Sombras na Tempestade
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Depois disso um silêncio mórbido se abateu, pontuado pelo barulho das ondas acertando a praia, no qual Harry presumiu que os dois haviam voltado para os seus respectivos quartos.
Mas aquela conversa havia despertado uma curiosidade em Harry. Se Hermione não estava procurando pela chave quando saiu com Draco durante a tarde, o que ela esteve fazendo?
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Astória piscou diversas vezes, a claridade do dia começava a entrar na barraca. Ela se ergueu de uma vez e olhou para os lados, o quarto estava vazio; Puxou as cobertas até a altura do pescoço, acabara de perceber que estava nua, a camisola de seda negra jazia esquecida no chão do quarto.
Ela e Draco haviam dormido juntos. Caiu novamente sobre o travesseiro, sorriu para si mesma. Lembrava vividamente do corpo dele sobre o dela, de como ele havia sido gentil e carinhoso, respirou profundamente e constatou que até o cheiro dele ainda estava impregnado sobre ela.
Nunca havia sido tão impulsiva assim antes, por um momento ela imaginou o que a teria feito agir daquela maneira. Mas ela já sabia exatamente a resposta... Só não queria admitir.
A loira levantou-se sem pressa, vestiu com cuidado a camisola e um roupão e respirando profundamente para acalmar-se ela saiu do quarto. Hermione estava sentada na pequena mesa onde eles jantavam, lendo um livro extremamente velho, Rony preparava o que parecia ser um chá.
- Bom dia! – O ruivo saudou quando viu Astória. – Aceita um pouco de chá?
- Bom dia... Aceito sim. – Ela respondeu educadamente.
Astória sentou-se na mesa, junto com Hermione, e não pode deixar de se esticar a procura de Draco do lado de fora.
- Onde estão os outros? – Astória perguntou displicentemente, achou que daria muito na cara perguntar “Onde está o Draco?”.
- Saíram já faz algumas horas. – Hermione respondeu sem desgrudar os olhos do livro. – Harry e Malfoy iam juntos ao cemitério procurar a chave lembra?
- É claro... Havia me esquecido. – Ela respirou profundamente e mordeu de leve o lábio inferior, teria de esperar até anoitecer para falar com Draco.
- Hermione e eu estivemos conversando. – Rony conjurou três xícaras e foi servindo chá fumegante a Astória, de maneira bem desajeitada devido às muletas. – Achamos que seria uma boa idéia treinar feitiços defensivos durante a tarde, pro caso de haver outro ataque como o que tivemos n’A Toca.
- É uma boa idéia... – A loira concordou. – Quando podemos começar?
- Assim que eu terminar de ler esse capitulo. – Hermione respondeu, ainda sem desgrudar os olhos do livro.
- O que ela tanto lê? – Astória perguntou baixinho para Rony.
O ruivo soltou uma gargalhada audível. – Hermione nunca fica sem ler. Nunca. – Ele frisou a ultima palavra. – Esse é um livro de Necromancia sobre as chaves que estamos procurando. – Rony apontou o livro muito velho que Hermione continuava a ler. Ele se sentou a mesa, colocando as muletas que ainda usava apoiadas nas bordas.
- Um livro de Necromancia? – Astória parecia realmente surpresa. – Onde você conseguiu isso? Quero dizer... Não é o tipo de coisa que se venda na Floreios e Borrões...
Rony ergueu uma das sobrancelhas em sinal de desconfiança. Ele não havia pensado nisso, nunca lhe ocorrera onde Hermione havia conseguido um livro velhíssimo de Artes das Trevas.
Hermione finalmente desviou o olhar do livro, como se ela tivesse tomado um choque ela olhava atônita para Astória.
- Eu o comprei na Travessa do Tranco. – Ela disse muito rápido. – Foi o único lugar onde encontrei o livro. – Hermione detestava ter que mentir sobre isso novamente, mas achou que seria muito pior se soubessem que havia roubado o livro de Dorian Blake.
- Você foi à Travessa do Tranco sozinha? - Rony perguntou sem esconder o desgosto.
- Eu sempre quis entrar lá. – Com um assomo de adoração por Hermione, falou Astória. – Mamãe e Papai nunca deixaram.
- Os meus pais também nunca deixaram. – Rony confessou.
- Uma vez, enquanto minha mãe comprava os livros pra minha irmã, eu corri escondida pra lá... – Astória começou a contar com um sorriso maroto no rosto. – Eu tinha nove anos na época.
Rony não pode deixar de sorrir com o relato de Astória. – E o que aconteceu? – Ele perguntou legitimamente interessado, servindo chá também à Hermione.
- Me perdi. – Astória respondeu entre uma risadinha abafada.
- Você se perdeu na Travessa do Tranco? – Rony indagou. – E eu achava que só o Harry era tapado o bastante para fazer uma coisa dessas... – o ruivo sorriu maliciosamente. – Mas então... O que houve depois disso?
– Quando meu pai me encontrou eu estava chorando escondida dentro da loja de Madame Zayra.
Houve então um barulho de porcelana se partindo fez com que Astória saltasse assustada. Hermione havia derrubado a xícara de chá que Rony havia lhe servido. Cacos de porcelana branca enfeitavam o chão inteiro.
- Desculpem... – Hermione estava pálida e atônita. – Eu... Eu... Eu estava distraída, o chá estava quente e eu me queimei...
- Hermione, você devia parar de ler essa coisa ao menos pra tomar um café da manhã descente! – Rony ralhou.
