O espelho de Ojesed
––––CAPITULO DOZE––––
O espelho de Ojesed
Faltavam apenas duas semanas para acabar o prazo que Neville dera a Kyo para fazer a poção polissuco, o garoto achava que estava indo com sucesso, faltava agora apenas um fio de cabelo ou outra parte qualquer do corpo de alguém para adicionar a poção. Kyo se levantou e desceu para ir tomar seu café da manha.
Tiago, Kyo e Sarah estavam tomando o café da manha, como de costume, afastado do resto do pessoal do primeiro ano, principalmente de Archie, o garoto os dava mal estar. De repente alguém bateu com tudo nas costas de Kyo.
–Mas que m..? –começou Kyo, quando viu os trigêmeos Weasley.
–E ai, apanhador? –cumprimentou Ciro.
–É isso ai, mano, vamos nós! –exclamou Felipe.
–Apanhador..? –começou Kyo. –Tiago, você prometeu que não contaria a ninguém! E ainda resolveu contar um mês depois!
–E eu não contei! –exclamou Tiago, indignado.
–É, ele não contou, foi a Julian. –disse Renan, dando um pulinho muito estranho.
–E se o que a prof ª Minerva disse for verdade, –dizia Ciro, imitando Renan –a taça desse ano é nossa!
–Fala baixo! –exclamou Kyo –A Julian disse que não era pra contar pra ninguém!
–E por que você contou pro Tiago e não pra mim? –perguntou Sarah, visivelmente triste.
–O Tiago é simplesmente viciado em quadribol! –explicou Kyo. –Ele me mataria se eu não tivesse contado pra ele!
–Só se for de susto, –zombou Ciro –com essa cara feia...
–Sai fora! –gritou Tiago, fazendo todo o salão olhar para ele –Os três!
Os trigêmeos Weasley saíram as gargalhadas, Tiago olhava feio para eles.
–Esses três são loucos! –exclamou ele.
–Eu queria que você me contasse, Kyo, –disse Sarah, tristonha –pelo menos eu não tenho irmãos para contar as fofocas...
–Eu não contei pra eles! –disse Tiago entre os dentes, socando a mesa.
–Então como eles descobriram? –perguntou Sarah, Kyo teve o pressentimento de que eles iriam começar a brigar.
–Eles são do time, artilheiros, tá bom agora? Ou também quer um doce? –disse Tiago, seu nariz quase tocando o de Sarah.
–Tudo bem. –disse a garota, erguendo as mãos em sinal de paz.
Nesse instante uma nuvem de corujas entrou no salão, Kyo olhou para cima automaticamente, sabia que Edwiges nunca lhe trazia nada, mas pegara esse costume com Sarah, que todo dia recebia alguma coisa do pai ou da mãe. Para sua surpresa, no meio da massa cinzenta havia uma coruja branca como a neve. Ela trazia apenas um bilhete, mas duas corujas das torres atrás dela traziam um pacote fino e comprido, Kyo desconfiou do que seria.
–Edwiges, o que vocês está fazendo aqui? –perguntou o garoto, erguendo o braço para a coruja pousar.
As outras duas corujas largaram o pacote na frente do garoto, serviram de mingau de aveia e bateram as asas, indo embora. Kyo pegou o bilhete na perna de Edwiges, a caligrafia de Harry lhe encheu os olhos:
Kyo,
Não abra aqui!
Parabéns! A prof ª Minerva McGonagall me mandou uma coruja contando sobre sua façanha, acho que nem eu mesmo faria melhor! Eu achei que você entraria para o time de quadribol, por isso mandei seus pais comprarem aquela vassoura de presente de aniversario, bem eu tô te mandando ela. Espero que faça bom uso, acho que Dumbleodore vai me deixar ver os jogos, pelo menos os seus e os da Lilian. Quero ver jogo, hein? Seus pais estão esperando você escrever para eles.
Um abraço,
H.P.
