Depois de cinco anos



Capítulo 1 – Depois de cinco anos

O céu estava tingido de azul claro e o sol fulmegante, como uma sopa recém saída do caldeirão, e batia na janela da “Floreios e Borrões”. Uma brisa leve varria a poeira das calçadas e as pessoas passeavam alegres em direções opostas, casais de namorados, famílias e seus filhos, cachorros latiam distraídos, tudo mostrava um perfeito dia de domingo. Dentro da grande loja de livros, Rony organizava-os por títulos, tentava não deixar que nenhum fosse perdido, suas mãos estavam sujas e sua testa escorria suor, assim como sua camiseta vermelha molhada. A loja estava revirada, livros pelos corredores e pelo chão, pilhas tortas e mal feitas atravancavam o caminho de quem quizesse passar, prateleiras vazias e sujas de pó. Entre um espirro e outro Rony limpava as prateleiras da loja e recolocava os livros, fazendo pequenas mudanças de lugar, estava tentando deixar a livraria o mais aconchegante possível, queria que os clientes se sentissem em casa ao adentrar lá, as paredes em tons de verde não o agradara, por isso pintou-as de amarelo e vermelho, talvez lembrando-se de seus velhos tempos de grifinório, fez um mini espaço para as crianças a esquerda da loja, com pufs vermelhos e amarelos, livros infantis em pequenas prateleiras azuis marinho e cadeiras coloridas, a direta prateleiras verde claro redondas, sustentavam os livros escolares, e retratos de escritores famosos preenchiam as paredes a frente, no centro uma grande mesa, de madeira inglesa e em cima livros de romance se misturavam a relatos policiais. Rony empurrava prateleiras, puxava outras, arrumava livros, organizava outros. O fim da tarde já caíra quando ele lembrou que tinha fome e que seus braços não o obedeciam mais, o trabalho estava completo, tinha arrumado toda a loja, estava um brinco, todos os livros organizados e perfeitamente arrumados em suas prateleiras, o ruivo foi ao fundo da loja e lavou suas mãos, reorganizou alguns papéis em sua escrivaninha apagou as luzes e saiu pela porta, pensando em estar na sua casa o mais rápido possível para um delicioso banho quente, terminaria os últimos detalhes no dia seguinte pensava ele. Rony trancou a porta da livraria e aparatou até sua casa em Godric´s Hollom, era um barracão a muito abandonado, que Rony tinha transformado em um aconchegante lar. Pintara todo em tons diferentes de amarelo, depois que começou a fazer terapia só pensava em cores alegres e berrantes, por isso o amarelo misturado com o laranja berrante do Chudley Cannons. O sofá amarelo com almofadas azuis ao centro da casa combinava com o tapete fofo amarelo bebê, a lareira amarela estava apagada ao lado do sofá e muitas fotos com rostos familiares em cima. Noutro canto uma escrivaninha desarrumada; penas, pergaminhos, uma velha máquina de escrever e um computador trouxa compunham a mesa bagunçada, em volta prateleiras de livros desorganizados, mostrando que alguém sempre os remexia. A cozinha era toda em marfim, uma bancada alta e banquetas em volta mostrava o centro da cozinha, um fogão bonito e uma geladeira trouxa, cheia de fotos de Harry, Gina, sua família, Hermione e de seus tempos em Hogwarts, estava num canto e o armário se estendia por toda a parede. O quarto de Rony tinha uma cama de casal magicamente estendida para que seu corpanzil desengonçado coubesse nela, um carpete laranja se desenrolava por todo o quarto e seu guarda-roupa era tão grande que preenchia toda a parede ao lado direito da cama. No banheiro apenas um vaso sanitário, uma pia, uma mesinha de ferro e uma banheira branca. Rony adentrou sua casa extremamente, cansado podia sentir seus músculos doloridos, passou pela cozinha e colocou o bolo de carne, que sua mãe havia lhe enviado mais cedo, no forno; cruzou a sala até o banheiro retirando pelo caminho as peças de roupas, teve tempo de colocar uma música relaxante e ir direto para a banheira, encheu-a até a borda e entrou relaxando todo seu corpo. Depois de descansar por uns 20 minutos Rony abriu os olhos e reparou em cima da pequena mesa do banheiro uma escova vermelha, que a muito tempo não se lembrava de ver, era a escova preferida de Hermione e não pode deixar de lembrar dos seus tempos juntos, amigos inseparáveis, os três amigos unidos por 7 