Cαpítulo 2.
Mais tarde, nos jardins de Hogwarts
AI QUE ÓDIO!
QUE ÓDIO!
QUE ÓDIO!
NEM NO NATAL ELE ME DEIXA EM PAZ?
CRIATURA INÚTIL E EXTREMAMENTE IRRITANTE, PROTÓPITO DE OGRO MAIS IDIOTA QUE EXISTE NA FACE DA TERRA!
Por que é que ele não me deixa em paz?
Um dia, peço apenas UM dia de paz!
Estou pedindo muito?
NÃO!
NÃO CUSTA NADA ELE ESQUECER QUE EU EXISTO POR UM DIA QUE SEJA!
POR QUE EU?
POR QUÊ?
POR QUÊ?
Eu nasci virada pra lua?
Porque, afinal, NINGUÉM, nem mesmo a minha pior das piores das minhas inimigas merecem tal tortura!
Uma meia hora atrás eu estava, como de costume, no salão comunal, matando hora, lendo um livro qualquer. Daí chega a criatura mais abominável da faze da Terra e seus leais e tapados – menos o Lupin – seguidores. AI, POR QUE É QUE ELE NÃO FOI PASSAR O NATAL EM CASA? Fizesse como toda pessoa normal faz, VAI PRA CASA! MAS NÃO! ELE QUERIA FICAR! Eu não fui pra casa porque, depois de seis anos seguidos, me dei conta de que não tem a MÍNIMA graça ficar ouvindo a Petúnia falando “aberração” quando me vê pelo corredor, ou na sala ou na cozinha. É extremamente irritante! E embora eu sinta muita falta dos meus pais, não vale à pena voltar pra casa para vê-los uma vez que ELA está lá.
Mas ELE não tem irmãos! ELE não tem ninguém na casa DELE que o chame de “aberração” quando o vê apontando na porta! ELE não tinha nada que FICAR! Meu Merlim, por que eu? Por que EU? POR QUE EU?
“Lily, feliz Natal, minha linda!” que cinismo. Eu juro que um dia eu jogo o que estiver segurando nele. Espera aí... Eu faço isso sempre que estou segurando algo!
Eu mandei ele enfiar o “Feliz Natal” dele onde o sol não bate.
Quem me dera ter dito isso mesmo! Não, isso apenas passou pela minha cabeça. Mas eu disse, com toda a educação que a raiva deixou-me reunir, que de “feliz” não tinha nada, devido à sua medíocre existência.
E daí veio o Black em defesa do amiguinho dele, dizendo que eu estava sendo muito agressiva. Ora, eu, agressiva? Imagina. Só quando Potter está por perto. Ele ia dizendo que o Natal é época do amor e da harmonia, daí eu mandei-o calar a boca, porque ele estava dizendo besteira. Harmonia, com eles por perto? Ta fácil, então...
Potter me perguntou se eu acordei com o pé esquerdo. Ora, acho que qualquer um não ia ficar de muito bom humor de ganhasse um diário de Natal, uma vez que estava esperando um belo kit de penas encantadas. Eu disse a ele que, falando honestamente, eu acordei com ambos os pés, uma vez que eu não os tiro para dormir. Pettigrew quase se borra de tanto rir, como era de se esperar, ele acha graça até nas piadas de Sir Cadogan. Black soltou um daqueles bordões dele, “mau jeito” ou coisa assim. Juro que um dia eu entendo o que ele diz. Remo apenas sorriu pra mim, perguntando o que eu ganhei neste Natal. Eu não sei exatamente aonde na história da minha vida em Hogwarts que eu e Remo começamos a nos chamar pelo nome de batismo. Vagamente lembro-me do primeiro ano, de ele me chamando de Srtª Evans todo educado, fofo e tímido. Mas acho que nos identificamos um pouco um com o outro, devido à inteligência, quero dizer, e um tanto quanto à parcial timidez e andar com amigos escandalosos e extremamente ativos e nada chegados a livros. E começamos a ser mais íntimos, ainda mais depois que ele se tornou monitor. Eu fui indicada a monitoria, mas não aceitei o cargo, uma vez que eu estou atolada de deveres para fazer. Acho que notei como ele não era como os amigos deles, irresponsáveis, quando ele recebeu o distintivo. Se bem que ele não muda muito a autoridade de Remo sobre os amigos. Acho que eles até zombam dele por causa do distintivo. Ele até caiu alguns pontos no meu conceito por não usar a autoridade dele sobre os amigos. Mas, Remo é Remo, então não posso dizer que estou desapontada com ele por isso. É IMPOSSÍVEL ficar desapontada com ele!
