Capitulo 4



CAPITULO IV

— Eu temo que tenha sido caro demais — prosseguiu Aisling. — Mas ele dis­se que eu poderia escolher o que mais gostasse.
— Tenho certeza de que ele acha que você merece — disse Hermione, servindo outra taça a Harry e obrigando-se a encará-lo. — Eu sei que você prefere cerveja, mas champanhe é obrigatório nessas ocasiões.
— Obrigado — Harry pegou o copo das mãos dela; mas Hermione estava tensa ao extremo, e que o simples roçar de dedos pro­vocou uma corrente elétrica tão forte que ela tirou a mão abrup­tamente, derramando metade da bebida.
— Desculpe-me — murmurou, corada, servindo-o de mais com mãos trêmulas.
— Você está bem? — perguntou ele, preocupado.
— Só estou um pouco nervosa com o jantar — explicou-se ela. — Eu acho que fui longe demais.
Harry sorriu.
— Você sempre faz isso, Hermione. Planeja esses cardápios in­crivelmente elaborados e fica aborrecida quando não dá certo. Por mim, você poderia jogar fora todos esses livros de receita e oferecer pão com queijo aos seus convidados.
— Depois de hoje, talvez eu faça isso — ela concordou com um sorriso relutante. Então, os olhos de ambos se encontraram e foi como se não houvesse mais ninguém no mundo.
Harry foi o primeiro a desviar os olhos.
— Foi gentil da sua parte ter se esforçado tanto — disse ele, passando os olhos pela cozinha.
— Sim, está tudo lindo — disse Aisling, percebendo o olhar que os dois haviam trocado.
Hermione tinha forrado uma toalha adamascada antiga na mesa onde ela, Luna e Gina haviam passado tantas horas bebericando vinho e consertando o mundo e agora, ao admirar o re­sultado com a louça de festa, os copos de cristal e as velas acesas, foi obrigada a concordar com Aisling.
Tudo parecia tão romântico quanto ela planejara, desde que não se olhasse para a cozinha, onde havia pilhas de louças e panelas sujas em volta da pia. Hermione havia usado praticamente todos os utensílios da cozinha e ainda havia tanto a ser feito. Ela sempre adorara ambientes integrados, mas às vezes sentia falta de uma sala de jantar separada, onde os convidados nem soubessem o que estava se passando.
— Eu gosto dessa cozinha — disse Aisling. — Era por isso que eu tinha tanta vontade de morar aqui.
— Eu sinto muito — disse Hermione, lembrando-se de como afas­tara a idéia assim que Harry trouxera o assunto à tona.
Ela respirou fundo. Aquela troca de olhares a deixara completamente aturdida. Não era certo encarar um amigo daquele jeito. Ainda mais no dia do noivado dele!
— Eu devo ter soado péssima quando insisti em ficar com a casa só para mim — Hermione desculpou-se.
— Não se preocupe — respondeu Aisling. — Eu teria feito a mesma coisa. E no fim, acabou sendo melhor assim, não é, querido? — Ela pegou o braço de Harry e sorriu. — Se eu tivesse vindo para cá... não teria ido morar com Harry e nós nunca te­ríamos descoberto como combinamos... Provavelmente, nem te­ríamos pensado em nos casar, não é querido?
— É difícil dizer — respondeu ele.
— Eu só posso lhe agradecer, Hermione!
— Pegue um canapé — ofereceu Hermione, tentando sorrir.
— Ah, eu não devo — disse Aisling admirando o prato que Hermione decorara com tanto esmero.
— Como essa é a única parte do jantar que deu certo, eu tiraria o máximo proveito, se fosse você.
— Bem, talvez só um — concordou Aisling escolhendo, entre todas as opções, a que parecia menos calórica. — Delicioso — disse.
— Pegue mais um.
— Ah, não, obrigada — falou, tocando o abdome perfeitamente chato. — Eu já encontrei o vestido perfeito, mas não posso en­gordar nem um grama se quiser entrar nele até o casamento.