- Eu sei. Desculpe, eu vou parar de ler. – Hermione fechou o livro, e fez um aceno de varinha para reconstituir a xícara quebrada e secar o chá derramado.
- Eu vou lá pra fora treinar alguns feitiços... – Astória disse logo que acabou o chá. Ela na verdade tinha esperanças de que Draco e Harry terminassem cedo e que ela pudesse vê-los voltando.
- Nós vamos num segundo. – Hermione disse. – Eu só vou terminar de limpar essa bagunça...
- E tomar um café da manhã descente... – Rony completou servindo mais chá para Mione.
Astória saiu da barraca olhando para todas as direções da planície verde. Rony do lado de dentro lançou olhares de esguelha para Hermione.
- Qual é o problema Mione? Você parece perturbada. – Ele perguntou.
- Não é nada... – Hermione respondeu vacilante. – Não é nada demais.
O ruivo se levantou pesadamente, ainda mancando dolorosamente e se movimentando com dificuldade devido às ataduras, ele se colocou ao lado de Mione, e tocou gentilmente o rosto dela. – Você pode me contar qualquer coisa...
Ela sorriu satisfeita. – Não se preocupe, não é nada. – Ela respirou pesadamente. – Rony você sabe que eu te amo não é mesmo?
- Claro que sei. – Ele disse.
Ela se ergueu lentamente e beijou Rony com paixão. Depois deu um sorriso envergonhado e foi saindo da barraca para se reunir com Astória, o ruivo a acompanhava gingando com as muletas logo atrás; pensando secretamente:
“Acabo de ficar um passo mais próximo de saber qual é o seu segredo Mione”.
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- Isso não passa de uma perda de tempo Potter. – Draco guardava o pedaço de espelho que brilhava forte num bolso interno do casaco.
- Perda de tempo seria se tivéssemos ficado na barraca... Temos que continuar a procurar. – Harry replicou andando ao redor dos túmulos do cemitério.
Os dois estavam de pé entre as varias lapides de pedra do cemitério. Draco olhou em direção da estatua de um anjo feito de mármore, ficava bem no meio do cemitério enfeitando o local. O sonserino não pode deixar de pensar que após uma semana procurando pela chave, a expressão bondosa do anjo começava a lhe parecer zombeteira. Como se a estatua soubesse que não adiantava ficar procurando pela chave, Draco estava começando a ficar irritado com a expressão do anjo, parecia que aquele sorriso presunçoso da estatua era intencional.
Harry tambem tinha sua cota de mal humor. Draco se provou ser uma companhia ainda pior do que ele imaginava, durante todos os dias em que estiveram juntos procurando a chave tudo que o loiro fez foi reclamar.
- Já olhamos por toda parte, a chave não está aqui Potter! – Draco exclamou um pouco mais alto do que pretendia.
- Fala baixo! – Harry protestou. – O coveiro está olhando pra cá desde que chegamos.
O coveiro era um homem alto e magro, com ralos cabelos brancos que lembravam algodão e grossas costeletas. Tinha sobrancelhas espessas e grisalhas e um nariz adunco de gancho que o fazia parecer irresistivelmente com um pássaro grande e desajeitado.
- Dane-se o trouxa. – Draco falou entre dentes. – Devíamos procurar em outro lugar.
- Se você viu o cemitério quando olhou no espelho, então a chave está aqui.
- Isso é uma monumental perda de tempo.
- O coveiro parou de olhar. – Harry comentou. – Deixe-me ver o espelho novamente.
Draco retirou com cuidado o caco de espelho do bolso, e a luz amarelada voltou a brilhar.
Harry olhou por toda parte em volta dele, se o espelho estava brilhando, então a chave estava próxima e deveria estar brilhando da mesma maneira que a caixa de rubi e o anel de Astória haviam feito. Mas não havia sinal de brilho nenhum a toda a volta.
- A chave está aqui... – Harry foi falando lentamente, enquanto olhava em volta. – Se nós não estamos vendo... Deve estar debaixo do solo, dentro de uma dessas covas.
Draco deu uma risadinha abafada. – E exatamente o que devemos fazer Potter? Violar cada um desses túmulos?
- Começamos pelos mais antigos. A pessoa que guardava a chave provavelmente deve ter sido enterrada com ela ao invés de passar a chave de geração em geração, como fez a família da Astória.
- Você não pode estar falando serio Potter...
- Bom dia! – Exclamou o coveiro a algumas covas de distancia, Draco escondeu novamente o pedaço de espelho. – Eu tenho visto vocês dois por aqui um bocado ultimamente... Algum parente de vocês faleceu recentemente? – Ele disse com o sotaque arrastado da Escócia.
- Não é da conta de um Trouxa como você... – Draco sussurrou.
- Perdão? – Disse o coveiro. – Do que me chamou?
- Desculpe o meu ‘amigo’ – Harry disse entre dentes. – Ele anda de mau humor.
O coveiro olhou desconfiado de Harry para Draco.
- Na verdade nós não somos daqui... – Harry apressou-se em dizer. – Somos da Inglaterra, e estamos fazendo uma pesquisa sobre esse cemitério.
- Jornalistas? – O velho senhor perguntou.
- É... – Harry concordou enfaticamente. – Exato! Talvez o senhor possa nos ajudar...
- Mas é claro! Eu conheço esse cemitério como a palma da minha mão. – O coveiro disse. – Angus McGouff, As suas ordens. – Ele estendeu uma das mãos, suja de terra com longos dedos tortos, e Harry a sacudiu prontamente.
