Capitulo 1
Obs1:Capitulo dedicado a Andréa Pismel da Silva!!!!Parabéns pelo aniversário querida!!!Bjux!!!
CAPITULO I
— Ali está Hermione — Aisling cutucou Harry, que se virou no banco da igreja e observou Hermione e Luna vindo, apressadas, pelo corredor.
As duas melhores amigas da noiva estavam estonteantes. Luna era loira e estava lindíssima em seu traje amarelo-ácido, enquanto Hermione optara por um visual mais romântico: um modelo esvoaçante rosa-suave. Para completar, Hermione usava um chapéu espetacular, de aba imensa.
Harry não entendia dessas coisas, mas ela certamente chamava atenção. Até o chapéu de Aisling parecia discreto em comparação. Era típico de Hermione, pensou ele afetuosamente. Ela sempre soubera fazer cabeças se virarem, com ou sem chapéu.
Luna acenou ao ver Harry e Aisling e apontou-os para Hermione antes de seguir para falar com seu marido, Rony, que era padrinho e que esperava junto ao noivo, nervosíssimo, no banco da frente.
Harry percebeu o momento exato em que Hermione notou sua presença e estranhou a expressão estranha que tomou conta do rosto bonito. Percebeu-lhe a hesitação antes de ir para perto dele no banco. Aturdido, Harry franziu pouco as sobrancelhas. Hermione era sua melhor amiga, mas andava estranha ultimamente.
— Desculpe, eu não posso beijá-lo — disse ela, apontando para a aba imensa do chapéu.
— E meio esquisito, não? — Mesmo assim Harry enfiou-se por baixo do chapéu para beijá-la e teve certeza de que Hermione se contraíra sob o leve contato dos seus lábios.
Ele franziu os cenhos e recuou.
— Está tudo bem?
— É claro que sim — ela respondeu, evitando encará-lo quando inclinou-se um pouco para a frente para cumprimentar Aisling. — Você sabe como são os casamentos — prosseguiu, sentando-se. — Sempre há um certo pânico na última hora.
Então era apenas o dia, pensou Harry, tentando explicar a si mesmo a tensão incomum no sorriso dela.
— Como está Gina?
— Meio inquieta, mas vai ficar bem. Ela deve estar chegando a qualquer momento.
Do outro lado, Aisling inclinou-se, debruçando-se sobre Harry.
— Fiquei surpresa por você não ser dama de honra de Gina, Hermione — disse ela. — Afinal, você é a melhor amiga dela.
— Luna também é — Hermione afirmou num tom frio. — E Gina não é muito alta. Ficaria ridículo nós duas formando duas torres ao lado dela.
— Sim, mas Luna é casada.
— E daí?
— Daí que como a última amiga solteira que restou, teria sido natural que Gina tivesse escolhido você para dama de honra — explicou-se Aisling.
— Acho que sou um pouco velha para isso, não? — disse Hermione num tom agradável, mas Harry, que estava sentado entre as duas mulheres, sentiu nitidamente a tensão se formando.
— Pois eu não acho — disse Aisling. — Você não deve ter mais de trinta e cinco, não é?
Harry pigarreou e mudou de posição no banco da igreja. Aisling estava entrando num terreno perigoso. Com um olhar discreto, ele viu os olhos castanhos de Hermione estreitarem-se por baixo da aba do chapéu.
— Não — disse, baixinho. — Aliás, eu só tenho trinta e dois. - Com isso, ela lançou um olhar mortal para Harry, que deixou bem claro que ele não devia nem pensar em acrescentar algo como "quase trinta e três".
— É mesmo?! — exclamou Aisling, surpresa. — Como você e Harry estudaram juntos, eu pensei que fossem da mesma idade.
— Não. Quando começou, Harry era um pouco mais velho que o resto da turma — disse Hermione, por entre os dentes e Harry decidiu que era hora de mudar de assunto.
— Gina não vai ter nenhuma dama de honra? — perguntou ele, apressadamente.