— Então, vocês decidiram quando vai ser?
Hermione ficou aliviada por Luna ter chegado naquele momen­to e se reunido a eles. Provavelmente, ela vira que Hermione estava prestes a atirar a bandeja de canapés no vestido de seda de Aisling.
— Em maio — disse ela. — Eu acho que um casamento na primavera é perfeito, não?
Havia um brilho nos olhos de Aisling e ela parecia eufórica. Hermione não podia culpá-la. Estaria se sentindo do mesmo jeito se estivesse com a aliança de Harry, prestes a casar-se com ele.
— Com licença — falou, subitamente desesperada para es­conder-se na cozinha. — Preciso ir ver a entrada.
Luna ficou ouvindo os planos de casamento cada vez mais excêntricos de Aisling, enquanto Harry baixava os olhos para a própria taça.
— Não se preocupe — Rony murmurou em seu ouvido. — Eu trouxe cerveja comigo. — Ele olhou para a própria taça com uma careta. — Não sei por que as mulheres insistem em beber isso. Termine logo e eu irei buscar uma bebida apropriada.
Harry sorriu e esvaziou a taça, obediente. Rony sempre conse­guia fazer as coisas parecerem melhores.
O jantar não poderia ser descrito como um triunfo culinário, os jantares de Hermione nunca o eram, mas havia bastante vinho e a companhia era ótima. Enquanto Aisling parecia esfuziante, Hermione estava mais quieta que de hábito, mas assim que parou de ir e voltar à cozinha para cuidar da comida, ela relaxou e a noite ficou excelente.
Muito mais tarde, quando ela se levantou para fazer mais café, Harry seguiu-a até a cozinha para ajudá-la, enquanto os outros conversavam animadamente à mesa.
— Caso eu me esqueça de dizer depois, muito obrigado — disse ele.
— Eu sinto muito pela lagosta... E pela sobremesa. Foi tudo meio desastroso, não? — Hermione falou.
— Estava delicioso — mentiu Harry. — Mas de qualquer forma, a comida é o que menos importa. O que importa é a sua dedicação. Foi uma noite muito especial e eu gostei muito. Ais­ling também — acrescentou ele, abraçando Hermione.
Por um segundo, ela apoiou-se nele, mas logo se afastou e fingiu estar ocupada, enchendo a chaleira.
— Ainda na mesma com Will? — perguntou Harry.
— Eu o vejo de vez em quando — disse ela, pondo pó de café no filtro. — Mas não é a mesma coisa.
— Não está ficando mais fácil?
Hermione parou e encarou-o.
— Não.

Ela teria que dar um jeito naquilo, disse Hermione a si mesma na manhã seguinte, enquanto atacava a imensa pilha de louça suja. Compraria uma lava-louças!
Milagres não aconteciam. Aisling ia mesmo se casar com Harry e, julgando pela conversa da noite anterior, seria incapaz de falar sobre qualquer outro assunto até a data. Todos haviam escutado os planos de Aisling para o casamento e ficou claro que alguns eram novidade também para Harry, incluindo a lista de possibilidades para a lua-de-mel.
— Nós iremos para as Ilhas Seychelles em duas semanas — dissera Aisling. — Será uma boa chance de conhecer o lugar para ver se vale a pena voltar. Parece muito bonito, mas talvez não haja muito o que fazer além de mergulhar.
— Mas os casais em lua-de-mel não costumam ter problemas para achar o que fazer — dissera Rony, divertido, mas Aisling levou-o a sério.
— Harry e eu não somos assim. Precisamos poder escalar, ou velejar, ou descer uma cachoeira. Morreríamos de tédio se ti­véssemos que passar o dia na praia.
Hermione fora incapaz de evitar um olhar cúmplice para Luna e Gina.
— Nós não — dissera Gina.
— Se quer saber, eu acho que ela está exagerando — sus­surrara Luna no ouvido de Hermione, um pouco mais tarde. — Aposto que ela odeia isso tudo.