Kyo olhou para a vassoura embrulhada logo a sua frente, pegou ela e saiu correndo do salão principal, Sarah e Tiago em seu calcanhar. Quando chegou ao saguão de entrada teve a mais desagradável das surpresas, Malfoy, Crabbe e Goyle vinham subindo das masmorras, Crabbe e Goyle riam como dois orcs.
–O que é isso, Hunter? –perguntou Malfoy, se aproximando.
–Não te interessa, Malfoy! –disse Kyo, encarando o garoto.
–Ah, mas me interessa sim!
O garoto arrancou o embrulho das mãos de Kyo, ele passou a mão por todo o embrulho, seu rosto se contorcendo.
–Isso é uma vassoura! –exclamou ele. –Ah, mas agora você se danou Hunter!
–Por que? –perguntou, Tiago.
–Você não leu a carta de Hogwarts, Weasley? –perguntou Malfoy, em tom de zombaria. –É proibido aos alunos do primeiro terem vassouras.
Nesse momento a prof ª Minerva veio descendo a escada, Malfoy deu um enorme sorriso quando a viu, Kyo sentiu seu coração perder um compasso.
–Professora, o Hunter tem uma vassoura! –disse Malfoy.
–Isso é verdade, Sr. Hunter? –perguntou a professora, o olhando por cima dos óculos.
–É, professora. –respondeu Kyo.
–Venha comigo, Hunter. –disse a professora, tomando o embrulho das mãos de Malfoy. –Vocês ficam, Sr. Weasley e Srta. Snape.
Kyo viu a decepção nos olhos de Tiago e Sarah e, pela segunda vez em dois dias, o olhar triunfante de Malfoy.
A sala da professora Minerva era cheia de troféus da Grifinória, retratos de pessoas muito velhas, que ficaram olhando ele passar, Kyo adorava essas fotos que se mexiam, e tapetes com leões nas paredes.
–Muito bem, Sr. Hunter, –disse a professora –vamos abrir esse pacote?
–Vamos. –respondeu o garoto.
Kyo abriu o embrulho sobre a mesa da professora, mais uma vez a vassoura de cabo negro, cerdas de azevinho e os dizeres Thunderbolt na ponta de seu cabo. A professora olhou surpresa para a vassoura.
–Uma Thunderbolt, Sr. Hunter? –perguntou a prof ª Minerva.
–É...
–Espero que elas nos de a taça desse ano, sabe não ganhamos a um bom tempo.
–Como?
–Essa vassoura, espero que você se de bem com ela.
–Serio?
–Mas é claro Sr. Hunter.
–Mas e aquele negocio de que alunos do primeiro ano não podem ter vassouras.
–Esqueça, Dumbleodore te autorizou devido as circunstancias especiais.
–Beleza.
–Agora, Sr. Hunter, espero chegar a minha sala depois do senhor. Pode deixar que eu levo a vassoura até seu dormitório.
–Hum... ah, é verdade, aula de transfiguração...
Kyo saiu correndo da sala, quando fechou a porta um sinal tocou em algum lugar da escola. Kyo acelerou o passo, a sala de transfiguração ficava do outro lado daquele corredor. Quando abriu a porta seu coração quase parou, a professora Minerva estava parada a frente da sala, quando o viu ela sorriu.
–Atrasado, Sr. Hunter? –caçoou ela.
–Co-como? –gaguejou ele.
–Eu dou os meus jeitos.
Kyo olhou para a sala, não havia lugares vagos, exceto por um, ao lado de Uandalini. “Droga” pensou Kyo, mas seu coração disparara, enquanto isso a garota, contra feito, lhe dava espaço para se sentar.
–Oi. –disse Kyo.
–Oi, por que você se atrasou? –perguntou ela.
–Tava resolvendo uns negócios, –respondeu o garoto –parece que andei quebrando algumas regras...
