A flecha do centauro
––––CAPITULO VINTE E DOIS––––
A flecha do centauro
Quando se deu conta Kyo já estava descendo a escadaria de mármore. Ele queria fazer qualquer coisa, desde que não precisasse conversar com alguém, estava demasiado estressado para conversar e achava que seria grosseiro com qualquer um que cruzasse seu caminho.
A neve caia devagar e fina do lado de fora do castelo, ele ajeitou a capa das vestes para que não sentisse frio, apesar de intimamente dizer que não ligaria para o frio. Ele caminhou devagar e sem rumo, olhando vez ou outra para o castelo logo atrás, suas pegadas ficavam claramente marcadas na neve,que já formara uma grossa camada. Ele viu a cabana de Rúbeo a distancia, nuvens repolhudas de fumaça, continuou a caminhar e, sem perceber se viu encarando a porta da cabana do gigante.
Não sabia o que fazer, pensou em bater, mas mal conhecia Rúbeo, o que falaria? Talvez ele o despachasse dizendo que não estava afim de visitas. Ia se virar quando a porta abriu de repente, Rúbeo apareceu com seu sorriso de garoto grande e seus cabelos e barba desgrenhados.
–Oh, meu deus, Kyo Hunter? –perguntou ele, pondo as mãos do tamanho de latas de lixo nos ombros do garoto, fazendo seus joelhos cederem. –O que posso fazer por você garoto?
–Eu tava precisando ver um rosto amigo. –disse Kyo, com um sorriso amarelo. –E o Tiago uma vez me disse que eu não encontraria um amigo melhor que você em Hogwarts.
–Ah o menino Weasley, –disse Rúbeo com um largo sorriso –sempre gostei dele, mas entre, entre, tá frio aqui fora.
Kyo pensou em recusar, mas mesmo que tentasse não achou muito recomendável tentar medir forças com o gigante, apesar do sorriso incrivelmente amigável que ele exibia.
A cabana de Rúbeo era um lugar enorme, parecia muito maior por dentro do que por fora, vários perus e presuntos estavam pendurados no teto da cabana, uma enorme cama estava encostada a uma parede, ao lado de um monte de panos velhos e rasgados, onde dormia um enorme cão de caçar javalis, em frente à lareira uma mesa de cozinha servia de mesa de centro, e duas poltronas e varias cadeiras estavam à volta dela, Rúbeo se sentou numa delas e indicou outra para que Kyo se sentasse.
–E então garoto? Qual o problema? –perguntou Rúbeo, esticando o enorme braço para pegar um bule e duas xícaras e pondo-as em cima da “mesinha de centro”.
–Não sei direito... –disse Kyo. –sabe Rúbeo...
–Me chame de Hagrid, prefiro assim. –interrompeu o gigante, lhe entregando uma xícara de cheia de chá.
–Tudo bem... Hagrid, né? Então, eu tinha certeza de que estava gostando de uma pessoa, mas...
–Seu coração parece estar batendo forte por uma outra?
–É isso mesmo, como sabe?
–O Harry teve o mesmo problema no final do sexto ano, quando o Rony e a Mione começaram a namorar, ele achou que estava gostando da Mione, apesar de saber que gostava da Cho.
–Eu me pareço muito com o Harry?
–Até na ultima pinta do rosto, só diferenciam nos olhos.
–Eu falo psicologicamente, somos tão parecidos assim?
–Pra falar a verdade são, até na inimizado com Malfoy.
–Por que? O Harry também não gostava do Malfoy? Do Willian?
–Não, Draco Malfoy, o pai de Willian, ele e Harry se tornaram inimigos ainda no trem.
–Por que? O que o Malfoy fez?
–Não sei, Harry nunca falou muito no assunto, mas acho que foi por que Malfoy ofendeu Rony, chamou ele de pobretão.
–Rony é o pai de Tiago, não é?
–É, Rony, o garoto era pura emoção, nunca ligou pra razão sabe? Primeiro batia depois pedia explicações.
–Só pode ser coincidência...
–O que? Que o Tiago também é assim, eu já sei, você precisava ver...
–É que eu e o Malfoy ficamos desse jeito porque ele zombou da cara do Tiago.
–Tá vendo, vocês são tão parecidos que poderiam ser considerados irmãos.
–Eu lembro a cara de raiva que ele fez quando o Malfoy me chamou de sangue-ruim, pensei que ia quebrar a cara do louro-aguado.
–Malfoy te chamou de sangue-ruim? –Hagrid fez uma careta.
–É.
–Ele também chamou a Mione de sangue-ruim uma vez, se a varinha do Rony tivesse boa, o idiota teria se ferrado.
–É, mas quem me defendeu daquela vez foi a Nanda... –Kyo imaginou que àquela hora a garota estaria com Julius, no dormitório do terceiro ano. –Hagrid, o Malfoy me odeia como o pai dele odiou o Harry?
