O PODER DAS ESCOLHAS
O resto do dia transcorreu com muita agitação nos corredores de Hogwarts. Os estudantes tentavam ao máximo conhecer a maioria dos palestrantes. A sala que de imediato se encheu foi a de Draco Malfoy. Os times de quadribol de todas as Casas, inclusive da Grifinória, queriam dar uma boa olhada na nova vassoura a ser lançada. Lizzie, Khai e Tiago acompanharam o colega, Deymon, para a sala e chegaram enquanto Draco explicava obre a redução da resistência do ar com o novo design, a leveza e a durabilidade do material. Assim que viu o filho, passou a vassoura para as mãos do capitão da Sonserina e se aproximou do grupo.
– Oi, pai!
– Olá, Deymon.
– Não sabia que o senhor vinha. Poderia ter mandado uma coruja.
– Não era do interesse da diretora McGonagall que vocês soubessem. Quem são estes? – perguntou, enquanto analisava os dois sonserinos e o jovem corvinal próximos dele.
– Elizabeth Carter e Khai Macbeer, meus amigos, e Tiago Richards... Acho que é um amigo também, afinal.
Tiago sorriu ao ouvir Deymon tratar dele como um amigo, enquanto Lizzie tinha uma expressão surpresa e Khai estava muito sério.
– Srta Elizabeth Carter. Ou muito me engano ou foi a senhorita quem apareceu na capa do Profeta Diário como descendente de Alvo Dumbledore, junto a um outro garoto.
– Hum... Sim, senhor. Sou eu – respondeu, enquanto apertava a mão de Draco.
– É um prazer conhecê-la, finalmente. Já ouvi falar muito da senhorita, desde a última vez que estive aqui.
Lizzie olhou para Deymon, que desviou o olhar, aparentemente interessado no que o time da Sonserina falava sobre a nova vassoura.
– O prazer é todo meu, Sr Malfoy – disse a garota.
– Sr Macbeer, como vai? Sr Richards, um corvinal andando com sonserinos, quem diria?
– É a nova política da escola, Sr Malfoy – respondeu Tiago, educadamente, cumprimentando-o.
– É um prazer conhecê-lo, senhor – disse, Khai, também apertando as mãos – E parabéns pela nova vassoura.
– É verdade! Ela parece incrível, pai!
– Ela é incrível, mas ainda não posso fazer doações para o time da Sonserina, como desejava. Os outros sócios querem manter a linha de produção um pouco restrita, pelo menos no início. Certamente, para o próximo ano poderei mandar algumas. A sua já está em casa, Deymon. E a de seus amigos poderá ser encaminhada em breve, se for do interesse deles.
– Sério?? – exclamaram Khai e Tiago, surpresos e felizes.
– Certamente. Como amigos do meu filho, merecem o melhor. A srta Dumbl... Perdão, Carter, não está interessada?
– Ela é contra voar em vassouras – adiantou-se Deymon – Você deveria aceitar, Lizzie. Ela pode ser bem útil, sabe?
– Você pode estar certo, Deymon. Ficarei feliz em aceitar o presente, Sr Malfoy. Muito obrigada.
– Sr Malfoy, a que velocidade ela pode chegar? – perguntou Vector Pendraconis, apanhador da Sonserina.
– Com licença, preciso responder a algumas questões. Foi uma satisfação conhecê-los – disse e retornou para a muvuca de alunos.
Draco estava realmente muito à vontade em ser o centro das atenções e, muito além disso, estava feliz por ver, na expressão de seu filho, o traço do orgulho. Não saberia dizer se Lucius gostaria de tudo aquilo, pois, certamente, seria contra várias coisas como sempre o foi, na verdade. Mas aquele era o seu legado para Deymon e, pelo filho, seria capaz de tudo, embora jamais demonstrasse dessa forma. Olhou para o garoto que sorria para seus amigos e sorriu de volta, sem que ele notasse. Deymon não passaria pelas coisas que Draco passou: tinha amigos que realmente gostavam dele; não tinha um pai que o sobrecarregava com expectativas; e Deymon não era obrigado a fazer escolhas cruéis. A vida de Draco Malfoy não tinha sido nada fácil e por isso sabia dar valor ao que estava construindo para seu próprio filho.
