A carta



James olhava com certo desprezo para Sirius, mais precisamente para a mão com a qual o rapaz segurava, com força, seu braço. Levantou o olhar, encarando os olhos acinzentados, raivosos. Sirius parecia um pitbull cercando um intruso em seu quintal.
    James percebeu que sua respiração estava falha de tanta ira. Mas, para uma maior fúria de Sirius, caiu na gargalhada.
    - Tá rindo de quê, ô babaca? – Sirius rosnou.
    - Você se acha muito importante, não? Vê lá se eu ia perder o meu tempo para mostrar para Marlene que você não presta? Eu não preciso disso, ela sabe que você não vale o sal do batismo. Eu, talvez, até tentasse levá-la se você tivesse fazendo algo que preste, uma boa ação, tipo assim, e ainda falaria: “Tá vendo, Lene, ele bem lá no fundo vale algo...”
    Sirius soltou o braço do amigo, reconsiderando as afirmações. Definitivamente, James estava certo.
    - Olha só, vai pro diabo que te carregue! Me machucou, tá? - James levantou a manga das vestes para avistar a mancha vermelha que os dedos de Sirius desenharam sobre sua pele.
    - Ai, como é sensível... – Sirius cantarolou.
    - Cachorro! – James berrou. – Você me paga!
    - Ui, ui, que medo dele... Vai me dar chifradas com sua galhada, veadinho? – Sirius debochou.
    - Oras, seu...!
    James se jogou contra Sirius, que vacilou e caiu sobre uma cama, rolando duas vezes e se estabacou no chão. James, por sua vez, tentou se equilibrar, mas a gravidade era infernal, e na queda, seus óculos foram parar longe. O barulho chamou a atenção de Frank, que acabara de entrar no Salão Comunal. Sem pensar duas vezes, o garoto subiu correndo as escadas, entrando no dormitório como se fosse um heroi aflito para salvar uma pessoa que lhe clamava socorro.
    Viu James e Sirius se levantarem lentamente, este esfregava o joelho, e aquele, a testa. Frank ficou observando tal cena, criando em sua mente mil possibilidades para o que havia ocorrido ali. James e Sirius se entreolharam por um momento, e romperam em gargalhadas.
    - Quebrou a galhada, Jay-gay?
    - Não se preocupe comigo, vai cuidar da patinha quebrada, poodle de madame...
    - Merlin, eu não sei porque ainda me preocupo com vocês... – E Frank revirou os olhos, dando as costas para o dormitório, fazendo James e Sirius rirem mais ainda.
    Dorcas ia entrando no Salão Comunal, pensativa e com os olhos inchados, embora não estivesse mais chorando. Se jogou em uma poltrona, a primeira que viu a sua frente, na mesma hora em que Frank alcançou o último degrau da escada. O rapaz a mirou atentamente. Era o tipo de pessoa que não podia ver ninguém chorando. A menina tinha a cabeça recostada nas costas da poltrona, com os olhos fechados. Frank se aproximou e sentou numa poltrona à sua frente, inclinando o corpo e apoiando os cotovelos nos joelhos.
    - Ei, Dorcas...? – Falou timidamente.
    Dorcas abriu os olhos, em seguida deu um sorrisinho meio sem graça.
    - Oi, Frank, olha, que coincidência... Era você quem eu queria ver.
    - Sim...? – - Frank arregalou os olhos, desconfiado.
    - Me diz uma coisa... – A menina se ajeitou na poltrona. – Como foi que você e Alice começaram a namorar?
    O rapaz enrugou a testa. Que tipo de pergunta era aquela, ainda mais de uma pessoa que estivera a pouco chorando?
    - Bom, eu gosto de Alice desde o... – Frank forçou a mente – Desde o terceiro ano. Mas eu tinha medo.
    - Medo de chegar nela?
    - Não, medo do irmão dela... – um sorrisinho sem graça estampou o rosto de Frank, e Dorcas se segurou para não rir.
    - Ah, e então?
    - Então, eu fui me aproximando dela, sabe? Alice é absurdamente linda, não é? – ele suspirou, Dorcas só balançou a cabeça. – Eu ficava meio idiota perto dela...
    - Só perto dela? – Dorcas murmurou malignamente.
    - Hã?
    - Nada, nada... – Ela riu. – Prossiga...
    - Aí, um dia, ela estava consultando as cartas de tarô, acho que era um trabalho de adivinhação, não me lembro bem... E eu sei que ela me chamou correndo, e me mostrou as cartas.
