NADA BEM



Era tarde da noite, na rua dos Alfeneiros n°4. Harry não conseguira dormir, a noite estava quente, quase sufocante, além disso, algo incomum o preocupava, a muito tempo que Edwiges estava fora, a mais de duas semana tinha mandado-a para a Toca em busca de noticias, a coruja nunca demorara tanto tempo para voltar da Toca antes, e agora Harry começava a se preocupar.

As ferias com os Dursley nunca haviam sido tão monótonas. As coisas tinham melhorado um pouco desde ultimo ano, as ameaças de Olho Tonto Moody surtira efeito sobre os Dursley, tio Válter e tia Petúnia passaram a simplesmente ignorar a existência de Harry, cumprimentando o garoto cordialmente em determinadas horas do dia. Duda, que agora começara a inchar ameaçadoramente, ganhando músculos, evitava ao máximo cruzar com ele pela casa, Harry achava muito engraçado um brutamonte como seu primo Duda tentar diminuir seu tamanho contra a parede ao passar por ele. Harry deduziu que Duda ainda não havia se recuperado da ultima experiência mágica que presenciara, quando no último ano um dementador tentou lhe beijar.

Em parte Harry gostava do fato dos Dursley não ligarem mais para ele, o problema é que já não agüentava mais não ter com quem conversar e nada para fazer, sabia que não poderia sair da casa dos seus tios, Dumbledore havia lhe explicado o motivo no último ano letivo. Não havia mais deveres de Hogwarts para fazer e nem Edwiges estava ali para que ele pudesse se distrair.

Mas as preocupações de Harry não paravam por aí, o mundo bruxo estava muito quieto desde a ultima aparição de Voldemort, no ministério da magia, o Profeta Diário continuava a editar reportagens de como se defender em caso de ser atacado por um comensal da morte, e Harry não achava isso nada bom. Sua cicatriz agora doía a quase todos os momentos, era realmente estranho quando não estava doendo. O garoto tinha certeza de que Voldemort estava se preparando para iniciar a guerra a qualquer momento, e ele estava ali, preso na rua dos Alfeneiros. A Ordem da Fênix deveria estar trabalhando mais que nunca, e agora provavelmente contava com o auxilio de mais bruxos, agora que o ministério finalmente admitirá que Harry e Dumbledore diziam a verdade, quando a muito haviam anunciado que o Lord Voldemort retornara.

O dia estava amanhecendo. Harry observava o nascer do sol com o sentimento de quem nunca mais veria o sol nascer, quando ao longe ele viu um pontinho preto vindo em sua direção em alta velocidade, seu coração se encheu de alegria e tranqüilidade. Edwiges estava vindo ao seu encontro, com certeza traria consigo noticias de seus amigos, e talvez até mesmo uma proposta de ir para a Toca, afinal o Sr. Weslley lhe prometera isso antes de saírem da estação King's Cross.

Aquele sentimento agradável logo foi trocado pela angustia, não era Edwiges, mas sim Pichi, a corujinha de Rony. À medida que Pichi ia se aproximando Harry ia se sentindo cada vez mais nervoso. Afinal Edwiges fora mandada para a Toca e outra coruja vinha em seu lugar.

A corujinha irrompeu seu quarto, mais excitada do que nunca, Harry teve grande dificuldade em tirar o pedaço de pergaminho de sua perna, a corujinha não parava de pular e bicar sua mão, quando finalmente conseguiu Harry abriu apressado o papel e quase o rasgara ao meio. A letra era de Rony, e a escrita estava tremida.


Harry,
Edwiges acabou de chegar aqui, ela está um bocado machucada, mas não se preocupe. Papai já chamou Hagrid para vê-la, ninguém ter certeza do que aconteceu mas ela não trouxe nada, espero que sua carta não tinha nada de muito importante.
Mamãe disse para você não se preocupar, e nem pensar em sair daí, disse também que vai fazer o possível para alguém te buscar o mais depressa.
ps: Fique com a Pichi aí, sabe como ela é meio idiota, seria uma presa fácil.


Harry ficou ainda mais preocupado com Edwiges, ela estava ferida, e Rony dizia para ele não se preocupar. Harry sem nem perceber estava andando de um lado para o outro no seu quarto.

- Como eles esperam que eu não me preocupe? Como se já não bastasse ser obrigado a ficar trancado neste lugar o verão inteiro eu não posso nem me preocupar com minha coruja que foi atacada por sei lá o que - a voz de Harry ia aumentando gradativamente enquanto ele falava e Pichi não parava de piar no alto da gaiola de Edwiges, sua cicatriz começou a queimar, ele desejou que Pichi parasse de fazer barulho.

Tio Valter escancarou a porta do quarto de Harry, estava vermelho como um pimentão.