— Será Alex, a filha de Draco — disse Hermione. — Ela está em êxtase! Acho até que mais do que Gina! Ela mal conseguia parar quieta enquanto ajudávamos Gina a se vestir. --- Hermione sorriu com a lembrança. — É muito melhor Gina ter a enteada como dama de honra. Além disso, se eu fosse dama de honra, não teria podido usar este chapéu!
— E isso teria sido um crime — disse Harry solenemente. Hermione ajustou o chapéu na cabeça e lançou um olhar especulativo por baixo da aba.
— O que você achou dele? — perguntou.
— É... grande — Foi a resposta mais diplomática na qual Harry conseguiu pensar.
Ela riu e, por um momento lembrou a Hermione de sempre, com o rosto vívido e os brilhantes olhos castanhos acesos pelo sorriso. O que fez Harry lembrar-se de como havia sentido falta da companhia dela ultimamente.
Não que não tivessem se visto mas, de alguma forma, Hermione não vinha sendo ela mesma. A amizade de ambos sempre fora uma coisa fácil e natural, mas Hermione andava contida. É claro que talvez ela estivesse tendo problemas com Will, mas Harry já a vira passar por inúmeras crises românticas, sem que aquilo afetasse o relacionamento entre eles dois.
Talvez daquela vez fosse diferente. Talvez Will fosse mais importante para ela do que os outros haviam sido.
Por alguma razão, Harry não gostava de pensar naquilo. Na sua opinião, Will estava longe de ser bom o bastante para Hermione.
— Onde está Will? — perguntou ele, tentando disfarçar a reprovação que sentia pelo outro homem. — Achei que ele fosse guardar lugar para você.
— Will? — perguntou ela, tentando soar despreocupada. — Ele está em Hong Kong.
— Hong Kong? — zombou Harry. — O que ele está fazendo lá?
— Ele teve uma reunião — disse Hermione, examinando a decoração.
Harry deu de ombros, indignado.
— Quando ele arrumou isso?
— Foi uma coisa inesperada.
— E ele não podia ter deixado para ir na semana que vem? Afinal, o casamento de Gina está marcado há bastante tempo...
Hermione manteve os olhos fixos nas flores.
— Sim, mas era importante — acrescentou, reticente. — De repente, ele teve que largar tudo e ir para lá.
— Você também é importante — disse Harry, irritado. — Além disso, ele não faz nada. Passa o dia sentado num escritório na cidade, jogando com dinheiro. Qual é a importância disso?
— É a carreira dele — defendeu Hermione. — E ele não fica apenas jogando com dinheiro. Ele lida com milhões e milhões de libras e quando alguma coisa dá errado com esse volume de dinheiro, pode acabar afetando as bolsas internacionais, o que, por sua vez, afeta a economia do mundo todo. E isso afeta os nossos empregos, os nossos salários e a nossa qualidade de vida. Eu acho isso importante — concluiu, desafiadora.
Harry não estava disposto a ser convencido de que Will tinha alguma contribuição útil para fazer a sociedade.
--- Se eu achasse que a estabilidade econômica do mundo fosse ruir por causa da capacidade de Will de se mandar para Hong Kong num piscar de olhos, eu ficaria realmente apavorado — disse ele. — Mas como não é assim, desconfio que a economia global nem fosse se abalar se ele tivesse deixado para viajar na segunda-feira e estivesse conosco, hoje.
Hermione olhou-o.
— Qual é o problema? Se eu, Gina e Draco entendemos a ausência de Will, por que você não é capaz de entender?
— Eu só acho que ele deveria estar aqui para apoiá-la — disse Harry, intempestivamente.
— Mas eu estou no casamento de uma das minhas melhores amigas, cercada de pessoas que conheço. Por que precisaria de apoio?