    - E daí?
    - E daí que eu não entendi nada, eu sou péssimo em adivinhação.
    - Não... – Dorcas levou a mão à testa teatralmente. – E o que ela disse depois disso?
    - Ow... Ela disse que ela viu que o garoto que ela gostava também gostava dela, e ela devia tomar uma atitude.
    - E...?- Ela ergueu uma das sobrancelhas.
    - E aí ela me agarrou e me deu um beijo.
    - Não! – Dorcas não conteve a emoção. – Eu não conhecia esse lado atirado de Alice!
    - É... nem eu, mas fiquei muito satifesto em conhecê-lo – Frank tinha um ar sonhador.
    Dorcas estava eufórica internamente. Então, era isso: tomar a atitude. Alice parecia ser boa nisso, então, ela também poderia ser.
    - Frank, o quanto você conhece o Edgar Bones?
    - Ed? Uh... Somos muito amigos! – Frank sorriu
    - Ele tem namorada?
    - Que eu saiba, não, embora tenha uma fila de espera. Ed é meio popular.
    - Disso eu sei... Mas, ele gosta da Emme mesmo? Ele a convidou pro baile e tal...
    - Eu não sei, mas posso sondar. Ed nunca falou da Vance comigo, mas essas coisas ele conversa mais com a Alice...
    - ALICE? – Dorcas berrou e no susto que levou, Frank deixou os cotovelos escorregarem dos joelhos.
    - É...? Não sabia? Eles são bons amigos também. Eu tinha até ciúmes no começo, Ed é muito bonitão pro meu gosto.
    - Gente... eu preciso conversar mais com Ali... Onde ela está agora?
    - Eu pensei que ela estivesse aqui, também quero saber onde ela se meteu.
    - Mas agora nem adianta, estamos quase no horário da aula... – Dorcas olhou para o relógio na parede oposta, faltava 15 minutos para a aula de adivinhação. – Mas com certeza a veremos na aula de adivinhação... Alice perde a cabeça, mas não perde essa aula... Vamos andando?
    Dorcas se levantou, animada. Frank a acompanhou, quando ela saiu do Salão Comunal, quase sem vontade, pois odiava adivinhação. Só se inscrevera na matéria por Alice... E por sua mãe. Dona Augusta adorava uma boa bola de cristal, talvez por isso não criara caso quando Frank e Alice começaram a namorar. Quando estavam caminhando, viram Emmeline e Remus vindo na direção oposta. Emmeline apertou o braço de Remus, que deu um gemidinho quando a unha dela cortou sua pele.
    - Ai, Emme! Isso doeu! – Remus olhou para o braço.
    - Desculpa, amor... – Emmeline sorriu sem graça. – É que... Dorcas... ali... falar com ela e tal...
    - Ah, deixa comigo... Eu falo... Com ela... – Remus fez uma careta.
    Dorcas suspirou quando Remus veio em sua direção. Emmeline ficou de longe, observando, disfarçando mal e porcamente a curiosidade, enrolando uma pequena mecha do cabelo com os dedos. Acenou distraidamente para Dorcas, como se nada tivesse acontecido.
    - Suja... – Dorcas resmungou.
    - Eu parei de tentar entender vocês, sinceramente... – Frank balançou a cabeça.
    -Ei, Dorcas... – Remus gaguejou. – Podemos falar... Rapidinho?
    - Não precisa, não, Remus. Para bom entendedor, um gesto vale mais que um “não vou mais ao baile com você”. – Dorcas falou, num sorriso falso.
    - Não, é que não é bem assim... – ele continuou, coçando a cabeça, meio constrangido. – Eu vim te dizer que eu vou, sim, ao baile com você.
    Dorcas ergueu as sobrancelhas. Frank riu dissimuladamente.
    - Vocês são loucos! Eu acho que sou o único são aqui... – O rapaz mirou incrédulo de Remus para Emmeline.
    - Frank... - Remus o lançou um olhar matador.  – Você não está ajudando...
    - Ah, desculpa... Eu não deveria me meter... – Ele corou, na mesma hora que viu Alice e Marlene surgirem de um corredor. Agradeceu a coincidência – Ah, olha Alice... com licença...!
    Alice acenou alegremente, com um bolinho de chocolate na mão. Marlene estava se deliciando com um pote de sorvete. Dorcas olhou para elas, como se os doces fossem mais importantes que Remus. Suspirou quando viu Alice entregar delicadamente o bolinho para Frank, e esse dando um beijinho de leve em seus lábios. Percebeu que Marlene estava sobrando ali, com cara de tapada olhando a cena.
