Uma Lágrima, Uma foto, Um Sorr

Uma Lágrima, Uma foto, Um Sorr



3º Desafio
Tema: Natal
Título: Memórias de Um Banco
Capítulos: 1. Uma Lágrima, Uma Foto, Um Sorriso / 2. A Espera De Um Milagre
Universo: Harry Potter
Ship: Tiago/Lílian
Song-fic: Não
Baseado na imagem: www.catedral.weblog.com.pt/arquivo/banco-jardim-1-1.jpg


Seu olhar percorreu do banco, à foto, à mão esquerda onde uma aliança brilhava. As marcas que representavam o que era importante em sua vida estavam ali. Mas faltava alguém...



MEMÓRIAS DE UM BANCO

Uma Lágrima, Uma foto, Um Sorriso
Já fazia certo tempo que não voltava ali. Fizeram muitas visitas à Hogsmead desde o último ano em Hogwarts. Mas nunca mais voltara exatamente naquele local, naquela clareira. Contudo, nada estava fora do lugar, até mesmo a neve, este ano, parecia cair no mesmo lugar marcado.
Do bolso interno do sobretudo verde-oliva retirou um pedaço de pergaminho amassado. Uma lágrima caiu sobre o casal sorridente da foto tirada há alguns anos atrás, naquele mesmo lugar. Atenta, analisou seu rosto e o do marido. Havia se passado três anos, não estavam tão mudados. Talvez um corte de cabelo diferente, ou um vestígio de amadurecimento por trás dos olhos, mas o sorriso continuava o mesmo.
Estranho pensar no intervalo de tempo que levara para visitar o local novamente. Tudo ali era por causa deles, para eles. O banco de madeira que ela conjurara no sétimo ano da escola, a marca de amor declarado que ele entalhara na madeira, logo depois do banco aparecer. E nada parecia importar... Tudo por causa dela.
A mulher tinha a vital necessidade de se culpar pelo acontecido. Talvez, a voz coerente em sua cabeça dissesse que não era possível se culpar por tudo, que foi inevitável. Mas o coração estava desesperado para achar respostas, razões, e a única que ela encontrava: fora sua culpa. Era véspera de Natal, não podia ter acontecido em época pior.
Fazia quase uma semana que não se falavam, esta tinha sido a primeira briga verdadeira do casal. E ela não sabia como acontecera. O início da discussão deu-se por um motivo tão estúpido que ela nem se lembrava. Mas, como uma bola de neve, a briga cresceu. Ele saiu de casa deixando-a sozinha. Ela não sabia como pudera deixar tudo ir tão longe, acabar daquele modo. Mas na hora parecia tão importante... Tinha raiva de ser orgulhosa. Fora culpa dela.
Lílian já planejara tudo desde o mês anterior. Passariam o primeiro Natal, na situação de casados, na casa deles. De acordo com seu plano, no Natal do ano seguinte eles não estariam sozinhos, um filho estaria presente, fosse ao colo ou na barriga... Seu plano era perfeito e ela o havia estragado.
Neste ano, o peru estava comprado, a torta de chocolate (preferida dele) aguardava na geladeira, o vinho para a ceia. Ao lado do presépio, estava a árvore de Natal. Naquela árvore que o casal tinha montado, havia mais que simples bolas ou sinos. De alguma forma, em cada enfeite natalino, estava representado o carinho, a dedicação, o amor. As luzinhas em volta da árvore eram a parte favorita de Tiago, mas para Lílian, cada pequena lâmpada era uma parcela mínima da felicidade que ela recebia do marido. O maior presente, não coube em baixo da pequena árvore. Afinal, não é possível pôr seu amor e gratidão em uma caixa com fita, não existe uma caixa tão grande.
E que valor tinham essas coisas em uma casa vazia na noite de Natal? Nenhuma.
Se pudesse escrever ao Papai Noel, pediria seu marido de volta.
- Não seja boba Lílian – Disse a si mesma – O velhinho não recolhe pedidos do dia vinte e quatro.
Deu um sorriso irônico pelo canto da boca que não demorou a se congelar.

A Espera de Um Milagre
A neve recomeçou a cair. Num movimento quase involuntário, antes de caírem no chão, ela tentou caçar os primeiro flocos com a língua. A pele arrepiou assim que o floco tocou sua boca, a sensação de frio tentava anestesiar sua mente, em vão. A árvore sem folhas da clareira parecia muito mais bonita agora, com um manto branco caindo sobre os galhos secos.
De olhos fechados, ela lembrou, ou talvez sonhasse... Reviveu o passado que o velho banco ainda guardava.
Em flashes rápidos, porém nítidos, ela viu um casal de jovens caminhando de mãos dadas entre as árvores, chegaram naquela mesma clareira. A cena mudou. Agora um pouco mais velhos, o casal estava sentado no mesmo banco, abraçados, a neve caía lentamente. Outra cena, eles tiravam fotos. Em um dia de verão, faziam piquenique...
Na sua última lembrança antes de abrir os olhos, ela viu a si mesma sentada no banco olhando com emoção para o garoto ajoelhado a seus pés. “Quer se casar comigo?”.
Lílian abriu os olhos, espantada em ter o rosto molhado. Foi ali que fora pedida em namoro, em casamento. Seu olhar percorreu do banco, à foto, à mão esquerda onde uma aliança brilhava. As marcas que representavam o que era importante em sua vida estavam ali. Mas faltava alguém... Faltava o calor de seu abraço, o carinho de seus beijos, seu perfume, sua voz... Faltava metade da vida dela... Faltava Tiago Potter, e a saudade estava chegando ao seu limite.
Além da briga, era véspera de Natal, e isso só a tornava mais triste e decepcionada consigo mesma por não ter impedido que tudo fosse tão longe.
A noite de Natal tem uma imagem tão forte de família unida, que era impossível não se culpar. Mas porque esse sentimento somente no Natal? Deveria ser “família reunida” o ano inteiro.
Mas não importaria a data fosse festiva, ou um dia qualquer, ela sentiria sua falta do mesmo modo insuportável. Aquela situação precisava desesperadamente de um milagre natalino, foi o que ela pensou ainda com os olhos fechados.
Lílian não saberia dizer quanto tempo ficou sentada naquele banco, perdida nas lembranças, afogada na saudade, apenas esperando...
Esperando pelo quê eu não sei. Talvez esperasse acordar de um sonho. Talvez precisasse esperar seus sentimentos se acalmarem. Talvez esperasse apenas para ouvir aquela voz, mais uma vez, dizendo que a amava.
Ela segurava a foto com firmeza, seus dedos estavam congelados.
À medida que o sol começava a se pôr, a neve caía mais grossa. A noite trazia um vento gelado e cortante. O sobretudo já não era suficiente para mantê-la aquecida.
No escuro, via claramente um sorriso. Estava tão absorta em culpa e memórias, que não ouviu o barulho das folhas secas sendo arrastadas ao longe. Ao redor da clareira, a neve abafava os passos.
- Desculpe-me. Eu te amo! – Disse o dono dos passos.
Não precisou se virar para reconhecer de quem era a voz às suas costas, era a única que ela queria ouvir.
Abrindo um sorriso radiante, pensou: “É, acho que Papai Noel ouve todos os pedidos. Obrigada!”.
Este Natal seria perfeito.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.