- Meu nome é Harry Potter... – Ele disse durante o cumprimento, no qual ele reparou o velho Angus estreitou os olhos, talvez tentando memorizar o nome. – Esse é Draco Malfoy...
- Draco? Esse é um nome engraçado... – Angus McGouff estendeu a mão a Draco, que apenas lançou um olhar de profundo desprezo e ignorou o gesto do coveiro.
- Você sabe qual é o tumulo mais velho daqui? – Harry perguntou apressado, para evitar a situação constrangedora.
- Logo ali... – Ele disse apontando com a mão que estava estendida para Draco. – Túmulo da família Tate. Deve ter provavelmente uns trezentos anos.
Harry e Draco trocaram um olhar significativo por um instante.
- Muito obrigado. – Harry agradeceu. – Vamos dar uma olhada nesse tumulo... Se precisarmos de mais alguma coisa voltamos a falar com o senhor.
O coveiro fez um gesto positivo com a cabeça e foi se afastando. Quando estava a uma distancia segura, Harry falou baixinho para Draco.
- Quando anoitecer, e o coveiro tiver ido embora, nós vamos abrir as covas e procurar pela chave... Começando pelo tumulo dos Tate.
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Não demorou muito para que Rony notasse que jamais conseguiria treinar feitiços usando aquelas muletas. Então pelo resto da tarde tudo que ele fez foi observar Hermione e Astória duelando entre si. Astória não tinha absolutamente nenhuma experiência em duelos, então Hermione teve de ensinar tudo a partir do básico. Depois de horas, que deixaram as duas exaustas, e arrancaram boas risadas de Rony sempre que uma delas era desarmada, Eles decidiram entrar novamente na tenda. Já estava escurecendo, e as duas, Astória e Hermione pareciam terrivelmente cansadas.
Astória havia feito um progresso tremendo nesse primeiro dia, Rony achou que havia sido em parte por que Hermione era boa instrutora, mas dava credito merecido a Astória, ela era extremamente aplicada. Talvez até demais.
- Posso perguntar uma coisa pra vocês? – Astória perguntou quando ela se sentou mais uma vez na pequena mesa onde todos comiam.
- Claro. – Rony respondeu.
- Há quanto tempo vocês estão juntos?
- Nós nos conhecemos no expresso de Hogwarts, no primeiro ano. – Rony respondeu prontamente.
- Não é isso que eu quero dizer... – Astória disse sorrindo. – Quero dizer, namorando, há quanto tempo vocês são um casal?
- Só começamos há namorar alguns meses depois que a guerra acabou. – Hermione respondeu sorrindo. – Três meses depois, eu acho...
- Vocês se conhecem desde os onze anos e demoraram tanto? – Astória perguntou espantada.
- Foi justamente por isso que demorou tanto. – Rony disse com um inconfundível sorriso torto no rosto. Ele se sentou numa poltrona que ficava no canto da barraca, puxou Hermione para que ela se sentasse no chão, aninhada entre as pernas dele. Os dois estavam de mãos dadas sem nem perceber.
- Desculpe, mas eu não entendi. – Astória disse.
Até Hermione, olhou confusa para Rony.
- Ela é minha melhor amiga... – Ele confessou. – Eu era inseguro, e não sabia como me aproximar dela... Tive medo de fazer algo errado, eu podia estragar a amizade que eu tinha com ela. – Ele acariciou os cabelos fofos de Hermione. – Mesmo depois do nosso primeiro beijo, demoraram mais três meses pra que eu criasse coragem e me aproximasse.
Hermione forçou um pouco a memória.
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Hermione estava sentada sobre um dos muros de pedra que cercavam A Toca, a alguns metros, todos os Weasleys festejavam com bebidas, cantoria e fogos de artifício que Jorge havia trago.
Naquela noite Fleur havia reunido toda a família para anunciar que estava grávida, e Percy, que ainda se sentia um estranho entre os familiares aproveitou para dar as novas de que estava ficado noivo de Awdrey, uma garota que havia conhecido no ministério.
- Uma garota se interessou por você? Tem certeza que ela não está sob efeito da Imperius de algum comensal da morte? – Jorge perguntou pela décima vez naquela noite, só para irritar Percy, que estava demasiado feliz, até mesmo para se irritar com aquele comentário.
Hermione avistou Rony parado a alguns metros, um copo na mão, olhava na direção dela, mas quando percebeu que ela também olhava, desviou rapidamente o rosto desfazendo o contato visual. Os dois não se falavam desde o fim da guerra, quando haviam passado a noite juntos na sala comunal vazia da grifinória. Nem mesmo durante o enterro de Fred eles haviam trocado palavras, ela apenas segurou a mão dele tentando confortá-lo naquele momento de tristeza.
Ela o viu respirando profundamente, virando o conteúdo do copo numa só golada e caminhando decidido na direção dela. Hermione não soube por que, mas naquele momento ela ficou bastante nervosa e agitada.
- Olá Mione. – Ele disse quando estava suficientemente próximo.
- Oi. – Hermione disse bem baixo, corando violentamente e tentando controlar o coração que havia disparado violentamente.
- Já faz um tempo não é mesmo... Desde a última vez que nos vimos. – Rony disse encarando os pés.
Hermione concordou com um aceno de cabeça que Rony nem viu.
- Com todas essas festas acontecendo, e os testes no Ministério eu tenho andado meio ocupado...
- Harry me contou que você fez os testes para Auror... – Hermione disse sem perceber.