anos, tomaram caminhos diferentes. Harry foi se formar na Rússia, já era um grande auror, todos os bruxos das trevas temiam só de ouvir o nome de Harry Potter, eles se falavam sempre, quando Rony menos esperava uma coruja pousava em sua janela trazendo uma carta de seu amigo ou mesmo uma mensagem eletrônica, já que Harry o havia familiarizado com a internet. Hermione se formou uma médibruxa famosa, tinha seu nome sempre nas revistas de medicina, que Rony comprava apenas para acompanhar a vida da amiga, sempre em viagens longas, “Vou onde o povo está” dizia sempre que lhe perguntavam alguma coisa, estava agora no meio de uma guerra sangrenta na África. Já fazia cinco anos que não se viam, os três apenas se escreviam mandavam corujas uns para o outro, mas a muito não se viam. Rony tinha mandado um convite para a reinauguração de sua loja na terça-feira, queria todas as pessoas que foram realmente importantes na sua vida. Rony pegou a escova nas mãos e ainda podia sentir o perfume suave dos cabelos de Hermione, se lembrou do amor adolescente que sentia por aquela menina tão especial em sua vida, apenas um beijo tinha roçado naqueles lábios vermelhos tão provocantes que perspassou pelos seus sonhos durante anos, porém nunca teve coragem de se aproximar da menina Hermione, se contentou com os abraços, olhares e carinhos que recebia, contudo nesses cinco anos nem isso mais recebia, e depois de inúmeros relacionamentos frustrados, ele tinha certeza de que jamais tinha tirado os lábios vermelhos provocantes de Hermione de sua mente. Estava eufórico para a chegada da terça-feira, tanto Harry quanto Hermione tinham confirmado presença e finalmente poderia matar um pouco da saudade que apertava o seu peito. Rony recolocou a escova na mesa e saiu do banho, foi para o seu quarto e colocou uma velha camisa de goleiro do Chudley Cannons e uma calça de moletom cinza, calçou os chinelos e foi para a cozinha, já era noite uma chuva típica de um tempo quente caia do lado de fora, Rony pegou o bolo de carne e colocou-o em seu prato, já ia em direção de sua escrivaninha quando ouviu batidas na porta, “Quem será nessa chuva?” pensou ele, depositou o seu prato na bancada da cozinha e foi abrir a porta. Molhada da cabeça aos pés, com um sobretudo escuro, lá estava Hermione, ela sacudia os cabelos se livrando do excesso de água e passava a própria mão na pele.
- Vai me deixar entrar? – perguntou a menina tirando Rony, que contemplava abobado o colo da moça, dos seus devaneios.
- Cl... Claro... entra. – respondeu Rony aos tropeços.
Hermione atravessou a porta e Rony sentiu seu delicioso perfume, quando ela passou por ele, seu estômago deu uma cambalhota e sua garganta secou rapidamente.
- Espere, vou pegar uma-uma toalha para você. – disse Rony ainda gaguejando.
- Me desculpe por molhar sua casa. – apressou-se Hermione, limpando os pés no tapete de entrada. – É que cheguei um pouco mais cedo do que imaginava, e como não tinha nenhum lugar para ir, achei que podia...
- Claro que pode Mione. – disse Rony lhe entregando a toalha. – Não trouxe malas? – intrigou-se o rapaz.
- Na guerra, não... nem tinha... – respondeu a garota simplesmente.
- E como vão as coisas lá? – perguntou Rony novamente.
- Agora parece que está tudo mais em paz, acho que talvez possa voltar para Inglaterra, já não agüento mais essa vida de viagens.
- Que bom. – soltou Rony sem pensar.
Hermione não respondeu apenas sorriu para ele, fazendo-o se perder em seus olhos castanhos profundos.
- A sim... é aqui que se esconde o grande escritor Ronald Weasley... – disse Hermione voltando seu olhar para a casa do rapaz.
- É... – disse o rapaz com simplicidade.
- Sabe Rony, a julgar pelas notas que tirava na escola e sua pouca vontade de ler, jamais te imaginei escrevendo e sabe do que mais, adoro seus livros, não pude deixar de lê-los, era um conforto aconchegante no meio de toda aquela guerra. – disse a menina pegando sua varinha e secando sua roupa com um vapor quente.
- Ah... obrigado. – e foi tudo que pode responder, já que observava cada centímetro do corpo de Hermione mordendo os lábios pelas costas da menina.
- Ainda mais romances, nunca foi muito romântico, me lembro de quando nós... – Hermione parou abruptamente e ficou visivelmente sem graça. – Deixa pra lá.
