**CAPÍTULO 2**
ABRACADABRA!
O pierrot apaixonado chora pelo amor da colombina
E é sua sina chorar a ilusão em vão, em vão
E a colombina só quer um amor
Que não encontra num braço qualquer
Essa menina não quer mais saber de mal-me-quer
E o pierrot só queria amar
E dar um basta a esta dor já sem fim
Mas colombina trocou seu amor por arlequim
E o pierrot, chora!
E o pierrot, chora!
E o pierrot, chora!...
Pierrot...
(Pierrot - Los Hermanos)
---
_GINNY! Eu estava com saudades!!! _ Sybelle disse em tom agudo enquanto agarrava o pescoço da amiga em um abraço sufocante. Em resposta, recebeu algum som que identificou como "Eu também". _ Quando foi a última vez que nos vimos? Ano passado, não é?
_ Aham... _ a ruiva respondeu, sem ouvir uma palavra.
_ Sabe, Draco estava se perguntando se te conhecia. Por falar nele, Draco! Venha aqui cumprimentar a Ginny!
O garoto levantou-se hesitante do sofá, com uma expressão que parecia dividida entre choque, estranheza e medo, e veio caminhando lentamente até chegar onde Ginny estava parada um pouco atrás de Sybelle.
_ Ginny, Draco. Draco, Ginny. Eu acho que vocês já se conhecem, não?
Ginny confirmou com um aceno de cabeça, e Draco continuou encarando-a de um jeito que a fez sentir-se subitamente muito envergonhada. Teve a impressão que viu Sybelle chutando Draco discretamente, ao que ele respondeu pegando delicadamente uma de suas mãos:
_ Bem-vinda, _ ele inclinou-se levemente para beijar sua mão, ao que Ginny respondeu com um acesso incontrolável de tosse, e antes que seus lábios tocassem a pele da garota, Draco disse, em uma voz que era um misto de divertida e embaraçada: _ Eu não sei como te chamar.
Assim que conseguiu parar a tosse, depois de alguns minutos agonizantes em que foi observada por uma Sybelle intrigada e um Draco com um sorriso um tanto quanto sinistro, respondeu:
_ Que tal pelo meu nome? Ou pelo meu sobrenome, talvez?
Draco franziu as sobrancelhas e disse:
_ Eu não posso te chamar de "Ginny". Soa ridículo. E Weasley é seu irmão, seu pai é o idiota do Ministério e sua mãe é a rolha. Você precisa de um apelido também.
Nesse momento, a expressão intrigada de Sybelle transformou-se em absoluto terror. Ela deu um tapa em um dos ombros de Draco, coisa que ele ignorou, e murmurou entre dentes um "Seja educado!!!", que ele também ignorou.
Enquanto isso, Ginny estava segurando-se para não responder à altura. Era óbvio que ele iria acabar por insulta-la de alguma maneira, não é? Fora tolice pensar que ele poderia agir como uma pessoa civilizada. Mas havia o pequeno inconveniente de que Draco e Sybelle pareciam pertencer à mesma família, e ela não queria de maneira nenhuma ofender a amiga. Então, fazendo de tudo para não soar irritada demais, Ginny respondeu em um tom que pretendia que fosse frio:
_ Bom, eu estou esperando.
Draco deu um sorriso maldoso e começou:
_ Você vai ser...
_ A expectativa está me matando.
_ Cherry Nose.
_ O quê? Como assim, por quê???
_ Você não se olha no espelho? _ ele disse, rindo.
_ Não tem nada de errado com o meu nariz!
_ Mas eu não disse que tinha. _ Draco sorriu, e foi andando para fora da sala. _ Sweetie, eu vou nadar. Avise se Blaise chegar.
Sybelle fez um som afirmativo, enquanto Ginny encarava a porta por onde Draco acabara de passar indignada. Ela virou-se para Sybelle, que estava com um sorriso maroto nos lábios, e perguntou:
_ Qual é o problema com o meu nariz?
Sybelle começou a gargalhar, e depois de alguns segundos, observada por uma Ginny muito irritada, disse, ainda sorrindo:
_ Nenhum, sua bobinha! Foi um elogio!
---
Um elogio.
