CLUBE DE DUELOS
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CLUBE DE DUELOS
A manhã de primavera anunciava um dia tranqüilo na escola, apesar do grande temor que sentia a comunidade bruxa, em virtude da perseguição aos fugitivos de Azkaban. Os alunos ainda não sabiam que Minerva, alguns professores e os bruxos do Ministério tiveram um sério trabalho à noite, expulsando dementadores que apareceram para conferir se algum dos prisioneiros estava por lá, mas era apenas uma questão de tempo. Todos foram escoltados de volta para Azkaban, pelos animagos e funcionários da seção de Desastres Mágicos. Talvez, por este mesmo motivo, um maravilhoso aroma floral parecia ocupar os corredores do castelo. Como mágica, todos estavam muito mais tranquilos e relaxados. A ausência de uma aula no dia anterior, o tão comemorado período vago, fez muito bem aos alunos. Teria sido melhor – e era de consenso geral – se o professor afastado tivesse sido Hermito Pratevil.
Peter e Alvo aguardavam por John e Rose no pé da escada principal, enquanto conversavam animadamente com Timmy e Détrio sobre o Clube de Duelos. Finalmente, a semana de torneio entre estudantes tinha chegado e a ansiedade era grande, entre os alunos do 2º ao 7º anos. Alguns primeiro anistas, contudo, estavam se sentindo excluídos do grande evento.
– Vimos os professores duelando, não foi? – insistiu Détrio. – Somos novatos, mas temos direitos também. Tinha que ter justiça nesse mundo – choramingou.
– Se fosse assim, poderíamos ir à Hogsmeade esse ano mesmo – Alvo se manifestou, brincando.
– Eu acho que a gente devia ir para Hogsmeade. Não vejo nada demais. Os mais velhos ficam tirando onda e humilhando a gente porque eles vão, enquanto a gente tem aula! – o lufo continuou se queixando.
– Détrio, quando você for diretor de Hogwarts, você muda tudo isso – brincou Peter. – Se não quiser esperar tanto, tenho certeza de que a diretora vai adorar ouvir sua opinião.
– Você acha o quê? Eu bem que poderia falar uma ou duas coisas para ela – desafiou o amigo.
– Ótimo! – exclamou Timmy. – Olha aí a sua chance!
A diretora McGonagall vinha caminhando em direção ao Salão Principal, escutando as observações do Prof Hagrid quanto a uma movimentação estranha na Floresta Proibida. Segundo o professor, os centauros estavam inquietos e os animais estavam avançando um pouco mais para a orla. Rúbeo afirmou também ter encontrado uma das filhas de Aragogue sondando um espaço desabitado. Registrou ainda que, em suas últimas investidas na Floresta, não encontrou registro do último hungú, mas pôde ver algumas espécies novas de animais mágicos, porém inofensivos.
Minerva ouvia com atenção e agradecia o aviso do Guarda-Caças, quando notou os quatro alunos lufos lhe encarando. Hagrid despediu-se e a diretora sorriu ao encarar os olhos verdes de Alvo, por trás de seus óculos redondos, como os de Harry. Era impressionante a semelhança entre os dois, embora considerasse o lufo com muito mais juízo. Identificou seus colegas Peter, Timmy e Détrio, que tinha no rosto a expressão de estar passando muito mal.
– Está tudo bem, Sr Arinellus? – perguntou, aproximando-se do grupo.
– S-sim, senhora.
– Détrio tem uma coisa para dizer à senhora, diretora – afirmou Peter, segurando o riso o quanto pôde.
– É mesmo, Sr Arinellus? – questionou, com uma expressão dúbia.
Détrio encarou, de cara fechada, o amigo que mal segurava a gargalhada que queria dar. Sentiu sua mão suar e sua boca ficar seca bem ali, diante da diretora. Antes que pudesse notar, estava dizendo a coisa mais patética do mundo:
– A... A senhora está muito bonita hoje.
Alvo teve que dar as costas para não rir na cara da diretora, enquanto Peter e Timmy ficavam roxos, de tanto prender a respiração.
– Como disse, Sr Arinellus? – perguntou a diretora, pega de surpresa.
– Er... Está uma linda semana para os duelos, não é? – o lufo sorriu, sem graça.
– Sim, Sr Arinellus. O Clube de Duelos será proveitoso nesta semana – respondeu, desconfiada. – Ora, não sei o que os senhores estão aprontando, mas se continuarem aqui perderão o anúncio da nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.
– Será uma professora, então? – perguntou Timmy e Minerva apenas sorriu.
– Estamos só esperando por Jonathan e Rose, diretora – Alvo explicou.
– Está bem, então. Não se atrasem para o café.
Dito isso, caminhou para dentro do Salão Principal. Alvo, Peter e Timmy racharam de rir quando a diretora saiu do campo de audição. Détrio tinha o punho fechado e lançava um olhar assassino para Peter. Ainda tentou se justificar, mas os colegas o chatearam tanto que resolveu entrar, seguido por um Timmy piadista.
Rose e Jonathan apareceram alguns minutos depois e encontraram os dois lufos ainda sorrindo, com lágrimas nos olhos. Quando questionados, inventaram uma desculpa qualquer, afinal, era uma piada interna. Combinaram de praticar alguns feitiços no fim da tarde e se dirigiam para o Salão, quando o trio de sonserinos e o corvinal apareceram. Vinham conversando em seu mundinho particular, mas assim que alcançaram o quarteto, algo diferente aconteceu.
– Oi, John! – disse Lizzie, parando de frente para ele.
– Bom dia! – falou Tiago, para todos.
– Oi – resumiu Khai, particularmente para Jonathan.
Malfoy apenas meneou a cabeça, em sinal de cumprimento ao irmão de Lizzie.
– Estaremos no lugar de sempre – afirmou Tiago, enquanto seguia os dois sonserinos, que continuaram caminhando.
Jonathan, Alvo e Peter estavam meio boquiabertos diante da cena que presenciaram. Rose estava muito chateada e de braços cruzados.
– Educação mandou lembranças! – disse, venenosa. – Não somos invisíveis, sabia?
Elizabeth limitou-se a olhá-la com uma sobrancelha erguida e depois voltou-se para seu irmão:
– Preciso falar com você. Agora.
– Estaremos lá dentro, John – afirmou Alvo, enquanto empurrava sua emburrada prima para o Salão, seguido por Peter.
– E então? – perguntou o grifinório.
– Conversei com os meninos sobre você e consegui convencê-los a te dar uma chance. Isso quer dizer que eles vão ser mais legais com você daqui para frente.
– Estão mais educados comigo, eu notei.
– Pois é. Bom, talvez possamos até fazer alguma coisa juntos.
– Vamos poder juntar meus amigos com os seus?
– Menos, Jonathan.
– Vou poder sentar com vocês na mesa da Sonserina?
– Bem menos, Jonathan.
– Vou poder andar com vocês pelos corredores?
– Quase nada, na verdade.