– Seu pai parece ser muito legal, Deymon – Lizzie disse.
– Ele é – respondeu o amigo, olhando para os próprios pés.
– Bom, gente, eu vou dar uma volta, tá? Quero ver os outros palestrantes. Pelo menos alguns deles. Vocês vão ficar aqui?
– Eu devo ficar mais um tempo, Carter. Sabe como é... meu pai e tal...
– Eu acho que vou olhar aquela vassoura mais de perto – resolveu Tiago.
– Eu vou ficar com o Malfoy.
– Sem problemas. Então vejo vocês depois. Tchau.
Em instantes, a garota desapareceu pela porta. Visitou as outras salas rapidamente, procurando por aqueles que realmente eram interessantes. Encontrou Rose conversando animadamente com Apolinário Termopholis, o caçador de tesouros, e ficou alguns instantes, no fundo da sala, acompanhando uma discussão sobre precauções quando se parte em uma nova aventura. Avistou Peter e Alvo ouvindo as histórias sobre prisioneiros de Azkaban, que Waller Mattadock contava. Estava no corredor quando sentiu um toque sutil em seu ombro e notou a diretora McGonagall caminhando ao seu lado.
– Boa tarde, Srta Dumbledore. Espero que tenha achado nossa atividade interessante.
– Sim, diretora – disse, surpresa e tensa.
– Notei que é uma entre poucos alunos ávidos em observar todas as salas.
– São casos muito interessantes, diretora. É complicado escolher apenas um para escutar.
– Fico feliz que esteja lhe agradando. Srta Dumbledore, poderia me fazer a gentileza de dizer aos seus colegas, Sr Malfoy e Sr Macbeer que os aguardo, junto com a senhorita, esta noite, em minha sala? – disse, afetuosamente.
A expressão da garota mudou. Estava confusa e desconfiada. Em nada o tom afetuoso da diretora lhe parecia positivo. Em seu íntimo, sabia que estavam bem encrencados. A questão era saber qual o motivo desta vez?
– Ah... Claro, mas... Na sala...
– Excelente. Com certeza já é hora de superar isso, senhorita. Com licença, devo conversar com outros alunos. Até mais tarde.
Observou a diretora ocasionalmente parar algumas crianças e conversar com elas. Algumas bem animadas, outras extremamente tensas. Por mais que parecesse uma frágil senhora idosa, tinha algo nos olhos e na postura daquela senhora que ratificavam sua posição de diretora da maior escola de bruxos do Mundo da Magia.
Elizabeth entrou em algumas outras salas e não tinha encontrado Jonathan, até vê-lo junto do casal Benz. A sala estava repleta de mulheres ouvindo o Sr s Srta Benz falarem das dificuldades do amor e ele era minoria absoluta. Sorriu, sem perceber, lembrando-se de mais cedo, quando suas mãos estavam entrelaçadas. Havia muito amor, apesar de tudo o que os tinha separado neste ano.
– Eu sabia que a encontraria aqui – disse uma voz empostada, em seu ouvido.
Lizzie fechou os olhos e praguejou impropérios para Merlim. Sentiu um toque no seu ombro e encarou com seu melhor olhar assassino o garoto ao seu lado, que tinha um sorriso de ironia no rosto e um olhar ainda mais petulante. Atrás dele, o time quase completo da Grifinória segurava as risadas, com pouco esforço.
– Tire suas mãos de mim, Potter.
Ele se afastou.
– Calma, minha querida – disse, venenoso – Eu não vou manchar a honra do seu queridíssimo e corajoso namoradinho, apesar dele merecer uma bela lição – disse e se aproximou da garota, que recuou quando ele apoiou sua mão na parede – Eu não me esqueci.