— Acho que Harry teme que você se sinta meio excluída — disse Aisling. — Ele me contou como você era chegada a Luna e a Gina quando vocês dividiam aquela casa. Eu imagino que seja um momento de muita vulnerabilidade para você — concluiu Aisling com um olhar de compaixão.
Hermione olhou-a com desagrado.
— Se está tentando sugerir que eu estou com ciúme, engana-se — disse, claramente. — Eu não poderia estar mais feliz por Gina e por Luna. Elas duas encontraram os homens de suas vidas e eu não estou me sentindo nem um pouco excluída, simplesmente porque também encontrei o homem da minha vida. Will e eu estamos muito felizes juntos, de forma que eu não me sinto nada vulnerável e nem acho que preciso de apoio, graças a Deus!
— Você não parece muito feliz, Hermione — comentou Harry.
— Talvez isso tenha alguma coisa a ver com o fato de vocês dois não pararem de falar mal do meu namorado e de me deixarem com a sensação de que eu sou digna de pena! — ela disparou.
Quando Harry ia responder, foi interrompido por Luna, empurrando-os para sentar-se ao lado deles.
— Aí vem ela! — exclamou Luna, animada.
Quando Hermione se virou e avistou Gina vindo pelo corredor, de braço dado com o pai, sentiu um aperto na garganta. Tudo nela parecia brilhar. E os olhos azuis, fixos no homem que a esperava no altar, estavam iluminados de amor.
Hermione seguiu o olhar de Gina e avistou Draco, que havia se virado e esperava a noiva aproximar-se. A expressão no rosto dele deixou Hermione com vontade de chorar.
Será que algum dia, alguém olharia para ela com tanta adoração e desejo? Hermione tentou imaginar-se no lugar de Gina mas, por algum motivo, não conseguiu visualizar o homem que ocuparia o lugar de Draco.
Sabia que não seria Will, apesar do que havia dito a Harry e a Aisling. Aisling! Havia alguma coisa na namorada de Harry que simplesmente a tirava do sério. Constrangida por estar pensando em outras coisas que não no casamento, Hermione fixou os olhos apressadamente nos noivos.
Gina havia se virado e dado seu buquê a Alex, que estava quase explodindo de orgulho pela importância do papel. A menina pegou as flores com uma expressão séria, mas quando Draco piscou para a filha, ela retribuiu com um sorriso extasiado, que deixou Hermione com lágrimas nos olhos.
Era um casamento tradicional na pequena igreja da vila, mas Hermione flagrou-se profundamente tocada pelo clima da cerimônia. Ela e Luna não foram as únicas a passarem a maior parte do tempo enxugando as lágrimas e quando Gina e Draco saíram para o terraço ensolarado da igreja, os dois pareciam tão perfeitos um para o outro que Hermione começou a chorar novamente.
— Que horror — sussurrou, entre soluços, para Luna. — Eu não choro assim desde que assisti Laços de Ternura no cinema!
— Eu sei — respondeu Luna, fungando. — Eles parecem tão felizes!
— Qual é o problema com vocês duas? — quis saber Harry. — Casamentos devem ser ocasiões alegres!
— É coisa de mulher — disse Rony, sábio. — Aparentemente, chorar significa que elas estão gostando. Elas vão ficar bem assim que começarem a beber champanhe.
Hermione não conseguiu deixar de reparar que Aisling não estava chorando. Devia ser para não borrar o rímel! Em vez disso, segurava firmemente no braço de Harry, serena em seu charmoso vestido água-marinha, sorrindo com suavidade sob um chapéu irritantemente elegante. Hermione havia ficado tão satisfeita com o próprio chapéu, mas de repente estava começando a se sentir exagerada e ridícula.
Tudo em Aisling fazia com que se sentisse daquela forma. Aisling era meiga e confiante enquanto Hermione era barulhenta. Aisling era elegante e ela, espalhafatosa. Aisling sabia armar com perfeição uma barraca de camping e descer um morro íngreme, enquanto ela era a encarnação da mulher urbana.
A verdade era que Aisling era perfeita para Harry e Hermione era apenas uma amiga.