Rony deu uns passos e encostou-se ao muro ao lado dela, o braço dele estava a alguns centímetros da perna dela, e por algum motivo que ela não soube explicar todos os músculos daquela região ficaram bastante tensos.
- É – o ruivo foi dizendo. – Na verdade é bem fácil, sempre que eu digo que destruí duas Horcrux, assaltei o gringotes e sai livre, e ajudei Harry Potter a matar Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado... Bem os aurores me tratam como se eu fosse a melhor coisa...
Hermione abafou uma risadinha.
- Eu li sua entrevista no Profeta Diário, a propósito... – Rony disse finalmente encarando a garota. – Precisava falar tão mal do ministério? Afinal eu trabalho lá agora...
- Pouco me importa se você trabalha lá! – Hermione disse rindo abertamente agora. – Você sabe muito bem o que eu acho do ministério! Enquanto não houver mudanças eu mantenho minha opinião.
- Merlin me ajude, Hermione Granger vai continuar falando mal do lugar onde eu trabalho. Vai começar a me odiar quando eu for membro do ministério? – Ele viu Hermione sorrindo com o comentário. - É verdade que você recusou um emprego lá? – Rony perguntou tentando parecer casual.
- Consegue acreditar na audácia? – Hermione disse. – Depois de tudo que o Ministério nos fez passar me oferecer um emprego? – Ela arriscou um olhar e percebeu que Rony esquadrinhava o corpo todo dela com os olhos. – Era um emprego pequeno na sessão de leis mágicas... Claro que eu recusei...
Hermione notou que ele pareceu um pouco desapontado depois que ela terminou de falar.
- Sabe Hermione, para uma garota tão genial, às vezes você é bem lenta sabia?
Hermione encarou o ruivo sem compreender.
- Você não acha que a melhor maneira de melhorar o ministério é concertando as coisas lá dentro? – Ele disse. – Foi por isso que eu decidi fazer os testes de auror... Quero ter certeza de que as pessoas certas vão estar no Ministério se outra guerra dessas estourar.
- Eu não tinha pensado nisso. – ela disse, com um assomo de orgulho para Rony.
- Eu estava torcendo pra você ter aceitado aquele emprego. – Ele revelou desviando novamente o olhar dela.
- Por quê?
- Se tem alguém capaz de endireitar as coisas erradas no Ministério é você Mione... – Ela viu as orelhas dele corando aos poucos. – E seria ótimo poder te ver todos os dias lá.
Hermione sentiu um calor irradiando pelo pescoço. Nenhum dos dois disse nada por vários minutos, ficaram calados vendo os Weasleys festejando.
- É ótimo a Fleur grávida não é mesmo? – Hermione disse, tentando desesperadamente acabar com o silencio.
- É... Acho que o único que não gostou da novidade foi o Harry.
- Por quê? – Ela perguntou sem entender.
- Ele ia pedir a mão da Gina em casamento hoje. Mas achou melhor deixar pra outra ocasião, deixar Gui e Fleur serem o centro das atenções hoje.
- Eles vão se casar? – Ela perguntou atônita.
- Vão... – Rony disse sorrindo. – Harry nunca foi do tipo que gosta de perder tempo. Acho que a essa altura do campeonato eles devem estar no quarto da Gina... Eu não estou vendo eles em lugar nenhum.
Hermione ficou alguns instantes processando a informação.
- Mione... Tudo bem se subirmos até o meu quarto? – Rony perguntou.
Hermione definitivamente ficou sem fôlego. Ela engasgou e se sentiu zonza, as palavras saíram sem que ela pudesse controlar. – Pra que? – O tom era quase desesperado.
- Eu quero conversar com você... Mas esse barulho todo da festa atrapalha – Ele virou-se a tempo de ver Jorge disparando outra centelha colorida da varinha. – E eu não quero parar com a comemoração, essa família merece essa felicidade toda depois do que passou.
Hermione ainda se sentia nervosa, então se limitou a acenar positivamente com a cabeça. Rony colocou as mãos sobre a cintura dela, e ela se espantou até perceber que ele só a estava ajudando a descer do muro.
Rony a ergueu, e o corpo dela foi deslizando lentamente até o chão, roçando de leve no dele. Quando Hermione atingiu o solo firme percebeu que estava a poucos centímetros de distancia, e ela pode sentir a respiração descompassada dele.
- Eu... Eu... Obrigada. – Hermione balbuciou.
- É... – Rony disse ainda mais debilmente. – De nada.
Jorge disparou mais um conjunto de centelhas coloridas no ar, elas iluminaram de maneira bonita o rosto de Hermione, e Rony viu aquelas diversas cores refletindo nos olhos castanhos dela.
- Você é linda. – Ele disse incapaz de se conter.
Hermione sentiu as mãos dele folgando em torno da cintura dela, os dois foram se aproximando sem perceber, e em um instante os lábios deles se tocaram. Ela sentiu como se flutuasse, como se uma nevoa densa se espalhasse na cabeça dela, ela não podia raciocinar, ela apenas se entregou aquele gesto, que nem se quer foi um beijo.
Rony se afastou de súbito. – Me desculpe. – Ele disse dando um passo para trás. – Eu... Não devia ter feito isso.
Ele deu as costas e começou a se afastar, Hermione simplesmente não entendeu o que havia acontecido.
O ruivo caminhava depressa e nem se quer sabia onde estava indo, andou por uns quinze minutos antes de perceber que estava num campo de mato rasteiro que ficava próximo da propriedade d’A Toca.
