Prólogo




Barcelona, 1898


Uma bailarina movimentava-se delicadamente pelo palco do coliseu. Era o seu primeiro solo, era o seu momento. Uma roda, meia dúzia de passos e girava novamente.

Todos os olhares estavam depositados sobre ela. Bem, talvez nem todos…

No camarote presidencial, dois amigos olhavam para a plateia com muito mais interesse. Ali, no topo, onde ninguém os via, gostavam de viver nas sombras, e ter acesso a tudo o que se passava.

Um deles, debruça-se sobre o parapeito e inspira profundamente. Um cheiro delicioso pairava sobre todas aquelas pessoas.

- Não sentes também? – perguntou ao amigo. Esperando já por uma resposta negativa.

Deixo-lhe um sorriso enviesado.

- Nem por isso, mas tu é que és o perito! – sorriu novamente, e deixou-se afundar na cadeira de veludo vermelho. – Eu somente vim ver um bailado.

- Sirius! É impossível que não sintas! – James imitou o amigo e deixou-se cair pelo assento.

- Tudo bem, já encontraste a tua vítima, foste mais rápido do que eu, ganhaste! – disse, e o seu olhar voltou caiu sobre a bailarina. – Ou talvez não…

O aroma no ar era inebriante, e James tentava encontrar o seu dono desesperadamente. Fixou cada elemento da plateia, mas não era capaz de o decifrar. Resmungou, frustrado.

- Vou dar uma volta pelo corredor…

- Vai, mas nada de te meteres com a moça da entrada, essa também é minha! – avisou Sirius enquanto levava a taça de licor mais uma vez aos lábios.

Assim que James se levantara e encaminhava-se para a porta do camarim, uma corrente de ar fez com que o aroma se evidencia-se novamente, agora de um modo mais intenso.

Em um ápice, James voltou ao seu lugar, e uma vez mais debruçou-se sobre a arcada do camarote.

- É ela – sussurrou.

- Onde? – perguntou Sirius, subitamente interessado.

James transmitiu-lhe a imagem visual dela num dos camarotes laterais. Vestia-se de rosa claro, o cabelo avermelhado caía-lhe sobre os ombros, a pele era branca, como a dele, mas o prefume… esse era delicioso.

- Tanto alarido por aquilo? – perguntou Sirius visivelmente desapontado. – A rapariga tem aí uns quinze anos…

- Mas cheira tão bem.

- Certo, tudo bem, então não percas tempo. Esta é fácil… esperas que o espectáculo acaba, seduze-la, livras-te dos pais, levas a moça até um beco escuro e depois…

- Mato-a – completou o outro vampiro, calmamente. - O sangue dela deve ser tão suculento quanto o cheiro…

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