–É por ai, eles se detestaram durante sete anos e agora se detestam ainda mais porque o Harry é auror e o Draco virou um comensal da morte.
–O pai de Malfoy é um comensal? –se surpreendeu Kyo.
–É, e, antes que você pergunte, sim o pai dele estava na noite em que sua tia morreu, mas não foi preso por falta de provas.
Kyo ficou pensativo, o pai de Malfoy trabalhava para Voldemort e Kyo era muito próximo de Harry, Voldemort odeia tanto ele quanto Harry, portanto todos os que servem Voldemort logicamente o odiariam.
–Tá ai um bom motivo pro Malfoy me odiar.
–O que?
–Eu sou o Menino que Sobreviveu, não sou? E então, eu praticamente derrotei o mestre do pai dele.
–É um bom motivo, talvez, mas quem sabe, né?
Kyo sorriu, estava sendo bom conversar com o gigante, ele era amigável e sabia o que falar, evitava falar sobre garotas para não magoa-lo, alias, ele até mudara de assunto por causa disso. E então algo lhe ocorreu
–Mas por que a Carla não me odeia? Quer dizer, ela teria os mesmos motivos que o irmão, não teria?
–Que garota desta escola não gosta de você?
–Mas as garotas da Sonserina não mostram isso, não claramente, mas ela mostra.
–Eu vou te contar um segredo, –disse Hagrid, se aproximando um pouco mais do garoto –mas você tem que prometer que não vai contar isso pra ninguém, muito menos para o Tiago.
–Eu prometo.
–Você já ouviu falar de Gina Weasley?
Kyo fez que não com a cabeça, Hagrid prosseguiu.
–Muito bem, ela e a mais nova entre os irmãos do pai de Tiago, uma garota muito bonita, alias, até o quarto ano dela em Hogwarts ela era apaixonada pelo Harry, apesar de duvidar que ela ainda seja, muito bem, no ultimo ano de Harry, Rony, Mione e Malfoy aqui na escola ela e Malfoy começaram a se aproximar, se aproximaram até demais, então quando a pequena Gina se formou ela e Malfoy foram viver juntos na franca, em Lion, para ser mais exato, onde cursavam o curso superior em magia, Gina queria ser pocionóloga e Malfoy pocionista, como os assuntos eram muito parecidos eles tiveram muitas aulas juntos, já que Malfoy repetiu o primeiro ano, e, por isso, voltaram a se aproximar, chegaram a ter um namoro firma até uma desgraça acontecer, Gina engravidou de Malfoy, no começo tudo bem, Malfoy dizia que iria se casar com ela, que eles teriam muitos filhos mais. Só que no final o pai de Malfoy o proibiu de se juntar a garota, de se casar com uma Weasley, ele tentou relutar, estava realmente apaixonado, mas o pai o comandava. Quando a nasceu Malfoy obrigou Gina a permanecer na franca, enquanto ele ajeitava as coisas, Malfoy ficou com a criança, depois de dois anos Gina voltou e descobri que Malfoy se casara e registrara a garota em seu nome e no de Pansy Parkison, sua esposa, entro em crise de depressão, queria a filha de volta, já não amava mais Malfoy, dizia que fora uma paixão de verão, que ainda queria Harry, que se casou com Cho uma semana antes, Malfoy ignorava a garota dizendo que a criança era dele e de seu esposa. Você já deve ter presumido que essa garota é Carla Malfoy, a garota puxou a aê, apesar de ter sido criada para ser má como os pais, sua personalidade saiu muito a da mãe, por isso ela é daquele jeito.
Kyo ficou mudo, Carla era prima de Tiago, ele sentiu uma vontade enorme de contar isso para o amigo, mas o gigante pareceu ler seus pensamentos:
–Nem pense em contar isso para o Tiago, ouviu bem? Ele não precisa saber disso.
–Tudo bem, eu não conto, mas... quem é que sabe disso? –perguntou Kyo, bebendo um ultimo gole de chá.
–Eu, você, Dumbleodore, Gina, Malfoy e a esposa dele. Mas creio que os pais da Gina também saibam.
Kyo ficou pensativo um pouco, aceitou alguns dos docinhos que Hagrid, o que se tornou um arrependimento, pois os docinhos grudaram seus dentes, o impedindo de abrir a boca. O enorme cão de caçar javalis de Hagrid havia acordado, ele encarou Kyo por alguns instantes, o que deixou o garoto ligeiramente nervoso, depois o cão latiu e correu na direção de Kyo, balançando a calda. O cão encostou a cabeça no colo de Kyo, que ficou sem jeito por alguns instantes, mas logo passou a acariciar as orelhas do animal.
–Parece que o Canino também te achou parecido com o Harry! –disse Hagrid divertido, passando a mão na cabeça do cachorro.
–O Harry devia fazer o maior sucesso entre as garotas, não é? –perguntou Kyo, curioso com a vida do amigo.
–Não, nem tanto.
