Sentimentos reprimidos.






O jantar foi servido pontualmente às 20h. O cardápio era variado, com comidas tropicais, sobremesas e bebidas refrescantes, após o farto jantar todos se dispersaram pelo salão, alguns foram dançar outros jogar poker, alguns caminhavam pela varanda, outros conversavam por perto de uma mesa próxima ao centro do salão.

Gina, após observar o salão, percebeu que Draco tomava whisky com alguns homens do ministério no bar, o loiro lançou-lhe um olhar, e ela apenas virou a cara, saindo em leves passos pelo salão. Encontrou uma antiga colega de Hogwarts, Brenda Woods, ficaram caminhando pela varanda, que envolvia parte do salão.


- Oh... – a morena olhou no relógio de pulso - Por Merlin, já está tão tarde... - falou a morena da mesma idade que Gina – Desculpe sair assim, Gina, mas tenho que ir, meu marido já deve estar me esperando. Foi um prazer. Nos falamos, ok?- perguntou a morena abraçando Gina

- Claro, Brenda. Também já estou de saída.

Gina andou pelo salão a procura de Draco, não o encontrou e constatou que ele já deveria ter ido para a suíte.




Encontrou a porta entreaberta, e estranhou. Provavelmente, Draco bêbado a esqueceu aberta, foi quando ouviu um estalo, seguido de um suave gemido feminino. Gina espiou pela fresta da porta – gelou e as pernas ficaram bambas - viu Draco com uma loira desconhecida, ela sentada sobre ele, que estava sentado, acariciando as costas da mesma, o loiro revirava os olhos, conforme a loira movimentava-se, as roupas jaziam jogadas no chão. O coração de Gina parecia que ia parar de bater a qualquer instante, a mulher acariciando os cabelos platinados de seu marido, as bocas vermelhas, o suor, que descia no rosto de Draco, as respirações pesadas e rápidas, o punho de Gina se fechava lentamente, seu sangue fervia, e sua raiva não cabia dentro de si.


- Bonito! - entrava uma ruiva furiosa empurrando as portas com violência, batendo palmas para o casal.

- Querida, chegou tão cedo - falou Draco irônico, puxando a loira e lhe beijando ardentemente.

Ao ouvir o que o loiro falou, a loira desconhecida afastou-se de Draco, interrompendo o beijo - Querida? Espera, você disse que era viúvo...e...


- E quem se importa? Não se incomode com a presença dela - falou Draco dando de ombros com o olhar fixo em Gina.
- Ah! – falou a loira sorrindo maliciosamente, empurrando e deitando-se sobre o loiro continuando os movimentos de antes.

A fúria de Gina era tanta, que copos de vidro começaram a explodir, as portas dos armários se debatiam, as pequenas janelas se abriram e um forte vento marinho entrou pelo quarto. Os loiros se assustaram.

- AGORA CHEGA, DRACO MALFOY! – gritou a ruiva, que estava com os olhos castanho-mel em chamas.

Gina puxou a loira pelo braço, e a arrastou. Encostou a mulher contra a parede, mantendo uma certa distância e disse, com o dedo em riste:

- Saiba, meu bem, que ele é um homem casado, e eu estou viva e estarei, por muito tempo - Gina bufafa de raiva, o rosto vermelho, estava cega de ódio.

Jogou a loira pra fora do quarto, e antes que a mesma pudesse reagir, a ruiva com um gesto de varinha, colocou as roupas pra fora do quarto, e trancou a porta.

Draco ficou embasbacado, estava parado, imóvel na beirada da cama, vendo a cena, mas logo começou a se vestir.

Gina ficou um tempo parada diante da porta trancada, tentando se acalmar.

- Não sei o porquê desse ataque, Weasley – falou secamente o loiro. Draco não podia negar, havia gostado da reação de Gina, mas logo se lembrou que só poderia ser encenação, caso alguém tivesse visto ou ouvido. Olhou para a aliança em seu dedo e suspirou.

- Não sabe o porquê do meu ataque? – a ruiva deu uma risada, um tanto quanto, psicótica. – Como assim não sabe o por quê? - Gina parou na frente de Draco incrédula.

- Não, eu não sei, será que você poderia me explicar? – Draco levantou o olhar, e encarou a ruiva, não queria admitir, mas queria ouvir certa explicação.

- Por que isso é desrespeito comigo, Draco! Não pense que com essas mulheres que você arranjar por aí, você vai conseguir me deixar mal. Eu só exijo respeito! Saia, seja boêmio por aí, mas não me deixe saber, nem os outros. Ouviu? Faça o que quiser, mas não debaixo do mesmo teto que eu! – as últimas palavras saíram mais alto que o planejado, a ruiva tentou conter-se, segurou as lágrimas, e tentou falar que não agüentava ver o loiro com outra. Mentira, era tudo uma mentira, e ela sabia, desde o começo. Sentou-se na poltrona, esperando uma resposta do loiro.