Ela tinha recebido um elogio de Draco Malfoy. E um elogio muito estranho, diga-se de passagem. Mas por algum motivo, sentada nos enormes sofás fofos e quase afogada pelas almofadas, enquanto observava o loiro nadando na enorme piscina à frente (parecia que tudo na casa era em proporções exageradas, ela começava a notar), ela simplesmente não conseguia acreditar naquilo.
Mas... Sybelle havia dito, e Sybelle com certeza o conhecia bem. Muito bem, na verdade. Olhou para a garota sentada ao seu lado, com a cabeça pousada em seu ombro, e alguma coisa na maneira como ela olhava para Malfoy nadando, de uma forma ao mesmo tempo carinhosa e sonhadora, a incomodou profundamente. Ela mexeu-se desconfortável no sofá, e perguntou, tentando parecer o mais desinteressada possível (e ela estava, sua consciência gritou):
_ Ahn... Sy? _ a garota sentou-se direito e olhou para ela. _ O que exatamente você é do Malfoy?
Ela deu um sorriso distante e olhou para as próprias mãos.
_ Nós somos primos. Em segundo grau, eu acho. Eu sou filha de um meio irmão do tio Lucius.
Ginny quase caiu do sofá com a estranheza daquilo.
O homem alto, loiro e com cara de mau que ela conhecia com certeza não tinha cara de "Tio Lucius". Sybelle continuou:
_ Nós nos conhecemos desde... desde sempre. Nós éramos grudados, mas tia Narcissa _ Ginny tentou não parecer muito surpresa (ou nauseada) novamente. _ preferiu que Draco fosse para Hogwarts, e eu fui para Beauxbatons. Em todo caso, nós sempre nos víamos nos feriados, férias, festas de família... Nós somos quase irmãos. _ ela acrescentou, voltando a apoiar a cabeça de ombro de Ginny, que fez de tudo para se convencer que tinha imaginado o pequeno tom amargo naquela frase.
_ Ah... vocês parecem se dar muito bem mesmo. Eu realmente não consigo entender isso, Malfoy sempre foi intragável comigo e com toda a minha família e amigos.
_ É claro que ele era. Primeiro, porque você é uma grifinória. _ Ginny se sentiu grata por estar em um ângulo no qual Sybelle não poderia ver sua expressão indignada. _ Segundo, porque você é uma Weasley. Entenda, Ginny, eu não tenho nenhum problema com isso, mas tio Lucius é realmente chato no que se trata de sangue puro e preconceito com trouxas. Eu realmente preferia que Draco tivesse puxado a tia Narcissa.
Ginny franziu as sobrancelhas, e perguntou, intrigada:
_ Eu achava que todos eles odiavam trouxas e a minha família. A Sra. Malfoy, não?
_ Ah, ela provavelmente odeia, sim. _ Sy riu. _ Mas acho que ela pensa que é uma atitude muito deselegante sair por aí fazendo aqueles comentários que Draco e o meu tio vivem fazendo. Ela sempre critica Draco, mas eu sinceramente acho que ele não tem mais jeito.
_ É, eu também... _ Ginny murmurou, mas duvidou que Sybelle a tivesse ouvido.
_ E, além do mais, Draco é intragável com todo mundo. _ ela comentou, mas não parecia nem de longe aborrecida.
_ Hum.... ele me pareceu bem.. ahn.. "amigável" com você...
_ Ah, é uma questão de saber como lidar com ele. Mas, acredite, às vezes nem eu mesma agüento. Ele realmente sabe ser insuportável.
_ Eu que o diga... Precisei ouvir essa ladainha de "família pobre" e "amante de trouxas" por seis anos... _ novamente ela agradeceu por Sybelle não poder ver o pequeno rubor que tomou conta de seu rosto; ela não sabia ao certo se de raiva pelas memórias desagradáveis ou se de vergonha por estar na casa de Malfoy mesmo sabendo o quanto ele a desprezava.
_ Escute, Ginny, quando ele começar com isso, apenas ignore. Ele vai ficar irritado porque não está recebendo atenção e vai procurar alguma coisa melhor para fazer. No fundo ele é só um garoto mimado. Apenas torça para que ele não se irrite demais e comece a te provocar até ver alguma reação. _ ela deu uma risada curta.