- O que raios eu estou fazendo? – Ele se perguntou baixinho, quando se viu sozinho. Sentou-se no gramado e esfregou com força o rosto tentando se concentrar.
Um estalo indicou que alguém havia aparatado, Hermione apareceu a alguns metros dele, com os cabelos cheios balançando contra o vento ela caminhou na direção dele.
- Eu vi você vindo nessa direção... Por que fugiu daquele jeito?
- Não sei. – Rony respondeu com sinceridade olhando atentamente a grama baixa balançando.
- Rony... – Hermione se ajoelhou na frente dele, e nem se quer tentou disfarçar o desespero na voz. – Você não fez nada de errado, nós só nos beijamos...
- Eu não sei o que fazer Mione. – Rony falou.
- Rony eu... – Ela tentou dizer, mas o ruivo a atropelou com palavras.
- Acho que te amo. – Rony disse, e isso fez com que Hermione sentisse como se algo muito pesado se deslocasse pelo estomago dela. – Não... Eu sei que te amo. Mas não tenho idéia do que fazer... Você é minha amiga, Mione, e você sabe como eu sou... Eu tenho medo de estragar tudo e você acabar me odiando.
Hermione mudou de posição, sentou-se ao lado de Rony, e abraçou os joelhos, como uma criança quando fica triste. – Eu também Rony. – Ela disse num sussurro. – Eu também estou com medo de estragar tudo... Estou apavorada. – Rony parou de olhar a grama e fixou sua atenção em Mione. – Depois de tudo, quando nós estávamos sozinhos na sala comunal, Harry tinha acabado de derrotar Você-Sabe-Quem, e nós conversamos e nos beijamos... Eu achei que ficaríamos juntos pra sempre, que nada mais ia nos separar.
- Mas você viajou para a Austrália pra buscar seus pais... – Rony falou rouco. – E eu comecei a pensar no que estávamos fazendo, e eu percebi o que eu estaria perdendo se eu fizesse algo errado...
- É eu também pensei nisso. – Hermione confessou. – Foi por isso que eu não te procurei no Ministério. Se eu cometesse algum erro eu iria me arrepender pelo resto da vida... Imagine destruir pra sempre todos os bons momentos que tivemos em Hogwarts?
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, então, sem nenhuma explicação Rony puxou o rosto de Hermione com um toque gentil das mãos cobertas de sardas, e ele a beijou o mais apaixonadamente que pôde.
Eles se separam lentamente, os dois sem fôlego.
- Eu acabei de perceber uma coisa. – Rony disse com a voz embargada.
- O que? – Hermione perguntou sem entender absolutamente nada, ainda aturdida pela ação do ruivo.
- Não vou cometer erros, não vou estragar as coisas. Não há como isso dar errado.
- Por que você acha isso? – Ela perguntou sentindo uma felicidade irradiando dentro dela.
- Eu me lembrei de Hogwarts, dos nossos dias lá. – Ele ainda segurava o rosto dela, e ia se aproximando. – Eu me lembrei que com você, eu simplesmente não consigo falhar... Juntos não há nada que não façamos.
Hermione sorriu. – Então eu prometo que nós vamos sempre estar juntos. – Os dois se beijaram mais uma vez.
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Hermione sentiu como se algo brotasse na garganta dela, os olhos arderam indicando que lágrimas estavam prestes a vir. Ela havia se esquecido completamente daquela noite, havia se esquecido do que havia prometido... A promessa que ela quebrara.
- E vocês estão juntos desde o fim da guerra? – Astória perguntou fazendo com que Hermione acordasse dos devaneios.
- Não... Eu... Eu... – As palavras morreram. Hermione parecia incapaz de dizer “Eu terminei tudo com ele”. Sentia nojo de si mesma naquele momento.
- Na verdade não. – Rony se apressou em dizer, talvez por ter notado o desconforto de Mione. – Eu tive de passar alguns anos longe, a trabalho... Só voltamos a ficar juntos há pouco tempo. Por que o interesse Astória?
- Não sei... – A loira disse. – Vejo vocês tão felizes quando estão juntos... Fiquei curiosa.
As palavras de Astória iam aos poucos sendo abafadas por um gotejar, grossos pingos de chuva caiam as poucos sob a barraca, eles ouviram pouco a pouco a chuva se tornando mais forte, e um trovão distante indicou que aquela chuva que ia se tornando torrencial, só iria piorar.
- É melhor que Harry e o Malfoy se apressem... – Rony falou observando o teto da barraca que era açoitado pela chuva. – Ou vão ter uma tempestade sobre a cabeça deles em breve.
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- Tambem não está nessa aqui! – Harry teve de gritar para se fazer ouvido na chuva. Haviam passado horas fora do cemitério esperando o velho coveiro, Angus, sair. Depois que escureceu eles o viram trancando os portões do cemitério e caminhando morro abaixo em direção do vilarejo.
Arrombar o portão usando um feitiço foi à parte fácil, vasculhar os túmulos era o que estava realmente dando trabalho. Retiravam a terra e vasculhavam os caixões com cuidado, e Harry se empenhava bastante para deixar os túmulos que olhava exatamente como estavam antes, algo que Draco nem se dava o trabalho de fazer. Quando a chuva começou, ficou tudo ainda mais escuro, e o trabalho se dificultou, mas Harry teve de admitir que o maior empecilho fosse o humor de Draco. O sonserino parecia estar bastante irritado com a situação, e a chuva gélida fazendo com que as roupas grudassem ao corpo parecia estar piorando ainda mais o estado de espírito dele.