Irritada, Hermione virou-se rapidamente e estampou um sorriso luminoso no rosto ao observar os noivos posarem para as fotografias. Rony havia organizado tudo muito bem e depois das inevitáveis poses familiares, foi a vez das fotos dos noivos com os amigos. Tiraram uma de Gina com Laura, Luna e Hermione, as amigas com quem a noiva dividira a casa de solteira, e depois uma de Laura e Luna com seus maridos e os noivos.
Em seguida, chegou a vez da foto de Gina e Draco com seus amigos mais próximos e seus pares, o que significava Luna e Rony, Harry e Aisling e Hermione.
Hermione estava duramente consciente de ter saído sozinha nas fotos. Era uma experiência nova para ela. Afinal, sempre tivera namorado enquanto Luna e Gina reclamavam sobre a falta de homens. Não deixava de ser irônico que as duas estivessem casadas e ela, não.
Mas não demonstraria sua insatisfação a Aisling. De forma alguma. Assim, Hermione manteve um sorriso radiante no rosto enquanto o fotógrafo tirava as últimas fotos. Não muito tempo depois, todos voltariam para a vila, onde haveria a festa, nos jardins da casa dos pais de Gina.
Hermione estava certa de ter enganado a todos com o seu bom humor, mas não conseguiu enganar Harry. Seu mau humor tinha a ver com a chegada de Aisling. Algo a ver com o fato de ter olhado para Harry durante o jantar de casamento e percebido que ele não era mais o estudante inteligente e divertido que ela conhecia há tanto tempo.
Para Hermione, era como se, de repente, estivesse cara a cara com um estranho. Não que algo tivesse mudado na aparência dele. Harry tinha um rosto tranqüilo e comum, olhos verdes comuns e cabelos pretos mais comuns ainda.
Mas nunca antes percebera como ele havia amadurecido e como aqueles quatorze anos haviam dado a ele uma presença firme e agradável e um ar de competência serena que impressionava, sem chegar a intimidar.
Hermione havia reparado na boca dele, ou em suas mãos, seu pescoço ou na linha do seu maxilar. Nunca percebera que ele tinha um corpo incrível. Harry não era excepcionalmente alto, mas era esguio, tinha músculos rijos e se movia com passos confiantes e relaxados.
E agora que havia reparado, Hermione não conseguia tirar os olhos dele.
Aquilo a incomodava. Afinal, era Harry. Seu melhor amigo, aquele que a vira passar por incontáveis idas e vindas românticas. Harry a vira sem maquiagem, cansada, bêbada, doente e de ressaca sem o menor problema. Estar com Harry era como estar com Luna ou Gina, confortável como um par de sapatos velhos.
Mas agora, de repente, ela não se sentia mais confortável perto dele e não entendia o porquê. Queria que tudo pudesse voltar a ser como antes.
Hermione sentiu o corpo contrair-se e bebeu mais um gole de champanhe quando viu Harry aproximando-se, pelo jardim.
— Você está bem? — perguntou ele, preocupado.
— É claro. Por quê?
— É que você parece meio tensa e eu pensei que talvez você e Will estivessem tendo problemas.
— Não sei por que você cismou que a minha relação com Will é um desastre — disse Hermione, aborrecida. — Que problema poderia haver? Will é fantástico. Ele é incrivelmente atraente, generoso, inteligente, bem-sucedido...
Era mesmo, lembrou Hermione, quase em desespero. Ela havia ficado louca por Will quando o conhecera. Por que não conseguia mais se sentir do mesmo jeito?
— É que ele está longe e eu estou com saudade — falou, torcendo para que Harry parasse de insistir. — E a casa vai ficar muito vazia agora que Gina se casou.
— Eu tenho certeza que sim. — Para alívio de Hermione, Harry havia se deixado distrair. — Você vai ficar morando lá sozinha?
