Revelações



––––CAPITULO CINCO––––

Revelações

A cabeça de Kyo explodiu, cheia de perguntas, será que aquela carta estava realmente certa? Será que era realmente para aquele Kyo Hunter? Se fosse para ele será que não era uma brincadeira de mau gosto? E se não fosse, ele era mesmo um bruxo?

Kyo sentiu a cabeça doer, não podia acreditar, ele não podia ser um bruxo, não ele, era muita cabeça para ele. Ele jogou a carta sobre a cama e saiu do quarto, seu pai e sua mãe estavam parados a porta, uma expressão apreensiva, Kyo olhou de um para o outro, seus lábios mexiam, mas não emitiam som algum.

–Acho que você quer explicações. –disse sua mãe.

Kyo concordou com a cabeça. Seu pai o abraçou pelos ombros e o conduziu escada abaixo, Kyo queria saber o que estava acontecendo. Quando chegaram na sala seus pais se sentaram no sofá, ele mesmo sentou-se na poltrona.

–Kyo, primeiramente eu quero dizer que você não vai. –disse o pai do garoto.

–Para onde? –o garoto perguntou, ele próprio não reconheceu sua voz.

–Para esse lugar.

–E se eu quiser ir? –continuou Kyo.

–Eu não vou deixar. –o Sr. Hunter falava com calma, mas com muita seriedade.

Kyo abaixou os olhos, nem sabia que lugar era esse, como poderia saber se queria ir ou não.

–Que lugar é esse?

–Hogwarts? –perguntou o Sr. Hunter –Bem, é um tipo de escola, eu pessoalmente acho que mais parece um manicômio.

–Você já foi lá?

–Não, mas sua tia Matilde foi, ela estudou lá por sete anos.

–Mas a tia Matilde não morreu?

–É, ela morreu por causa dessa escola.

–Como assim?

–Ela estudou lá e acabou virando uma espécie de... Policial, mas ao tentar prender um criminoso ele a assassinou.

–Policial? Mas por que ele a matou? Foi sem mais nem menos?

–Não, ela tentou impedir-lo de matar alguém.

–Matar quem?

–Você.

O estomago de Kyo afundou, ele sentiu sua cabeça rodar, mais uma vez a cabeça de Kyo explodiu em perguntas. Ele evitou o olhar do pai, sabia que ele sempre adorara a irmã caçula, talvez fosse esse o motivo dele ser daquele jeito com o garoto.

–Mas o que ensinam nessa escola, se for mesmo uma?

–Magia, como diz na carta, eles ensinam um monte de porcarias que só servem para as pessoas se matarem.

–Assim como os fabricantes das armas que tanto matam gente.

Dessa vez quem evitou o olhar do garoto foi o Sr. Hunter, Kyo ficou quieto por um tempo.

–Mas se a tia Matilde foi para lá, por que você não foi?

O Sr. Hunter arregalou os olhos, essa era uma pergunta que o incomodava desde os onze anos, por que não fora para Hogwarts?

–Não sei, ainda não... –admitiu o Sr. Hunter –essa pergunta me incomoda desde pequeno, acho que foi por medo, ou só vontade de ser diferente da Matilde.

–Diferente? Mas o senhor sempre adorou a tia Matilde!

–Eu sei, mas eu não queria ser igual a ela, eu sempre a admirei, mas eu queria que me admirassem por uma coisa diferente.

–Mas o senhor poderia ir e ser diferente.

–Isso é que me faz me arrepender...

Um longo silencio acompanhou essa frase, ninguém falou a Sra. Hunter não falara nada, apenas segurava a barra do vestido.

–Mas por que o senhor não quer que eu vá? –perguntou Kyo.

–Eu tenho medo... –disse o Sr. Hunter –medo de que lhe aconteça o mesmo que aconteceu a Matilde...

–Não vou acontecer, eu não vou morrer.

–Como você sabe? Como sabe que não vai acontecer um imprevisto? Como sabe que não arrumar nenhuma encrenca por lá?

