Lágrimas de Sangue
Olha se acharam o cap 4 pesado... gente... este está mais pesado ainda. Agora chega de blábláblá, leiam e sejam
felizes!
Lágrimas de Sangue
Ele se encontrava ali novamente, chorando silenciosamente em sua cama, Rony praticamente não dormia, principalmente desde
que ele parou de ir às detenções. Mas a falta da presença física dela não era de maneira nenhuma anuladora da eterna presença
que ela tinha em seu coração. Ele virou-se em sua cama e notou que Harry ainda não estava ali, mas não se preocupou, nestes
últimos dias ele sempre chegava mais tarde das detenções.
Remexeu-se na cama milhões de vezes, imaginando Blaise ao seu lado constantemente. Irrequieto Rony resolveu levantar-se e
esperar Harry no Salão Comunal, já não agüentava guardar este sentimento dentro de si, precisava desesperadamente contar a
alguém sobre a sua agonia, a sua dor inexplicável, e ninguém melhor que Harry, o seu eterno melhor amigo.
Vestiu as suas pantufas vermelhas, se lembrou que as ganhou no natal passado da Hermione, ela sempre dizia que ele ficava
bonitinho de vermelho. Rony riu tristemente, esta nostalgia sempre o entristecia pois lhe remetia que ele um dia foi feliz.
Rony saiu do dormitório esfregando os olhos, foi em direção à poltrona favorita do trio, a que ficava perto da lareira. E
viu sua irmã segurando um punhal. Correu, pulando em cima dela, os dois caíram no chão.
“Ginny! O que você esta fazendo?” Ele segurava os pulsos de Ginny contra o chão e ela se debatia desesperadamente.
“Saia!!” Ela gritava. Rony viu que os olhos de Ginny estavam surrealmente estranhos.
“O que está acontecendo aqui?” Rony escutou Harry dizer com uma voz sonolenta.
“Harry, vem aqui!!” A sua pequena irmã era mais forte do que Rony imaginava, se quisesse contê-la teria que ter ajuda.
“O que você está fazendo com a Ginny?” Harry perguntou, estranhando a cena.
“Harry... sem perguntas! Tire a faca da mão dela!”
Harry se inclinou para tirar a faca dela e ela a segurava com a maior força que podia, determinada a não largá-la. Ginny
num impulso aproveitou-se do cansaço de seu irmão que já não agüentava mais segurá-la e deu uma facada em Harry. De reflexo
ele se esquivou, mas a faca chegou a cortar as suas vestes e atingir um pedaço da sua barriga, ele começou a sangrar.
Ginny estava de pé, sedenta de sangue. Foi para cima de Harry, tirar todo o sangue que ainda lhe restava.
“Finite Incantatem!!” Hermione se aproximou e gritou.
Ginny levou um impacto no peito e parou, olhando para a faca na mão, em seguida para Harry. “Me desculpem...” E desmaiou.
Rony pegou suas irmã nos braços e tirou aquele maldito punhal de suas mãos.
“Por quê?” Rony indagou chorando. “Não faz sentido...”
“Era uma maldição Imperius.” Hermione sentou no chão do lado de Rony. “Eu não sabia que um simples Finite Incantatem podia
dar fim a uma magia deste porte...”
Harry inclinou-se sobre Ginny, tirando algumas mechas vermelhas de seu rosto. “Isso não importa... ela está desmaiada...
nós temos que levá-la para a enfermaria.”
“E falar o quê Harry?” Hermione se levantou gesticulando e movimentando as mãos. “Que... que a Ginny tentou te matar sobre
uma maldição Imperius?” Ela babulciava um pouco. “Nós não vamos falar nada... nada até descobrir o que está acontecendo.”
“Estamos falando da minha irmã, Hermione!” Rony esbravejou seriamente. “Eu não me importo! Ela tem que acordar...”
Ginny abriu os olhos devagar. Um pouco tonta, levantou-se e deu um abraço em Harry, caindo em seus braços. “Me desculpe
Harry... me desculpe, eu não podia impedir...” Ela chorava soluçando. “Não podia...”
“Tudo bem, Gin. Eu sei”.Ele acariciou a sua cabeça como se faz quando se acalenta uma criança. “Só me conte o que
aconteceu...”
“Não.” Ginny parou os soluços. “Harry, eu não vou te contar.” Ela largou dos seus braços.
“Mas Ginny...”
“Nem uma palavra Harry... eu vou resolver isto sozinha...” Ela foi andando para trás cambaleando um pouco. “Eu posso.”
