Surpresas durante o vôo

Surpresas durante o vôo



Capítulo 3
Surpresas durante o vôo


Depois do longo café da manhã, Hermione seguiu para o aeroporto acompanhada por Krum. O jovem tinha feito questão de estar com ela até o ultimo minuto e mesmo não compreendendo a razão pelo qual ela teimava em voltar para Londres de avião, concordou em fazer-lhe companhia.

Inacreditavelmente Vítor estava sorridente e contava para a bela bruxa suas aventuras pela Ásia logo após o término dos estudos. Na época ele e os amigos rumaram para o indesconhecível com uma mochila nas costas e a varinha no bolso conhecendo pessoas excepcionais que mesmo na sua simplicidade transcendiam sabedoria admirável. Contou sobre as vezes em que não tinham o que comer ou onde dormir e o que fizeram para ganhar dinheiro. O charme do rapaz e a atenção que ele desprendia contagiava Hermione fazendo com que se sentisse culpada por ter de partir naquele momento. O que reconfortava era saber que em breve ele a visitaria, tinham combinado isso durante o café.

O número do vôo surgiu no painel e a recepcionista o anunciou, era hora de se despedirem definitivamente. Muitas palavras doces, promessas de apoio mútuo, carícias no rosto e enfim o momento chegou. Lágrimas nos olhos e o coração apertando no peito denunciava o que ambos não podiam admitir. Chegou o momento. Enquanto Vitor educadamente despachava a bagagem, Hermione concluía o check-in sentindo ansiedade e tristeza. Primeiro por estar retornando para casa e segundo por que tinha passado tantos bons momentos viajando e aprendendo coisas novas que temia não se adequar mais ao país de origem. “Coragem mulher” pensou entregando o passaporte à comissária, virou para trás e recebeu com carinho o último sorriso de Krum e retribuiu mandando-lhe um beijo. Insatisfeito pela distância ele se aproximou e com seus lábios tocou inicialmente a fronte da moça e depois a bochecha bem próximo aos lábios. O calor do toque estremeceu a ambos e ali eles souberam que aquela história ainda não tinha acabado. Se despediu e caminhou até a porta que a comissária indicava alegremente. Olhou mais uma vez para traz e piscou sensualmente para o belo moreno que com semblante visivelmente entristecido tentava não chorar, sorriu e acenou pela última vez.

***

Contagem regressiva. Faltavam quarenta minutos para a decolagem, se ajeitou no banco em que estava sentada na sala de espera e retirou o seu velho e bom livro de dentro da bolsa. Agora não lia apenas os exemplares indicados por Hogwarts. Tinha pego apreço também por contos bruxos e este que tinha trago era simplesmente encantador. Ligava fatos reais com ficção levando a bela jovem a uma introspecção total toda vez em que navegava por aquele emaranhado de papel. Tanto foi sua comoção que sequer percebeu que o tempo corria ferozmente.

“Nossa mais que friozinho. O ar condicionado esta me castigando. Achou que vou colocar minha jaqueta.... Espera aí, cadê minha jaqueta.”

Hermione se desesperou quando olhou ao redor e não achou a peça. Puxou pela memória e se lembrou da última vez que tinha visto. Estava ainda no saguão com Krun. Olhou no relógio e se desesperou com as horas, agora faltavam apenas quinze minutos para a decolagem e ela não admitiria ter de deixar aquela jaqueta. A mesma foi comprada numa loja de grife a um preço exorbitante. A bruxa nunca ligou muito para roupas ou marcas, mas aquela era especial. Tinha saído com colegas do trabalho quando se deparou com uma vitrine chamativa e no centro lá estava ela. Não sabia o por que mais aquela peça exclusiva chamou sua atenção e o seu desejo de consumidora ali se iniciou. Depois do passeio tinha encontrado com Vítor e o resto da noite tornou o dia um dos melhores já vividos na Bulgária. Como podia agora deixar para traz aquela sua companheira de tantas baladas? De súbito levantou-se, conversou com a recepcionista e seguiu apressadamente pelo corredor até chegar ao local onde tinha estado anteriormente. Para sua infelicidade não estava lá. Agarrou o braço de um funcionário que passava e soube que os pertences encontrados eram todos encaminhados para um setor específico que ficava do outro lado do aeroporto.