–Não? –agora Kyo não entendera. –Mas como? Se ele é tão parecido comigo devia fazer o mesmo sucesso.
–É que na época dele todos entravam em Hogwarts com onze anos por isso provavelmente as garotas o viam como um garotinho e ele cresceu sendo sempre um garotinho nas cabeças delas, as garotas que entraram depois dele é que passaram a gostar dele, mas ainda assim demoraram, a maioria das garotas só passa a se interessar realmente pelos garotos com catorze quinze anos, quando ele já estava preste a sair da escola.
–É, eu também só passei a me interessar pelas garotas com uns catorze anos. –concordou Kyo, pensativo, imaginou como Harry e Cho se conheceram. –Mas como o Harry e a Cho se conheceram?
–Eram ambos apanhadores, ele da Grifinória e ela da Corvinal, no começo ela viu nele um rival, enquanto ele via uma linda garota, com treze anos se apaixonou e até hoje vive com ela, o Harry é um cara de sorte.
Kyo desejou ter a mesma sorte, pensou por um instante, se imaginou com Uandalini, casados, mas parecia um sonho tão distante, queria algo mais possível, mais próximo, queria Nanda. Se surpreendeu com aquele pensamento, sentiu-se confuso.
Se despediu de Hagrid dizendo que iria para o castelo almoçar e, depois de lutar um pouco contra Canino, que parecia saber que ele não iria para o castelo.
Kyo seguiu andando pelo terreno, não tinha a menor vontade de voltar para o castelo, queria andar um pouco, não que estivesse mal, mas no castelo, mesmo sendo tão grande, as chances de encontrar com Nanda eram muito maiores. Ele andou pela neva que caia devagar e fina, não olhava para frente, um tipo de encanto o fazia não conseguir tirar os olhos do chão.
Ele sabia que seus olhos marejavam, a cena de Nanda e Julius encostados no fim do corredor, Kyo não sabia o que fazia, mas não parava de imaginar que eles se estavam beijando. Não sabia o porque de sentir tanto ciúme, sentia-se culpado, não só por Nanda, que o maior motivo, mas também pelo que quase acontecera com Sarah, ele quase a beijara, no momento sentiu culpa por quase fazer aquilo com a garota que o amigo gostava, mas agora sabia que Tiago não gostava dela, então por que aquela culpa? Talvez por ter iludido a garota? Não, não era aquilo, uma luz se acendeu em sua cabeça, fora por quase beijar a garota na frente de Nanda, o que significava que aquele peso era todo por causa dela.
Seus pés afundavam na já grossa camada de neve que encobria o outrora verde jardim da escola, o castelo imponente se erguia logo atrás dele, que pensou em dar a volta no castelo e ficar um tempo olhando o penhasco, quando viera sentira vontade de fazer aquilo. Pensou um pouco, não estava afim de andar tanto até lá, deu uma breve olhada a volta, que, sem querer, acabou se tornando muito longa.
Ele avistou uma figura vindo em direção ao castelo, usava as vestes negras de Hogwarts. Ele tirou seus óculos e os limpou, estavam muito embaçados, e os pôs de volta no rosto, apertou os olhos para ver quem vinha, destacando-se na neve. Uandalini reparou que estava sendo observada e caminhou na direção dele, que também ia na direção dela, se perguntando que diabos ela fazia no meio daquela neve.
–Que é que você tá fazendo fora do castelo? –perguntou Kyo, quando chegou ao lado dela.
–Olha quem tá perguntando? –zombou ela, continuando andando. –Creio que não estava fazendo nada tão especial quanto você.
–Eu estava com o Hagrid, conversando. –completou, ao ver a expressão intrigada que ela fez.
–Conversando com o Hagrid? –perguntou ela. –Sobre o que? Não sabia que se conheciam.
–Eu já havia trocado uma palavrinhas com ele.
–E sobre o que falaram?
–Sobre como eu e Harry somos parecidos, até no modo de agir, até mesmo Canino me achou parecido com ele.
–Canino? E quem é esse? O cachorro?
–É, por que?
–Nada, é que eu não conheço muitas pessoas que entendam os cachorros.
Kyo sabia que ela estava zombando da cara dele, mas resolveu não se mostrar ofendido, ao invés disso entrou na brincadeira.
–Sabe como é? Eu não posso deixar eles falando sozinhos.
–Ah, qual é? Você não quer mesmo que caia nessa, quer?
–Não, só queria que me levasse a serio.
–Você fala que falou com um cachorro e quer ser levado a serio? Você é louco, por acaso?
–Não, é que algumas pessoas entendem a maneira como os cachorros se comunicam, seus gestos, mas tem os ignorantes que riem da cara deles, sem nem ao menos tentar entender.
–Calma, não precisa ofender! Só estava brincando!
–Foi mal, mas eu não tô pra brincadeiras.