Hermione não concordava. Era verdade que Aisling parecera um pouco obsessiva em seus planos para o casamento, mas ficava igualmente à vontade ao ar livre, com Harry. Assim, depois que o casamento do século passasse, ela se acomodaria e seria uma excelente esposa.
Assim, Hermione tinha que parar de sofrer e se conformar. Mas era mais fácil falar do que fazer. Ela bem que tentou. Obrigou-se a voltar a ir a festas e tentou manter-se ocupada para não pensar muito, mas a lembrança de Harry era uma dor constante dentro dela. Com o passar dos dias, acabou perdendo peso, o que não era bom. Ficou com olheiras e um ar cansado. Quando a viram, Gina e Luna ficaram preocupadas.
— Você está horrível!
— Obrigada.
— É sério, Hermione. Será que você está doente?
Doente de amor, pensara Hermione, triste.
— Só estou cansada — disse. — Eu preciso de umas férias, mas estou sem dinheiro agora. Minha última conta de cartão de crédito foi tão imensa que eu pensei que fosse desmaiar quando abri a fatura. Bem que eu queria que alguém me ofe­recesse uma semana de graça nas Ilhas Seychelles!
A idéia de uma semana inteira sem nada para fazer, a não ser deitar-se em uma praia tropical, era mais que tentadora. Nada de mergulhos, nada de velejar, apenas ficar sob o sol, de olhos fechados... sim, ela adoraria!
— Seria perfeito, não? — perguntou Gina. — Harry e Aisling estão prontos.
— Quando eles partem? — perguntou Luna, levantando-se para encher os copos.
— Em breve, eu acho.
— Eu não o vejo desde o seu jantar. Como vai Harry?
Hermione sentiu um peso na garganta à simples menção do nome dele.
— Eu não sei — disse, tentando soar casual. — Também não o vi.
Luna franziu o cenho.
— Espero que esteja tudo bem. Harry não costuma sumir as­sim. Ele não fez nenhum contato?
— Ele ligou e deixou um recado agradecendo o jantar — admitiu Hermione. — Mas como não era o tipo de mensagem que pede uma resposta, eu não respondi.
— Mas, Hermione, ele devia estar esperando um retorno seu, não?
Ela deu de ombros, incapaz de explicar como estava achando difícil falar com Harry nos últimos tempos.
— Eu não quis me intrometer — disse ela, defensiva. — Eles devem estar querendo ficar sozinhos.
— Eles devem achar que você os está ignorando — disse Gina. — Eu pensei que você quisesse que Harry achasse que você gostava de Aisling.
— Eu gosto... Só preciso de um tempo para me acostumar com a idéia.
— Você já teve quase três semanas, Hermione — comentou Luna, entregando o copo à amiga. — Vai ter de aprender a lidar com isso mais cedo ou mais tarde.
Hermione suspirou e bebericou do copo.
— Eu sei.
O problema era que não conseguia imaginar-se tendo uma conversa normal com Harry quando tudo o que queria dizer era que o amava. Não que não pudesse ligar para eles e desejar boa viagem. Pelo menos, teria um assunto sobre o qual falar.
— Eu vou ligar para ele — prometeu.
Para seu alívio, as amigas mudaram de assunto.
— Eu não sei se podemos pagar uma semana nas Ilhas Seychelles, mas o que mais podemos fazer para animá-la? — per­guntou Gina. — Amanhã é sexta-feira. Por que não vem jantar conosco? Pela sua cara, você anda precisando ser alimentada.
— Eu bem que gostaria, mas preciso ir a uma festa em Battersea — Hermione argumentou, sem entusiasmo.
No dia seguinte, quando chegou em casa depois do trabalho, estava ainda menos entusiasmada com a idéia. Era uma noite fria de novembro, e ventava tanto que o guarda-chuva era inú­til. A caminhada do metro até em casa havia bastado para dei­xá-la molhada e gelada e era improvável que tivesse disposição para tomar banho, se trocar, enfrentar a chuva novamente e passar o resto da noite sorrindo e fingindo divertir-se.