– Então, o que podemos fazer juntos?
– Não sei ainda, mas não força a barra, ok? Tá sendo meio complicado para eles.
– Tiago me pareceu bem à vontade – disse, erguendo uma sobrancelha.
– Ele é um corvinal, John. Olha, a gente está abrindo uma exceção. Se você não notou, os sonserinos não fazem muito isso. Então, dê tempo ao tempo.
– Ok. Mas esse é um sacrifício que eles estão fazendo. E quanto a você?
– Não entendi.
– Ora, Lizzie! Se eles estão fazendo isso por você, o que você pode fazer por si mesma?
– Continuo na mesma.
– Eu quero que você seja mais legal com meus amigos.
– O quê!? – exclamou, exaltada.
– Se seus amigos serão mais legais comigo, quero que você seja mais simpática com o Alvo, Peter e a Rose. Dê um oi de vez em quando.
– Eu não...
– Você não vai querer que eu conte ao papai e à mamãe como você está demonstrando a educação que eles te deram, não é? – perguntou, irônico.
Lizzie encarou o irmão com os olhos semicerrados. Bufou de raiva, enquanto Jonathan permanecia com uma expressão neutra, como se aquilo não lhe dissesse respeito. A sonserina bufou mais uma vez, murmurou algo inaudível e relaxou. Detestava ser vencida pelo irmão.
– Ótimo! – e virou-se em direção à entrada.
– Quer sentar comigo na mesa da Grifinória? – perguntou, com um sorriso brilhante.
– E ser morta antes da primeira aula? Não, obrigada.
Entraram juntos no Salão Principal e se dirigiram às suas respectivas mesas. Havia uma euforia no ar com relação à nova professora de DCAT, aliado aos comentários sobre a perseguição dos aurores, pois parecia que tinham capturado alguém. Macbeer ficou particularmente tenso. Pouco antes do começar o café, aproveitando-se de um Salão quase lotado, Minerva pediu a palavra e imediatamente fez-se silêncio.
– Meus queridos alunos e alunas, caros professores... Como todos sabem, o Prof. Potter teve de se ausentar da cadeira de Defesa Contra as Artes das Trevas em prol da comunidade bruxa. Para que o cronograma de aulas não fosse prejudicado, o próprio Sr Potter me sugeriu alguém, ciente de seu planejamento, para que o substituísse com mais facilidade. Fiquei muito feliz e a escolha não poderia ser diferente, nesse sentido. Gostaria que recebessem uma ex-aluna desta escola, de excepcional talento de magia, monitora chefe e capitã do time de quadribol de sua época. A nova professora, Sra Ginevra Weasley Potter.
Gina entrou pela câmara lateral, arrancando exclamações dos alunos e palmas frenéticas de Arthur, Hagrid e Neville. Seu cabelo ruivo parecia ainda mais sedoso; suas vestes negras, com um tecido vinho revestido internamente, davam-lhe ainda mais destaque; e havia um brilho esplendoroso em seu caminhar. Os meninos empertigaram-se nos bancos e as meninas dividiram-se entre desconfiadas e admiradas.
Gina nunca havia lecionado antes, mas tinha no sangue o poder Weasley de dominar a massa descontrolada de crianças. Suas habilidades com a varinha não eram segredo nenhum e, mesmo que não estivesse ao lado de Harry em sua batalha contra Voldemort, travou sua própria guerra junto a Neville e Luna, tornando-se um terror para os irmãos Carrow. Minerva não se esquecia da coragem e fé que ela e Longbottom demonstraram. Sabia de cor o cronograma de Harry, pois ela mesma havia ajudado a construi-lo. Como Hermione estava ocupada ainda entrevistando os bruxos responsáveis pela reconstrução de Hogwarts, aceitou o convite do marido. Acenou para os alunos e sentou-se, ao lado de seu pai.
Alvo cutucava Rose a todo instante, sem crer no que via. A prima também tinha o queixo caído e se perguntava quando seria a vez de seus pais aparecerem para dar aulas. James estava atônito e não sabia como reagir. Queria bater em todos os caras que olhavam cobiçosos para sua mãe e, ao mesmo tempo, queria correr e se esconder no dormitório masculino. A presença dela, para seu filho mais velho, significava uma séria vigilância.
Após o café, Gina falou com alguns alunos e recebeu as boas vindas dos monitores. Caminhou até, finalmente, alcançar seus filhos, embora James tentasse fugir e Alvo o segurasse.
– Oi, mãe! – sorriu Alvo.
– Olá, querido! Lembre-se que aqui sou a Profª Potter agora, sim? James, o que você está fazendo?
James tentava se soltar do irmão.
– Estão me chamando ali. Er... Oi, Profª Potter – e sorriu amarelo.
– Eles podem caminhar para a aula sem você. Solte-o, Al. Rose, sua mãe mandou dizer que está muito orgulhosa de seu progresso, especialmente nas atividades extra classe.
Rose sorriu para a madrinha, enquanto James olhava feio para o irmão.
– Vai ser ótimo ter a senhora aqui – afirmou Alvo, radiante porque James não poderia fazer nada.
– Mas será algo temporário, só até tudo se resolver em Azkaban. Até lá, espero acompanhar vocês um pouco mais de perto – disse, encarando os olhos azuis de James. – Bom dia, Sr Canaghan. Bom dia, Sr Dumbledore.
– Bom dia! – responderam, em uníssono.
– Onde estão Hugo e Lily? Com a tia Hermione? – perguntou Alvo.
– Não, querido. Hermione está viajando a trabalho, por isso os dois estão na Toca.
– Meu pai está com o tio Harry? – questionou Rose, um pouco angustiada.
– Sim, ele foi chamado, mas não se preocupe, Rose. Eles são muito bem treinados, por isso são aurores – respondeu, afagando o rosto preocupado da garota.
– Eu disse isso para ela – afirmou, James. – É verdade que pegaram alguém?
– Sim, recapturaram alguém. Deve sair amanhã, no Profeta. Agora acho melhor todos se dirigirem para as aulas. Não posso chegar lá atrasada, muito menos vocês. Vamos!
Sua primeira aula como Profª Potter seria com um grupo de sexto anistas da Corvinal e Sonserina. Gina estava bastante nervosa, mas saiu-se muito bem com seu carisma e autoridade Weasley. Sem falar no fato de a maioria absoluta de garotos estar sentada nas primeiras cadeiras da classe. Em poucos minutos, tinha a turma nas mãos. Não havia perdido a majestade da popularidade, afinal.
No segundo horário, deu aula aos alunos do 3º ano da Grifinória e Lufa-Lufa, onde observou um James tenso e calado. Os colegas, a todo momento, olhavam de Gina para o filho, estranhando o comportamento sério do garoto mais gaiato da sala. James mantinha a varinha à mão, pronto para estuporar o primeiro que tentasse gracinhas com a sua mãe. Ninguém ousou cair na lista negra do capitão da Grifinória, mas era apenas o primeiro dia. A coisa piorou quando Lena Jordan adquiriu destaque na turma e uma empatia pôde ser notada entre a professora e a aluna. James estava corado e queria morrer, pois notava os cochichos e piadinhas abafadas da turma.