Quando deu por si estava correndo até a outra extremidade como se tivesse perdido mais do que uma simples jaqueta. No guichê de informações foi obrigada a descrever a peça e apresentar vários documentos como o registro de cidadania, o cartão de embarque e o passaporte além de ter de preencher uma ficha enorme assumindo que havia perdido e reencontrado um bem. Torcendo para que o vôo se atrasasse fez tudo aceleradamente e entregou para a jovem sorridente que estava a sua frente.

“Mais do que é que essa palhaça está rindo. Será que estou descabelada? Deixa eu pegar o meu espelho. Não, Tô normal, um pouco vermelha, mais normal para quem veio correndo. Caramba, cinco minutos. Anda logo moça... cadê minha jaqueta?”

A recepcionista revisou ene vezes o formulário para saber se tudo estava preenchido de forma correta para só então encaminhá-lo a um rapaz que buscaria numa outra sala. Quando o ajudante entregou o embrulho em suas mãos sequer agradeceu, pegou o resto de suas coisas e saiu desembestada novamente pelo saguão. De volta a sala de espera apresentou novamente todos os documentos e foi avisada por outra sorridente atendente que o avião já havia decolado.

“Como essa criatura pode me dizer com esta cara que eu perdi o meu vôo e ainda sorri como se nada de importante tivesse acontecido. Será que ela ganha bem ou todos os funcionários deste lugar foram submetidos a uma plástica para manterem o mesmo semblante. Talvez se eu subir no balcão e arrancar os cabelos dela um por um consigo resolver este caso. Quem sabe? ”

Inconformada com a má sorte negociou e conseguiu ser incluída no próximo vôo que sairia em meia hora. O único problema era que esse era na classe econômica e não na executiva como gostaria. Esse era o preço que pagaria por querer chegar logo a Londres, se não fosse tão apressada poderia esperar mais duas horas e seguir mais confortável até o seu destino. Agora restava esperar um pouco mais e para não correr mais nenhum risco preferiu guardar o livro e se atentar aos seus pertences.

***

- Poltrona 15. Não é aqui, nem aqui, ah achei. - Aconchegou-se na poltrona aguardando ansiosa pela decolagem, retirou o livro da bolsa e esperou confiante a nova fase que estava por vir em sua vida. Arrumando a almofada que havia ganho da aeromoça pensou em quem seria seu acompanhante de viagem.

Quando menos esperava, Hermione se viu sentada ao lado de uma senhor cuja face parecia um balão com olhos. Ele simplesmente era enorme além do espaço da sua poltrona ainda tomava uma parte da poltrona da jovem pressionando a contra a janela do avião.

“Mas que droga. Não acredito que vou passar as próximas horas colada aqui. E se der vontade de ir ao banheiro, como faço? Droga de novo, isso é pra eu aprender a não viajar mais de classe econômica. Não quis esperar mais alguns horas pra ir na executiva, bem feito pra mim!”

Uma coceirinha irritante no meio das costas principiou a incomoda-la o suficiente para que começasse a resmungar. O senhor ao lado nem se mostrou abalado e parecia se divertir com o contorcionismo que Hermione fazia para alcançar a bendita coceira. Aproximadamente cinco minutos depois, inconformada com o pouco caso do colega, a loura sacou sua varinha pronta para usá-la com um feitiço “emagrecedor instantâneo” para ele ou “aliviador essencial de infortúnios” para ela, mas compreendeu que a causa não era tão grande e que precisava se acostumar com os contratempos. Ergueu o objeto e desajeitosamente enfiou por dentro da jaqueta. Quando tudo parecia resolvido um comentário a fez voltar de seus devaneios.

A moça sempre traz um pedaço de madeira na bolsa para se coçar? - quis saber o curioso.

Como é que é? - parou de súbito o movimento de zig zag que fazia.

A moça sempre traz um pedaço de madeira na bolsa para se coçar? - repetiu.

Refletindo sobre a resposta que daria retirou de dentro das vestes sua varinha e desejou lançar um obliviate no intruso, mas desistiu por achar o caso insignificante. Pensou em coisas realmente grosseiras para dizer. No entanto ela poderia precisar sair do assento e o senhor da mesma forma poderia impedi-la fingindo um sono profundo, talvez. Devaneios a parte, sorriu falsamente e emendou.