–Pai, não tem como prever o futuro.

–Ninguém sabe...

Kyo não entendeu direito, apenas encarou o pai, mas uma pergunta ainda o incomodava:

–E o que isso tudo quer dizer?

Kyo se surpreendeu quando sua mãe se ergueu, as lagrimas lhe escorrendo pelo rosto.

–Isso quer dizer que você é um bruxo Kyo! Um bruxo! Magia, feitiços, maldições!

Kyo arregalou os olhos, assim como o Sr. Hunter, sua mãe parecia outra pessoa.

–Durante anos eu vi sua tia chegando em casa e transformando xícaras em ratos, cestas de frutas em morcegos frutívoros e um monte de coisas esquisitas, seu pai simplesmente olhava, querendo que eu aceitasse, mas não tinha como, eu não podia aceitar algo tão... Tão... Bizarro.

–Calma querida, –tentou acalma-la o senhor Hunter –você não precisava aceitar, só tinha que ignorar.

–Eu ignorei, Mattew, –chorou ela –mas agora eu vou ter um deles em casa.

–Não, Marta, não vai...

–Ah, vai. –exclamou Kyo.

–Não, você não vai para aquele lugar! –gritou o Sr. Hunter.

–Vou sim eu quero ir, você não pode me proibir.

Kyo se ergueu, fechando o punho, seu pai vacilou por um instante, depois disse:

–Você realmente quer ir?

–Quero.

–Muito bem.

Ele se levantou do sofá e se dirigiu ao telefone, Kyo ficou apenas olhando, ele discou alguns números e depois esperou até alguém atender:

–Alo? Harry Potter por favor. É ele quem fala? Ah, Harry, ele quer ir.

O Sr. Hunter mal acabara de dizer esta frase Kyo escutou um estalo ao seu lado, assustado pulou para o lado e caiu no chão, ao lado da poltrona. Ele olhou a volta à procura da fonte do estalo e vislumbrou Harry parado ao lado da poltrona, estava muito serio, usava vestes estanhas, totalmente negras e tinha na mão esquerda uma varinha.

–Mattew. –disse harry.

–Olá Harry. –disse o Sr. Hunter, incrivelmente serio.

–Ele quer mesmo ir?

–Ele diz que quer.

Harry virou-se para Kyo, o garoto nunca vira aquele olhar em Harry, tanto que hesitou ao olhar para ele.

–O-oi Harry. –disse Kyo.

–Oi Kyo.

–Como...?

–Como eu fiz aquilo? Aparatei, um tipo de feitiço simples de ser feito sem varinha.

–Você é um...

–Bruxo? É eu sou.

–Mas por que você nunca me contou?

–Acho que precisamos conversar.

Harry apontou a poltrona em que Kyo estivera sentado, o garoto a fitou por alguns instantes depois voltou seu olhar para Harry.

–Eu não quero me sentar. –disse ele.

–Eu me sentaria se fosse você.

–Eu não quero me sentar.

Harry deu de ombros e se sentou no sofá, ao lado do Sr. Hunter.

–Muito bem, é melhor irmos pelo começo, é o seguinte: há muito tempo, um bruxo que acabara de se formarem Hogwarts achou que seria divertido brincar com trouxas...

–Trouxas? –perguntou Kyo.

–É, trouxas, é o jeito como nós, bruxos, chamamos as pessoas não mágicas.

Kyo olhou para os pais, uma leve vontade de rir.

–Então, como eu dizia, ele achou legal brincar com trouxas, como os trouxas não podem fazer o que nós fazemos esse bruxo sentiu-se poderoso e gostou do poder, gostou tanto que resolveu sentir mais vezes e cada vez mais.