A última aula do dia era com os primeiro anistas da Lufa-Lufa e Grifinória. Alvo e Rose sentavam-se juntos e sentiam-se à vontade tendo Gina como professora. Era como voltar à época em que não estavam em Hogwarts e ouviam ela falar sobre as suas diferentes aventuras, pois não andava com Harry, Rony e Hermione. Como sempre, Rose se destacou ao responder uma série de perguntas corretamente. A Sra Potter estava satisfeita com o nível dos alunos, sinal de que seu marido tinha feito tudo certinho.
– Quero aproveitar para dizer a vocês que não esqueci da promessa do Sr Potter a esta turma, no início do ano. Vocês conhecerão um verdadeiro bicho papão e aprenderão como se livrar deles. Inclusive, tenho-o bem aqui! - e apontou para um armário no canto da sala, de onde vinham barulhos estranhos desde o início da aula.
Todos ficaram receosos e excitados, imaginando como seria a imagem do seu bicho papão. Começaram a tentar adivinhar do que mais tinham medo, criando um certo burburinho na aula. Com um estalar de dedos, Gina retomou a atenção dos pequenos e iniciou a apresentação das últimas criaturas das trevas: os hungús. Estranhou, contudo, que primeiro anistas da classe anterior tivessem mais informações sobre eles.
A semana passou voando. A cada dia, Gina ampliava sua popularidade por sua beleza, pelas conversas fora da sala que mantinha com os alunos, pelas atividades bacanas que passava ou mesmo as broncas colossais durante as aulas. Logo os alunos aprenderam a manter um pé atrás, compreendendo que ela era mais difícil de contornar na lábia do que Harry Potter. Mesmo com os aurores recapturando Augusto Rookwood, Nott e o velho Avery, o assunto do momento era algo extremamente interno: o Clube de Duelos.
O fim de semana chegou repleto de expectativa no ar. As inscrições foram abertas na sexta-feira, logo após as aulas, e uma fila enorme formou-se do lado de fora da sala de Carmelita Trelawney, a coordenadora. Os alunos de cada ano, exceto os calouros, duelariam entre si e os campeões conquistariam 20 pontos para suas Casas. Somente os vencedores do 5º, 6º e 7º anos teriam seu desempenho na qualidade e estratégia de feitiços avaliados pelos juízes, a fim de conquistar o título de Duelista Júnior Ordem da Fênix, de grande prestígio na escola. Desde que foi instituído, apenas uma pessoa venceu por três anos consecutivos: Ted Remus Lupin.
O Salão Principal foi fechado logo depois do jantar. Os alunos já sabiam como se dava a arrumação, mas para os primeiro anistas tudo era novidade. Nas grandes portas fechadas, uma longa tapeçaria informava a programação e os horários dos duelos:
Clube de Duelos
Sábado
6h às 8h ~ Café da Manhã
9h às 11h ~ Duelos do 2º ano
11h às 13h ~ Duelos do 3º ano
13h às 15h ~ Almoço
16h às 18h ~ Duelos do 4º ano
18h ~ Jantar
Domingo
6h às 8h ~ Café da Manhã
9h às 11h ~ Duelos do 5º ano
11h às 13h ~ Duelos do 6º ano
13h às 15h ~ Almoço
16h às 18h ~ Duelos do 7º ano
18h ~ Jantar
Às 6h da manhã os alunos começaram a chegar para um café da manhã absolutamente normal. As grandes mesas continuavam no mesmo lugar e a tapeçaria com os horários estava posicionada atrás da mesa dos professores. Os emblemas das quatro Casas enfeitavam o ambiente e o céu estava de um azul claro revigorante.
Quando o relógio da escola alcançou 8h em ponto, os elfos recolheram a comida das mesas, deixando os atrasadinhos ainda com um pedaço de torta de abacate a meio caminho da boca. Os mais novos tomaram um grande susto, mas o restante já estava acostumado. Então, os professores solicitaram que os alunos se levantassem das mesas e se dirigissem para as paredes do Salão. Alvo e seus amigos assim fizeram e observaram uma maravilhosa mágica ser feita diante de seus olhos.
Foi como se o chão simplesmente virasse ao contrário. As quatro mesas desapareceram em um loop e quatro grandes tablados, dispostos na horizontal, ocuparam o espaço. Eram arenas brancas estreitas, como uma passarela, com certa de 1,50m de altura por 3m de largura. Não havia arquibancada, mas logo se notou um espaço entre uma arena e outra, onde os alunos poderiam assistir, de pé, e motivar os colegas, inclusive com sugestões de feitiços. Havia ainda uma tela translúcida, observada por Rose quando um raio de sol brilhou intensamente dentro do Salão, que protegia os expectadores contra feitiços lançados pelos duelistas.
Na parede à direita da porta, uma faixa informava: Clube de Duelos - 2º ano. Já à esquerda, um pergaminho gigante mostrava os nomes dos duelistas e seus confrontos, sorteados durante a madrugada. A juíza da Arena 1 era Carmelita Trelawney; o juiz da Arena 2 era Hermito Pratevil, a pedido de Slughorn, que não se sentia muito bem; o da Arena 3 era Mikhail Marstrovich; e Neville Longbottom supervisionava a Arena 4. Todas as Casas estariam representadas pelos seus diretores e um rodízio evitava discussões sobre favorecimento.
As quatro arenas logo foram ocupadas por estudantes nervosos em sua estreia. Os dois primeiros adversários nunca eram da mesma Casa, mas dali em diante não havia como controlar. Assim que pisavam na ponta do tablado, o escudo da Casa surgia e o animal símbolo aparecia, como se fosse um patrono, para apoiar o duelista. O evento tinha o formato de confronto direto, onde apenas o vencedor avançava.
O duelo entre alunos do segundo ano não foi tão emocionante. Alguns logo eram desarmados, pondo fim ao duelo. Outros faziam os feitiços errados, mandando alguns colegas para a Ala Hospitalar, e acabavam desclassificados. A inexperiência dos garotos logo fez com que os mais velhos se retirassem do Salão para pensar em suas próprias estratégias de luta. Os primeiro anistas, contudo, permaneceram atentos e vibrando.
A final do 2º ano foi disputada entre Juleen Abderman, da Lufa-Lufa e Núbia Minninck, da Corvinal. O juiz do duelo foi o Prof. Longbottom. Os estudantes assistiram à melhor luta da categoria, envolvendo feitiços de ataque, defesa e contra-ataque. A lufa levou a melhor após desviar, praticamente se jogando, de um petrificus totalus e contra-atacar com um lumus maxima. A corvinal ficou sem conseguir enxergar por alguns segundos, tempo suficiente para Juleen lançar um certeiro expelliarmus. Fim da luta e vitória para a lufa, que saiu carregada do Salão pelos colegas.