Mas a alternativa era ficar em casa pensando em Harry e fazendo força para não chorar.
Talvez um chá a animasse. Hermione preparou um chá de jasmim e desabou no sofá. Ainda estava tentando reunir energia para tomar um banho quando a campainha tocou.
Quando olhou pelo olho-mágico e viu Harry, encolhido dentro de um casacão, seu coração disparou. Ele estava com os cabelos molhados e a chuva escorria pelo seu rosto.
— Harry! — Ela abriu a porta apressada e puxou-o para den­tro. — O que faz aqui? Você está ensopado!
— Eu precisava ver você.
Harry ainda não pensara no que ia dizer. Simplesmente se­guira seu instinto de ir até Hermione.
— Entre. — Ela ajudou-o a tirar o casaco e pendurou-o no encosto da cadeira da cozinha. — Sente-se. Eu vou pegar uma bebida. Você está precisando.
Ele devia estar com uma aparência péssima, mas no momen­to em que desabou no sofá, Harry começou a se sentir melhor. Havia algo incrivelmente reconfortante naquela casa e sobre­tudo naquela cozinha grande, bagunçada e cheia de coisas.
— Aqui. — Hermione pôs um copo de uísque na mão dele e sen­tou-se no sofá de pernas cruzadas, virando-se para encará-lo. — Agora, conte-me o que aconteceu.
— Aisling me deixou — disse Harry, um pouco surpreso com a facilidade com que dizia aquilo.
— Deixou você? — Hermione olhou-o, incrédula. — O que você quer dizer com deixou você?
— Ela se foi. Não quer mais se casar comigo.
Era quase um alívio ver que a notícia era tão inesperada para Hermione quanto havia sido para ele.
— Mas... por quê? Ela estava tão animada no outro dia. O único assunto dela era o casamento!
— Ela estava tentando se convencer de que era o que queria — disse ele, tranqüilo. — Mas não era. Esse tempo todo ela estava apaixonada por outra pessoa.
Hermione meneou a cabeça, estupefata.
— Quem é ele? Você o conhece?
— O nome dele é Bryn. Eu não o conheço bem, mas ele é um dos principais executivos da CBC. Aisling já trabalhou lá e foi onde o conheceu. Ela me contou esta noite que os dois tiveram um tórrido romance por quase um ano e que é louca por ele. Só que ele é casado e apesar de ter falado em deixar a mulher, ficava sempre inventando desculpas, até que Aisling resolveu terminar tudo.
Hermione meneou a cabeça, sem dizer nada.
— Ela estava louca para sair da CBC para não precisar vê-lo todo dia. Como eu já a conhecia por causa de um trabalho que tínhamos feito, convidei-a para trabalhar conosco e ela aceitou na hora. Ela me disse hoje que minha oferta havia caído do céu.
— Não me impressiona que ela quisesse tanto trabalhar com você — disse Hermione, seca. — Então, toda aquela história sobre querer um emprego com mais desafios, em uma empresa pe­quena era conversa?
— Não exatamente. Ela gosta de trabalhar conosco, mas não pode afastar-se como imaginava — disse Harry. — Você sabe que estamos prestes a fechar aquele contrato com a CBC, não é? Se conseguirmos, vai ser muito por causa dos contatos de Aisling, e parte do trabalho dela agora envolve um contato re­gular com Bryn. Isso não tem sido fácil para ela.
Hermione não estava no espírito de ficar comovida com os pro­blemas de Aisling.
— Ora, Harry, parece até que você está com pena dela!
— E estou, um pouco... Aisling tentou tudo o que pôde para esquecê-lo, mas não conseguiu.
— Pois eu sentiria mais respeito por ela, se tivesse tentado fazer isso sem usar você — Hermione afirmou, irritada.
— Você fala como se ela fosse uma cínica. — Era irônico que coubesse a ele defender Aisling. — Não que ela não gostasse de mim, ela disse que gostava muito e pensou em recomeçar a vida comigo, mas não deu. Segundo ela, não era como estar com Bryn.