— Acho que sim. Afinal, o aluguel é tão baixo. Luna não precisa do dinheiro, uma das muitas vantagens de ter um marido rico!, e eu poderei me dar ao luxo de ficar com a casa só para mim!
— E por que você não vai morar com Will se ele é tão perfeito? — alfinetou Harry. — Ele não quer compromisso? — prosseguiu, salientando bem a última palavra.
— É incrível ouvir isso de você! — Hermione redargüiu, aborrecida. — Logo você, que nunca se comprometeu com ninguém.
— É que eu estou esperando a mulher certa.
— Não é verdade — disparou Hermione. — Você tem medo de arriscar.
— Como você pode dizer uma coisa dessas? — perguntou Harry, boquiaberto.
— É isso mesmo. Eu sei que você vive enfrentando perigos no trabalho — comentou ela.
Antes de fundar a própria empresa para treinar executivos uns dois anos antes, Harry trabalhara oferecendo apoio logístico a expedições. A maioria eram expedições humanitárias de ajuda, mas ele também havia organizado algumas excursões motivacionais para empresas e outras para levantar fundos para ONGs. Hermione nunca conseguira entender por que alguém se dispunha a pagar um bom dinheiro para se cansar, passar frio e fome por um mês inteiro, mas as expedições sempre haviam sido um sucesso.
— Mas são riscos calculados, Harry. Você já assumiu algum outro tipo de risco?
— Foi arriscado fundar a minha própria empresa — defendeu-se ele, meio incomodado.
— Foi um risco financeiro — argumentou Hermione, sem se abalar. — Estou falando de riscos emocionais.
Harry deu de ombros.
— Todos os riscos devem ser abordados da mesma forma. Basta analisar a situação de maneira lógica e ponderar os resultados prováveis.
Quando ele tinha um ataque de lógica como aquele, Hermione sempre imaginava como fora possível tornarem-se amigos.
— E que, no tocante aos relacionamentos, eu nunca achei que o risco valesse a pena — disse ele. — Mas isso não tem nada a ver com medo.
Era evidente que a palavra medo havia incomodado.
— Nem todo mundo é como você — acusou ele —, que investe tudo num relacionamento, cinco minutos depois de conhecer a pessoa. Com a experiência, você devia ter aprendido a se preservar, mas não! Você mal sai de um namoro e já mergulha em outro!
— É melhor fazer isso do que não mergulhar nunca e passar a vida inteira imaginando se não estou perdendo a chance de um relacionamento perfeito — respondeu Hermione.
— E é isso que você tem com Will? — perguntou Harry, cético.
— Eu creio que sim. — Ao falar, Hermione ergueu o queixo em desafio.
— E por que vocês não moram juntos?
— Porque estamos felizes assim. Cada um tem o seu canto e seu espaço. Todo mundo precisa de espaço.
Harry nem se incomodou em disfarçar a incredulidade.
— Você? Você é a pessoa mais sociável que conheço! Não consigo imaginá-la defendendo o próprio espaço.
— Talvez você não me conheça tão bem quanto imagina — disse Hermione, friamente. — Aliás, eu estou ansiosa para morar sozinha. Fui me acostumando com isso, à medida que Gina ia passando cada vez mais tempo com Draco e Alex. Talvez, algum dia, eu volte a ter vontade de dividir meu espaço — disse ela. — Mas não vai ser a mesma coisa. Afinal, onde eu encontraria alguém com quem me desse tão bem quanto Luna e Gina?
— E Aisling? — perguntou Harry, casualmente.
Hermione olhou-o, preocupada. O que ela tinha a ver com Aisling?
— Ela está procurando alguém com quem dividir uma casa — explicou ele. — E vocês têm tudo para se darem bem.
Em que planeta ele estava vivendo? Hermione olhou-o, incrédula. Não era possível que Harry achasse que ela e Aisling podiam ser amigas. Será que a conhecia tão pouco assim?
— Eu não creio que tenhamos tanto em comum — argumentou Hermione, com cuidado.