Com um simples movimento de varinha, os professores limparam as arenas, mudaram a faixa onde agora se lia Clube de Duelos – 3º ano e expuseram quem duelaria com quem, no grande pergaminho encantado. James só entraria na segunda rodada na arena e conversava com Wood, Alvo, Rose e seus amigos.
– Vou torcer por você, James – afirmou Alvo.
– Valeu, maninho – sorriu. – Ano que vem quero ver você arrebentar também.
– James, você acha que pode vencer? – perguntou Rose.
– Claro que ele pode! – defendeu Alvo.
– Bom, na verdade mesmo, eu quero acabar com o Goldnail. Ano passado ele ganhou o Clube de Duelos, mas eu acho que ele trapaceou com a Lactarius.
– Olha, James, pelo que eu estou vendo das chaves, eu pego o Jack nas oitavas, se chegar até lá – informou Oliver.
– Então é melhor você chegar. Eu quero ver esse cara beijando a lona.
– E o fato de ele ser um sonserino não tem nada a ver – salientou Peter, irônico.
– Que tipo de feitiços você vai usar? – perguntou Jonathan, desviando o assunto.
– Depende do meu oponente. Se for alguém fraco, vou pegar leve. Claro, isso não acontecerá se for um sonserino, né? Sonserino a gente não perdoa, porque são...
James parou de falar ao sentir uma mão conhecida tocar o seu ombro. Gina havia se aproximado e escutado a conversa deles, tocando com relativa força no filho, sinalizando que ele estava indo longe demais. Quando seus olhares se encontraram, ela sorriu para ele.
– Vim torcer por você. Seu pai me exigiu que eu contasse linha por linha o que acontecerá durante o duelo. Ele sente muito por não estar aqui, você sabe, não é?
James sorriu e foi chamado, pois uma arena ficou livre para recebê-lo.
– Jogue limpo! – pediu Gina, enquanto uma leva de garotas e amigos do filho rodeavam a arena na qual iria se apresentar.
Gina observou Alvo encarar admirado o irmão, assim como uma boa parte dos alunos. James era tão popular quanto ela foi, na época da escola. Ele tinha carisma para fazer amigos e desenvoltura para conquistar os inimigos. A torcida gritava alto o seu nome e o adversário, um garoto da lufa-lufa, foi eliminado com um movimento de varinha: expelliarmus. A Sra Potter estava orgulhosa do filho, sorria e batia palmas. James desceu do tablado soltando beijos para seus fãs e sendo irônico quanto à facilidade do duelo. Aquilo mexeu com ela, que tratou de observar, com atenção, o comportamento dele durante o evento.
Da segunda vez que subiu ao tablado, seu adversário era um sonserino: Seth Hiccock, batedor. Logo a atmosfera ficou tensa, mas o garoto não era um desafio em feitiços. James começou lançando um impedimenta que foi desviado pelo protego do outro. Seth atacou com o rictusempra, mas James defendeu com escudo. Em seguida, lançou um rictusempra com muita rapidez, pegando o adversário desprevenido. Seth rodopiou e caiu no tablado, com a varinha na mão. James correu em sua direção e lançou o feitiço cara de lesma. O sonserino começou a ficar pálido e vomitar lesmas, o que gerou exclamações de nojo da plateia. James ainda conjurou, habilmente, um pequeno balde com os dizeres ponha sua cabeça de lesma aqui e empurrou para o colega, que não tinha notado e o pegou, arrancando risos da geral. O Prof Pratevil encerrou o duelo, liberando o garoto do feitiço e chamando James para lhe falar.
– Outra gracinha dessas e estará desclassificado, Sr Potter – afirmou.
James pediu desculpas para o adversário, deixando claro que não se desculpava. Depois desceu do tablado para receber a ovação de todos, exceto os sonserinos. Alguns lufos e corvinais não concordavam com a atitude do garoto. Gina, que observava de longe, mordia o lábio inferior e mantinha os braços cruzados. Ela sabia que seu filho era um maroto, gostava de brincar e curtia uma boa piada. Mas, para ela, parecia que James estava perdendo a noção de onde terminava a brincadeira e começava a humilhação. Ela entendia o porquê de Harry não ter notado, afinal, até agora seu marido só o tinha visto no quadribol. Até ela mesma poderia ser ludibriada pelo afã de um jogo, mas em duelos isso não seria provável. Teria uma boa conversa com seu filho.
Potter não era o único que avançava nos tablados. Lucyle, Nicolau, Oliver e Lena também seguiam firmes e fortes, assim como os sonserinos Bella, Klaus e Jack. Nas oitavas de final os duelos começaram a se complicar. Klaus perdeu para a corvinal Wanda Lactarius, vice campeã do ano passado. Wood chegou a disputar com Goldnail, mas perdeu para o sonserino. Potter duelou com o artilheiro Daniel Hoots e foi um jogo complicado, com muitas defesas. No fim, James ganhou com um petrificus totalus. Lena também avançou, derrotando o colega de dormitório de James, Adam, com maestria.
O ruim do duelo era cair na chave com alguém que não gostaria de duelar. Foi o que aconteceu com Lucyle e Nicolau. Ambos subiram no tablado meio chateados com a situação. Fizeram a tradicional reverência, com um sorriso sincero nos lábios. Eram amigos desde que se lembravam e seria a primeira vez que brigariam um com o outro.
– Vamos brincar – disse Lucy, o que animou o amigo.
Foi uma das lutas mais variadas e demoradas, pois nenhum dos duelistas buscava vencer a todo custo. Neville torcia pelo filho, agarrado a Gina, que o controlava para que o amigo não se empolgasse demais. Nicolau era um bom duelista, melhor do que o pai em sua época, com certeza. Desviava com facilidade dos ataques da amiga e inventava combinações que produziam efeitos maravilhosos, uma vez que cursava Magia da Arte. Ele usou ebublio para encher o ambiente de bolhas, depois as estourou com diffindo e lançou lumus solem, cegando a todos por um tempo para maravilhá-los com o brilho da água iluminada. Lucy bateu palmas para o amigo e deixou a varinha cair, sem querer, encerrando o duelo. Ambos sorriram.
– Pelo menos, ninguém perdeu, de verdade – disse Lucy. – Da próxima vez, deixarei as palmas para depois – afirmou, ao cumprimentar o amigo.
Faltavam os resultados da Arena 1, onde estavam Jack Goldnail, da Sonserina e Dennis Blostm, da Corvinal e da Arena 3, onde duelavam as corvinais Aldora Beverly e Wanda Lactarius. Era uma disputa de muitos raios coloridos. James acompanhava a Arena 1, desejando que o sonserino avançasse, para que fosse ele a derrotá-lo, na semifinal. De repente, Alvo apareceu ao seu lado, um tanto esbaforido.
– James! James!