    - Dorcas... – Remus falou entre os dentes. – Hello...
    - Ah, desculpa... Dizia que...?
    - Eu vou ao baile com você. – Ele falou com cara de tédio.
    - Como é isso? – Ela perguntou, olhando para Emmeline coms os olhos semicerrados e inquisidores.
    - Emmeline prometeu ir com Edgar, certo? E eu, com você. Então, promessa é dívida! E tem mais, baile é baile. Eu adoraria ter sua companhia como amiga. Pode ser?
    Dorcas não culpou Frank dessa vez: Realmente, estavam todos loucos. Remus e Emmeline, então, estavam de longe no topo dos 10 mais loucos. Ainda assim, ela pensou ligeira: Emmeline e Remus namorando, vão querer ficar juntos no baile, Edgar, o gostosão, vai ficar sozinho, desamparado... Dorcas sozinha... Hum... Isso era bom. Muito bom.
     Olhou para Alice e Frank, casal adorável que só estavam juntos porque ela deu o startup da relação... É, Dorcas tinha que ser inteligente, afinal, uma mulher inteligente vale mais que mil bonitas... Ou não, mas isso não vinha ao caso.
    - Ok, então, Remus... Eu vou ao baile com você... – ela sorriu, dessa vez, maliciosamente, ao pensar como Edgar ficaria lindo de traje de gala.
    - Ah, que bom! Eu te agradeço a compreensão! - Remus deu um beijo na bochecha de Dorcas, e ela corou, olhando de canto para Emmeline, que nem parecia abalada.
    - Vocês são dois estranhos. Se merecem, sabia? – Dorcas comentou, franzindo a testa e apontando com o queixo para a amiga.
    - Ah,  obrigado... – Remus comentou distraído, olhando para Emmeline também, que jogou um beijinho em sua direção.
    - Isso não foi um elogio... – a menina riu maldosamente.

James e Sirius cruzaram a porta do Salão Comunal, na mesma hora que Lily parecia entrar. Ela deu de frente com James, tropeçando e caindo nos braços do rapaz. Ele sorriu para ela, enquanto as bochechas de Lily coravam.
    - Ei, cuidado para não se machucar, mocinha... – James falou num tom grave.
    - Opa, desculpa – Lily disse sem graça.
    Sirius observou os dois, abrindo um leve sorriso quando os olhos deles se encontraram. Estava tão nítido que eram feitos um para o outro, que ele sentia vontade de espancar James por ser tão idiota... Mas ao lembrar que ele mesmo era um idiota, mudou de ideia rapidamente. Lily e James pareciam ter despertado, quando ele pigarreou e ela colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha.
    - Então? – Sirius resolveu quebrar o clima constrangedor. – Veio nos chamar para aula, lírio do vale?
    James olhou de canto de olho para Sirius, que se segurou para não rir. Lírio do vale era golpe baixo, ele tinha que admitir.
    - É, eu... Achei que as meninas estavam aqui... – Lily olhou para Sirius sorridente. – A aula de adivinhação já vai começar... Vamos?
    - Vamos sim... – Sirius se antecipou, pegando Lily pela mão – Você não vem, Jay-jay?
    James estava parado, olhando para os dois com olhar de quem havia chegado atrasado na estação e via o trem partir sem ele.
    - Claro... – James deixou os ombros caírem e os seguiu, relutante.
    - Você é tão mau... – Lily sussurrou para Sirius.
    - E você é sonsa, garotinha... – Sirius retrucou, piscando para ela.
    Os alunos da Corvinal, com os quais a Grifinória compartilharia a aula, começavam a chegar e a maioria deles já se posicionavam na sala de aula, acomodando-se em seus lugares. Alice levou Marlene pela mão, para sentar-se com ela e Frank no seu cantinho preferido. “Tem ótimas energias que aguçam o dom da visão além do alcance” comentou, e Frank completou com um “por favor, não a contrarie...” em tom de súplica assim que a namorada se afastou. Sentaram-se, logo sendo acompanhados por Dorcas, sorridente.
    - Dorcas! Veio nos fazer companhia...! – Alice falou entusiasmada.
    - É, eu quero ver como você faz isso... – Dorcas comentou, olhando de relance para Frank, que revirou os olhos. – Quer dizer... Prever o futuro e tal.
    - Ah... Se hoje fizermos algum exercício de previsão do futuro, eu posso ver o seu, se quiser – a menina comentou, sorridente.