- Eu não estou nem aí para o que aquela gente disse, eu venho aturando você a muito tempo moleque, venho recebem ameaças de... De gente como você – Tio Valter ainda não ousava falar a palavra bruxo em sua casa, e provavelmente nunca falaria- e ainda tenho agüentado tudo calado, mas isso já é demais, isso eu não vou tolerar, você viu que horas são? O que você tem na cabeça pra sair gritando há essas horas, não sei se você percebeu moleque, mas pessoas normais vivem nesta casa - Harry achou engraçado o tio dizer isso, mas estava zangado demais para sorrir - se você é um louco uma... Uma aberração, pelo menos trate de não mostrar isso aos visinhos!

Harry estava zangado demais para escutar tudo calado - Se você acha que eu gosto de morar nesta casa, já deveria saber que gosto tanto quando o senhor. Não estou aqui porque quero e já teria ido embora a muito tempo se me deixassem ir - Harry percebeu que estava realmente gritando quando Pichi parou de piar assustada - agora eu já tenho problemas demais pra escutar o senhor se lamentando, alias como sempre, desde o dia em que me aceitaram nesta casa, portanto queira se retirar do meu quarto e continue a fingir que eu não existo!- Enquanto falava Harry ia empurrando o tio para fora do quarto e quando terminou bateu a porta em sua cara, antes que o tio pudesse abrir a boca.

Harry passou o dia todo em seu quarto, estava nervoso demais para olhar qualquer pessoa sem começar a gritar com ela, mas não conseguia ficar parado, arrumou seu malão três vezes caso alguém realmente viesse lhe buscar. Durante o dia ouviu alguém parado a sua porta diversas vezes, provavelmente era tio tentando ouvir algum barulho, talvez na esperança de que Harry estivesse morto.

O dia estava próximo a terminar, Harry estava esgotado e finalmente se deixou cair na cama, Pichi estava empoleirada na gaiola de Edwiges e às vezes soltava um pio de tranqüilidade, Harry olhou para o relógio dali a dez minutos estaria completando 16 anos. Mas este ano não havia o que comemorar, se sentia mais infeliz do que em qualquer outro aniversario de sua vida, neste ano não havia o que se comemorar, não na rua dos Alfeneiros, não trancado naquele quarto, não com a Edwiges ferida, não com seus pais mortos, não com seu padrinho morto, não com Voldemort a solta, não sozinho... Naquele instante os pensamentos de Harry foram interrompidos por um forte estralo em seu quarto. O quarto estava escuro, Harry teve medo de abrir os olhos, tinha certeza que alguém havia aparatado em seu quarto, mas quem? Harry calmamente levou a mão até a cabeceira da cama e pegou sua varinha.

- Harry? Você está aqui?- sussurro uma voz que vinha de perto da porta. O garoto se sentiu aliviado em saber que reconhecia a voz do estranho, e que logo sairia dali, pois Lupin viera lhe buscar.

- Lupin! É você mesmo? Eu estou aqui.- Harry acendeu a luz do quarto e pode ver Lupin, estava com a mesma cara de cansado de sempre, talvez um pouco pior. Harry sabia que a lua cheia estava próxima.

- Olá Harry, tudo bem?

- Não, não está nada bem! Eu mais uma vez passei quase o verão todo preso nesta casa, minha coruja esta ferida, meu padrinho morreu há poucos meses, e todos me dizem para não me preocupar “Fique calmo Harry!” Não definitivamente não está nada bem.

- Vamos pare de se lamentar, você conhece muito bem as explicações para a grande maioria das suas lamentações, agora pare se lamentar sua existência e arrume suas coisas, vamos para o Largo Grimmauld,

-Dumbledore acha mais seguro você ir para lá do que para Toca, mas não se preocupe todos já estão a caminho.

Harry sentiu seu estomago pesar, mais uma vez pediam para ele não se preocupar, mas como poderia fazer isso estaria dentro de pouco tempo indo para casa de seu padrinho, mas desta vez ele não estaria lá. Harry estava cansado demais para começar a gritar novamente, simplesmente se limitou a perguntar algo completamente sem importância.

- Eh Lupin, como vamos? Da ultima vez fomos de vassoura, mas creio que Dumbledore não deixaria que você viesse sozinho me buscar.

- Não Harry, não, desta vez vamos com uma chave portal - somente agora Harry reparou que Lupin segurava uma galinha de plástico na mão esquerda, e a varinha na outra - agora que o ministério finalmente acredita em nós, podemos usar as chaves portal novamente. Bom você esta pronto?
O relógio de Harry acabara de denunciar que seu aniversario havia chegado.
- Vamos, ela vai acionar. - Harry segurou meio que sem jeito na garganta da galinha com uma mão, a outra segurou bem firme seu malão, Lupin guardou sua varinha e pegou a gaiola de Edwiges com Pichi e a vassoura do garoto - ah Harry, feliz aniversario!

Harry sentiu a conhecida sensação de ser puxado pelo umbigo, logo estaria no Largo Grimmauld.



(Bom me desculpem se o primeiro capitulo não ficou muito legal, esta é minha primeira fic, a historia pode estar totalmente sem graça agora no começo, mas eu garanto que quem continuar acompanhando não irá se arrepender!!!)

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.