– O quê? – perguntou, sem tirar os olhos do tablado.
– Você já viu com quem vai duelar?
– Não me importa, Al. Só me interesso em saber se Jack vai avançar para eu poder dar uma lição nesse ladrão de duelos.
– Mas James... – começou Rose, que havia alcançado o primo.
– Já disse que não tô nem aí.
– Cara, meus pêsames! – disse Oliver, ao se aproximar e tocar no ombro do amigo.
– Por quê? – perguntou James, agora desviando o olhar para o grupo.
– Você não viu ainda? É a Lena.
De repente, James começou a perder a cor do rosto e olhou para o pergaminho, que indicava seu duelo na Arena 3 com a Srta Jordan. Encontrou a garota, rodeada pelos seus simpatizantes: ela o encarava séria, estreitando os olhos e apertando a varinha com força. James engoliu a seco e respirou fundo.
– Ela vem com a varinha nos dentes – informou Oliver.
– Ela quer te dar o troco, cara – confirmou Adam, seu colega de quarto.
– Que bosta de dragão! – reclamou. – Como foi seu duelo com ela, Adam?
– Arrasador. Ela está bem determinada a chutar o seu traseiro.
Nesse instante, os duelistas das quartas foram convocados para suas respectivas arenas. Os recém saídos do combate tomavam uma poção restauradora para reaver suas forças. Lena e James subiram no tablado, os emblemas de suas Casas surgiram e os animais símbolos ficaram de seus lados. A plateia podia jurar que o texugo lufano parecia mais agressivo do que o leão grifinório. Fizeram a reverência inicial e aguardaram o gongo, que daria início aos quatro embates ao mesmo tempo.
– Furnunculus! Conjutivitus! Cara de lesma! Tarantalegra! Riddikulus!
Lena foi mais rápida e lançou feitiços seguidos no adversário. James desviou o que podia com o protego e saiu da frente do restante, jogando-se para os lados, se agachando e correndo. A garota estava com vontade mesmo de acabar com a sua raça.
– Petrificus totalus! – lançou seu primeiro feitiço de ataque.
– Protego! Impedimenta!
– Revertum! – contra-atacou o garoto e a lufa viu seu feitiço retornar.
Lena desviou com o corpo do feitiço e continuou agressiva. Ela não estava para brincadeira.
– Expelliarmus! – lançou Potter.
– Escudo! Enlacio!
James se viu pego pela corda que saía da varinha de sua adversária e, antes que ficasse totalmente imobilizado, se defendeu:
– Diffindo!
– Riddikulus! Furnunculus!
O garoto desviou os ataques com a varinha ao mesmo tempo em que se aproximava da garota.
– Lumus maxima! – lançou, na direção dos olhos da adversária.
– Obscurus! – revitou no contra-ataque, absorvendo com a varinha toda a luz do ataque.
A plateia do duelo amoroso estava indo à loucura com tamanha dinâmica dos dois alunos. Como estavam próximos, Lena aproveitou para dar um recadinho ao seu ex-namorado.
– Você vai se arrepender agora, Potter! Aguamenti!
Um jato de água atingiu em cheio a cara de James, que andava para trás, a fim de se desvencilhar, mas a garota caminhava para frente. O grifinório não conseguiria segurar sua respiração por muito tempo e, provavelmente, o duelo seria interrompido pela impossibilidade de lançar um feitiço. Ela tinha planejado muito bem a hora de lançar o encantamento, esperando que ele estivesse próximo o suficiente. Ele não imaginava que ela já dominasse o último feitiço que aprenderam no ano. James balançava freneticamente a cabeça, tentando encontrar um pequeno vão para respirar e se livrar daquilo. Quando estava quase perdendo as esperanças, conseguiu gritar, meio embolado:
– Estupefaça!
Ouviu um grito feminino curto e um baque. Lena estava desacordada no outro extremo do tablado. A torcida de James gritava enlouquecida, enquanto o garoto só queria respirar e botar para fora toda a água que tinha engolido. O juiz reanimou a garota e secou James, dando fim ao duelo. Lena olhava desgostosa para o menino, que lhe encarava zangado.
– Eu podia ter sufocado ali – reclamou.
– Infelizmente, isso não seria possível! – disse, amargurada e saiu do Salão.
– Garotas...
– James! James! – veio ao seu encontro um Oliver afobado. – Jack avançou. Você e ele vão fazer a semifinal!
Potter vibrou mais com essa notícia do que o próprio avanço no duelo. Logo ele e os amigos começaram a relembrar vários feitiços que poderiam ser úteis contra o sonserino. Alvo, Rose, John e Peter ouviam com muita atenção, mas evitavam dar sugestões. Nicolau logo se juntou aos garotos, um pouco entristecido, enquanto os juízes limpavam as arenas. Seu duelo foi o primeiro a terminar, já que Bella Parkinson não entrou para brincadeira. Agora ela e Wanda, da corvinal, fariam a outra semifinal.
Os duelistas foram chamados e, evidente, havia mais público na Arena 1, onde o duelo grifinória versus sonserina se daria. John acenou para a irmã do outro lado do tablado e a provocou, em tom de brincadeira saudável, apostando no grifinório. Ela sorriu e fez sinal de que o garoto não tinha chance.
James e Jack subiram ao tablado com um semblante carregado e a atmosfera tensa já dizia muito sobre o duelo. A juíza Trelawney solicitou que eles se cumprimentassem, uma vez que nenhum dos dois tomou a iniciativa. A reverância foi extremamente curta. Desde o duelo passado, havia algo preso na garganta de James sobre o outro garoto.
– Expelliarmus! – lançou Potter, assim que o duelo iniciou.
A rapidez do grifinório quase pegou o sonserino desprevenido, mas ele defendeu bem com o protego e contra-atacou:
– Rictusempra!
– Protego! – defendeu-se, enquanto diminuía o espaço entre os dois. – Tarantallegra!
Sem muito tempo para lançar um feitiço de defesa, Goldnail acabou se agachando para desviar do feitiço, que explodiu na tela de proteção, bem onde os primeiro anistas da sonserina estavam. A maioria reagiu instantaneamente, se agachando com o susto.
– Impedimenta! – lançou o sonserino.
– Revertum! – bradou imediatamente James.
– Revertum! – devolveu, mais uma vez, o feitiço.
Potter se desviou com o corpo.
– Relaxo!
– Escudo! – protegeu-se do ataque secundário – Incendio!
– Aqua eructo!
O encontro do jato de fogo criado por Jack com a água lançada da varinha de James gerou o chiado tradicional de duas forças opostas se encontrando. A fumaça logo tomou conta da arena, tornando a visualização do oponente difícil. Ambos esperaram alguns segundos para ver se a coisa melhoraria, mas veio da platéia, de um sonserino do 5º ano, a dica para o próximo feitiço. Goldnail ouviu com atenção e sorriu. Era um feitiço típico de sonserinos.
– Serpensortia!