Elizabeth abriu a boca e tornou a fechá-la. Queria dizer várias coisas para aquele rapaz insolente diante de si. Quem ele pensava que era? Poderia sacar sua varinha a qualquer momento e lançar-lhe um Avada Kedavra, mesmo não fazendo a mínima ideia de como. Ou então lhe empurrar um veneno mortal goela abaixo. Mas não poderia fazer nada daquilo ou estragaria tudo para os sonserinos. Infelizmente, teria que ser a garota-não-mais-apaixonadinha-pelo-garoto-mais-popular-do-colégio.
– Pois eu já virei a página, James Potter – cruzou os braços e encarou o garoto.
– Então você é uma daquelas menininhas enjoadinhas que gostam e desgostam num piscar de olhos! Suspeitei! – acusou, com desprezo.
– Eu não sou assim! – disse, de sopetão e depois tapou os lábios.
– Ah, não?
James sorria, enquanto todo o time da Grifinória gargalhava. Lizzie sentia seu rosto ficar vermelho como um pimentão e aquilo só piorava tudo. Por que a vida estava sendo tão cruel com ela? A algazarra gerada pelos grifinórios foi tanta que muitas pessoas da sala começaram a notar o que estava acontecendo ali. A visão de um James Potter conversando em uma proximidade absurda com uma garota encurralada na parede, sorrindo para ela, era de conclusões óbvias. Principalmente porque, esta mesma menina, como todos sabiam, até poucos dias era apaixonada pelo capitão de quadribol da sua Casa rival. “Não tem como ficar pior”, pensou a garota. Em instantes, o casal de adultos que conversava sobre o jogo do amor entre as Casas os alcançou. “Retiro o que pensei” e suspirou.
– Por favor, não! – suplicou para os adultos, mas eles apenas lhe sorriam.
– O ódio é o caminho mais rápido para o amor – disse Flora Benz e Lizzie revirou os olhos.
– Mocinha, não há nada que impeça o relacionamento de vocês – completou Hector, seu esposo.
– Olha só, Dumbledore, podemos ser felizes para sempre! – disse, com ironia, James.
– Cala a boca, Potter!
– Minha jovem, não há nada de mais em amar um grifinório só porque você é uma sonserina.
– Não tem nada a ver. Eu já amo um grifinório e é aquele ali! – disse e apontou para o fundo da sala deixando o casal confuso – Meu irmão.
Jonathan, que até agora observava atônito a situação, pareceu despertar de um transe e foi abrindo caminho para alcançar a irmã. O casal sorriu, aprovando o amor fraternal e fazendo referências a como eles eram exemplos de que irmãos poderiam ser grandes amigos, mesmo em Casa diferentes e retornaram para o interior da sala. Lizzie lançava olhares assassinos para Potter, que ria dela e cumprimentava John, colocando sua mão no ombro do primeiro anista.
– Assim fica mais fácil entender porque se apaixonou por mim, Dumbledore – James sorriu enquanto apontava para si e para o colega de Casa.
Elizabeth parecia soltar faíscas pelos olhos e tocou a varinha. James notou o movimento da garota e ergueu uma das sobrancelhas, o que fez ela voltar atrás e se render à humilhação. Em seu íntimo, apenas repetia que aquilo teria retorno, pois ele não fazia ideia em que ninho de cobra estava mexendo. Jonathan não estava gostando muito das atitudes do Potter mais velho e retirou o braço do outro de seu ombro.
– Já chega, James.
– Claro. Desculpe. Eu não tenho culpa, você sabe. Ela que mandou o bilhete para mim.
– Eu sei. Agora, por favor, vá embora.
– Claro, John – disse sério e se dirigiu para outra sala, passando pela garota – Até mais, Lizzie.