Harry também não estava no seu melhor humor. Não gostava nada de passar o dia todo em companhia de Draco Malfoy, e o desapontamento em constatar que a chave não estava no velhíssimo tumulo dos Tate também não ajudou em nada.
- Já é o oitavo tumulo que checamos Potter! – Draco cuspiu as palavras em meio à chuva. – Isso não está nos levando a nada! A chave deve estar sob efeito de uma mágica de proteção...
Harry começava a achar que Draco estava certo, a chave provavelmente não estaria aqui... Afinal, por que uma antiga família de bruxos estaria enterrada num cemitério Trouxa? E se eles sabiam que a chave era tão importante, provavelmente teriam protegido de maneira mais eficiente. Mas Harry não queria desistir, não por instintos, ou por determinação... Mas pelo simples fato de que não queria concordar com Malfoy.
- Vamos procurar em só mais alguns... – Harry disse.
- Isso é estupidez Potter! – Draco berrou furioso. – Só estamos perdendo tempo!
- Tem alguma idéia melhor? – Harry berrou de volta, derrubando com um gesto de varinha um monte de terra sobre uma das covas que eles acabavam de revistar.
- Sim eu tenho! – Malfoy caminhou até Harry, encarando o os olhos verdes dele com uma expressão de puro ódio. – Saímos de uma vez daqui, e voltamos amanhã! É melhor do que ficarmos aqui nos encharcando por nada!
- Pra mim chega! – Harry disse, sem poder mais conter a irritação. – Eu não suporto mais ouvir sua voz reclamando!
- E exatamente o que você pretende fazer sobre isso Potter? – Draco perguntou colocando a varinha ameaçadoramente a alguns centímetros do rosto de Harry.
O vento frio da chuva pareceu se intensificar, ao ponto de Harry se sentir congelando por dentro. Ele estava pronto para erguer a própria varinha e começar a duelar com Draco, a raiva havia subido-lhe a cabeça e não estava mais pensando direito. Mas o próprio Draco abaixou lentamente a varinha, no momento Harry não soube o motivo, foi só quando um relâmpago caiu iluminando a expressão de pavor no rosto pontudo de Malfoy que ele percebeu que havia algo errado.
Ele virou depressa para a direção a qual o sonserino olhava, mais um relâmpago distante iluminou o suficiente para que ele visse, quatro figuras esquálidas, negras como sombras deslizavam pelo cemitério na direção de Harry e Draco.
“Dementadores”. Harry pensou sentindo o frio da chuva se intensificar a medida que se eles se aproximavam.
- Sectunsempra! Ifriati! – Draco gritou com desespero na voz. Foi inútil, os feitiços apenas fizeram cortes nos corpos sem vida dos Dementadores, agora haviam feridas de carne podre expostas sobre eles. Um deles foi atingido por uma bola maciça de chamas, o que o fez soltar um grito agourento e agudo de dor, mas nem isso pareceu impedi-lo de avançar
Os Dementadores se aproximavam rápido.
- Isso não vai funcionar! Corra! – Harry disse apontando a varinha para os Dementadores, que já estavam demasiado perto. Ele pode ouvir aquele som horrível de sucção que eles faziam quando se alimentavam, e Draco parecia ter ficado petrificado pelo medo.
Harry tentou ignorar a sensação sufocante de frio nos pulmões e a névoa sombria que já se espalhava pela mente dele, se concentrou num pensamento feliz: “Voldemort sendo derrotado”. Ele ergueu a varinha, mas os Dementadores agora estavam próximos o suficiente.
Ele viu as nítidas imagens dos corpos de Lupin e Tonks, viu o corpo frágil de Dumbledore caindo do alto da torre, Sirius atravessando o véu. Tudo isso sobreposto aos sons de Lilian Potter implorando a Voldemort pela vida do filho.
Harry sentiu uma pressão descomunal sobre o peito dele, mesmo assim ele ergueu a varinha da melhor maneira que pode. – Expecto Patronum... – Ele balbuciou debilmente. Apenas uma fraca fumaça prateada havia sido invocada.
Os dementadores cercaram os dois, Harry sentiu os joelhos fraquejando e ao olhar para o lado viu que Draco já estava caído, o sonserino estava encolhido no chão, o rosto coberto com as mãos, chorando e tremendo como uma criança.
- Expecto Patronum... – Harry disse um pouco mais alto, concentrando-se na imagem de Rony e Hermione. Uma fumaça um pouco mais ‘corpórea’ se formou, mas era inútil, a aura maligna dos Dementadores fazia com que mais pensamentos tristes brotassem na mente de Harry, ele só conseguia se lembrar de Hermione chorando nos braços dele e Rony indo embora quando os dois haviam terminado.
Os dementadores se aproximaram lentamente, o som da chuva nos ouvidos de Harry era ensurdecedor. Os dementadores retiraram os capuzes revelando aqueles buracos disformes que deveriam funcionar como bocas. Harry sentiu os joelhos batendo com força no gramado molhado do cemitério, os dementadores erguiam Draco, se preparando para aplicar o beijo mortal que lhe sugaria a alma.
“Então é assim que termina?” Harry pensou. “Esse vai ser o fim do grande Harry Potter?” Harry estava pronto para abraçar a tristeza dos pensamentos causados pelos dementadores, estava pronto para desistir... Quando um pensamento lhe passou pela cabeça.
“Gina”.
Harry apertou com força a varinha na mão dele, e fez um esforço para se apoiar.