E com isso se afastou, indo em direção a floresta proibida, os punhos cerrados, aquela conversa estranha com Uanda não melhorara seu estado de espírito. Suas caminhada fora dificultada pela neve que parecia mais grossa perto da floresta.
–Por que não está pra brincadeiras? –Uandalini correra atrás dele. –Brigou com a Potter?
A voz ela soara tão sarcástica e cínica que Kyo teve vontade de dar um belo soco nela, talvez apenas empurra-la na neve.
–Nem conversei com a Lily ainda hoje. –respondeu ele, e sem poder perder a oportunidade continuou –Por que a pergunta? Tá com ciúme?
A garota ficou escarlate. Olhou desesperada para o garoto, Kyo sorriu ao ver aquilo.
–Q-que é que você quis dizer com isso? –perguntou ela, a voz saíra tremula e Kyo notara uma nota de pânico.
–Calma, por que o pânico? –disse ele, em tom brincalhão –Eu só estava brincando.
–Eu... eu p-pensei que você estivesse dizendo... –a voz dela morreu.
Mas Kyo já não prestava mais atenção, olhava uma figura estranha com um enorme casaco de camurça correr em direção a floresta, pode reconhece-lo ao longe, Argo Filch, o zelador da escola parecia ter pressa, pois seus pés mal entravam na neve já saiam para um outro passo, Uandalini continuava a falar.
–Mas saiba que eu...
–Cala a boca! –disse ele rispidamente, pondo a mão na frente da boca dela. –Agora volta pro castelo!
Ela se desvencilhou da mão dele e olhou para ele nervosa, sem entender.
–Pra que? –perguntou. –Não quer minha companhia fala!
–Eu já te disse pra calar a boca! –disse ele, ainda olhando para o lugar onde Filch entrara. –Olha o Filch entrando na floresta...
Ela observou Filch por um segundo depois se voltou para o garoto:
–Que é que tem? Ele não é o zelador?
–Ele anda meio esquisito ultimamente... –sibilou ele.
Eles ficaram observando Filch por algum tempo, Kyo não sabia o que fazer direito, mas quando Filch desapareceu em meio ele se levantou involuntariamente. Uandalini o segurou pela barra da capa.
–O que você pensa que tá fazendo? –cochichou ela. –Se o Filch te pega seguindo ele te pendura pelos dedos nas masmorras!
–Eu vou atrás dele, –disse ele andando –eu vou descobrir o que é que ele anda aprontando!
–Ele é o zelador, pode andar pela escola quando e onde quiser!
–Me solta, deixa eu ir!
–Eu também vou!
–Vai voltar pro castelo!
A voz de Kyo soou tão estranhamente que ele mesmo teve que rir. Saiu correndo para perto das arvores, calculando mais ou menos onde Filch deveria ter adentrado a floresta. Uanda em seus calcanhares.
–Eu não te falei pra ir pro castelo? –perguntou ele, rispidamente.
–E deixar você entrar na floresta sozinho? Tá menos de zero graus!
–Frio é o de menos.
Eles já haviam ganhado cinqüenta metros, Kyo pode ver Hagrid mexendo num canteiro ao lado de sua cabana, a torre da Grifinória ao longe, mesmo aquela distancia e claro do jeito que estava era possível perceber o brilho das lareiras acesas na sala comunal. De repente Uanda puxou sua capa, fazendo-o perder o equilíbrio.
–Que é? –perguntou ele, com impaciência.
–Olha as pegadas! –ela apontou para algumas pegadas na neve que adentrava a floresta. –Se eu não tivesse aqui você passa batido, né?
–Isso não é hora pra bronca, tá legal? Agora volta pro castelo!
–Nem morta!
–Espero que não morra mesmo.
–Só se for de susto com a caraça feia do Filch!
Kyo riu e seguiu as pegadas que entravam na floresta, Uandalini resmungava alguma coisa atrás dele. Ele tentava se esconder atrás das arvores, para o caso de Filch voltar subitamente, e para isso tinha que puxar Uandalini a todo momento, a garota parecia estar mais interessada em olhar para sua nuca do que ir atrás de Filch.
As pegadas agora ficavam um pouco mais difíceis de se seguir, já que a neve não tinha muito sucesso em atravessar as arvores, mas ainda assim em vários pontos havia grandes montes de neve, onde Filch pisara e deixara suas marcas. Mas o que Kyo estranhava era que havia outras pegadas, pegadas de cavalos ou alguma outra criatura que tivesse cascos, de qualquer modo a tal criatura deveria ser pesada, pois as suas marcas não estavam apenas na neve, mas também na terra e por todo lado.
A essa altura Kyo já estava sentindo os efeitos do frio, que parecia aumentar a cada minuto, seu rosto ardia, já não sentia a ponta de seus dedos e seu corpo parecia estar muito mais quente do que de costume. Uandalini não parecia estar sofrendo a mesma coisa, mas seus lábios estavam roxos de frio e a garota tremia.