— E o que a fez mudar de idéia? O que deflagrou essa crise?
— Bryn ligou para ela ontem. Disse que estava se divorcian­do e que queria ficar com ela. Aisling disse que não seria justo se casar comigo, estando apaixonada por Bryn. Ela pediu des­culpas — acrescentou Harry.
— Quanta generosidade... — grunhiu Hermione.
— Ora, vamos lá, Hermione. Pelo menos, ela foi honesta. Foi melhor ela ter me dito isso agora do que depois que estivésse­mos casados. Quanto mais demorasse, pior seria.
— É. Acho que sim... Me desculpe — murmurou, arrependi­da. — É que eu não acredito na sua calma. Aliás, não acredito em nada. Aisling parecia tão feliz com você. E... e vocês ficavam bem juntos.
— Ficávamos? — Harry deu um gole no uísque. Estava mais quente, mais seco e ali, no sofá, com Hermione, tudo parecia mais fácil. — É difícil de explicar.
— Eu sinto muito, Harry — disse ela, baixinho. Harry deu de ombros. Ela sorriu.
— Desculpe por jogar tudo em cima de você.
— Eu já chorei muitas vezes no seu ombro — Hermione comentou, pegando o copo dele para servir mais uma dose e recostando-se em seguida.
— Como você está? — perguntou. — De verdade.
— Acho que um pouco surpreso — ele admitiu, bebericando o uísque.
Não poderia dizer a ela que a primeira coisa que havia sen­tido fora alívio. Só quando Aisling o desprezara ele havia per­cebido que fora como se um imenso fardo tivesse saído das suas costas.
— Quando eu fui para casa esta noite, essa era a última coisa que imaginava ouvir — disse Harry. — Aisling passou a semana fazendo planos para o casamento, nós trabalhamos o dia inteiro juntos e ela pareceu absolutamente normal. Ela é muito boa em separar a vida profissional da pessoal.
Hermione não concordava. Pelo que sabia, Aisling sempre dava um jeito de acabar dormindo com o chefe e não havia nada menos profissional do que isso. Mas precisava ter cuidado com o que dizia. Harry estava bancando o corajoso, mas Hermione achava que ele estava mais magoado do que parecia. Aquela atitude era típica dele.
— E o que você disse? — perguntou ela.
— O que eu poderia dizer? Se Aisling se sente assim sobre Bryn, não há por que ela ficar comigo.
Hermione lamentava por ele. Sonhara em ouvir que Aisling desis­tira do casamento, mas agora que o momento chegara, só con­seguia pensar no sofrimento dele. Aquele não era o momento de atirar-se nos braços dele e dizer que o amaria para sempre. Ele estava triste e vulnerável e continuava apaixonado por Aisling. Não estava pronto para pensar em mais nada, em mais ninguém.
— Talvez ela volte — confortou Hermione. — Quando for morar com esse Bryn, pode descobrir que as coisas não são mais como antes. O romance acaba depressa quando você tem que lavar meias sujas ô brigar sobre quem perdeu a tampa da pasta de dentes.
— Talvez — Harry falou, mas não parecia convencido.
— Aisling é uma boba. Ela não sabe a sorte que tem. O que mais ela pode querer além de você?
— Ela sabe o que quer e não sou eu.
De repente, Harry colocou o copo sobre a mesinha e abraçou-a.
— Desculpe, Hermione. Eu sou um bobo. Você sabe como é isso.
— Sei — disse ela, aninhando-se no ombro dele. — Sei exatamente.
Tudo deveria estar perfeito. Ele estava livre, ela estava livre e os dois se abraçavam. O que mais poderia desejar? Se Hermione abrisse os olhos, se erguesse um pouco o rosto, seria fácil beijá-lo.
Mas não era tão fácil. Se não havia conseguido dizer a Harry o que sentia quando ele estava feliz com Aisling, agora seria bem mais difícil. Ele precisaria de apoio, de uma presença cons­tante... Precisaria que Hermione fosse o que sempre havia sido. En­quanto isso, era melhor que pensasse que ela continuava apai­xonada por Will.