Alguns alunos não sabiam exatamente o que aquilo faria, mas desconfiavam que boa coisa não seria. A fumaça começou a dissipar para revelar, bem diante de James, uma serpente de médio porte, encarando-o. Todos da plateia soltaram exclamações de surpresa e de medo, enquanto o grifinório se mantinha calmo. O Prof. Marstrovich tomou a iniciativa para finalizar o duelo, mas Potter o impediu.
– Vipera evanesca!
O feitiço lançado por James destruiu a serpente do sonserino, deixando todos boquiabertos. Alguns segundos de choque depois, o público veio à loucura. A cara dos sonserinos, diante da desintegração da cobra, era impagável. O que as pessoas não sabiam é que Harry já tinha contado uma história parecida para seus filhos e a curiosidade e insistência do mais velho o tinha feito revelar como se livrar dessa encrenca. O próprio juiz da arena o encarava com uma expressão surpresa.
– Trip! – lançou James, em um Jack ainda disperso.
O feitiço tinha como propriedade fazer a varinha desenganar, ou seja, seus feitiços lançados saíam muito diferentes e errando o alvo. Foi isso o que aconteceu, quando o sonserino tentou lançar uma série de feitiços. Porém, o que o grifinório não contava era com o fato de um desses feitiços o acertar.
– Não vale – falou Tiago, baixinho.
– O que foi? – perguntou Lizzie, ao seu lado.
– James foi atingido por um feitiço de confusão.
– Desenganar uma varinha não quer dizer que torna você imune a feitiços – afirmou Malfoy. – Potter foi um idiota se achou isso.
– Sim, ele é um idiota por uma série de coisas, mas não por isso – disse categórico e abaixou o tom da voz de modo que apenas os amigos pudessem escutá-lo. – O feitiço que o atingiu não veio do sonserino. Veio da plateia. Eu vi.
Deymon, Khai e Lizzie olharam surpresos para o corvinal que mantinha a expressão de certeza de suas acusações.
– Mas a contenção... – Khai tentou argumentar.
– Ela impede que feitiços saiam da arena, mas não que entrem – concluiu Malfoy.
– Deveríamos falar – disse Tiago. – Seria o justo.
– Seria justo também Potter ter o que merece – afirmou Lizzie.
– Olha, Lizzie, o fato dele te atormentar é realmente um saco, mas ele tem um motivo e vocês meio que merecem o castigo pelo que fizeram – afirmou, diante do olhar sanguinário dos colegas. – Mas eu acho que ele está fazendo pouco dos adversários mais fracos, então, por esse motivo, vou ficar na minha.
– Pensei que fosse nosso amigo – disse a garota, em tom de ironia.
– Eu sou, mas ser amigo não quer dizer que eu tenha de concordar com tudo o que vocês fazem.
Contudo, o corvinal não foi o único a ter notado a interferência externa ao duelo. Rose olhava desconfiada para o primo sob efeito do feitiço de confusão. Depois, encarou a plateia sonserina com cara de poucos amigos.
– Tem algo errado. O sonserino poderia até acertar James, mas a varinha não deveria provocar um feitiço tão bem feito.
– O que você quer dizer, Rose? – perguntou Peter.
– Eu acho que o feitiço veio de fora. Alguém mais velho deve ter lançado o feitiço sem falar – afirmou, baixinho.
– Mas e a tela de proteção? – perguntou Alvo.
– Deve impedir o feitiço de sair, mas não de entrar. Acho que eles não pensariam que alguém teria coragem de fazer isso. É totalmente contra as regras! – informou a garota.
Alvo encarou a torcida adversária e notou que um certo grupo de sonserinos olhava com raiva para o corvinal primeiro anista. Pensou que eles seriam os culpados, mas depois descartou a ideia, afinal, nenhum deles saberia como lançar um feitiço sem falar. Então, seus olhos procuraram os caras mais velhos e se deparou com um grupo de sonserinos, provalvelmente do 6º ano, que batiam nos ombros de um deles. O garoto alto e de vestes caras sorria com desdém.
– Acho que sei quem mandou o feitiço, mas o que podemos fazer, Rose?
– Podemos fazer a mesma coisa, Al – disse com convicção e uma sobrancelha erguida.
– Seria injusto, não? Deveríamos falar para o juiz.
– E como provar, John? Não vão acreditar na gente. Podemos lançar um feitiço para acabar com o efeito da confusão – argumentou a garota.
– Iriam ver! – Peter contestou.
– Não, se a gente fizesse uma barreira, John apontasse a varinha e sussurrasse discretamente o feitiço – sugeriu Rose.
– Eu?! Eu não quero fazer isso.
– Então eu faço – afirmou a garota. – Vamos só colocar a disputa como deveria ser. James já teria ganhado, se não fosse pela trapaça deles, em primeiro lugar. E então?
Os garotos se encararam e decidiram fazer uma barreira para esconder a garota. Enquanto isso, o efeito do feitiço lançado por James estava quase passando, mas a confusão do grifinório continuava. Rose encarou as pessoas ao redor, que exclamavam a cada feitiço lançado pelo sonserino que quase acertava Potter. Ninguém estava prestando atenção nela, então ergueu a varinha e murmurou finite incantatem.
Seu feitiço ultrapassou a barreira e alcançou James, que sacudiu a cabeça, voltando ao normal. Sorte da garota que o feitiço lançado não deixava rastros de cor. Alvo notou a expressão desgostosa do sonserino do 6º ano, que procurava de onde tinha vindo o contrafeitiço, mas jamais cogitaria a possibilidade de uma primeiro anista tê-lo feito.
James ainda desviou de um petrificus totalus que quase o atingiu na cabeça e encarou o sonserino, agora com sua varinha em ordem.
– Expelliarmus! – ambos disseram.
O feitiço os atingiu por igual, lançando suas varinhas para longe. O Prof Marstrovich encerrou a partida, por empate, desclassificando os dois. Neste caso, o título do 3º ano foi concedido à corvinal Wanda Lactarius, vencedora do duelo contra Bella Parkinson.
Embora não tenha derrotado, de fato, o sonserino, James estava satisfeito com o resultado. Alvo e seus amigos decidiram não comentar o caso da trapaça, uma vez que aquilo poderia gerar uma discussão sem provas e estragar todo o torneio.
Logo em seguida, as mesas para o almoço foram recolocadas no Salão Principal e os alunos, com o apetite feroz, devoraram tudo o que viam pela frente. Afinal, participar e assistir duelos era um evento que abria o apetite. Os elfos da escola haviam caprichado na comida: arroz ao molho de abóbora, asa de galeto da Irlanda, bolinhos de xucrute, lasanha verde e variados sucos. Alvo estava no meio de seu sorvete de frutas silvestres quando tudo sumiu, deixando o lufo com cara de cachorro pidão.