–Tá com frio? –perguntou ele, tentando manter sua voz firme.
–T-tô, muito... –disse ela, suspirando, o ar se condensou a sua frente.
–Tira a capa, –disse Kyo, tirando a própria capa –veste o meu suéter por cima da sua.
–Não! –disse ela, com a voz fraca de frio –Tá muito frio, você não vai agüentar...
–Veste logo.
Disse ele se apressando em por a capa por cima da camisa e a ajeitando para manter o corpo quente, o cachecol colaborando um pouco.
Eles seguiram seu caminho, andando devagar, as vezes Kyo tinha que fazer um pouco de esforço para lembrar o que estava fazendo na floresta. De vez em quando olhava para trás para verificar se a garota estava bem.
–Pega o meu cachecol. –disse ele, enrolando o cachecol em torno do pescoço dela. –E não adianta negar, eu não estou com frio. –completou ele, mentindo.
A garota ainda abriu a boca para protestar, mas ele já havia se virado e prosseguido seu caminho.
Ele andava ligeiramente rápido, não que estivesse apenas com pressa para descobrir o que o Filch estava fazendo, sentia vontade de se aquecer e talvez o exercício talvez ajudasse um pouco. Ele viu que agora as pegadas na neve não eram mais de uma só pessoa, mas de duas, a segunda pessoa surgira da esquerda, de trás de uma arvore talvez, ele deu mais um passo e passou a escutar vozes.
–O lorde já disse para você não ficar embaçando, Bella! –disse uma voz áspera e untuosa.
–Bellatriz Lestrange não embaça, –disse a voz aguda e raivosa de Filch –estou apenas preparando o terreno, Lúcio!
–Não se demore, Bella, –a voz áspera continuou –ele já estava pensando em mandar Pansy em seu lugar, creio que Draco não gostaria muito disso.
–E você sabe que ele nunca faria nada que pudesse deixar Snape nervoso, ele idolatra o traidor.
Eles ficaram em silencio por um instante, Kyo se aproximou por trás da arvore, Uandalini em seu encalço, tremendo de frio, Filch rodava uma varinha entre os dedos, com um sorriso cruel estampado em seu rosto. A outra figura usava uma capa negra e tinha um capuz dobre a cabeça, ocultando sua face, tinha a varinha em punho.
Kyo achou que aquele não podia ser Filch, tudo bem que Filch sempre exibia um sorriso maldoso quando pegava um aluno aprontando, de preferência quando era um dos trigêmeos, ou que a cara de quem estava comendo bosta continuava lá, mas aquele não era o sorriso de Filch, havia muito mais que maldade naquele olhar, havia vontade de matar, sede, mas não de água, ou talvez suco de abóbora ou cerveja amanteigada, como já vira no rosto de Tiago, aquela era uma sede de sangue.
–E como vai nosso amiguinho Argo? –perguntou a figura de capuz, em tom divertido.
–O de sempre, na salinha dele, dormindo, –respondeu Filch –sabe que ele é um dorminhoco de primeira?
–Não brinque, Bella, voe sabe que tem que tomar cuidado, a poção do morto vivo as vezes falha se usada com muita freqüência na mesma pessoa.
–E quem foi que disse que eu estou dando uma poção do morto vivo a ele?
–Como não? Ele pode estragar tudo, imagine se ele acordar! –gritava a figura encapuzada.
Filch deu uma gargalhada aguda, aguda e cruel que fez a espinha do garoto se arrepiar.
–Você não me conhece muito bem, não é? –disse Filch, com um sorriso nos lábios. –Mal sabe que eu tenho truques muito melhores para manter alguém desacordado.
–Como? –perguntou a figura encapuzada –Eu posso saber?
–Você provavelmente nunca ouviu falar no veneno do chifre de um unicórnio, já?
–Não, o que isso tem demais?
–O veneno de um unicórnio não mata, apenas te faz perder os sentidos, um mililitro é capaz de fazer uma pessoa dormir, assim digamos, por uma semana, se administrado da maneira correta pode nos ser muito útil.
–E isso pode matar?
–Ah, mais de cinco mililitros pode ser letal.
Kyo se assustou com aquilo, se uma quantidade tão pequena pudesse ser letal, imagine se alguém ingerisse uma quantidade equivalente a um cálice. Ele se virou, e reparou que Uandalini já estava roxa de frio, abraçou ela e a puxou do lugar, sem antes pisarem num galho fazendo-o estalar.
–Quem está ai? –rugiu Filch, a varinha em punho.
–Uanda, corre! –disse ele baixinho.
–Tá muito frio... –disse ela, baixinho. –Não da pra correr...
–Se correr vai esquentar! –disse ele.
Não foi preciso repetir, a garota disparou, correndo tanto, se não mais, que Kyo. Escutaram Filch e a figura, que antes estava encapuzada, correndo atrás deles.
–Estupefaça! –era a voz de Filch.