Afirmou sem confiar em suas palavras.
“Ginny você vai nos contar.” Rony segurou em seu braço. “E vai nos contar agora, como seu irmão mais velho, eu estou
mandando.”
Ginny riu tristemente. “Eu vou dar conta dele... Rony...” Soltou a mão dele de seu braço suavemente e saiu do Salão
Comunal.
“Você não vai para lugar nenhum!” Rony gritou a seguindo.
Ginny corria o mais rápido possível. Sabia que se os três soubessem que Tom tinha tomado o corpo de Draco, eles talvez
matassem Draco e ela não poderia, nunca, deixar que isso acontecesse.
Ela entrou nos becos mais obscuros, que seus irmãos gêmeos a ensinaram quando ela ainda era mais nova, tentou se camuflar
de todas as formas, mas sabia que era inútil, Rony conhecia as mesmas passagens.
“Harry! Vamos...” Hermione o puxava pelo braço.
“Mione, nós precisamos do Mapa do Maroto!”
“Onde você colocou ele?”
“Não me lembro...” Harry respondeu com uma voz baixa.
“Você não se lembra?” A voz de Hermione era como de uma mãe que viu a bagunça de um filho.
“Não!”
Hermione esfregou o rosto vigorosamente. “Esquece o mapa! Nós temos que ir agora se não vamos perdê-los de alcance!”
Eles saíram do salão comunal e viram Rony virando em uma quina, se entreolharam e correram. Chegando no outro corredor
perderam Rony de vista.
“Eu falei que a gente ia precisar do mapa...”
“Espera eu lembro que aqui tinha uma passagem...”
“Como você se lembra?”
“Ora Harry! Nós costumávamos passar por essas passagens só pra chegar mais rápido no café da manhã!”
“Você nunca fez isso Hermione...”
“Não que você saiba...” Hermione disse em uma voz baixa. Harry a olhou surpresa. “Não importa de qualquer forma. Nós
estamos perdendo tempo!” Ela o segurou pelo braço e passaram por uma estreita passagem por de trás de uma estátua.
Ginny passou a correr pelo corredor, sem muita direção, sempre olhando para trás, vendo Rony à distância. Tombou em um
homem, um homem que ela poderia em outras circunstâncias explodir de felicidade em ver. Começou a chorar no peitoral deste
homem e ele afagou a sua cabeça com força o que fez com que ela soluçasse ainda mais.
“Malfoy?” Rony se aproximou ainda mais rápido. “Então era você!” a voz de Rony exalava um ódio que Ginny desconhecia. Ela
tentou soltar-se do homem, sabendo que era impossível.
“Rony... que surpresa agradável...” Ele riu friamente. “Exatamente a pessoa que eu gostaria de ver... bem...não
exatamente... mas serve.”
“Cala a boca Malfoy.” Rony armou para dar um muro em Malfoy, e ele isolou Ginny contra a parede, segurando rapidamente o
pulso de Rony, começou a rodar o pulso dele e Rony grunhiu de dor, rangendo os dentes. Depois o segurou pelo pescoço com um
braço, levantando-o no ar.
“Não vai doer tanto assim...” Malfoy aproximou o ouvido de Rony de sua boca e sussurrou. “Eu só quero o seu corpo
emprestado...”
Ginny empurrou Malfoy, doía em seu coração machucar o único homem que ela não desejava machucar. Malfoy nem se mexeu.
“Quieta!” Ele fez um pequeno gesto com a mão e ela voou longe no corredor, batendo duramente contra o chão. Ginny ouviu um
feitiço vindo da boca de Malfoy. Correu em direção a eles. Quando chegou, observou a cena confusa, Malfoy caído no chão e
Rony a olhando com um sorriso obscuro.
“Ginny... Ginny...” Era a mesma voz amedrontadora que conhecia porém desta vez brotando do corpo de seu irmão. “Eu gosto de
você, minha querida...” Ele se aproximou devagar. “Realmente gosto... mas, você já viu demais... as mulheres geralmente são
muito fofoqueiras...” Ginny tentou fugir, mas ele a segurou pela cintura. “Não posso deixar que você saia por aí contando os
meus segredinhos.” Ele passou a mão em seus cabelos e lamentou falsamente. “Uma pena...”
Ele a beijou novamente, porém, desta vez, foi indescritivelmente nojento, Tom estava no corpo de seu irmão, ela sabia
racionalmente, era Tom quem a beijava, porém eram os lábios de seu irmão. E ele a beijava fortemente, rasgando o seu lábio.