Os dois ficaram em silencio, a professora começou a explicar alguma coisa sobre animagos, pessoas que podem se transformam em animais. Kyo não estava prestando a mínima atenção no que a professora estava falando, queria ver uma partida de quadribol, queria jogar, sua mente estava em outro lugar. Ele não ligou quando a professora disse que também era uma animaga, muito menos quando ela se transformou em gato bem na frente de seus olhos.
–Muito bem, Sr. Hunter, o que esta acontecendo? –perguntou a professora, contrafeita.
–Ahn..? –o garoto acordou de seu devaneio.
–Não houve um único aluno em Hogwarts que não dissesse “oohhh”, quando visse minha transformação em gato.
–Hm, desculpe professora, é que eu estava concentrado na leitura... –mentiu ele, apontando para o livro de transfiguração aberto na sua frente.
–Espero que esteja dizendo a verdade, Sr. Hunter.
–Ahn... estou sim, professora.
Kyo voltou sua atenção para o livro, ou pelo menos tentou, já que agora não pensava mais em quadribol, “de onde tá vindo esse perfume?” pensou ele, “é tão gostoso...”, Kyo percebeu de onde vinha o perfume. Uandalini tinha os cabelos jogados para o seu lado, o pescoço ligeiramente inclinado, olhando em sua direção.
–Que foi? –perguntou Kyo.
–Nada, –respondeu ela, sorrindo– só estava pensando por que você está tão fora de sintonia...
–Por sua causa. –Kyo deixou escapar.
–Que? –a garota ficou vermelha.
–Er... o seu cabelo, o cheiro dele, tá me deixando inebriado... –Kyo aproveitou a chance para poder passar a mão nos cabelos da garota.
–Foi mal, eu viro eles pra, se você quiser! –exclamou ela, parecendo ofendida.
–Não!
–Por que?
–Eu posso tentar ignorar.
Kyo voltou sua atenção para o livro a sua frente, começou a ler: a transfiguração de pessoas em animais é um dos tipos mais complicados de transfiguração, é controlada pelo ministério da magia e, em alguns casos, pelo próprio ministro. Existem apenas doze animagos registrados pelo ministério, os quais são todos ex-participantes da antiga Ordem da Fênix. Se alguma pessoa sem instruções tentar fazer a transformação corre o risco de acabar virando algum tipo de aberração e não poder voltar a sua forma humana, existem registros de dois homens que acabaram em algum tipo de monstro entre águia e urso...
–Droga, de novo... –disse Kyo só para si.
–Que foi? –perguntou Uandalini.
–Nada.
A aula de transfiguração passou muito devagar, Kyo mal agüentava mais ficar ali, iria acabar fazendo alguma coisa da qual se arrependeria depois. Quando acabou a aula Kyo correu em direção ao salão principal. Estava morrendo de fome e vontade de vomitar, por isso achou conveniente comer antes de vomitar. Ele comia tudo que via pela frente.
–Cuidado! –exclamou as suas costas. –Essa colher pode quebrar seus dentes!
Kyo se virou e viu Malfoy, este sorria radiante, junto com seus capangas, Kyo sabia o porque do sorriso dele, Kyo se ergueu e o encarou, sua vontade de vomitar aumentou subitamente.
–O que você quer Malfoy? –perguntou Kyo, irritadíssimo.
–Queria saber como se resolveu a historia da sua vassoura? –perguntou ele, em tom de zombaria.
–Menos quinze pontos para a Grifinória, por que? –disse Kyo, se segurando para não socar, Malfoy.
–Ah, que legal, o Hunter perdeu quinze pontos?
–E você vai perder uns litros de sangue se não sair daqui!
–Você tem certeza? –Malfoy, discretamente fez sinal para mostrar que Crabbe e Goyle estavam com ele.
–Ah, se ele tem! –disseram três vozes em uníssono.
Malfoy virou e se viu encarando Felipe, Ciro e Renan, ambos com as varinhas nas mãos. Ele recuou um passo e trombou com Kyo.
–Você ainda vai ter noticias minhas, Hunter! –disse Malfoy.