Kyo se virou, sabia que aquele feitiço o acertaria em cheio.
–Protego! –exclamou Kyo, apontando a varinha para o chão, uma barreira invisível fez que o feitiço parar.
Kyo continuou correndo, corria o máximo que podia, escutou uma arvore explodir as suas costas. Viu Uandalini a sua frente, ela mal conseguia manter o pique, mas ainda seguia na frente dele, se sentiu mal, e se acontecesse alguma coisa com ela. Escutou barulhos de cascos, devia ser sua imaginação. O barulho não cessava, “que coisa estranha, de onde tá vindo esse barulho? É... eu vi marcas de cascos no chão, quando vínhamos...”.
–Quem é o moleque, Lestrange? –perguntou o homem de capa.
–Não sei, não vi a cara do fedelho! –respondeu uma voz, não era a de Filch, era de uma mulher, Kyo imaginou que ele deveria ter sido nocauteado.
Ainda correndo Kyo se voltou para trás, havia duas pessoas correndo atrás deles, um era um homem de longos cabelos grisalhos muito bem presos num rabo de cavalo, de longe eram visíveis seus olhos cinzentos, a outra era uma mulher, visivelmente mais jovem que o outro, seus cabelos estavam soltos e embaraçados, havia muitos cabelos brancos no meio destes, ela até bonita, apesar de velha, Kyo imaginou que ela deveria ter sido uma linda mulher antigamente.
–Avada Kedavra! –gritou o homem, Kyo sabia que nada aconteceria, não se era possível usar esse feitiço dentro dos terrenos de Hogwarts. Temeu então outra coisa, e foi isso que escutou saindo da boca da mulher.
–Cruccio! –o feitiço atingiu uma arvore ao lado de Kyo, a arvore começou a cair lentamente.
Ele alcançou Uanda, que já não conseguia correr como antes, para dizer a verdade, quase não conseguia respirar, quanto mais correr. Ele jogou a garota para um lado e se esconderam atrás de um enorme ronco caído, não havia neve no local, tampouco luz, mas o frio era quase insuportável.
Eles ouviram os passos apressados dos dois se aproximando, Kyo já não sentia mais suas mãos e sua pernas estavam duras, Uandalini tinha os lábios muito roxos e sua pele estava tão branca que seria possível confundir com a neve, a garota bufava de frio, Kyo temia que os dois estranhos escutassem.
–Onde eles se meteram? –perguntou o homem, a mulher resfolegava.
–Não sei, Lucio! –disse ela –Dá uma olhada a volta.
–Você é a legimente aqui, Bellatriz, você deveria encontra-los.
–Espera tá legal...
Kyo viu ela fechar os olhos e se concentrar, uma veia em sua têmpora estava mais saltada que o normal. De repente sentiu um estranho formigamento na nuca e uma leve pressão em sua cabeça, como se alguém estivesse apertando-a. Ele fechou os olhos, tentando se livrar da dor, e então viu uma coisa muito estranha, só não sabia como.
Estava numa sala grande e muito bonita, um enorme sofá e uma poltrona negra estavam ao meio, em volta algumas prateleiras e estantes com vários porta-retratos, fotos de uma mulher alta de cabelos negros, um homem de cabelos castanhos e olhos muito azuis e um garoto de cabelos negros e olhos de uma cor indecifrável, cheios de alegria, tristeza ou raiva. Havia uma escada também, uma escada alta e imponente com corrimões em mogno e degraus em marfim, num dos degraus do meio estava um jovem, não teria mais que dezoito anos, seus cabelos soltos sobre o rosto e os olhos divertidos olhando para cima, era incrivelmente bonita e usava vestes negras de bruxo que a deixavam ainda mais bonita. De repente, descendo a escada, apareceu um garoto, era o garoto das fotos, ele carregava um enorme malão, seus olhos mostravam que ele estava furioso e um enorme corte na sua testa indicava que ele acabara de sair de uma briga feia, a garota olhou divertida para ele, quando ele terminou de descer a escada, ofegante.
–Qual é Sirius? Acha mesmo que a titia vai te deixar ir embora? –disse ela, com um sorriso.
–Eu não quero saber o que ela deixa ou não, nessa casa eu não vivo mais! –exclamou ele, pegando uma vassoura debaixo de um armário embaixo da escada.
–Você vai pra onde? Só tem quinze anos!
–Vou pra casa do Tiago, ele disse que eu posso ficar com ele até terminarmos Hogwarts!
–Os pais dele te aceitaram? –perguntou ela, incrédula. –mesmo sendo tão amiguinho da sangue-ruim da Evans?
–Eles não só me aceitaram como convidaram a “sangue-ruim”, como você a chama, para passar o verão lá.
–Fica Sirius, você sabe que sua mãe não vai suportar a sua falta.
–Ela me mandou ir, e eu vou! Alem do mais, eu não ficaria só por que ela quer!
–Então fica por mim.