“Você, minha querida, não vai morrer com uma maldição qualquer... você merece mais...” Ele lambeu o sangue do lábio dela.
“Sei qual é a maldição ideal para você.” Ele disse com um sorriso nos lábios. “Você vai sofrer bastante antes de morrer, mas
não importa, a dor é boa e além do mais esta maldição vai preservar a beleza do seu corpo... que afinal, minha querida... é o
que você tem de melhor.”
Ele falou o feitiço sutilmente contra o ouvido de Ginny, colocando a sua varinha fortemente contra o estômago dela. De
súbito Ginny sentiu o seu sangue queimando, suas veias trepidavam por causa do calor. A vertigem de sangue subia para sua
cabeça, deixando a periferia do seu corpo aos poucos. Ele a deitou no chão devagar.
“Vai demorar um pouco minha querida... mas vai ser para o melhor. É uma morte bonita, uma das minhas preferidas.”
Ele saiu pelo corredor com passos firmes, sem olhar para trás, obstinado em matar Harry e pensando em mil formas de como
fazê-lo. Concentrado em seus pensamentos assassinos, Tom esqueceu que Draco também sabia de tudo e poderia não estar
devidamente morto.
Tom Riddle seguiu reto, tentando deduzir o caminho para a Torre da Grifinória, lá não era exatamente o lugar que ele
visitava na sua época de Hogwarts.
“Rony!” Tom no corpo de Rony resplandeceu em um sorriso cruel e profundo. Ele tinha escutado uma voz que ansiava há muito
tempo ouvir de novo, a voz que depois de silenciada abriria todas as portas para o seu triunfo. A voz de Harry Potter.
“Eu estou aqui.” Tom tentou simular o melhor que pode a voz suave de Rony.
Harry e Hermione chegaram ao seu lado, bufando. Harry apoiou uma mão no ombro de Rony de tão cansado e este apreciou a mão
de sua presa, tão bem posicionada. Tom teve um impulso de pegar a mão de Harry e torcer cada um de seus ossos, mas sabia que
não seria o melhor a se fazer, sendo que ele tinha tantas formas mais interessantes de matá-lo.
“Cadê a Ginny?” Harry perguntou um pouco preocupado.
“Ginny... Ginny...” Tom lembrou-se de Ginny que estava praticamente morta e Draco, a quem tinha esquecido de matar. Fez um
gesto sutil de impaciência por causa de sua desatenção, como poderia ter esquecido o Malfoy.... Mas pensou rapidamente em uma
desculpa formidável. “Ela está com o Malfoy...”
“Com o Malfoy?” Harry e Hermione disseram em coro, assustados.
“Então era ele... o Salgueiro e tudo mais...” Harry complementou juntando as pontas de seu pensamento.
“Exato...faz todo o sentido...” Hermione passou a mão no seu queixo com um sorriso como se tivesse feito a descoberta do
século. “Ele tem os motivos... afinal é praticamente um comensal não é mesmo?”
“É claro que é.” Tom respondeu com a boca de Rony. Ele gargalhava por dentro, não podia acreditar que os dois tinham
acreditado naquela história tão facilmente.
“Mas espere!” Harry disse apontando para Rony. “Você deixou a Ginny com ele?”
“Ela não queria deixá-la Potter...” Ele respondeu naturalmente.
“Porque você esta me chamando de Potter?”
“Não importa Harry. Ela não queria deixá-lo?” Hermione interveio.
“Não... aparentemente ela está apaixonada por ele.”
“Ginny jamais se apaixonaria por Draco Malfoy!” Harry disse como se aquele fosse o maior ultraje que já tivesse escutado.
“Ele não é exatamente feio...” Hermione disse com uma voz investigativa.
“Não é exatamente feio? O que você quis dizer com isso?” Harry cruzou os braços, virando para Hermione, em uma espécie de
crise de ciúme.
Hermione rolou os olhos. “Sinceramente, Harry, não temos tempo para isso.” Ela acentuou o ‘isso’ com certo desdém. “Estou
só computando fatos e analisando possibilidades.”
“Então agora é um fato que o Malfoy é bonito?” Harry cruzou os braços mais fortemente. E falou com uma voz de criança
recuada.
“Não é hora de crise de ciúmes sem sentido, Harry!” Ela rolou os olhos novamente. “Eu tenho que pensar. Fique quieto um
instante!” Harry resmungou se recostando em um canto.