Todos se afastaram do centro, onde as arenas voltaram a aparecer, sob aplausos dos estudantes. Era, de fato, uma mágica muito legal de se ver. Rapidamente, as arenas foram limpas e os duelos do 4º ano deram início. Após uma disputa bem acirrada, Clancy Baron, da Sonserina, venceu Egbert Farell, da Corvinal.
O Clube de Duelos deu por encerrada as atividades do dia e o Salão Principal voltou a assumir seu usual aspecto para a janta, com direito a sete tipos de sopa: de ervilha, cebola, abóbora, canja, abacate, ovos e milho. Havia muita conversa animada nos corredores e, principalmente, nas salas comunais. Alguns alunos, que duelariam no dia seguinte, aproveitavam o tempo livre antes do toque de recolher para uma visita longa à biblioteca, na esperança de que um novo feitiço genial caísse em seu colo.
A manhã de domingo despertou os estudantes com uma sensação de quero mais. A expectativa criada acerca dos mais velhos, quais os feitiços veriam e como eles o duelariam fazia do evento um espaço concorrido. Todos sabiam que sairia deste domingo o Duelista Júnior Ordem da Fênix, embora seu nome fosse revelado apenas na cerimônia de encerramento.
Logo após o café, os alunos do 5º ano iniciaram seus duelos, cada vez mais complexos. Os feitiços utilizados davam mais emoção à partida e as defesas espetaculares retiravam exclamações extasiadas da plateia. No duelo final, Edwino Darin, da corvinal, venceu Zacharias Smith Junior, monitor da Lufa-Lufa.
Os duelos do 6º ano foram ainda melhores. A combinação de feitiços básicos com os mais complexos, as estratégias de dissimulação e armadilhas para os adversários tornavam os duelos fantásticos. Claro, não eram como os dos professores, mas ainda assim era muito inspirador, especialmente para os novatos. O corvinal Frank Gnouche venceu a grifinória Telma Nicleback em uma virada de mesa sensacional, atingindo-a enquanto ainda rodopiava no ar.
Mais uma vez os duelos foram interrompidos para o almoço. Havia muita conversa entre as mesas, com os alunos relembrando passagens sensacionais dos últimos embates. A atmosfera que envolvia o Salão Principal não era de rixas, mas de uma competição saudável. Os mais novos aprendiam observando os mais velhos, que se tornavam professores temporários. Frank Gnouche teve que dar alguns autógrafos para os novatos e eles não eram apenas de sua Casa.
Assim que o Salão Principal voltou a assumir sua forma de arenas paralelas, os alunos abriram espaço para os duelos mais tensos e concorridos da escola. Os estudantes do 7º ano tinham a obrigação de desempenhar uma exibição com uma postura de adultos, uma vez que já estavam com um dos pés fora da escola. Era o momento de demonstrar que anos de estudo e dedicação surtiriam resultados. Normalmente, os alunos desse ano eram os mais cotados para o título de Duelista Júnior Ordem da Fênix.
Victoire subiu na Arena 1 apenas da terceira rodada. Sua adversária era a sonserina Cadyna Ludwig. James, Alvo, Rose e seus amigos reforçavam o apoio à prima, enquanto Gina observava a destreza da segunda Weasley nascida após sete gerações. Victoire e Cadyna fizeram uma curta reverência e se posicionaram para o duelo. O primeiro movimento foi da sonserina:
– Spiratus!
– Revertum! – a espiral de ar voltou-se contra a garota que o desviou com relaxo. – Levicorpus!
O feitiço atingiu em cheio a adversária, que passou a flutuar na frente de toda a platéia, sob o comando da varinha da Weasley. Contudo, isso não impedia que a garota conseguisse lançar um feitiço na grifinória. Victoire teve de quebrar o encantamento para se desviar de um rictusempra.
– Orbis inflamarae! – lançou Ludwig, assim que tocou o chão.
– Glacius!
As bolas de fogo que vinham em sua direção foram transformadas em bolas de gelo e com o novo peso caíam no chão, indefesas.
– Trip! – atacou, mais uma vez, a sonserina.
– Protego! Uédiósi!
As bolas de gelo, outrora abandonadas ao longo do tablado, foram lançadas descontroladamente contra Cadyna, que se defendia com evanesco, desintegrando-as. Contudo, deixou sua guarda aberta e com um expelliarmus, Victoire encerrou o duelo.
Da segunda vez que se apresentou para o duelo, a garota enfrentou Milles Hanksy, lufano. Foi um duelo bem equilibrado, com muitas defesas. Talvez tenha sido o mais longo da competição e ninguém sabia quem poderia ganhar. Por fim, após receber um soco no estômago com o rictusempra, Victoire lançou um incarcerous, ainda no ar, pegando o garoto desprevenido e imobilizando-o.
Após avançar em duelos contra seus próprios amigos e amigas, Victoire chegou à final, mas era algo esperado de uma monitora-chefe. Por um momento, Gina imaginou como as coisas poderiam ser diferentes se o Clube de Duelos funcionasse em sua época. Eles estariam preparados para se defenderem e, quem sabe, ao demonstrar todo o seu talento, Harry a teria notado mais cedo.
Victoire Weasley enfrentou Alexander Portucallus, da Corvinal, em uma final espetacular. Mal o duelo começou, o choque do feitiço incendio, lançado por ambos, gerou uma explosão de fogo em que os dois se protegeram com escudo.
– Evertum statum!
O feitiço lançado pelo garoto atingiu a grifinória, fazendo-a dar piruetas desgovernadas no ar, em direção à parede do Salão. Os alunos prenderam a respiração, mas a garota usou um siphonis e a força contrária do ar, gerada por sua varinha, lhe impulsionou de volta para o tablado.
– Expelliarmus! – bradou o corvinal, atacando-a novamente.
– Protego! Asthma!
– Protego! Aracnea encarcerous!
– Diffindo! – Victoire defendeu-se cortando os fios da teia antes que a alcançassem. – Simulatus Corpus! Protean Corpus!
Os feitiços combinados da garota foram lançados com grande velocidade. Uma imagem sua surgiu ao seu lado e, com o encantamento seguinte, uma série de cópias iguais tomaram sua frente, encobrindo a visão de seu adversário sobre sua localização. Em seguida, Victoire efetuou um feitiço desilusório e a plateia foi à loucura. Aquilo era simplesmente demais.
– Tentacullus! – disse o corvinal e uma série de cipós saíram de sua varinha e atacaram todas as cópias ao mesmo tempo, sob seu comando mental.
– Immobilus!
Victoire lançou o feitiço ao se revelar, atrás do corvinal, dando fim ao duelo sob aplausos estrondosos de todo o Salão. Não tinham dúvidas de que seria ela a escolhida para o título de Duelista Júnior Ordem da Fênix, pelo segundo ano consecutivo. Gina sorria, junto a Arthur, Neville e Hagrid. Era incrível como ser um Weasley, nesses novos tempos, impunha uma sensação ainda maior de orgulho e respeito.