— Não?! — Ele parecia surpreso. — Pois eu acho vocês muito parecidas. Aisling trabalha em marketing e você, em relações públicas... São carreiras complementares, não? E ela também é bastante sociável.
— Pois eu pensei que ela passasse o tempo todo escalando montanhas e descendo corredeiras... — comentou Hermione, sarcástica.
— Ela tem muita experiência em expedições — concordou Harry. — Mas também gosta de sair e se divertir.
Está bem. Então, Aisling jogava nos dois times. Era capaz de desbravar a floresta amazônica e de usar batom. Ótimo para ela, pensou Hermione, dando mais um gole no champanhe.
— Mas ela não é como você — emendou Harry, com menos tato que de hábito. — Ela não leva secador de cabelos quando vai acampar.
Hermione lançou-lhe um olhar hostil. Certa vez, Harry insistira em levá-la para acampar em Yorkshire Dales e ficara perplexo quando vira que ela não só levara o secador, como também conseguira usá-lo. Ele nunca havia se esquecido daquilo e Hermione tinha quase certeza de que Aisling ouvira aquela história e rira bastante ao descobrir como uma pessoa podia ser tão urbana.
— Tooting não seria muito conveniente para Aisling. Fica meio longe do trabalho, não?
— Aisling já fez trekking no Saara — comentou Harry. — Acho que ela não vai se incomodar em ter que fazer uma conexão de metro.
Não adiantava insistir com ele, pensou Hermione, decidida a mudar de tática.
— Bem, eu vou falar com Luna — disse, sem entusiasmo. — A casa é dela. É ela quem decide.
— Ótimo — disse Harry. — Estou certo de que Luna não vai se incomodar.
— Mas onde está Aisling, afinal de contas? — perguntou Hermione. Tinha que falar com Luna antes de Harry. Não dividiria a casa com Aisling nem em mil anos.
Harry correu os olhos pelo jardim e apontou.
— Ali, conversando com a irmã de Draco.
Aisling virou-se como se o tivesse ouvido e chamou-o. Harry foi. Era a chance de Hermione falar com Luna.
— Você me promete que vai dizer que não? — implorou Hermione, assim que conseguiu afastar Luna de Rony e contar-lhe a história.
— Se é o que você quer — disse Luna. — Mas eu não sei o que dizer a Harry. Não consigo pensar em nada para vetar Aisling. Ela me parece ótima.
— Eu não gosto dela — disse Hermione.
— Por quê?
— Simplesmente não gosto — respondeu Hermione, amuada. — Ela exagera naquele charme irlandês. E eu não acho que ela seja a pessoa certa para Harry.
Luna estreitou os olhos para a amiga.
— Tem certeza de que não está com ciúme?
— Ciúme? — disparou Hermione, quase derramando o champanhe de susto. — Não seja ridícula! Você sabe que eu nunca tive ciúme de Harry e que sempre me dei muito bem com todas as namoradas dele!
— Eu sei, mas era porque nenhuma delas se parecia com você.
— Aisling não se parece comigo!
— Parece, sim. Tenho certeza que é por isso que você não gosta dela.
Hermione virou-se e olhou para a direção de Aisling e Harry. Ela evidentemente não conseguia manter as mãos longe dele. Harry deve odiar isso, pensou Hermione, em reprovação. Ele detestava demonstrações públicas de paixão.
Por outro lado, ele não estava exatamente afastando Aisling, estava?
Hermione desviou os olhos.
— Eu não tenho nada a ver com Aisling — disse. — Para começar, ela é ruiva.
— Está bem, mas mude a cor dos cabelos e dos olhos dela e o que teremos? Ela é incrivelmente bonita, tem pernas longas e bem torneadas e um ar elegante totalmente diferente de todas as outras namoradas que Harry já teve. Admita, Hermione, vocês são praticamente clones!
Hermione não estava preparada para admitir nada naquele terreno.