    - Ó-ti-mo! – Dorcas silabou.
    - Ei, Frank...? – Marlene se aproximou para que nenhuma das duas a ouvisse. – Eu não sou adivinha nem nada... Mas isso tem à ver com o Bones, não tem?
    - Você devia aprimorar seu dom divinatório, McKinnon... – Frank comentou, abafando um riso.
    - Não, é que Dorcas é tão previsível que a gente não precisa de folha de chá para descrever... – Marlene riu baixinho.
    Logo, todos os alunos pareciam já ter ocupado seus lugares. Quando que Sirius e Lily entraram na sala, seguidos por James com um bico enorme, que foi logo tratando de ir para perto de Marlene, essa olhou Sirius com um ar de desprezo tão grande que até Lily notou. Só desviou o olhar quando James se jogou ao seu lado, tão irritado que parecia uma bomba relógio faltando um segundo para explodir.
    - Ih, que houve? – Lily comentou com Sirius, quando se sentaram perto de Emmeline e Remus.
    - Nada... Só um pouco de má sorte minha... – Sirius comentou, afundando na cadeira.
    Um menina de cabelos cor de avelã se levantou de onde estava, com seus amigos da Corvinal, caminhando em direção ao grupinho da Alice, Marlene, Dorcas e Frank. Quando viu a menina se aproximar, Alice sorriu sem graça.
    - Oi, Alice – a menina falou, sorridente.
    - Rachel... – Alice tentou parecer bem. – Tudo bem?
    - Oi, pessoal... – Rachel cumprimentou os demais, recebendo vários “oi” ao mesmo tempo. – Posso falar com você um instante?
    - Ah... Claro... – Alice olhou de relance para Frank. Ele balançou a cabeça como incentivo.
    Alice se levantou rapidamente, indo para o lado de Rachel Clearwater. Já esperava qual era a pergunta, e nem precisava prever futuro nenhum para saber qual seria. Rachel a conduziu até um canto mais reservado, olhando a menina nos olhos quando falou.
    - Você tem noticias da sua família? – Rachel perguntou mordendo o lábio inferior.
    - Você quer notícias da família toda ou de algum membro em específico? – Alice endureceu a expressão. Era difícil ver a menina fazer isso, então, Rachel decidiu ser mais clara.
    - Ele nunca mais me escreveu... Por quê? Eu pensei que ele...
    - Pensou errado, Rachel... – Alice a cortou duramente. Rachel deixou os ombros caírem. – Olha, desculpa... Eu estou muito preocupada com a minha família, eles estão passando por um momento delicado, e eu até recebi uma carta hoje cedo e...
    Alice meteu a mão pelo bolso interno da veste, tateando a carta que, covardemente, ainda não havia lido. Empalideceu quando não a achou. Rachel notou.
    - Algo errado, Ali? – Perguntou docemente.
    - Minha carta! – Alice começou a procurar nos outros bolsos. – Onde está minha carta? Onde?
    - Alice? Que houve? – Frank já estava ao seu lado. Todos a olhavam como se fosse louca. Nada além do normal.
    - Frank! Perdi minha carta! – Alice tinha uma expressão de pânico no olhar.
    - Que carta?
    - A carta do Dudy! Onde está? – Ela ainda tentava achar, inutilmente.
    - Ele escreveu...? – Rachel parecia esperançosa. – O que ele disse?
    - Eu não sei! Eu não li! – Alice começou a chorar – Frank! Eu perdi! Eu sou uma idiota!
    - Calma, amor... deve estar no Salão Comunal... Se alguém achou, vão devolver... Calma... – Frank a abraçou, acariciando seus cabelos.
    - Alice, eu... – Rachel começou, mas Frank levantou a mão a impedindo de continuar.
    - Rachel, desculpa, mas eu acho que é melhor não conversar sobre isso agora. Vem, amor... vamos procurar a carta... – Frank pegou a namorada pela cintura, olhando em direção ao grupinho que estava sentado com eles. – Por favor, avisem que eu vou levar Alice à ala hospitalar...
    - Eu não preciso! – Alice retrucou, aos prantos.
    - ... Por que ela precisa se acalmar – Frank a ignorou. – Certo?
    Após um “Ok” vindo dos amigos, Frank conduziu Alice sem nenhum esforço pelos corredores. Embora não entendesse o motivo de tanto desespero por uma carta, ele sabia o quanto a namorada estava preocupada com a família. Alice soluçava.
    - Calma, querida... Você deve ter deixado no dormitório.