_ Ahn... eu vou anotar isso.
Sybelle riu novamente e continuou:
_ É verdade Ginny, eu já posso ver que em pouco tempo ele vai estar se dando tão bem com você quanto ele se dá comigo.
Ginny imaginou-se deitada em um divã apertado com Draco Malfoy usando apenas as calças do pijama e sentiu o rosto queimar, enquanto um sorriso involuntário aparecia em seus lábios.
_ Realmente, Sy, eu não consigo imaginar isso. _ e ela de fato podou a visão, quando sua imaginação começou a tomar rumos... suspeitos.
_ Você vai ver... Ele pode ser insuportável, mas é um amor depois que você se acostuma.
Um amor.
Hum. Isso era uma coisa que ela pagaria para ver.
---
Algum tempo depois, ainda no sofá e ainda observando Draco nadar e se perguntando se ele nunca iria se cansar, Ginny ouviu a voz esganiçada do elfo (qual era o nome dele?) conversando animadamente com uma outra voz, bem mais grave, que ela não conseguiu identificar. Céus, será que Lucius Malfoy estava ficando naquela casa nas férias? E o que ele pensaria ao ver sua sobrinha no sofá com uma Weasley?, e uma Weasley que estava olhando seu filho nadar sem a menor vergonha na cara!
Ela olhou para Sybelle, que parecia quase adormecida, e torceu para que ela estivesse bem acordada para defende-la da fúria do chefe do clã Malfoy, sentindo-se encolher conforme as vozes se aproximavam.
Então, o pequeno elfo entrou pelo aposento, seguido por um rapaz que Ginny tinha a impressão de conhecer.
Assim que os dois se aproximaram, ela precisou refrear um grito; era um sonserino, ela tinha certeza, que se formara no mesmo ano que Ron (e conseqüentemente, Draco) e ela nunca tinha ouvido dizer uma palavra.
Ele parou próximo aos sofás, e o elfo disse, esganiçado como sempre:
_ Srta. Sybelle! O sr. Zabini está aqui.
Zabini! Ela tinha certeza que ouvira falar de algum Zabini sofrendo inquérito do Ministério pelas investigações pós-Voldemort. Realmente, não parecia ser o mesmo. O garoto de cabelos muito negros chegando quase até os ombros, caindo pelos olhos azuis e rosto delicado parecia incapaz de fazer mal a uma mosca. Esses são os mais perigosos!, sua consciência muito inconveniente gritou; olhe para o Malfoy!
E ela olhou, exatamente na hora em que Draco saiu da água, indo até um banco próximo da parede onde se encontravam algumas toalhas.
E no mesmo instante sua consciência calou a boca, e ela não tinha certeza se isso fora muito bom. Olhou para qualquer lugar ao redor, determinada a não fixar seus olhos em Draco-oh-meu-deus-Malfoy se secando e amarrando uma toalha na cintura.
Olhou para Sybelle, que estava se levantando para cumprimentar Zabini com um grito histérico (ela parecia gostar muito disso) e um abraço apertado.
Nesse instante, Draco chegou até eles e assim que Sybelle soltou o garoto, Draco agarrou-o em outro abraço, ao que ela ouviu algum resmungo sobre ele estar molhado. Não olhe!
Draco soltou o garoto, deixando um braço envolvendo seus ombros como que para irritá-lo pela água, e Sybelle virou-se para Ginny, enterrada no sofá, e disse:
_ Ginny, esse é Blaise Zabini. Amigo meu e de Draco, vai passar as férias conosco também. Blaise, essa é Ginny, minha amiga.
Blaise inclinou-se para cumprimenta-la com um leve beijo no rosto, e Ginny pôde ver os olhos de Draco faiscando quando ele soltou Zabini e virou-se sorrindo para Sybelle, murmurando alguma coisa.
Definitivamente, aquelas férias seriam muito interessantes.
---
N/A: Obrigada pelos comentários, queridas! ^-^ O próximo capítulo sai sábado! Para quem está acompanhando pelo fanfiction.net, não me matem! O capítulo *pensa em que número parou*... Bem, o próximo capítulo está quase terminado! =***
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!