Eu disse a ele o que ganhei neste Natal, claro, fazendo questão de deixar claro para ele que eu não estava nem um pouco contente por ter ganhado um diário de Alice.
“Mas um diário é legal!” vem cá, ele é amigo da onça, por um acaso? Eu disse a ele que não, diários não são legais, que são sinônimos de pessoas malucas, paranóicas e fechadas, necessitadas de um terapeuta, incapazes de dizerem o que pensam e o que sentem para os amigos. E que a última coisa que eu precisava era de alguém dizendo que eu era uma dessas pessoas! Além da perda de tempo para escrever nele.
“Evans, eu sabia que você era louca, mas não que chegasse a ponto de ser frígida e paranóica!” disse o Black, com pose de gostosão.
“Olha aqui, Black, paranóica é a abominável criatura que te colocou no mundo!” Eu juro que essa saiu antes que eu pudesse me refrear.
“Mas ela é mesmo...” disse ele, num tom risonho. Eu me esqueço de que ele é brigado com a família. Não o culpo. Já vi o irmão dele, Régulo, e ele é um panaca. Creio que o resto da família não deve ser muito diferente.
Eu dei uma daquelas olhadas cínicas para ele e me voltei para Remo. “Viu? Diários são pra malucos frígidos e paranóicos! E não pra mim!”
“Ora, Lily, pensei que você já tinha aprendido a não levar Sirius a sério!” comentou Remo rindo. Sabe que ele tem razão? Eu também pensava que eu não mais o levava a sério... Mas eu estou tão fula da vida com a Alice que eu LEVEI ele a sério dessa vez.
“É... HEY!” disse Black, indignado. “Lobo miserável…” ficou ele a resmungar. Alguém registrou esse momento? Black, falando mais de uma palavra em uma frase. MILAGRE!
“Havia me esquecido que não se pode prestar atenção no que essas criaturas falam!” eu comentei com Remo, rindo, ambos, da cara de Black.
“Ah, mas ao James você presta atenção!” disse Black, com um sorriso nem um pouco agradável para a minha pessoa.
“Sério?” perguntou Potter. Santa inocência, acreditar numa calunia dessa.
“Claro que não!” disse eu, no meu tom SUPER educado.
“Ééééé verdade sim!” afirmou Black, com um sorriso malicioso. Como eu ODEIO aquele sorriso! “Eu vi com esses olhos que os vermes hão de comer”. Quanto será que os vermes cobram para começarem a comer os olhos dessa criatura HOJE?
“O que você viu, Almofadinhas?” perguntou Remo. TODA Hogwarts, sem brincadeira, quer descobrir o porque desses apelidos estranhos. Eu tenho a minha teoria: eles não tem nada na cabeça e inventaram isso do nada para inflar o ego ainda mais com a atenção que atraem com eles. É bem plausível, não?
“Eu vi uma Evans” jura, Black, que você viu uma Evans!? Pensei que a ÚNICA Evans da escola inteira fosse eu. Eu tenho até vergonha de dizer que eles estão na mesma Casa que eu. “praticamente BABANDO pelo Jimmy ontem!” disse ele, sorrindo de soslaio para o Potter.
Babando? E eu lá sou tapada como ele pra BABAR?
“Sinceramente, Black, você deve estar enganado. Eu NÃO babo! Ainda mais por esse protótipo de trasgo mal elaborado”
Ângela deveria estar aqui para ouvir essa. Sei que ela ia adorar e ia ficar chamando Potter de “protótipo de trasgo mal elaborado” nos treinos de quadribol. Mas, infelizmente, para mim, quero dizer, ela foi passar o feriado com o pai.
Nossa, a cara que Potter fez entrou para as “Cinco Expressões Mais Ridículas De James Potter”, rebaixando a expressão do dia em que ele viu Severus Snape conversando comigo e com as garotas. Essa foi hilária, mas a expressão de hoje a tarde foi bem melhor!
“Ah, não, não estou enganado!” disse Black, fazendo uma expressão quase obscena. Essa expressão também é odiável. Como é que TODAS AS OUTRAS GAROTAS DA ESCOLA conseguem achar aquela expressão FOFA? “Eu vi você ontem, aqui mesmo no salão comunal, vidrada no Jay aqui quando Peter o trancou para fora do dormitório só de pijama.” Se é que podemos chamar aquilo de pijama. ELE DORME DE SAMBA-CANÇÃO! Eu fiquei horrorizada com a visão do Potter aparecer no salão comunal só de CUECA!
