry.” Dumbledore colocou a mão no ombro de Harry.
“Não tem problema diretor. Se Potter quer saber, ele vai saber.” Draco praticamente cuspiu as palavras em cima do Harry.
Harry largou lentamente Draco.
“Se incomoda de usarmos o seu escritório Dumbledore?” Draco virou-se para o diretor.
“De maneira nenhuma.”
Todos se inclinaram para ir. Draco riu. “Ei! Isso não vai ser uma palestra! Só o Potter e a Ginny.”
Blaise gesticulou freneticamente, cruzando os braços.
“Não adianta Blaise você não vem...” Ele respondeu ao chilique dela.
Ela fez a menção de ir assim mesmo. Rony virou-se para ela, rindo um pouco. “Fica quieta mulher!” Ela parou na mesma hora, emburrada.
Chegando ao escritório de Dumbledore, Ginny se sentou em uma das cadeiras e Harry na outra, enquanto Dumbledore fez a menção de sair.
Draco fez um pequeno gesto. “Fique Dumbledore... se quiser... tudo o que eu vou falar você já escutou de qualquer forma...”
Dumbledore acenou e sentou-se em sua cadeira. Draco permaneceu em pé. Passou a mão pelos cabelos, andando de um lado para o outro.
“Por onde começar?” Ele deu um sorriso triste. “Respondendo a sua pergunta, Potter.” Draco olhou para Harry numa mistura de ódio e tristeza. “Porque eu fui ao passado? Por quê Potter?” Os seus olhos se encheram de lágrimas. “POR SUA CAUSA!”
Harry o encarou sem entender.
“Na noite em que você matou Voldemort você se esqueceu de uma coisa. Um detalhezinho bobo...” Ele comentou sarcasticamente. “o corpo! O corpo Potter! Por que você não levou o maldito corpo?” Draco não pode mais conter suas lágrimas. “Se você tivesse pegado o corpo de Voldemort, Potter... se você tivesse pegado o corpo...”
“O lugar estava desmoronando, eu não podia...” Harry começou a se explicar.
“Potter, o herói não pode carregar o corpo de Voldemort. Mas sabe de uma coisa Potter? Meu pai carregou o corpo e ele o levou para a minha casa...”
Draco parou encarando o teto. “Meu pai veio conversar comigo naquela noite sobre... como ele disse?... As coisas que eu deveria saber. Ele me falou que tinha que fazer um ritual e que eu tinha que compreender que alguns sacrifícios são necessários em prol de uma causa maior.”
Passou a mão no rosto, limpando as lágrimas. “Foi um lindo discurso... eu achei lindo... achei lindo até ouvir os gritos da minha mãe... eu tentei correr para salvá-la mas meu pai me segurou e jogou um feitiço estuporante em mim, eu caí inconsciente...”
Draco não pretendia ir até o fim da história mas continuou. “Quando eu acordei me arrependi de ter aberto os olhos... eu vi minha mãe amarrada em um pedestal... eu estava numa câmara que eu nunca tinha visto na mansão... tinha duas bancadas e um pedestal, obviamente uma sala de rituais...”
Ele parou por momento e um silêncio profundo encheu a sala. E sua dor preencheu a sua alma. “Meu pai veio a mim e disse que minha mãe daria o seu sangue para Voldemort e que ele, meu pai, daria o seu próprio corpo, então ele me pedia uma promessa... ele me pediu para prometer que seguiria Lord Voldemort...”
Draco balançou a cabeça. “Eu não queria prometer mas... eu nunca vou esquecer a maneira insana que meu pai me encarou naquela noite... não tive opção então eu prometi, mesmo sem desejar cumprir a promessa.”
“Meu pai colocou o corpo de Voldemort numa das bancadas e foi até a minha mãe que já estava meio... meio... esfolada... ele lhe cortou o pescoço e foi deitar-se na outra bancada, do lado de Voldemort. Minha mãe disse suas últimas palavras para mim... ela me pediu que eu prometesse que não iria continuar com a loucura de meu pai, que jamais apoiaria Voldemort, que vingaria a sua morte... e como eu poderia negar o último pedido de minha mãe, vendo o sangue dela escorrendo e caindo sobre os meus pés? Então eu prometi e ela sorriu. Eu nunca vou me esquecer daquele sorriso...”
“Só então que eu vi dois frascos de poções vazios... meu pai com certeza tinha bebido um e deu o outro para Voldemort... O ritual se iniciou, eu vi a alma daquele maldito entrando no corpo do meu pai.” Os olhos de Draco fumegavam raiva. “Eu vi o sangue de minha mãe entrando no corpo do meu pai... eu vi o olhar de Voldemort surgir nos olhos do meu pai...”
Draco parou reflexivo por um tempo. “Então eu corri... depois peguei a minha vassoura e voei para longe... para onde eu iria? Para o Ministério? Meu pai trabalha lá e quem iria acreditar que Voldemort estava no corpo do meu pai? Então eu fiz a minha pesquisa... eu li que se eu matasse a alma de Voldemort, automaticamente o corpo de meu pai seria libertado. E li que se eu fosse ao passado poderia matar Tom Riddle... então fiz uma poção para ir para uma época em que Voldemort teria onze anos... então seria fácil matá-lo... mas eu derrubei a poção... de alguma forma ele percebeu isso e criou uma barreira no tempo... então quando eu fiz a poção novamente e a tomei fui desviado pela barreira e caí em uma época não desejada... uma época em que Voldemort tinha dezessete anos e estava à minha espera... ele tomou meu corpo e eu o trouxe de volta...”
Draco olhou para os três com os olhos vermelhos. “Agora acho que vocês já sabem o resto...”
Não longe dali, em uma floresta conhecida como Floresta Proibida pode-se ouviu um farfalhar de folhas. Pode-se ver o Salgueiro matando pequenos insetos que se aproximavam dele. E em uma árvore ali do lado, uma folha que pairava no ar caiu e ela levou as mágoas e as alegrias daquele tempo eternizado...
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