Tom analisou friamente a situação. Então Harry tinha uma namorada. Ele poderia ter idéias mais interessantes ainda. Mas
precisava de tempo para elaborar tudo e agora tinha todo tempo do mundo. Com Ginny morta e Draco incriminado ele não tinha
com o que se preocupar, os únicos informantes que podiam lhe delatar estavam terminantemente calados.
“Vamos dormir gente.” Tom forçou a palavra ‘gente’, ele odiava utilizar um linguajar mais baixo. Mas desde a gafe de ter
dito ‘Potter’ ao invés de Harry, era melhor se precaver e adaptar-se ao novo corpo da melhor forma possível.
“E deixar a Ginny com ELE?” Harry disse indignado.
“Foi a escolha dela Harry...” Tom respondeu delicadamente, forçando toda a sua hipocrisia a sair de suas entranhas. Não
que isso fosse difícil para ele, era, aliás, um prazer enganar Potter daquela forma tão desumana.
“Harry... Rony está certo, devíamos dormir...” Hermione reclinou-se sobre Harry dando-lhe a mão.
“Mas... Mione...”
“Harry... se Rony que é o irmão dela não pode tirá-la dele... quem somos nós Harry?” As palavras suaves de Mione não o
convenceram, pois ele não arredou um passo. “Calma Harry... ela vai ter que voltar ao dormitório e nós podemos encurralá-la e
perguntar tudo o que quisermos...”
“Você não entende Mione...” Ele deu um passo relutante. “Eu não quero respostas para nada... eu estou preocupado com
ela... só isso... mas como disse... se ela não quis ir com o Rony... quem sou eu...”
Hermione abraçou Harry de lado e ele fez o mesmo. Os dois olharam para Rony e ele subentendeu que deveria fazer o mesmo.
Os três caminharam até a torre da Grifinória lado a lado, como costumavam fazer, exceto que desta vez Rony não era exatamente
Rony e que eles estavam levando o inimigo para dormir em casa.
Hermione foi para o dormitório das meninas e Harry e Rony para o dos meninos...
Draco começou a tossir como se tivesse engasgado com alguma espécie de veneno, respirou como se nunca tivesse sentido o
sabor do ar. Apoiou-se com uma mão no chão, estava muito tonto e tentava recordar alguma coisa. Lembrou-se de Tom, da
floresta, do feitiço, diversos fleches passaram em sua mente como um pesadelo. Se pós de pé com dificuldade e viu Ginny
estendida no chão, viu o sangue dela escorrer até à ponta de seus pés.
Ele caiu como se não acreditasse no que viu. Foi rastejando em direção a Ginny, manchando o seu corpo com o sangue dela.
Segurou no corpo dela com as mãos sujas e viu o quão pálida ela estava, o sangue parecia escoar de lugar nenhum, pois não
havia cortes.
Ele sentou-se a recostando em seu colo, a apertava contra o seu peito e chorava. Os olhos de Draco estavam surreais, ele
olhava para a cena como se não a visse, como se a dor fosse tão intensa que preferisse ignorar a sua realidade.
Ele tirou a cabeça imóvel de Ginny de seu colo e viu de onde todo o sangue brotava, Ginny chorava lágrimas de sangue. O
sangue que escorria pelo rosto dela se mesclava com o seu cabelo, tornando-a, por um ponto de vista obscuro, linda. Mas para
Draco foi a imagem da morte, de sua morte, pois a morte dela representava a sua.
Enfim aceitando o inevitável ele chorou em um soluço sem fim. Tremendo compulsivamente, tocava nos cabelos dela como se
fossem mechas de ouro. Limpava as lágrimas de sangue como se fosse cessá-las daquela forma.
“Ginny... Ginny... você não pode morrer...” Draco disse com uma voz baixa e profunda. “Eu não poderia agüentar...” Ele
segurou a cabeça dela como se quisesse que ela o olhasse. “Eu não vou conseguir amar mais que duas mulheres nesta vida
Ginny... e não posso perder você... se perder você Ginny não terei mais quem amar...” As lágrimas dele se dissolviam no
sangue dela que caia incessantemente no seu rosto.
Ginny permaneceu imóvel, com os olhos vermelhos e evasivos. Ele segurou nos pulsos dela, como sua última esperança de
encontrar vida, não somente nela como principalmente em si próprio. Apertou o pulso dela fortemente e sentiu uma batida
fraca, porém perceptível, contra a sua mão e a olhou num espasmo de felicidade.
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