— Nós somos totalmente diferentes e temos personalidades opostas! Eu diria que tudo o que Aisling e eu temos em comum é o fato de sermos mulheres. Harry não se cansa de me dizer como ela é prática e como gosta de fazer coisas saudáveis como escalar e acampar.
Luna deu de ombros.
— Como quiser, Hermione.
— Ora — prosseguiu Hermione, defensiva —, há muito tempo Harry e eu concordamos que seríamos apenas amigos. Não há espaço para ciúme.
— E você nunca o achou atraente? — perguntou Luna e, por mais que quisesse, Hermione não conseguiu olhar a amiga nos olhos.
— Ele não era meu tipo.
— E você acha que era o tipo dele?
Será? Pela primeira vez, Hermione flagrou-se divagando.
— Ele nunca disse nada e, de qualquer forma, sempre teve aquelas namoradas cheias de espírito de aventura, que não se preocupavam com os cabelos e nem com maquiagem e que adoravam se levantar às seis da manhã para cozinhar. Harry e eu gostávamos de rir na companhia um do outro e nunca quisemos estragar isso dormindo juntos. Até porque... — acrescentou ela, honestamente — ele não era nada atraente naquela época. Era meio magro e estudioso demais.
Luna olhou para Harry no jardim.
— Ele mudou.
— Eu sei — disse Hermione, acompanhando o olhar da amiga. Harry se destacava da multidão. O homem esguio e elegante era estranho e ao mesmo tempo familiar.
Ele estava conversando com alguém fora do campo de visão de Hermione, mas quando o viu inclinar a cabeça para trás e rir, ela sentiu um frio na barriga, como se estivesse em queda livre. A sensação foi tão intensa que Hermione teve de fechar os olhos para controlar a vertigem e, quando os abriu, estava tonta e meio enjoada.
— Sim — concluiu. — Ele mudou.
Houve um momento de silêncio. Assustada com a intensidade da sua reação, Hermione levou a taça de champanhe aos lábios com mãos trêmulas e demorou algum tempo para perceber que Luna a observava, cheia de expectativa.
— O que foi?
Luna ergueu as mãos como se pedisse desculpas.
— Eu não disse nada!
Era a pior coisa que podia acontecer entre amigas que se conheciam tão bem. Não era preciso dizer nada para que uma soubesse exatamente o que a outra estava pensando.
— Eu não estou com ciúme, está bem?
— Está bem — disse Luna sorrindo. — Então, qual é o problema?
— Quem disse que há um .problema?
Luna suspirou.
— Vamos lá, Hermione, está na cara! É Will?
— Não... sim... mais ou menos — admitiu Hermione com um suspiro.
— O que aconteceu?
— Nada. Esse é o problema — Hermione baixou os olhos para o copo, sentindo-se péssima. — É que eu tenho andado meio inquieta... e já faz um tempo. A gente não brigou nem nada. Foi Will quem sugeriu que déssemos um tempo e eu acho que é o que estou precisando. Quero dizer, Will é incrível, não? — Ela detestava o tom de dúvida em sua voz.
— Ele parece ótimo — disse Luna.
— E lindo, e inteligente, e bem de vida, e agradável... o que mais eu poderia querer? Se eu tivesse pedido, ele teria vindo hoje — Hermione suspirou. — Eu sou maluca por ter deixado ele ir para Hong Kong! O que há de errado comigo?
— Nada, Hermione. Apenas que Will não é o homem certo para você.
— Mas se alguém como ele não é o homem certo, quem será?
— Eu não sei — disse Luna. — Mas você saberá quando o encontrar.
Obs2:Oiiii pessoal!!!!Desculpem a demora!!!!Sei que tinha dito que ia postar na quinta, mas não tinha me lembrado na hora que teria prova de anatomia na sexta e que teria que estudar!!!!hehehehe....Espero que tenham gostado do capitulo!!!!Logo logo tem mais atualização!!!!Bjux!!!!Adoro vocês!!!
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