O grifinório carregou a voz ao falar o nome dela com tamanha intimidade e a garota fechou o punho com muita força. Jonathan agradeceu por todos já terem ido ou sentiriam a fúria da irmã e ele sabia muito bem como Elizabeth podia assustar outras pessoas. Já a tinha visto fazer algo parecido, em um acampamento trouxa. Brincar com ela como se brinca com uma bolinha de lã não era muito saudável, pois o sangue dela era bem quente. John fez uma nota mental de falar a James sobre isso. Então, assim como a raiva veio, ela se foi e aquilo preocupava o irmão. Por que ela estava se contendo?
– Precisamos conversar – disse o garoto.
– Agora?
– Sim.
– Mas eu queria falar com... – sua frase morreu diante do olhar decisivo do irmão. - Eu sei de um lugar onde podemos ficar sozinhos, sem ninguém interromper.
Jonathan assentiu e Elizabeth o levou até a sala vazia do 5º andar, onde geralmente tinha aulas com a diretora McGonagall para aprender a controlar sua varinha, o que, aliás, vinha dando muito certo. Eles entraram em silêncio e John se sentou no chão, convidando a irmã a fazer o mesmo. Lizzie cruzou as pernas e olhou para o irmão, aguardando que ele enfim se pronunciasse. John deu um longo suspiro e encarou o chão por alguns instantes, até que lançou um olhar de devastadora tristeza para a sonserina.
– Estou perdendo você.
Definitivamente, estas não eram as palavras que Lizzie esperava ouvir. A tristeza na voz do garoto fez seu coração se apertar em uma dor aguda e se aproximou dele, envolvendo-o em um dos braços e apertando-o forte.
– Claro que não. Estou aqui – falou, com um sorriso de incentivo.
– Está aqui agora, Lizzie. Mas desde que entramos nesta escola você se afasta cada vez mais de mim – havia seriedade em sua voz.
– Ah, Jonathan! Você sabe que a Sonserina...
– Não me importa a sua Casa! – interrompeu em um tom exaltado – Pouco importa a minha Casa – completou. – Você é minha irmã. Nós somos a única família de verdade um do outro. Não será uma divisão idiota desta escola que vai nos separar.
Um silêncio constrangedor inundou a sala. John encarava a irmã e Lizzie brincava com seus próprios cabelos.
– Acho que a diretora está tentando mudar isso, John.
– Quando eles foram nos buscar lá em casa você disse que algo ia mudar e mudou – continuou, como se não tivesse feito nenhuma pausa. – Eu não consegui estar ao seu lado para te proteger das coisas ruins que você passou até agora.
– Eu não preciso de guarda-costas, Jonathan. Eu tive amigos para me ajudar quando foi preciso. Se você me proteger para que nada me aconteça, que tipo de vida eu terei? Vazia. Cada coisa que me aconteceu foi um desafio e você sabe como eu adoro desafios.
– Não, eu não sei – encarou as próprias mãos, enquanto Lizzie tinha um olhar confuso. – Eu não sei porque... Não sei mais quem é você – completou com os olhos pregados no chão.
– O que? – se afastou dele, surpresa com tal declaração.
– Lizzie, você está envolvida em coisas estranhas. Eu não consigo mais ler você – concluiu, triste.
– Ora, isso deve ser uma coisa boa. Sinal de que estou conseguindo bloquear meus pensamentos de você. Essa coisa de gêmeos...
– Não estou falando disso.Eu não consigo mais entender o que você faz e isso está me deixando muito mal. Seus olhos parecem estar sempre mentindo, escondendo algo de mim, que sou seu irmão!
Jonathan tinha um olhar de súplica voltado para Lizzie e aquilo sempre acabava com ela, por mais que tentasse não transparecer tal fraqueza. A garota entendia perfeitamente o que ele estava tentando passar: essa angústia de não entender o porquê das coisas estranhas da escola geralmente envolvê-la.
– Jonathan, ser uma sonserina...