–Pode deixar, eu vou ao seu funeral! –disse Kyo, quando Malfoy saiu correndo, com Crabbe e Goyle nos calcanhares.
–E ai Kyo, como vai essa sua habilidade? –perguntou Ciro.
–Ah, tá tudo beleza. –respondeu Kyo.
–Então levanta e pega a sua vassoura, –disse Felipe, num sussurro –temos um treino pra hoje à tarde.
–Mas hoje eu tenho aula de defesa contra as artes das trevas! –protestou Kyo, que adorava as aulas de defesa contra as artes das trevas.
–Esquece, –disse Renan –já falamos com o Pitaco!
–Ah, então tá beleza.
O garoto disparou na direção da torre da Grifinória, deixando os três lá embaixo. Quando chegou no dormitório, mal entrou já pegou a vassoura que estava em cima da cama e saiu correndo, quase caindo na escada. Quando ia passando pelo quadro da mulher gorda...
–Pra que essa vassoura?
Uandalini vinha entrando no salão comunal, parecia que ia pegar o material de defesa contra as artes das trevas.
–Er... –Kyo não sabia o que responder.
–Anda, você sabe que alunos do primeiro ano não têm permissão para terem vassouras!
–É por isso mesmo, a professora Minerva descobriu que eu tenho uma e me pediu para levar até sua sala. –mentiu o garoto, sentindo seu rosto corar.
–Espero que não perca pontos para a Grifinória, eu quero começar com chave de ouro!
A garota passou por ele quase o derrubando, ele olhou para trás e deu de ombros, não entendia o por que de as garotas ficarem de tanto mau humor de uma hora para outra.
Depois de ter encontrado Uandalini ele resolveu usar cada uma das passagens secretas que sabia levarem para o saguão de entrada, só para assegurar não encontrar ninguém. Imagine encontrar Malfoy, ele faria uma imensa bagunça só para ver o mal acontecer com Kyo.
Quando chegou no campo de quadribol encontrou os irmãos Weasley parados numa porta logo abaixo das arquibancadas da Grifinória, usavam as vestes Kyo imaginou ser do time, Ciro tinha nas mãos um conjunto idêntico.
–Toma ai. –disse ele entregando o conjunto para Kyo.
–São as vestes do time. –completou Renan.
–Não deixe ninguém ver, nem mesmo o piolho do Tiago. –terminou Felipe.
–Por que? –perguntou Kyo, intrigado. –Ele já sabe que sou do time.
–É, mas ele provavelmente vai te convencer a experimenta-las pela torre da Grifinória, ai alguém pode ver. –explicou Felipe.
–Mas vamos entrar, –disse Ciro –a Julian quer te apresentar os batedores.
–E você precisa por as vestes do time. –completou Renan.
Eles entraram e Kyo foi atrás, era um lugar amplo com boxes como em banheiros, alguns bancos onde os trigêmeos Weasley se sentaram com Julian e outras duas garotas e um quadro negro todo rabiscado, Kyo não entendeu nada do que estava escrito ou desenhado ali. Quando o avistou Julian se levantou de um salto.
–Ah ,Kyo, tudo bem? –perguntou Julian, apertando sua mão.
–Tu-tudo. –gaguejou o garoto.
–Parece que já conhece nosso barulho.
–Conhecer, conheço, mas nunca os vi fazendo sequer um chiado... –disse Kyo, dando de ombros.
–É que ainda estamos nos aquecendo... –explicou Felipe.
–Deixa isso pra depois, quero te apresentar nossas batedoras, Silvia Sniper e Amanda Bynes.
As garotas ergueram seus rostos e Kyo pode vê-los melhor, Amanda era uma garota de pele morena e olhos cor de amêndoa, seus cabelos eram claramente tingidos de vermelhos, não era muito bonita, mas era muito simpática. Já Silvia era, sem sombra de duvida uma das garotas mais lindas que Kyo já vira, seus cabelos castanhos claro lhe caiam levemente sobre a face, seus olhos eram cor de mel e incrivelmente penetrantes, sua pele era branca e lisa e, Kyo não pode deixar de reparar, o corpo dela era muito bonito também. “Nossa, mas que b...” pensou Kyo.