    - Não! Eu coloquei no bolso, saí de lá com ela, quando Marlene e eu fomos comer doces...
    - Ei, Prewett... – Uma voz falou em tom zombeteiro. – Procura isso aqui?
    Alice e Frank se viraram ao mesmo tempo, para ver Severus Snape balançando um pergaminho aberto, ao lado de Domini Bletchley e Travis Lestrange. O garoto limpou a garganta, com um sorriso no rosto, quando começou a ler em voz alta.
    - Ham-ham... Querida Alice... estamos bem, a salvo, mas se não fosse você contar sobre o que viu...
    - Me devolve isso! – Alice gritou, indo pra cima do rapaz e sendo impedida por Travis, que a agarrou com facilidade. Frank sacou a varinha, mas Domini se colocou a sua frente.
    - ... Eu não saberia se estaria vivo para escrever essas linhas... – Ele continuou, debochadamente.
    - Seu miserável! – Frank bradou, agitando a varinha. Domini Bletchley sacou a sua também, apontando direto para ele.
- Epa... Sem agressões, Longbottom... – Domini falou entre risos – Deixa o Snape ler a carta para a destrambelhada da sua namoradinha.
    - Tivemos que sair de casa, óbvio, mas estamos bem agora. Antonella e Daniel estão conosco, mas Fabian resolveu ficar. Ele está com a Ordem, papai e mamãe não me deixaram ficar com eles... – Severus continuou, Alice chorava copiosamente e sem forças para lutar contra Travis.
    - Ai, que meigo... Os pais Prewett devem ser tão cuidadosos como sua mamãe velha coroca, né, Longbottom? – Domini comentou e os outros dois Sonserinos riram. Frank apertou a varinha nos dedos, pronto para atacar, mas antes, Severus continuou.
    - Então, eu vou deixá-los seguros e voltar. Eles não podem me impedir de lutar. Alice, se algo acontecer comigo... – Severus mudou o tom de voz, como se fizesse suspense. Alice estava com os olhos fechado, cambaleante e ofegante – Cuide de papai e mamãe por mim. Eu não me importo de morrer, contando que saiba que estejam bem...
    - NÃO! – Alice gritou, batendo no peito de Travis com a pouca força que lhe restava. – NÃO! MEU IRMÃO! NÃO! – A menina ainda estava com os olhos fechados, e dessa vez, Travis olhou receoso para os outros dois. Ela estava desfalecendo.
    - Posso saber o que se passa aqui? – Minerva McGonagall chegara no recinto, acompanhada por alguns alunos atraídos pelos gritos de Alice. Os três rapazes da Sonserina se ajeitaram. Travis largou Alice, que caiu no chão, quase desacordada, e Domini escondeu a varinha. Frank correu até Alice.
    - Alice?! Alice! – ele se jogou no chão, levantando a menina do chão.
    - Eu quero os três, na minha sala... AGORA! – Minerva olhou duramente para Severus, Domini e Travis. – Longbottom... Leve Prewett para a ala hospitalar. E vocês... – olhou para os demais alunos – sumam da minha frente! Andem, mocinhos, comigo...
    - Mas que diabos...? – Slughorn chegara ali, correndo como podia, balançando a pança pesada – Ow... Minerva...?
    - Acho que seus alunos deveriam estar na sala de aula ao invés de estarem fazendo balburdia nos corredores, Horace! Agora, eles terão uma nada agradável conversa comigo!
    - Oras...! – Slughorn os olhou como se fossem abacaxis cristalizados com a validade vencida, tamanha a decepção nos olhos pequenos.
    Enquanto os três levavam uma suspensão muito bem aplicada por Minerva, Frank levava Alice no colo, quase correndo, para a ala hospitalar. Entrou no recinto abrindo as portas com um chute. Poppy Promfey levou um susto ao vê-lo.
    - Que isso! Que houve com a pequena? – Ela se antecipou, ajeitando o chapéu na cabeça.
    - Aqueles... Miseráveis! Eu os pego... – Frank falava entre os dentes, enquanto deitava Alice numa maca, acariciando seu rosto pálido.
    - Ei, calma! Acho melhor você se acalmar... Vai piorar a situação... Anda, senta ali, eu vou dar uma poção pra você também... – Pomfrey sugeriu, enquanto pegava na pequena e gelada mão de Alice. – Querida, o que fizeram com você...?
    - Ele vai morrer! – Alice estava catatônica, agarrou Madame Pomfrey pelo colarianho quando completou. – Meu irmão, ele vai morrer!

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