– Que droga, Lizzie! – explodiu e levantou-se de súbito – Eu não quero saber da Sonserina, Grifinória, Corvinal ou Lufa-Lufa! Não quero saber das características que os fundadores gostavam de avaliar nos alunos, porque é só uma coincidência a gente cair nessas Casas, sabe? Mas elas não deveriam guiar a nossa cabeça, como tanta gente disse hoje. O mundo da magia é muito mais do que Hogwarts! Você é você, apesar de tudo. Mas você, irmãzinha, não está mais sendo você. Está sendo outra pessoa. Por quê?
Era isso. Essa era exatamente uma das perguntas que Elizabeth temia e o próprio John quase a havia alcançado naquele dia, enquanto conversavam a sós no vagão do trem. A única pessoa que poderia fazer essa pergunta e abalar sua estrutura tinha conseguido mais rápido do que ela imaginava. Lizzie não tinha certeza se estava preparada para explicar os porquês. Talvez, não precisasse explicar exatamente tudo. Deitou-se no chão e encarou o teto por algum tempo, suspirando. Jonathan parecia entender que tinha chegado em um ponto importante, pois se deitou ao seu lado e aguardou, pacientemente, até que sua irmã organizasse seus pensamentos e se sentisse à vontade para falar.
– Na escola, na escola normal de trouxas, quero dizer, eu sempre fui a nerd estranha, sabe? Os amigos que eu tinha eram muito mais pela certeza de que trabalhos comigo rendiam boas notas do que por amizade. Você, John, você conseguia sempre ser popular e agradar a todos, mesmo que nem tentasse isso de verdade. Sempre invejei essa sua capacidade. Você achava que tinha se tornado amigo dos meus amigos, mas na verdade eram eles que gostavam muito mais de você do que de mim, porque é simplesmente muito fácil – olhou para o lado com ternura para o irmão e voltou a encarar o teto. – Quando vim para cá, decidi que iria ser diferente. Ninguém mais iria me usar e eu não seria uma idiota. Existem três motivos pelos quais eu pedi para ser colocada na Sonserina.
– Você pediu? Ao Chapéu Seletor? – o garoto encarava a irmã com olhos arregalados, enquanto ela mantinha o olhar para o nada.
– Você quer ouvir ou não?
– Desculpe.
– Eu pedi porque não queria ser da mesma Casa de Alvo Dumbledore. Eu sei que você acha isso bobagem – completou, antes que o outro conseguisse falar – Mas eu quero construir minha própria imagem, John. Não quero comparações e isso seria inevitável dentro da própria Casa. Não quero ser a neta de Dumbledore; quero ser Elizabeth que se aprofundou em determinado ramo do mundo bruxo, descobrindo coisas fantásticas e, por acaso, teve um avô famoso. O segundo motivo pelo qual pedi foi por você.
– Por mim?
– É claro. Já estava na hora de você entender que não precisa de mim o tempo todo para se dar bem. As amizades que você fez mostram o quão maravilhoso você é, menos o James. Ele eu acho que você deveria repensar, enfim... Eu só queria te mostrar que você pode crescer do seu jeito, longe de mim.
– Mas eu não quero isso – respondeu, baixinho.
– Eu sei, mas isso te fez mais forte, não foi? – lançou um olhar sincero para o irmão.
– Parece que você ainda consegue me ler – disse, envergonhado – E o terceiro motivo?
– Bom, esse é o mais complicado. Eu quero ser outra pessoa.
– Por que? Eu gosto de você do jeito que você é... Ou era.
– Você é meu irmão e isso não vale. Cansei de tirarem vantagem de mim, de ser aquela certinha de sempre e de seguir as regras para ser a mais perfeita Doutora de Cambridge. Eu queria, não, eu quero ser a descolada, a inteligente, a garota que simplesmente não se importa, sabe? Sempre me gabei das minhas notas e você sabe disso, mas agora aprendi a dizer não e o não é uma coisa poderosa. Mesmo quando você só pensa nele. O egoísmo pode ser uma coisa boa, afinal.
– Mas você ajudou o Alvo na aula de Transfiguração.