–Então, o que você acha do time? –perguntou Julian.
–Não tô querendo criticar, mas pelo que vi ontem o balaço não é muito para elas? –perguntou Kyo, apontando para as garotas.
–Você vai só ver... –nesse momento Julian viu a vassoura que Kyo segurava. –Uma Thunderbolt?!?
Kyo olhou para a vassoura, se perguntando o que teria demais naquela vassoura, apesar dele mesmo achar que ela era incrível.
–É, por que? –perguntou o garoto.
–Por que?!? –exclamou Julian, os trigêmeos Weasley quase se batiam tentando ver a vassoura. –Essa é a vassoura mais rápida do mercado! A Firebolt nem chega perto dela!
–Nossa...
–E bota nossa nisso! –exclamou Ciro.
–Kyo, –disse Julian –com sua habilidade e com essa vassoura o campeonato é nosso!
Realmente, a vassoura era incrível, quando montou e deu impulso ela simplesmente subiu o dobro que as outras, alem de ela ser incrivelmente rápida, mal Julian soltava o pomo o garoto já voltava com ele. Os trigêmeos Weasley pareciam um furacão com a goles, Kyo mau via a bola vermelha de tão rápido que eles passavam de um para o outro. Mas o que mais o surpreendeu foram as batedoras, em hipótese alguma Kyo imaginaria que Amanda a Silvia jogariam daquele jeito, elas praticamente brincavam com os balaços, ele imaginava como deveria doer o impacto daquela bola de aço maciço naquela maça.
–Incrível, Kyo, simplesmente incrível! –exclamava Julian a caminho da escola, Kyo já sem as vestes de quadribol e sua vassoura bem trancada no vestiário. –Eu nunca vi ninguém jogar como você jogou! E aquela vassoura! Nossa como ela é rápida!
Kyo achou que aquela noite dormiria como uma pedra, pois estava ainda mais cansado que na noite anterior, mas se enganou. Tivera um sonho horrível, estava no meio de uma floresta, corria, não sabia do que, só sabia que tinha que correr, mão podia ser alcançado, de repente tropeçou em alguma coisa, quando se virou viu Uandalini caída aos seus pés, seus rosto apavorado, a varinha apertada em sua mão, estava morta.
Kyo se ergueu suando frio, sua cicatriz ardia de leve, seu corpo estava ensopado, olhou pela janela, ainda estava muito escuro, pegou seus óculos na mesinha de cabeceira e olhou em seu relógio, ainda era um e quinze, mal dormira duas horas. Deitou-se, na esperança de voltar a dormir, mas seu sono desaparecera. Levantou-se, pegou sua capa de invisibilidade e o Mapa do Maroto desceu. a sala comunal estava vazia, algumas brasas insistiam em resistir nas lareiras, o mais silenciosamente que pode ele atravessou a sala, passou pelo retrato da mulher gorda e saiu.
O castelo estava muito escuro, ele tentava enxergar o mapa debaixo daquela capa, mas estava muito complicado.
–Lumus! –exclamou ele, e da ponta de sua varinha surgiu uma luz fraca que iluminou o mapa.
Kyo andava pelo corredores a toa, nem sabia para onde ia, só olhava o mapa de vez em quando para se certificar de que não encontraria nenhum professor. Os corredores de Hogwarts eram incrivelmente assustadores à noite, as estatuas pareciam adquirir vida, os quadros não paravam de cochichar alem das armaduras que rangiam como se dessem tenebrosas gargalhadas.