James, Alvo e Rose tiveram alguma dificuldade para alcançar a prima, mas assim que o fizeram parabenizaram a garota. O duelo tinha sido incrível e James aproveitou para espetar um pouco, dizendo que escreveria para Teddy contando tudo. Victoire sentiu seu rosto se avermelhar e afirmou não ser preciso, mas para o garoto a necessidade era evidente. Gina encarou sua família com um sorriso cúmplice, junto a Arthur. Embora o clima fosse de celebração, ela não havia esquecido que tinha o dever de convocar James para uma conversa séria.
O Salão Principal voltou a assumir sua forma original e Minerva McGonagall anunciou o fim do Clube de Duelos, agradecendo a participação de todos. Ressaltou a importância do evento para o desenvolvimento do caráter dos estudantes e a demonstração do resultado de muito estudo e dedicação. Conjurou uma tapeçaria logo atrás da mesa dos professores, com os nomes, imagens e Casas de cada um dos vencedores das categorias, além de conferir, automatiamente, 20 pontos a eles.
Clube de Duelos
2º ano ~ Juleen Abderman ~ Lufa-Lufa
3º ano ~ Wanda Lactarius ~ Corvinal
4º ano ~ Clancy Baron ~ Sonserina
5º ano ~ Edwino Darin ~ Corvinal
6º ano ~ Frank Gnouche ~ Corvinal
7º ano ~ Victoire Weasley ~ Grifinória
O jantar foi um dos mais festivos do ano, repleto de gostosuras, pudim e doces da Dedos de Mel. Era uma celebração pelo ambiente saudável observado durante o Clube de Duelos. Os caldeirões de feijõezinhos de todos os sabores fizeram o maior sucesso, como da última vez, no Halloween. Minerva não poupou despesas para recompensar seus alunos. A noite em Hogwarts seria bem longa.
Nota da autora:
Oi, gente! Como sabem, eu não sou muito de escrever após um capítulo, acho que é a primeira vez, mas juro que é por um bom motivo. Queria agradecer a todos vocês! Isso mesmo!! Você, que chegou até o fim deste capítulo, sabia que acabou de ler 301 páginas do word? =D
Obrigada pela paciência. Meus capítulos não saem com a frequência que eu gostaria, mas espero que a qualidade agrade vocês.
Além disso, a fic alcançou um momento histórico na FeB!! 1000 leitores!! Agora, já estamos com 1050 e, se já não fosse bom demais, a fic está no top 20 a semana inteira. Pense numa autora toda besta!! Pois é, sou eu.
Obrigada por dedicar um tempinho da sua atribulada vida para ler o que escrevi. Obrigada pelo ibope que deu para a minha fic. São mais de mil pessoas que deram uma olhadinha lol
Agradeço também a todos os comentários que tiveram o trabalho de postar. Como sabem, eu costumo enviar um e-mail quando atualizo um capítulo novo para vocês, porque eu tenho o contato, neh? ^^
E as 202 pessoas que votaram na minha fic... sou uma pessoa muito feliz, de verdade.
Obrigada pela recomendação via facebook e twitter.
Namoral, cara, vocês são demais!
Até o próximo capítulo, cheio de lições, invasões e sequestros =D
Comentários (9)
Gian Carlo Cardozo Seja bem vindo! Que bom que descobriu a minha fic escondidinha em uma das prateleiras da FeB!Espero que continue acompanhando e gostando.Em breve chegaremos ao final desta saga, assim que o trabalho permitir =Dbjocas
2011-08-18Descobri esta fic a pouco tempo,está demias.Obrigado
2011-08-18Oi, Hilary!!Nossa! Até que você terminou de ler rapidinho dessa vez... bom sinal, né? ;DFico muito feliz pelo elogio. Meu intuito é captar a essência da aventura para todas as idades de JK. Pelos coments, acho que cheguei bem perto =)Quando tiver um novo capítulo encaminho por e-mail que postei.Obrigada por ler a fic.Bjocas! Pottermaníaca!Fico feliz por ter chegado ao fim com esse gostinho de quero mais.Então, já escrevi metade do próximo capítulo. Faltam apenas duas cenas essenciais serem escritas. Na verdade, a parte mais importante para o enredo =PJá tá no forno o próximo capítulo. Avisarei por e-mail quando atualizar.Bjocas!
2011-04-13aaaaaaaaaaaaah adoreeei. mais e aí quando vem o proximo. to ansiosaaaaa. nao demora muito, pleaseee. beijoos
2011-04-11ei sheu! enfim acabei de ler a fic! e digo: acho q nunca vi uma fic PH tao boa! conta smp cmg aqui, viu? beijinhoz e mil vezes parabens ;*
2011-04-09Luh!Valeu! É difícil, mas vou levando.Olha só, tô no top 10 a um tempo, isso é tãaaaao legal!Eu tenho certeza de que Harry ficaria enciumado. Tenho para mim que Gina é uma mulher bonita, inteligente e divertida, qualidade que atraem o olhar de muitos caras. O problema é que o sobrenome Potter impõe um respeito e afastam esses mesmos caras... hauahuauhaauhauQue bom que vc entendeu minha dificuldade. Foi tãaaaaaao difícil T.T Mudei várias coisas, mas consegui encaixar em poucas linhas. Viva a determinação lolSe alguém souber, tirarão os pontos da Rose, afinal, ela quebrou as regras =PQuero capítulooooooooo!!! Annx3Seja bem vinda!!!Fico feliz que tenha curtido a fic até aqui.Nossa, vcs q me deixam sem palavras quando se dão ao trabalho de deixar coments. Isso quer dizer que ler a minha fic realmente valeu a pena. Obrigada.Eu me sinto como nos velhos tempos quando escrevo essa fic =PEntão... eu demoro um tiquinho para atualizar. Sorry, mas não me mata u.u Sonserina Man!Bom te ver por aqui de novo.Obrigada pelo elogio. Eu me esforço. Bjocas a todos!!!
2011-04-04Cara, adoro como você escreve os duelos. A gente consegue enxergar tudo, entende?Parabéns. Aguardando novo capítulo.Té +
2011-04-04Cara, meus parabéns, sério. Me deixou realmente sem palavras. Amei a forma com que foi escrita e por Deus! Nunca pensei que sentiria como se fossem os velhos tempos. Espero que não demore muito para postar um novo capítulo, porque Deus sabe como eu estou curiosa. ;)
2011-03-29Você merece essas conquistas Sheila, Parabéns! Gostei da forma como você falou da Gina, as observações dela para com um James enciumado uashushaush Fiquei imaginando se o Harry também vai ficar enciumado assim? uahushusahusha Os duelos foram muito bem feitos e agora entendi sua dificuldade em resumir o capítulo, pois resumir significaria omitir um duelo né? Mas ficou muito bom, pois os mais importantes foram bem retratados e o grupinho primeiro anista teve seu momento duelo uhsuahsusah 20 pontos para Rose! Eu é que estou em falta agora, né? beijos...
2011-03-18