– Aquilo foi um lapso. Além disso, eu pedi a varinha dele para que não achasse que sou boazinha demais.
John riu e balançou a cabeça.
– Você pode tentar mudar quem você é por fora. Você pode até fingir que mudou. Mas lá dentro, você não vai mudar nunca.
– Duvida?
– Eu não quero apostar nada, Lizzie. Essa coisa toda não quer dizer que vai parar de falar comigo, não é?
– Não. Eu não devo nada aos sonserinos mesmo. Da minha vida cuido eu.
– Então me explica – disse, ao se sentar novamente.
– Explicar o quê? – e sentou-se de frente para o irmão.
– Por que você está namorando com aquele corvinal, enquanto todo mundo acha que você foi a causa do fim do namoro do James e da Lena. Porque, depois do que eu vi agora há pouco, não acredito em nada que ouvi até agora.
Elizabeth deu um longo suspiro e deixou escapar um sorriso no canto dos lábios. Ele definitivamente a lia com mais facilidade do que poderia imaginar.
– Segredo de irmãos? – perguntou a garota.
– Segredo de irmãos – e uniram o dedo mindinho em acordo.
– Não estou namorando o Tiago. Foi só uma forma de tentar fazer o povo parar de falar que eu gosto do irmão do Alvo.
– Eu sabia! Mas você não gosta do James.
– Não. Ele é um idiota exibicionista.
– Certo. Então... Lizzie! Então aquela história do quadribol...
– Sim, nós armamos para ele.
– Lizzie! – exclamou, chateado.
– Ora, Jonathan! Alguém precisava dar um jeito no ego dele! Estava insuportável, humilhando a minha Casa, de certa forma.
– Mas daí a fazer uma trapaça... Não sei se vou gostar dessa nova você e nem se mamãe e papai vão.
– Eles não vão saber, exatamente. Vai ser uma coisa mais... Bruxa, entende? Nesse mundo.
– Bom, mas de uma coisa eu sei – fez uma pausa e a encarou – Você está colhendo pelo Castelo exatamente o que plantou. O que James está fazendo é pouco.
– Ei! Pensei que fosse meu irmão.
– Só estou sendo justo. Eu devia falar...
– Mas você não vai. Você fez um juramento!
– Eu sei, eu sei - suspirou. – Bem, agora entendo porque estava mentindo, mas não concordo, que fique bem claro. E se você fizer outra coisa dessas...
– Não vou mais trapacear no Quadribol. Juro. Nem vou me envolver.
– Não era bem isso que estava esperando que você dissesse.
– Enfim, já podemos descer? Acho que ainda dá tempo de falar com os palestrantes. Estava procurando a sala do Sr Casper Visionack.
– Por que está interessanda em fantasmas? Pensei que tinha medo.
– Eu não tenho medo! – John tossiu para abafar um riso e ela continuou, inabalável – Só acho que se deve entender aquilo que não se compreende.
– Se a mamãe descobrir que você vai se converter ao espiritismo vai ter acessos.
– Ah! Cala a boca, Jonathan!
Ambos sorriram e se encaminharam para a sala do especialista em fantasmas. Embora Lizzie estivesse interessada e fizesse algumas perguntas, logo aquilo pareceu tedioso demais para o garoto e ele saiu, esbarrando-se em Rose.
– Estava lhe procurando! Descobri coisas bem interessantes.
– Eu também – sorriu, de um jeito enigmático.
Rose olhou para ele com uma sobrancelha arqueada e uma as mãos na cintura, tentando entender do que se tratava. Espiou a sala e notou alguns gatos pingados ouvindo atentamente até identificar a cabeleira escura e as vestes sonserinas.
– O que ela está fazendo? Pensei que tivesse medo de fantasmas.
– Não é interessante? – sorriu. – Onde estão os outros?
– Ainda ouvindo histórias de Azkaban.
– Ah, cara! Eu quero muito ouvir também.
– Por quê?