Já fazia mais ou menos meia hora que ele estava andando, já nem olhava mais no Mapa do Maroto, por isso sua varinha estava apagada, também já esquecera da capa. Num corredor do quinto andar encontrou uma coisa que o assustou, dois homens conversavam, um deles ele reconheceu como sendo Filch, já o outro ele não sabia quem era, cabelos cinzentos e compridos, nariz de gancho, pela macilenta e oleosa, Kyo achou que talvez fosse um invasor que Filch estava tentando expulsar. Ele surpreendeu Madame Nor-r-ra, a gata de Filch, o encarando, não sabia se a capa funcionava com gatos. Provavelmente a gata sentia seu cheiro, ele estava suado, mas se daquela distancia ele sentia o cheiro de mofo do casaco de Filch, a gata devia estar morrendo sufocada. Ele recuou alguns passos, mas, sem querer, bateu numa armadura, que caiu com estrepito, o garoto se apavorou.
–Potter! –exclamou o homem de pele macilenta.
–Não diga asneiras, Snape! –disse Filch. – Potter se formou a mais de vinte anos! Deve ser algum aluno que não gosta muito de regras!
–Você fala como se Potter adorasse as regras...
–Quem está ai? Responda? Vamos!
Kyo saiu correndo em direção a escada mais próxima, viu Filch correndo as suas costas, ele apertou o passo o máximo que pode. Filch era muito rápido, apesar de sua já avançada idade, provavelmente graças ao muitos anos correndo atrás de alunos infratores.
Kyo nem via para onde ia, com a varinha na mão e o Mapa do Maroto dentro das vestes ele simplesmente corria pelos corredores do castelo. Quase caiu de uma escada por mais de uma vez. Kyo começou a estranhar, nunca havia visto aqueles corredores antes, isto por que já havia andado muito pelo castelo, pensou em olhar o Mapa, mas isto implicaria em parar e ser pego por Filch. A frente ele viu uma porta entreaberta, correu por ela e encostou-se a ela para fecha-la.
–Impervius! –exclamou ele, selando a porta.
Ele escutou os passos de Filch se aproximando, seguidos pelos do homem de pele macilenta. Ele recuou alguns passos.
–Filch, será que ele nos escutou?
–Provavelmente não.
–E por que você acha isso?
–Esses alunos de Hogwarts nunca escutam uma conversa por inteira sem que eu os perceba antes.
–Mas este tinha uma capa de invisibilidade.
–Minha querida teria me avisado se ele escutasse alguma coisa importante.
–Você confia demais nessa gata... mas você não viu nada?
–Eu vi a nuca, não creio que ajude muito na identificação.
–Para onde será que ele foi?
–Provavelmente em alguma sala pelo caminho, não teríamos visto...
Houve um momento de silencio, Kyo teve uma sensação horrível de que eles escutaram sua respiração arfante.
–Filch, você acha que ela não está sob o poder do Imperio?
–Não sei, Dumbleodore teria percebido, não?
–Não sei... ele não a conhece tão bem... espero que o que Black tenha dito seja verdade, e ela seja imune a influencias exteriores.
Kyo escutou os passos deles se afastando, depois de mais ou menos cinco minutos ele saiu, se certificando de que estava completamente coberto pela capa. Nem sinal de Filch ou do outro. Ele andou por mais um três minutos e encontrou uma porta aberta, havia alguém lá, ele se aproximou devagar, andando nas pontas dos pés para não fazer barulho.
Uandalini estava sentada, com um sorriso, encantado, o de pés em garras, era quase do tamanho da sala, o garoto tentou olhar o reflexo no espelho, mas não via nada alem de uma imensa escuridão, acima dele havia talhado os dizeres Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn. ele se aproximou da garota pelas costas, para pregar-lhe um susto, mas ao ver a imagem no espelho quem se assustou foi ele.
O lago de Hogwarts, liso e cristalino reluzia sob a luz do luar, havia duas pessoas andando na beira dele, as duas estavam de mãos dadas, ele viu que um era mais ou menos do seu tamanho e a outra uma cabeça mais baixa, era uma garota, a imagem se aproximava e ganhava foco, ele podia vislumbrar melhor os contornos das figuras, uma era Uandalini, estava muito bonita, seus cabelos, normalmente presos num coque, estavam soltos e esvoaçavam ao vento o outro.