Eu não sei o que dá em mim, tem vezes. COMO É QUE EU ME PERMITO CORAR NUMA HORA DESSAS!? Eu só senti meu rosto começar a esquentar quando eu vi os olhos de Potter começarem a brilhar por trás dos óculos. Não preciso nem dizer que Peter estava rindo e Black deu uma daquelas risadas caninas dele quando olhou pra mim.
“É mentira!” foi tudo o que eu consegui gaguejar. Maldita gagueira!
“Mentira nada que eu vi!” disse Black, piscando um olho para mim. Meninas matariam para ter Black piscando para elas. Já eu, tenho vontade é de matar o BLACK quando ele faz isso!
“É sério, ruivinha?” perguntou Potter, já todo sorrisos pra cima de mim. Como é que essas pessoas – pra não dizer outra coisa – conseguem fazer expressões faciais tão VULGARES quando sorriem?
“É claro que NÃO!” explodi. Dei-me conta de que eu estava mais vermelha ainda, mas eu tenho certeza de que era de raiva. Eu sentia a mim mesma mais inchada que um balão!
“Não adianta negar, Evans” começou Black, eu tenho certeza de que isso ia virar um discurso ENORME sobre eu “negar o inegável”. Honestamente, eu queria saber de onde ele tira essas palavras e bordões, porque ele não tem cérebro o suficiente para elabora-las ele mesmo.
“Olha aqui, seu trasgo mal crescido” bom, realmente, Black é alto – desconsiderando a minha falta de altura, ele é alto PRA CARAMBA! – e a sua falta de inteligência o faziam parecer mesmo um trasgo. Só perde para o Goyle. Eu me levantei e apontei o dedo para ele, e, creio eu, ameaçadoramente “não fique inventando calunias sobre mim! Você não sabe da missa a metade, então CALA A BOCARRA!”
Preciso dizer que isso apagou o sorriso da cara dele? Bom, isso apagou o sorriso da cara feia dele – por feia, digo a mais bela e charmosa da escola, mas somente eu consigo ver através daquela máscara de beleza infinita e enxergar o monstro que ele é. E os outros dois babacas e o Remus ficaram me olhando como seu eu fosse louca ou coisa assim.
“Acalme-se, Lily!” disse o Potter, arrogantemente para mim, me olhando como se eu fosse um bicho geralmente dócil que de repente torna-se mais cruel do que um explosivim.
“Não me venha com essa, James Potter, quem é você pra me dizer o que fazer?” OK, OK, eu estou meio estressada hoje, mas acontece que eu simplesmente não SUPORTO mais ter que ouvi-lo me chamar de Lily. Eu sequer deixei ele me chamar com tanta intimidade! “E é EVANS!”
“Mas minha flor...”
“NÃO ME VENHA COM ‘MINHA FLOR’, EU NÃO SOU UMA DESSAS MENININHAS DE VIDA FÁCIL COM QUEM VOCÊ SAI PRA PODER CHAMAR POR APELIDOS, POTTER!”
Eu herdei a garganta poderosa da minha mãe. Acho que eu nunca disse a ela o quanto isso é útil para mim.
“EU NÃO SEI QUEM VOCÊ ACHA QUE É, MAS CERTAMENTE É UM JOÃO NINGUÉM A ME IMPORTUNAR TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA! VOCÊ E ESSES SEUS AMIGUINHOS, SE ACHANDO DEMAIS ESCOLA AFORA, SEMPRE COM O EGO MAIOR QUE OS SETE MARES, ACHANDO QUE TODOS DEVEM ACEITAR SUAS BRINCADEIRAS E BEIJAR O CHÃO EM QUE PISAM! BOM, CASO VOCÊ NÃO TENHA PERCEBIDO AINDA, EU NÃO SOU UMA DESSAS PESSOAS!”
Eu estava cega de raiva, não via ninguém, só ouvia a respiração dos quatro ali. Eu sei que não deveria ter gritado daquela maneira, ainda mais quando o Remus não tem nada a ver com isso, muito menos o Peter, mas é que eu estava com tanta raiva de tudo que me vem acontecendo que simplesmente vazou. Eu peguei a minha capa e saí do castelo, e descobri o diário da Alice e uma das minhas canetas trouxas dentro nos bolsos dela, e desde então, eu estou sentada embaixo da faia perto do lago, escrevendo que nem uma maluca.
Eu só espero que Remus não fique chateado comigo por eu ter explodido daquela maneira.
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