Um Feliz Aniversário
Trinta e sete anos. Para um bruxo isso não é tanto, mas se levar em conta tudo o que já enfrentou durante esses longos trinta e sete anos realmente pode ser considerado muito. A maioria de seus amigos estavam a muito casados, já havia educado, e ainda educava, a muitos de seus filhos, mas não teve, e achava que não teria, o prazer de educar um filho seu.
Filhos.
Não sabia o que lhe havia feito pensar nisso, sendo que nem ao menos uma esposa tinha. Não era do tipo muito sociável, tivera algumas amantes, é bem verdade, mas nunca um relacionamento sério.
Se já amara?
Estaria mentindo se dissesse que não. Mas por um erro estúpido perdera esse amor. Pra sempre. As pessoas costumam fazer algumas escolhas erradas na vida, mas ele não. Ele não fizera algumas escolhas erradas, e sim muitas. E sem dúvida a que mais se arrependia era a de ter se tornado um comensal da morte. Por causa dessa escolha, e das implicações desta, perdera seu primeiro grande amor: Lílian Evans. Tudo por causa de preconceitos tolos e sem qualquer fundamento. Se apaixonara por uma sangue-ruim, e isso para alguém que almejava se tornar comensal era suicídio, mas por ela teria desistido de tudo isso. Mas era um garoto tolo, pensava, pois por uma brincadeira de muito mau gosto do Potter e sua corja, ele ofendera Lily. Justo ela, que veio em sua defesa. Tinha essa lembrança ainda nítida em sua mente. A chamara de sangue-ruim, a ofendera da pior forma possível. Lembrava-se nitidamente da expressão dela. Desapontamento. Profundo desapontamento. Fora mais tarde pedir-lhe desculpas, é claro, mas já era tarde. Muito tarde. E assim perdera seu primeiro grande amor.
Primeiro? Por acaso voltou a amar? Sim. Amava intensamente. A ironia era que novamente amava uma nascida trouxa grifinória.
Ironias do destino.
Mas desta vez não era o preconceito com o nascimento em família não bruxa que os afastava. Não. Há muito esse preconceito fora extinto. A questão agora era totalmente diferente, mas da mesma forma não poderia tê-la. Nem ao menos fazia idéia se ela poderia o querer também. Mas que idéia, é claro que ela não o queria. O que alguém como ela poderia querer com ele, afinal?
Se ao menos a situação fosse outra. Ela jamais o veria de outra forma se não como o detestável mestre de poções Severus Snape. Ele já fizera de tudo para esquecer, para sufocar esse amor. Destratava-a, chamava-a de intragável-sabe-tudo, era cruel com ela, mas nada disso adiantava; apenas aumentava a raiva que ele tinha de si, por amar aquela garota.
Garota não, mulher.
A muito Hermione havia se tornado uma bela mulher. Lembrava-se como ela estava linda no Baile de Inverno, como desejava ser ele a acompanhá-la e não aquele búlgaro idiota e metido. Tivera imensa vontade de azará-lo por ser ele a estar com ela, por ser aquele fedelho a dançar com ela. Quando soube do beijo então, foi por muito pouco que não lançara uma imperdoável naquele atrevido. Como pôde ter a audácia de beijar Hermione? A SUA Hermione!
Certo, isso é exagero. Nunca foi e provavelmente nunca seria SUA Hermione, a não ser, é claro, em seus sonhos, onde ela era sua. Única, exclusiva e inteiramente SUA.
Sonhos...
Se pudesse tornar um único desses sonhos real... Seria maravilhoso! Se pudesse tê-la em seus braços uma única vez... Temia, é claro, que fosse apenas uma vez, mas talvez, se tivesse essa chance, mostraria a ela como é importante para ele, como ele poderia amá-la e fazê-la feliz como nenhum outro jamais faria. Céus, como a amava!!!
Se tivesse um sinal dela, apenas uma pequena indicação de que ela se interessava por ele...
Foi tirado de suas divagações por algo pequeno que vinha voando em sua direção. Parecia... Um passarinho de papel? Isso mesmo! Um recado encantado no formato de um passarinho de papel. Já vira esse feitiço antes... Seu coração começou a acelerar... O recado pousara em suas mãos.
Ao abri-lo se depara com uma caligrafia conhecida e uma agradável surpresa:
“Amo-te como jamais amei e amarei.
Feliz Aniversário.
da SUA...
H. G. ”
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