–Que?!? –exclamou o garoto ao se ver ao lado dela.
Uandalini se assustou e olhou para trás, não via ninguém, mas sabia que havia alguém ali.
–Quem está ai? –perguntou ela.
Kyo não respondeu, ia se virando para sair quando a garota saltou e correu na direção da porta.
–Impervius! –exclamou ela. –Não da mais para sair! Quem está ai?
Kyo não respondeu, ficou fitando a garota, o temor estampado em seu rosto, se dividia entre a vontade de rir da cara dela e beija-la, mas uma duvida o atormentava, mostrar ou não que era ele? E se mostrar como evitar que ela visse a capa.
–Vamos, quem está ai? –perguntou a garota mais uma vez.
–Flipendo! –exclamou Kyo, lançando na garota uma rajada de vento.
A garota cobriu o rosto, enquanto Kyo correu na direção da porta, tentando, inutilmente a porta, se esquecera do feitiço de Uandalini. A garota, sem querer, bateu no ombro dele, que tentou correr para o outro lado da sala, mas sem sucesso, ela puxou a capa de cima do garoto.
–Kyo?!? –exclamou ela, quando o garoto se viu revelado.
–Droga! Mas eu tô mesmo zicado!!! –disse o garoto para si mesmo.
–O que se tá fazendo aqui?
–Tava fugindo do Filch, ele tava fofocando por ai com um cara seboso...
–Fugindo por que? Essa capa podia te cobrir!
–O Filch podia não me ver, mas não tenho certeza quanto a Madame Nor-r-ra.
–Como assim?
–Aquela gata asquerosa ficou me secando, acho que ela podia ver!
–Mas como eu não te vi chegar? Nem ouvi o Filch?
–Eu me escondi numa outra sala, quando o Filch foi embora eu aproveitei e sai, ai eu te vi aqui e...
–Teve que vir bisbilhotar?
–Não, eu só fiquei curioso...
–Xereta!
–Xereta nada! você não ficaria curiosa se me visse parado, sozinho, numa sala olhando prum espelho estranho desse?
O garoto apontou para o espelho que outrora Uandalini fitava, encantada.
–O espelho de Ojesed? –perguntou ela. –Esse espelho é bem legal, não é?
–Hum... é, é bem legal, o que ele mostra? O futuro?
–Não, sem idéia, ele mostra o que queremos ver, o que queremos que aconteça.
–Serio?
Realmente o espelho acertara, ele adoraria poder passear com Uandalini pela beira do lago numa noite de luar, apesar de achar que aquilo era um sonho meio feminino.
–O que você viu? –perguntou Uandalini, cutucando o garoto.
–Nada.
–Eu não sou besta de tudo, sabe? Fala ai, o que você viu? Ou tá com vergonha?
–Eu me vi andando na beira do lago... –disse o garoto.
–Sozinho? Que sonho idiota o seu, hein?
–Fazer o que?
Eles saíram da sala devagar. Tinham medo de encontrar Filch ou Madame Nor-r-ra em uma de suas rondas noturnas. O castelo estava ainda mais escuro do que quando Kyo saiu do dormitório.
–Lumus! –disse Kyo, quando não dava mais para enxergar na escuridão.
Eles subiram vários lances de escadas, Kyo tentava encontrar o caminho mais longo para a torre, para poder passar mais tempo com a garota.
–Por que quando eu te perguntei da capa no primeiro dia de aula você mentiu? –perguntou Uandalini.
–Sei lá, acho que queria manter segredo.
De repente eles escutaram um barulho as suas costas, Kyo não pensou duas vezes:
–Lumus Solem!
Um jorro de luz com a intensidade do sol foi disparado da varinha do garoto.
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