–Bella, você está noiva do Lestrange, o tal Rodolfo.
–Mas você sabe que eu não tenho a mínima vontade de me tornar a bellatriz Lestrange, eu prefiro ser Bellatriz Black.
–Bellatriz Black você já é, se quer continuar sendo desista do casamento e morra solteira.
–Sirius, não faz isso comigo...
–Depois do que você fez comigo? Ah... e eu sou seu cachorrinho, né? Nada disso, eu disse que te amava e que você fez? Uma semana aceitou o pedido de casamento do Lestrange.
–Mas você sabe que eu te amo Sirius.
Neste momento o garoto abriu a porta, pegou o malão e montou a vassoura, olhou para trás e sorriu, tristemente, mas ainda assim era um sorriso sincero.
–Te amo, Bella, espero que seja feliz com o Rodolfo.
E com isso deu um impulso na vassoura, a garota pulou da escada, bateu com força o joelho no chão, Kyo viu o sangue escorrer de um corte no começo da canela dela.
–Volta Sirius! –gritou ela, uma lagrima lhe escorrendo pela face. –Volta, eu te amo! Eu te amo...
A voz dela morreu, ela se largou de joelhos no chão, sem ligar para a dor que sentiu no joelho.
–Argh! –Kyo voltou a realidade, a mulher que o perseguia agora estava caída no de joelhos no chão, lagrimas escorriam pelo seu rosto, o homem que estava com ela, também estava ajoelhado ao lado dela.
–Que foi Bella? –perguntava ele, preocupado. –Que aconteceu?
–O garoto... –disse ela, ofegante –tentei entrar na mente dele...
–E ai, descobriu onde ele está?
–Não, ele é legimente também... e parece que é natural...
–Por que? O que aconteceu?
–Ao invés de eu entrar na mente dele, ele entrou na minha...
–Ele descobriu alguma coisa importante? Nosso plano?
–Não, só coisa de adolescente, o que...
Ela parou de falar de repente, estava escutando alguma coisa, Kyo também escutou, ficou em silencio para tentar identificar.
–Lúcio, vamos embora! –exclamou a mulher se erguendo.
–Por que? E os garotos? –perguntou ele –Eles podem ter descoberto alguma coisa!
–Os centauros, estamos na área deles, –disse ela –escuta o barulho de cascos, se eles no pegam aqui estamos mortos.
–Mas não podemos desaparatar! Estamos em Hogwarts!
–Eu já pensei nisso, Accio vassouras!
Duas vassouras muito velhas e esfarrapadas vieram voando por entre as arvores na direção deles, o homem sorriu quando elas pararam voando na frente deles. Eles montaram as vassouras e saíram voando, o homem com um pouco de dificuldade e saíram do lugar, um pouco devagar, pensou Kyo, que estava acostumado a ver vassouras incrivelmente rápidas. Kyo reparou numa coisa que caíra do bolso da mulher, ele correu até onde estava o objeto e o pegou, era um vidrinho onde se punham poções, dentro havia alguns fios, Kyo demorou a reconhecer o que eram.
–Fios de cabelo? –disse ele, e então se lembrou da cena em que Filch recebera um vidrinho com uma poção estranha, tudo fazia sentido agora. –Poção polissuco...
Então ele escutou um gemidinho baixo, era Uanda. Ele correu até o lugar onde ela estava. A garota estava sentada no chão, os lábios mais roxos do que nunca, a pele vermelha de frio, esfregava a mão pelo corpo tentando se esquentar, os olhos dela estavam apertados e a varinha dela estava caída ao lado dela.
–Você tá com frio, ainda? –perguntou ele, retirando sua capa e pondo em cima dos ombros dela.
–Não... –disse ela, baixinho. –Você precisa de alguma coisa pra se esquentar...
–Eu não estou com frio. –mentiu ele, sentia muito frio, não sentia suas mãos e quase não sentia seus braços, suas pernas estavam ainda mais duras.
–Não tem como você não estar com frio... –riu ela, e pegou sua varinha –está só com uma camisa, que, alias, está com as mangas dobradas.
Era verdade, as mangas da camisa dele estavam dobradas, mas ele não fez questão de desdobrar, andava de um lado para o outro, pensando em Filch, há quanto tempo que ele havia sido substituído? Enquanto isso Uandalini tentava por fogo no tronco caído da arvore:
–Lacaru Inflamare! –nada demais aconteceu, apenas algumas brasas que não duraram muito. –Lacaru Inflamare!
Mais brasas, a garota xingou baixinho, Kyo teve que rir, ela nunca se dava bem com os feitiços e parecia se dar bem com a teoria também.
–Esse feitiço só funciona se tiver um outro combustível de queima mais rápida, –explicou ele, com um sorriso de sabe-tudo que lembrava muito Sarah –tipo álcool ou querosene, Incêndio!