“Mas como tudo que é bom dura pouco um dia ele viu-se cara-a-cara com um bruxo poderoso, esse bruxo mostrou a ele que não era tão poderoso assim. Esse bruxo prometeu para si mesmo que iria se tornar o bruxo mais poderoso que já pisou sobre a Terra, ele passou a pesquisar em todos os livros que encontrou os mais poderosos e perigosos feitiços, passou a reunir seguidores que, assim como ele, tinham sede de poder, ele passou a torturar trouxas e até mesmo bruxos que se recusavam a se reunir a ele. As pessoas passaram a teme-lo sentiam pavor só de ouvir o nome dele, ele perseguia os bruxos que ele achavam que podiam representar algum perigo e, entre seus seguidores, escolheu os mais poderosos e íntimos para fazerem parte de seu circulo intimo e os nomeou Comensais da Morte. No auge de seu poder uma bruxa com certos poderes não muito comuns fez uma profecia, a qual dizia que um bruxo que estava por nascer seria a perdição dele, temendo por si próprio ele correu atrás desse tal garoto, quando descobriu quem era foi até a casa dele, que ele descobriu onde era graças a uma traição de uma pessoa que todos pensavam ser um grande amigo da família do garoto, o bruxo matou os pais do garoto que tentaram dar sua vida pela do garoto, mas ao tentar matar o garoto algo deu errado e o feitiço foi refletido.”

Kyo apenas olhava para Harry, não sabia o que dizer.

–Como era o nome do tal bruxo? –perguntou agora que sua cabeça começava a se encher.

–Voldemort.

–Quem era o garoto?

–Harry Potter.

Agora a cabeça de Kyo realmente começou a rodar.

–Como assim?

–Eu era o garoto que Voldemort tentou matar, mas deu errado, o feitiço pegou ele e ele só pode ressuscitar treze anos depois.

–Ressuscitar?

–Mais ou menos, ele não estava realmente morto, não tinha humanidade o suficiente para isso.

–Mas como você sobreviveu a ele? Mais alguém sobreviveu.

–Não, ninguém nunca havia sobrevivido a ele antes, pelo menos não quando ele resolvia matar.

–Então você é a única pessoa que pode destruir esse tal... Voldemort?

–Não necessariamente, eu não sei direito, mas parece que eu fui substituído.

–Por quem?

–Depois você vai descobrir.

–Mas e o que você fez para sobreviver?

–Nada, só tinha um ano, mas quando minha mãe morreu tentando me salvar ela me protegeu com um encanto muito antigo, por isso o feitiço de Voldemort não me matou, mas deixou uma marca.

Harry ergueu o cabelo que estava caído sobre a testa, sua fina cicatriz em forma de raio aparecia, Kyo sentiu seu estomago afundar.

–Então...

–Você também sobreviveu, quando tinha um ano.

–Como?

–Quando tinha um ano Voldemort tentou te matar, mas falhou, não conseguiu.

–O que aconteceu?

–Ele tentou te matar, mas sua tia tentou impedir...

–...e ela morreu em meu lugar.

Kyo jogou seu corpo na poltrona, não podia acreditar, então aquela cicatriz era causa de uma tentativa de assassinato?

–Mas por que ele tentou me matar?

–Por que ele acha que você era a pessoa que herdaria meu fardo.

–Seu fardo... Então ele acha que eu sou a única pessoa que pode mata-lo? –exclamou Kyo levantando –se de um salto.

–É.

Não podia ser, não com ele, ele era só um garoto normal que era detestado pelo pai, como ele poderia ser um bruxo?

–Não, é brincadeira de vocês. Eu não posso ser um bruxo, não eu! –disse o garoto dando um passo para trás.

–Não é brincadeira, pense bem, nunca fez nada de estranho a qual não pudesse explicar?

Kyo se lembrou da vez em que seu cabelo crescera misteriosamente e de quando pulou por cima das latas de lixo e fora parar em cima da cantina, ou até mesmo quando fizera o vidro da sala desaparecer, Harry fora testemunha disso. Kyo deu um sorriso de leve.

–Bem vindo ao nosso mundo, –disse Harry –seu mundo.

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