“Eu não posso morrer.” Harry ergueu a varinha alguns centímetros. “Não desse jeito, não agora... Eu vou ser pai.” O rosto de Gina ficava cada vez mais nítido na memória de Harry, ele imaginou sua família reunida. Ele apontou a varinha para os dementadores próximos de Draco.
- Expecto Patronum! – Ele berrou a plenos pulmões, e dessa vez o veado de prata irrompeu da varinha investindo a trote contra os Dementadores, alimentado não por uma memória feliz, mas sim pelo desejo de sobreviver de Harry.
O patrono atacou com velocidade, e em pouco tempo os dementadores fugiam em pânico. Harry cambaleou na direção onde Draco estava caído, ele não se levantara, continuava no chão, tremendo e chorando.
- Eles se foram... – Harry falou baixo, a chuva ainda caia forte, mas parecia de alguma maneira mais quente agora que os dementadores partiam. – Está tudo bem agora Draco.
Mas nada parecia tão bem assim. Draco fez um inconfundível som gutural indicando que vomitava depois seus olhos giraram nos orbes e ele desmaiou.
Harry respirou profundamente, aparataria com o sonserino de volta para a barraca, ele se abaixou e agarrou o braço de Draco, e antes de aparatar ele jurou que por uma fração de segundo, havia visto alguém parado observando atrás do portão do cemitério.
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Astória caminhava de um lado a outro, impaciente. Rony soltou outro bufar ríspido. – Pare de se preocupar. – Ele disse a loira. – Tenho certeza de que estão perfeitamente bem.
- Mas eles já deveriam ter voltado com essa chuva! – Astória exclamou pela quinta vez naquela noite.
- A chuva deve estar atrasando a procura pela chave. – Hermione disse, sentada-se à mesa lendo mais uma vez o velho livro de Necromancia.
- Você tem que ficar calma Astória... – Mas nesse momento Rony ouviu um grito distante, que se sobrepôs ao som da chuva. – Vocês ouviram isso? – O ruivo se colocou de pé o mais depressa que as muletas permitiam.
Astória e Hermione se entreolharam confusas. – Eu não ouvi nada. – Hermione disse. Mas Astória já havia corrido para a entrada da barraca.
- São eles! – A loira gritou desesperada. Ele saiu apressada da barraca sem dar chance para Rony e Hermione entender o que estava acontecendo.
Rony também se dirigiu a entrada da barraca, e ele viu, a cerca de vinte metros de distancia, Harry arrastava um Malfoy inconsciente até a barraca, ele deu uns três passos fracos, e depois desabou no chão junto com o sonserino. Hermione passou veloz por ele, ela e Astória chegaram praticamente juntas aos dois, Hermione fez com um aceno de varinha Malfoy flutuar deitado a alguns centímetros do chão, e Astória ajudou Harry a caminhar até a barraca.
- Por Merlin! – Rony exclamou quando estavam próximos. – O que houve com vocês?
- Dementadores. – Harry disse rouco quando passou pelo amigo.
Rony mancou até o quarto enquanto Hermione e Astória ajudavam Harry a se sentar, Hermione havia colocado Draco deitado no chão, perto de chamas azuis que ela conjurou.
- Você está encharcado Harry... – Hermione apontava a varinha para o amigo, ela ia produzindo uma baforada quente que ia secando as roupas dele aos poucos.
Astória conjurou um travesseiro para apoiar a cabeça de Draco e toalhas quentes para cobri-lo, Rony saiu do quarto gingando, carregando uma grande barra de chocolate e um frasco de uma poção vermelho sangue. O ruivo os ofereceu para o amigo.
- Coma um pouco disso e dê um gole da poção. – Rony explicou. – É um elixir de vigor, cortesia do kit de emergência dos Aurores.
Harry mordeu o chocolate, isso fez imediatamente com que se sentisse melhor, e a poção espalhou pelo corpo de uma sensação de calor e conforto que o fez sentir como se tivesse acabado de acordar de uma boa noite de sono. Ele passou o chocolate e o resto da poção para Astória que fez com que Draco comesse e tomasse.
- O que Dementadores estavam fazendo aqui? – Rony perguntou.
- Eu não sei... – Harry disse. – Eu não sabia que havia deles aqui na Escócia.
- Não há. – Hermione falou com segurança. – As únicas áreas com dementadores na Europa são a Inglaterra, o mar báltico, e algumas partes da Alemanha.
- Como você sabe disso? – Astória indagou espantada.
- Eu... – Hermione começou a dizer.
- Leu em algum lugar. – Harry e Rony completaram a frase juntos em uníssono.
- Bom, em todo caso é verdade. – Hermione disse um pouco envergonhada. – Não há Dementadores aqui. Na Escócia os bruxos das trevas que são presos são sentenciados a anos de trabalho em minas subterrâneas vigiadas por duendes.
- Então continua a pergunta... – Harry falou lentamente. – Por que Dementadores sairiam de tão longe para vir aqui?
- E quem era a garota gritando? – Rony perguntou.
Harry olhou confuso para o ruivo. – Que garota? – Ele indagou.
- A que gritou seu nome... – O ruivo falou. – Foi assim que eu soube que vocês estavam lá fora...
- Do que você está falando? – Hermione falou olhando para Rony tão confusa quanto Harry. – Eu não ouvi nada, e não tinha garota nenhuma lá fora!
- Eu... – Rony tentou falar. – Eu juro que ouvi alguém...
