Minha filha não será a Sra. Lo



“Minha filha não será a Sra. Longbottom!”

Hermione levantou os olhos do Profeta Diário, já estafada daquela discussão. Há algumas horas, Draco andava de um lado para o outro na sala, resmungando e brandindo os punhos fechados para o ar, como se ameaçasse alguém imaginário e, eventualmente, exclamava aquela frase.

“Draco” disse ela, cuidadosa “você não acha melhor se acalmar?”

“Não!” exclamou ele, olhando para ela por um segundo, espumando de raiva, e voltando a andar de um lado para o outro no instante seguinte.

Hermione suspirou. Sinceramente, esperava mais bom senso de Elizabeth. Declarar seu noivado no meio do almoço de domingo, sem sequer ter dado alguma indicação prévia do que estava por vir, não havia sido inteligente. Não havia.

Draco estancou de repente no meio da sala.

“Eu vou proibir” declarou ele, olhando para Hermione.

“Meu querido” começou ela, no mesmo tom condescendente que usaria ao falar com um louco “Elizabeth tem vinte anos. Nenhuma proibição faria efeito sobre ela. Você a conhece.”

Contrafeito, Draco recomeçou a andar, só para parar de novo alguns segundos depois.

“Por que aquele Robert Longbottom? Merlin, ele é um idiota. É capaz de ter herdado do pai os genes de retar...”

Engoliu o resto da frase quando o olhar alerta de Hermione o atingiu.

“É um bom rapaz” comentou ela, voltando os olhos para o jornal “Não faça julgamentos precipitados.”

“Não é um julgamento precipitado” argumentou ele de cara amarrada, parecendo mais do que nunca um adolescente emburrado “É uma constatação. Elizabeth merece alguém melhor como marido, alguém como Owen Zabini.”

“Não foi ele que Elizabeth transfigurou em pavão na cerimônia de formatura?”

“Foi só um desentendimento sem importância” disse Draco com cara azeda “Ele é um melhor partido para Elizabeth. Eles têm a mesma idade. Longbottom é velho demais.”

“São apenas cinco anos de diferença.”

“Ele é velho demais!” guinchou Draco teimosamente.

Hermione respirou fundo e dobrou o jornal, colocando-o sobre a mesa.

“Draco, ouça. Você está nervoso. É tudo uma questão de se acostumar com a idéia. Você reagiu da mesma forma quando Richard e Madeleine ficaram noivos.”

O suspiro que Draco deu foi suficiente para roubar o oxigênio de metade das plantas do jardim. Foi até o sofá arrastando os pés e sentou-se ao lado da esposa. Parecia ter envelhecido dez anos em algumas horas.

“Não me lembre disso” pediu ele, desgostoso “Meu neto, o herdeiro do nome da minha família, é idêntico ao Potter. Até no cabelo. Meu Deus.”

Com outro suspiro, matou a metade sobrevivente das plantas. Apoiou a cabeça nas mãos, cansado. Hermione acariciou seu ombro em silêncio confortador por longos minutos antes de puxá-lo mais para perto, fazendo Draco enterrar o rosto no seu pescoço.

“O que eu fiz de errado, Hermione?” perguntou ele, a voz abafada contra a sua pele.

“Nada” respondeu ela “Na verdade, Draco, você agiu como eles quando se casou comigo.”

“Não, foi diferente. Você valia a pena.”

“Valia?”

Ele sorriu pela primeira vez desde o anúncio fatídico.

“Ainda vale. Mas Richard e Elizabeth... eu não compreendo. Eles parecem fazer o oposto do que eu desejo.”

Hermione acariciou os cabelos dele, lembrando-se da carta irada que Lucius Malfoy mandara de Azkaban quando fora informado que eles se casariam.

“Acho que todos os filhos fazem isso.”

“É” assentiu Draco desanimado “Suponho que sim.”

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