Harry apertou-a com mais força.
— Formamos uma dupla e tanto, não? — perguntou ele, ten­tando parecer animado. — Dois rejeitados! Qual é o problema conosco?
— Qual é o problema com eles? — brincou ela e Harry beijou-a nos cabelos.
— Que bom que você está aqui, Hermione.
— Eu sempre estarei perto de você, Harry.
Hermione recostou-se meio trêmula e pegou o copo, tentando man­ter a voz calma.
— O que você vai fazer agora?
— Nada — respondeu Harry, pegando o próprio copo. — Como vamos continuar trabalhando juntos, nós teremos que ser civi­lizados.
— E ela vai continuar no emprego depois do que fez com você? — perguntou Hermione, perplexa.
— Eu não posso demiti-la porque ela não está apaixonada por mim — Harry falou, seco. — De qualquer forma, ela é muito boa no que faz e eu preciso dela para fechar o contrato com a CBC.
Hermione não conseguia acreditar que Aisling fosse tão importante.
— Mas vai ser muito estranho, Harry! Todos no trabalho devem saber que vocês estavam morando juntos e planejando se casar.
Harry deu de ombros.
— Teremos de lidar com isso. Eu vou falar com os outros e pedir para não comentarem. De qualquer forma, nós vamos estar nas Ilhas Seychelles na semana que vem, todos vão poder fofocar à vontade e quanto voltarmos, teremos outros assuntos.
Hermione olhou-o, frustrada. Ele podia ser muito racional quando queria. Em vez de arrancar os cabelos ou de planejar vingança, estava fazendo planos comerciais!
— Por que você não deixa Bryn ir em seu lugar para as Seychelles? Você pode até levá-los ao aeroporto!
— Eu não preciso dar o meu lugar — disse Harry. — Bryn vai de qualquer jeito. Ele é um dos gerentes de vendas mais bem-sucedidos da CBC e vai levar Aisling em vez da mulher dele. Ele mudou a passagem para o nome dela e já disse aos organizadores que Aisling vai estar no lugar da mulher dele.
— Mas e você? — perguntou Hermione, boquiaberta.
— Se dissesse que estou ansioso, eu estaria mentindo. A úl­tima coisa que eu queria agora era passar uma semana preso em uma ilha, bajulando clientes potenciais. E não sou bom nisso, e é por isso que a presença de Aisling é importante. Mas se ela ainda fosse minha noiva, seria mais fácil manter as coisas num nível mais social. Como as coisas estão, eu vou aparecer lá sozi­nho e vai ficar evidente que fui apenas a trabalho. E era exata-mente essa impressão que a CBC não queria dar!
— Mas, então, por que você não fica?
— Eu preciso ir — falou ele, passando a mão nos cabelos. — A CBC insistiu em que eu fosse para fazer contatos e o contrato é importante demais para nós. É uma segurança de três ou quatro anos para todos os que trabalham comigo.
Ele esvaziou o copo e colocou-o na mesa.
— Eu farei o que for possível. E melhor ligar para a CBC amanhã logo cedo e dizer que eu não levarei a minha noiva. Assim, eles poderão cancelar a passagem e talvez me mudar de quarto.
— A menos que você apenas mude o nome da sua noiva — disse Hermione.
Harry olhou-a, confuso.
— O que você quer dizer?
— Bem, se Bryn conseguiu colocar o nome de Aisling na passagem da coitada da mulher dele, por que você não pode fazer o mesmo?
— E por que eu faria isso? Aisling já tem passagem.
— Eu não estava pensando nela — disse Hermione, sorrindo. — Estava pensando em mim.



Obs:Oiiii pessoal!!!!Desculpem pela demora na atualização!!!Creio que até a semana que vem eu posto o próximo!!!!Obrigada pela compreensão!!!Bjux!!!!Adoro vocês!!!

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