O loiro não esperava uma resposta dessa, ele não queria essa resposta, mas não podia demonstrar - Você? Quer respeito? Depois de casar comigo por dinheiro, tentar engravidar e pegar mais dinheiro, você quer respeito? HAHA. Você poderia trabalhar com seus irmãos, Weasley. É bem engraçada, quando quer. E lembre-se, pra você, é Malfoy. – disse secamente, levantando da cama e procurando algo para se distrair e não falar o que não devia.

- Certo, Malfoy. Faça o que quiser, pense o que quiser, só me deixe em paz.

- Quem foi que veio atrás de mim, mesmo? Afinal, Weasley, o que você queria ouvindo por trás da porta? Um motivo pra dizer que eu estou errado também? Parabéns, você não conseguiu. Vamos, eu quero descansar, são quatro da manhã. Vá trocar de roupa, desse jeito você não deita ao meu lado.

- AAARGH! SEU ESTÚPIDO! – A ruiva saiu batendo a porta que dava passagem ao banheiro.

Enquanto isso, um loiro sentava cansado e suspirando na poltrona, que a ruiva ocupava a pouco.


Gina saiu do banheiro, viu o marido sentado na poltrona perto da orquídea. Gina apenas se deitou, e se aconchegou na cama, estava cansada. Acordou ligeiramente ao ver que Draco se deitou ao seu lado, pôde sentir o cheiro do perfume masculino, que tanto a encantava, adormeceu novamente e sonhou com um sonserino loiro de olhos acinzentados com um perfume gostoso.


Os dias seguintes no navio passaram rápido e monotonamente. Draco e Gina passavam o dia bancando o casal feliz, e quando chegavam ao quarto, eram completos inimigos, só trocavam indiretas e grosserias. Draco teve que defender a esposa de um ministro tarado, e Gina bancar a noiva preocupada quando Draco se machucou ao defendê-la. Nenhum deixando o outro perceber as reais ações. Draco realmente defendeu por estar enciumado, e Gina, ficou horrorizada ao ver o loiro machucado.



- 5...4..3...2...1 FELIZ ANO NOVOOOO!!!!!!- o céu foi invadido por fogos de todas as cores e formas. Todos os convidados vestiam roupas claras, e tinham uma fita colorida no braço.

Draco não estava interessado nos fogos, mas sim, na forma como os fogos estavam refletidos nos olhos de sua ruiva. A ruiva ria, feliz, como se todos os problemas nunca tivessem existido. Draco ficou ali admirando, e gelou quando aqueles olhos cor de chocolate olharam fundo dos seus, cinzas. Gina não ligou para os seus pensamentos, nem mesmo para a sua raiva, deixou-se ser envolvida pelos braços do loiro, levando as mãos ao pescoço do mesmo, estavam estáticos, apenas se olhando, passou a costa da mão pelo rosto de Draco, num carinho, e deixou-se levar pelo impulso, beijaram-se. Um beijo quente, cheio de saudade, intenso, angustiado, desesperado. Subitamente, ambos tiveram a mesma reação, afastaram-se, ofegantes, desviaram o olhar, sem uma troca de palavras seguiram de mãos dadas, acenando aqui e ali, cumprimentado ministros e suas esposas, e tudo com um gosto doce na boca.




Era fim de tarde, quando a porta da mansão Malfoy foi aberta. Gina entrou e olhou tristemente para a mansão tão fria e tão sem vida. Logo atrás vinha Draco, fechando a porta e tento o mesmo sentimento que a grifinória.


Chegaram às suas respectivas portas.

Draco estava girando a maçaneta, quando ouviu uma voz doce e calma falando atrás de si.

- Draco - falou Gina em um sussurro.

O loiro virou, dando atenção à ruiva.
- Feliz Ano Novo – falou a ruiva com um sorriso amarelo.

- Pra você também – Draco acenou com um movimento de cabeça, e entrou no seu quarto.

Entrou no quarto, enquanto a ruiva ficou parada encarando a porta fechada. Retirou as roupas, colocou seu roupão negro, e encaminhou-se para o banho, tomou uma ducha, trocou-se e tentou ler, não conseguiu. Foi em direção à janela, encarou o pôr-do-sol, um laranja avermelhado, como sua ruiva.


Draco e Gina sofriam a mesma dor, estar ao lado de quem se ama e não poder ficar com ela. Como o amor pode ser tão doce e ao mesmo tempo tão cruel?

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.