- Por que ele não acorda? – Astória exclamou com uma nota inconfundível de desespero na voz, cortando a conversa dos três amigos. – Por que o Draco não acorda?
Draco continuava deitado no chão, havia mastigado e bebido do elixir inconscientemente, mas continuava desacordado.
- Ele está em choque. – Harry sentenciou. – Os Dementadores gostaram dele... Alimentaram-se bastante. – Falou de maneira sombria. – Você devia colocá-lo numa cama, ele vai ficar desacordado por um tempo.
Astória fez novamente o feitiço para levitar Draco até o quarto em que ele dormia. Harry levantou-se pesadamente.
- É melhor que vocês durmam também. – Ele falou para Rony e Hermione. – Amanhã nós vamos falar melhor sobre o que aconteceu... Eu vou vigiar a barraca essa noite.
- Harry... Você acabou de ser atacado companheiro! – Rony olhou assombrado para o amigo. – E você fez a vigia ontem, devia descansar mais do que nós...
- Eu quero fazer a vigia. – Harry disse de maneira ríspida. – Vão dormir.
E sem outras palavras ele saiu da barraca, deixando Rony e Mione perplexos para trás.
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Harry sentou-se no gramado e cobriu o rosto com as mãos. Mal havia se secado, já se encharcava novamente na chuva. Harry não sabia descrever o que sentia, parecia que estava na beira de um abismo... Prestes a cair.
- Harry?
Ele olhou por cima do ombro. Hermione saia lentamente da barraca, ela fez um gesto largo com a varinha, e foi como se uma bolha invisível se formasse sobre Harry, a chuva simplesmente desviava dele ao cair, ela se sentou ao lado dele, e os dois dividiram aquela ‘bolha’.
- Eu disse para entrar e descansar. – Ele falou.
- Harry o que houve? – Ela perguntou ignorando a frase anterior.
- Nada.
- Harry você precisa entrar e descansar mais que eu... – Hermione colocou um braço ao redor de Harry. – Pode deixar comigo, eu vigio essa noite.
- Onde está o Rony? – Harry perguntou.
- Lá dentro ajudando a Astória a deitar o Draco.
- Você devia estar lá com ele. – Ele disse serio, sem encarar a garota. – Me deixa aqui fora e entra.
- Harry o que está havendo com você? – Hermione perguntou da maneira mais carinhosa que pode.
- Eu quase me entreguei. – Harry disse de uma maneira que Hermione achou que fosse raiva.
- Como assim?
- Quando os Dementadores chegaram, eu quase me entreguei... – Ele fechou os olhos e cobriu o rosto com as mãos. – Eu quase morri.
Hermione olhou espantada para Harry. Não era a primeira vez que ele encarava a morte tão de perto, e nunca antes ele havia ficado tão abalado.
- Hermione o que eu estou fazendo aqui? – Ele exclamou de súbito. – Eu não posso mais correr esse tipo de risco! Eu vou ser pai!
Hermione não soube o que dizer. Ela abraçou Harry, que começou a chorar abertamente no ombro dela. – Eu não posso morrer agora... E eu também não consigo abandonar vocês aqui e voltar para a Gina... – Ele falou com a voz engolfada.
- Tudo vai ficar bem Harry. – Ela se limitou a dizer enquanto afagava a cabeça do amigo.
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Rony observou Astória colocando Draco sobre a cama e ascendendo varias velas que ficaram flutuando no ar. Ela começou a separar cobertores de dentro de um malão que pertencia a Draco e colocá-los sobre a cama. Rony havia acompanhado a garota com a desculpa de ajudá-la com Draco, mas sabia que não seria capaz com as muletas e ataduras, o que realmente interessava era obter uma informação sem que Hermione soubesse.
- Eu vou me deitar no meu quarto. – Rony anunciou.
- Tudo bem. – Astória continuava a separar roupas limpas. – Eu vou cuidar dele, vou passar a noite aqui até o Draco acordar.
Rony ficou por um tempo calado, atrasando a sua saída. - Na verdade, eu gostaria de perguntar uma coisa que ficou na minha cabeça desde hoje cedo. – O ruivo disse finalmente num tom casual.
- O que? – Astória perguntou enquanto desamarrava e tirava os sapatos de Draco.
- Hoje cedo você disse que quando era pequena se perdeu na Travessa do Tranco...
- Sim... O que tem isso? – Ela indagou sem entender.
- Você disse que te acharam dentro de uma loja... Madame Zayra. – Rony olhava atentamente para a loira. – Que tipo de loja é essa?
- Era a loja de uma adivinha. – Astória se sentou na beirada da cama e tocou o rosto de Draco com gentileza. – Ela cobrava alguns galeões para prever o futuro das pessoas... Por que o interesse?
- Nada. – Rony mentiu. – Curiosidade.
- Aquela loja já nem existe mais... – Astória falou. – Queimou num incêndio há muito tempo.
Rony permaneceu calado por mais alguns minutos. – Bom, acho melhor que eu volte pro meu quarto. – Ele quebrou o silencio, e mancando entrou no quarto que dividia com Hermione. Ela ainda não estava lá, então provavelmente ainda estava lá fora com Harry.
O ruivo se deitou na cama e esfregou os olhos com força. Madame Zayra era uma vidente.
“Qual relacionamento essa tal Zayra tem com a Mione?” ele pensou. Por que uma coisa era certa: Hermione havia ficado perturbada com a menção do nome dela pela manhã, e já o havia dito num sonho dias atrás, quando dormiram juntos no Largo Grimauld.
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