- Ah sim, nunca se sabe quando podemos precisar dar uma... coçadinha nas costas não é mesmo. - engoliu o sorriso e imediatamente guardou o objeto que jazia no colo.

***

Meia hora havia se passado e até aquele momento nada de bom tinha acontecido. O senhor ao lado roncava feito um porco e todas as vezes em que tentava lançar um feitiço algum curioso deslocava o pescoço em sua direção. Para aliviar a tensão aceitou quando ofereceram uma bebida, o que não se recordava é que no mundo trouxa não havia cerveja amanteigada e engoliu de uma só vez a dose de wisque que a comissária tinha trago. Sentiu seu interior fervendo quando o liquido desceu por seus órgãos. Cuspir foi a primeira coisa que veio a sua mente, mas muitos olhavam assustados para o motor que trabalhava ferozmente ao seu lado. Não tinha jeito, o negócio era engolir assim mesmo. Lembrou que tinha uma garrafa de água na bolsa e instantaneamente secou-a.

Problemas a parte sentiu que precisava ir ao banheiro. Além da vontade enorme que tinha de fazer xixi precisava também ver se todos os ossos ainda estavam inteiros por que a cada segundo o folgado a pressionava mais. Como tentou de todas as formas acordar o vizinho e ele sequer se mexeu, resolveu tomar uma atitude um pouco mal educada: soltou o seu sinto e passou por cima dele sem o menor remorso como se ele fosse um gigante adormecido que não sentiria o seu peso sobre a carne.

Praticamente cruzando as pernas seguiu pelo corredor até chegar a porta do sanitário que indicava para seu desespero ocupado e encostou na parede esperando que a outra pessoa fosse breve, muito breve ou não sabia em que condições voltaria para o seu assento. Um click e a porta de abriu. De dentro uma garotinha muito branca saiu segurando na barriga. Instintivamente Hermione fez cara de nojo imaginando o que encontraria lá dentro. Esperou a menina retornar para o seu lugar e entrou no banheiro. O aspecto até que não era tão mal, fora o cheiro de azedo que o lugar tinha o resto estava até que bem limpinho. Quando foi lavar as mãos notou que não tinha mais sabonete no recipiente. Abriu um tipo de armário que se localizava um pouco acima da pia e notou um pote que servia de reserva de sabonete liquido. Desrosqueou a tampa e como desgraça pouca é bobagem, o avião entrou em turbulência derrubando o líquido azul em sua blusa e fazendo com que caísse sentada no vaso. Ao tentar se levantar chutou sem querer a lata de lixo que estava próxima e a derrubou. Dentro dela estava tudo o que a garotinha tinha comido nos últimos 5 meses. Enojada ergueu as pernas e ali permaneceu até o vôo ser normalizado. Só voltou a si quando alguém bateu na porta perguntando se estava bem. Em duvida com a resposta que daria, disse um sim meio sem graça e avisou que estava saindo.

“Droga. Como eu vou sair daqui com esta camiseta manchada e esse... argh... que nojo... esse vomito espalhado pelo chão. Merlin, Merlin, Merlin. Vamos lá Hermione, força na peruca, pense em alguma coisa útil. Ok, você consegue. Se ao menos minha varinha estivesse aqui... espera aí... ela está aqui. Pelo menos isso, muito obrigada, muito obrigada mesmo.”

Com um floreio tudo voltou ao seu normal e a blusa que era branquinha agora estava um pouco azulada o feitiço não conseguiu tirar por completo a mancha e Hermione resolveu estender a cor por todo o tecido. Era melhor a uniformidade do que uma mancha. Recomposta, saiu do banheiro cono se nada tivesse acontecido e se deparou com um belíssimo rapaz segurando um jornal. Instintivamente pensou logo que o rapaz faria o número dois, caso contrário não levaria algo para ler no banheiro. Tentando apagar a besteira que havia pensado, balançou a cabeça e sorriu de sua própria maluquice. Tentando descobrir a causa daquele sorriso o rapaz fez cara de confuso e retribuiu aquele gesto, fazendo o coração de Hermione saltar no peito.