- De quando nós... – sussurrou Rony olhando para Hermione sem graça.
- Nada não.
- De quando nós éramos mais novos... ou de quando nós nos beijamos... ou de quando nós... – Hermione levou o indicador nos lábios do moço e murmurou um silencioso “xiuuuuu”. Rony olhou bem no fundo dos olhos castanhos da conceituada medibruxa a sua frente e percebeu que não era apenas ele que sentia saudades dos velhos tempos.
Hermione entrelaçou seus dedos nos cabelos da nuca de Rony e o puxou para um beijo tão intenso que Rony pode senti-la desfalecer em seus braços, Rony passeou com suas mãos pelas costas da menina e sentia seu coração acelerar rapidamente, junto com sua respiração. Quando o beijou finalmente terminou, Hermione contemplava os olhos de Rony e passava a língua pela boca, como que saboreando uma das delícias da Sra. Weasley.
- Por cinco anos... eu sonhei com esse beijo. – sussurrou Hermione.
- Agora percebo que eu também. – disse Rony sem afrouxar o abraço que envolvia a cintura de Hermione.
- E-e-e-eu... vim mais cedo de propósito Rony, queria te ver sozinho. – balbuciava a menina afagando os cabelos do rapaz.
- Que boa idéia. – murmurou Rony maliciosamente no ouvido da garota e a sentia se arrepiar em seus braços.
Sem mais nenhuma palavra Rony pegou Hermione no colo e a levou para sua cama, colocou-a delicadamente sobre seu edredom e a beijou novamente na boca, descendo pelo seu pescoço, fazendo-a gemer de prazer, ela por sua vez deslizava suas mãos nas costas de Rony e o roçar das suas unhas deixava o rapaz mais excitado. Rony levou suas mãos no laçarote que prendia o sobretudo de Mione e o desamarrou devagar, queria aproveitar cada momento ao lado da garota que a muito rondava seus sonhos. Hermione entrelaçou suas pernas na cintura de Rony fazendo-o se aproximar ainda mais.
- Mesmo? – perguntou o rapaz receoso.
- Mesmo... mais certa do que o Chudley Cannons não vai ganhar esse ano.
Os dois sorriram e voltaram a se beijar, Hermione arrancou a camisa do rapaz e jogou-a longe, Rony se desfazia do sobretudo escuro que a menina usava e em seguida do vestido azul céu, que torneava ainda mais suas curvas. Rony tirou sua calça de moletom e por fim pode sentir Hermione delirante em suas mãos, totalmente entregues ao prazer de seus corpos juntos, Hermione e Rony fizeram amor.Rony acariciava os cabelos castanhos de Mione, enquanto permanecia abraçado a ela, de conchinha, em sua cama e dava-lhe beijocas ao pé do ouvido e sentia-a acariciando suas mãos com as unhas.
- Estava com saudades Mi? – perguntou Rony com um sorriso nos lábios.
- Muita, e olha que tudo que tínhamos era apenas um beijo no meio de uma guerra... imagina se... – começou Hermione.
- Imagino, também sonhava todos os dias contigo, imaginava você comigo assim, como estamos agora. – prosseguiu Rony apertando-a contra si.
- Rony. – disse a garota sentando-se na cama, e ele fez o mesmo. – Já não posso mais me enganar, todos esses anos meu coração permanecia aqui na Inglaterra, não consegui te tirar um só segundo da minha cabeça, já não tenho mais vergonha de dizer, eu lia todos os seus livros e comprava revistas e jornais que te entrevistavam, só para olhar sua foto e contemplá-lo em meus sonhos.
Rony se virou para o criado mudo ao seu lado e retirou da gaveta uma revista grossa, intitulada “Medibruxaria” que tinha na capa a foto de Hermione sorrindo.
- Você não acha que passei a me interessar por medicina ou curandeirismo... também só comprava as revistas para te ver, meu terapeuta me disse para correr atraz daquilo que eu mais queria na vida, demorei demais para perceber que tudo o que eu mais queria era me perder nas profundezas desses seus olhos castanhos Mione, eu te amo.
Hermione abriu um sorriso de orelha a orelha, tinha o rosto de uma criança e fez Rony lembrar daquela menina ingênua que sorriu para ele no banheiro feminino, depois de tê-la ajudado com o trasgo.
- É... eu também... também te amo. – disse a menina jogando-se nos braços de Rony e beijando-o novamente, novamente prontos para aproveitar a noite inteira pela frente.


** Fim do primeiro capítulo**

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