Ele apontou a varinha para o tronco que quase imediatamente começou arder em chamas, Uandalini sorriu para ele, que respondeu antes mesmo que ela perguntasse:
–Convivência com a Sarah.
Ela olhou para ele, Kyo não entendeu se impressionada ou irritada.
–Por que você e a Sarah se dão tão bem? –perguntou ela. –Quero dizer, vocês estão sempre juntos, você e o Tiago é compreensível, foram os primeiros a falar um com o outro no trem, mas como você se da tão bem com ela?
–Sinceramente eu não sei, –explicou ele –acho que me identifico com ela, sabe? Mas falando em amizade, desde quando você e o Malfoy são amigos?
–Nós não somos amigos! –exclamou ela, com a voz indignada. –Não mesmo!
–Então por que foram juntos ao baile? Sei lá, não são muitos os inimigos que vão a um baile juntos, são?
–Não é que somos amigos, é que... que... que ele descobriu uma coisa sobre mim... e ameaçou espalhar se eu não fosse ao baile com ele...
–O que ele descobriu, hein?
–Nada! Não é da sua conta!
–Por que você não me...
De repente ele escutou um barulho alto, como já tivera aula de hipismo quando menor sabia que era o barulho de cascos batendo no chão, viu a cara de pavor que Uandalini fez e automaticamente se virou, se não estivesse tão assustado ele teria achado aquilo muito bonito. Um homem alto de cabelos negros caídos sobre o rosto e olhos de um negro que lembravam um buraco negro, tinha a pele clara, mas da cintura para baixo não era mais um homem, era o corpo de um cavalo de pelos negros e uma longa calda, segurava um arco de madeira tosca e uma flecha de ponta dourada, que brilhava estranhamente naquela pouca luminosidade.
–Parado, destruidor da floresta! –exclamou o centauro, mirando a flecha no peito do garoto.
Kyo apertou a varinha na mão, não sabia o que fazer, pensou em Uandalini, e se ele atirasse aquela flecha nela? Com os reflexos que os treinos de quadribol lhe deram ele poderia desviar, mas a garota não conseguiria, mesmo porque estava praticamente deitada no chão.
–O que... –começou Kyo, se encolhendo ao ver aquela flecha direcionada a seu peito –o que foi que eu fiz?
–Não se faça de idiota! –exclamou o centauro, nervoso. –Você sabe exatamente o que fez!
–Eu posso te jurar que não. –disse Kyo tentando manter a calma, o que era dificultado por aquela ponta de flecha a três metros dele.
–Você derrubou e queimou uma arvore do território dos centauros, –disse ele, se aproximando um passo –Hagrid nos prometeu que ninguém invadiria nosso território.
–Nós não invadimos! –protestou Kyo. Quer dizer... não por querer, estamos perdidos, estávamos fugindo.
–De quem? –perguntou o centauro, Kyo percebeu que os olhos dele giraram a procura de algum predador à volta.
–Duas pessoas, –explicou Kyo –um homem e uma mulher, você pode olhar ali e ver as marcas de feitiço que ficaram em algumas arvores.
Kyo baixou a mão para apontar o caminho, que era atrás do centauro, mas, por algum ironia do destino ou simples acaso, ele baixou a mão da varinha a acabou apontando esta para o centauro, que, se sentindo ameaçado, soltou a flecha do arco. O susto mais forte que os reflexos dele, que foi atingido no ombro pela flecha, ele caiu no chão com a dor, que ele achou ser muito maior do que deveria.
Uandalini pareceu se esquecer do frio se levantou e correu na direção no garoto, se largando de joelhos ao lado dele.
–Seu idiota! –gritou ela, histérica. Nos livramos de dois Comensais da morte para que você venha e atire uma flecha nele! Vai buscar o Hagrid! Agora! Ele é apenas um estudante do primeiro ano! Vai!
Kyo pode ver, meio fora de foco, o centauro se virar e galopar o mais rápido que pode em meio as arvores, provavelmente em direção a cabana de Hagrid. Ele sorriu, mesmo sem querer, não sabia porque, mas tinha certeza de que morreria.
–Por que você tá rindo? –perguntou Uandalini, a voz dela muito preocupada.
–Parece brincadeira... –disse ele, sentia suas forças desaparecendo.
–O que?
–Hoje, antes de sair da torre da Grifinória, eu disse pra Nanda imaginar se eu acordar.
Uanda apertou a mão dele com muito mais força que ele imaginava que ela tinha e disse:
–E daí?
–Ela não precisa mais imaginar, eu não vou mais acordar...
–Não fala besteiras, você vai acordar sim!
–Como sabe..?
–Eu não sei, só sei que não vou agüentar se você não acordar... –a voz dela saiu muito baixa.
–Tá apaixonada..?
–Eu nunca disse que te amo. –disse ela apertando ainda mais a mão dele.
–Mas também não disse que não me quer... –suspirou ele, sem forças.
Ele sentiu tudo girar e escurecer de alguma forma estranha, estava desacordado.
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