“Caramba o que que é isso! Que sorriso lindo é esse! Será que ele está sendo gentil, pagou um pau ou simplesmente é fera em legilimência e esta achando graça da asnice que pensei? Quer saber... acho que essa turbulência mexeu comigo além do que devia.”

No instante em que iria virar e seguir para o seu lugar, um novo balanço da aeronave a fez cair nos braços do jovem a sua frente. O perfume dele era encantador, os olhos verdes divinos e aqueles braços... Tudo nele chamava atenção por este motivo fico tempo demais o contemplando até que o gelo foi quebrado.

- Moça está tudo bem?

- Ãhn? Ah está, quero dizer, estou. Estou bem, o-obrigada.

- Então você pode me soltar agora!

- Ah, claro. Desculpe eu, é...

- Não se preocupe, o susto deve te-la imobilizado.

- Que susto que nada, o seu peito masculo é que me desconcertou. - Sibilou baixinho.

- Não entendi.

- Eu disse que... o balanço do avião me desconcertou. - disse de imediato sem saber se ele acreditava naquela mentira rapidamente inventada.

- Quer que eu te acompanhe até a sua poltrona?

- Não, não é necessário. Com licença. - respondeu contradizendo o que passava por sua cabeça. Lá no fundo ela desejou sim que ele a acompanhasse e se possível, trocasse de lugar com o porco roncador que estava sentado ao seu lado, mas fez o que sua mente dizia que era certo e seguiu rindo abobada pelo corredor estreito.

De volta ao assento ficou chocada ao ver que agora o senhor tomava descaradamente os dois lugares. Dormia feito um bebê e não atendia ao seu pedido desesperado para acordar. Desolada sacou a varinha e num instante ele estava na posição correta, mais magro e mudo. Já não era sem tempo. Sentou confortável sacou os fones de ouvido e se deliciou com a bela música que soava em seus ouvidos. Agora sim a viagem estava ficando agradável.

Ainda sonolenta Hermione acordou quando a aeromoça avisou que estavam prestes a pousar. Tirou o lado do fone que ainda estava em uma das orelhas e ajeitou o cabelo. O senhor ao lado ainda dormia e a funcionaria se preocupou por não ter conseguido acorda-lo.

- Não se preocupe. Acho que ele bebeu um pouco mais do que devia. Eu mesma vi quando ele virou de uma vez uma dose de wisque quando a outra aeromoça passou. Pode ir eu mesmo acordo ele.

- Tem certeza?

- Claro, pode deixar! - disse torcendo para que a moça desaparecesse e ela enfim pudesse desfazer o feitiço. Assim que ela virou de costas se prontificou a mudar a situação tornando o seu acompanhante novamente maior e barulhento. Um novo floreio e ele acordou como se tivesse levado um choque bem no traseiro.

- Ui. Caramba! O que foi isso?

- Isso o quê? - Hermione fingiu surpresa assim que ele se ajeitou na poltrona. - Está se sentindo bem?

- Mais ou menos. Senti uma coisa estranha aqui. - indicou o assento e sentindo-se mal interpretado desconversou. - Deve ser só impressão minha, deixa pra lá.

- Bom, já que acordou a aeromoça pediu para comunicar que já iremos pousar.

- Ah, obrigado minha jovem. Vou me aprontar.

- De nada. - a cara de inocente que fez era digna de uma boa atriz, disfarçou, ajeitou suas coisas e aguardou.

Quando em terra, desceu do avião e agradeceu a Merlim por tudo, ou quase tudo, ter dado certo e sorriu ao lembrar onde tinha chego. Sentindo o estômago congelar a cada passo que dava, se dirigiu para o interior do aeroporto que estava abarrotado de pessoas que vinham de todos os lados. Desejando ardentemente encontrar os amigos olhava ansiosa para todos os lugares que os seus olhos alcançavam. A busca só foi encerrada quando a um canto com uma tabuleta amarelo berrante visualizou duas amigas: uma bela ruiva e uma loura excêntrica aguardando-a próximo a uma pilastra.

***


Mto tempo depois... voltei a postar. Como havia dito estava com problemas para fazer o login, mas agora foi solucionado (espero).
Torço para que curtam o capítulo e se divirtam com as maluquices da Hermione.
Um grande beijo e até o próxiimo.

Graziela
08/12/08









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