– Porque eu não conheço. Acho que devo saber onde vou parar se cometer um crime no Mundo da Magia.
– Você? Cometer um crime? Você é Jonathan Dumbledore. Isso é impossível. Você não faria mal a uma mosca.
O garoto coçou o queixo por uns instantes e voltou a encarar a amiga.
– O fato de eu ser o melhor caçador e matador de moscas da minha escola trouxa não iria interferir nisso, né? – sorriu de novo e começou a caminhar, deixando a garota atônita – Você devia vir também, afinal, é a dona de planos mirabolantes.
Rose corou diante das palavras do amigo. Ele estava praticamente jogando na cara dela, com muita sutileza, que o plano dela de invadir a sala da Diretora era algo como um crime. Certamente, estaria violando muitas regras da escola, mas será que aquilo poderia levá-la a Azkaban? Sentiu um arrepio na nuca ao chegar à conclusão de que seus pais a matariam. Correu e alcançou o amigo, pedindo desculpas, embora ele insistisse que não havia nada para desculpar.
Havia ainda algumas horas para que outras salas fossem visitadas, o que rendeu uma média final de três palestrantes ouvidos por cada estudante. Havia um clima muito sociável entre os colegas de diferentes Casas, comentando sobre os feitos de seus ex-alunos. Alguns até sentiam vontade de mostrar suas salas comunais e de se vangloriar pela Casa. Claro, não era algo aplicável a maioria dos alunos. Embora fosse liberado, não era muito comum que acontecesse.
Foi a primeira vez que Rose e Jonathan levaram Alvo e Peter para a torre da Grifinória e eles prometeram retribuir a gentileza, logo que pudessem voltar para os dormitórios da Lufa-Lufa. Alvo tinha relutado em fazer aquela visita porque estava com medo de se sentir mal, um intruso ou um filho desnaturado incapaz de seguir os passos dos pais. Mas agora estava mais confiante com sua Casa e, de fato, sentindo-se parte dela, de modo que nada poderia abalá-lo. Foi um fim de tarde feliz, brincando de snap explosivo com os amigos e com o irmão na Sala Comunal da Grifinória.
O grupo de sonserinos e corvinal se dispersou logo depois da partida de Draco Malfoy. Elizabeth não tinha retornado a tempo de se despedir do pai de Deymon e o amigo teve a certeza de que ela estaria discutindo com algum palestrande intelectual coisas de intelectuais. Apenas disse ao seu pai para desculpá-la, pois não era fã de quadribol. Khai e Deymon encontraram-na por acaso, saindo da sala, acompanhada do Sr Visionack e alguns livros a tiracolo.
– Foi uma satisfação conhecê-la, srta Dumbledore. Perdão, srta Carter. Ainda não consegui me adequar. Espero que possamos continuar esta conversa por correspondência.
– Sr Visionack, eu adoraria!
– Mandarei outros livros assim que me escrever sobre o que achou destes.
– Certamente, senhor. Farei isso o mais breve possível. Até mais.
Deixou o palestrante e viu os amigos no corredor, vindo encontrá-los com um largo sorriso.
– Meu pai já foi – cortou Malfoy, seco.
– Ah! Desculpe. Acabei perdendo o horário – disse, com o sorriso desaparecendo.
– O que ele tem de interessante?
– Coisas pelas quais me interesso, Malfoy.
– Fantasmas? – perguntou Khai.
– Desde que aquela Murta que Geme me atacou tenho pensado em como revidar – sussurrou, olhando para se certificar de que ninguém a tinha ouvido. – Ela é um fantasma, não é? Não tem muitos livros sobre isso na biblioteca e achei que poderia descobrir mais.
– E descobriu?
– Muito mais coisa, Khai, na verdade.
– Eu não sei quanto a vocês, mas estou louco para dormir – disse Malfoy, já começando a andar – Ainda bem que o jantar será servido nos dormitórios hoje. Tanto contato com grifinórios já estava me fazendo mal.
– Vocês não sabem do pior – Lizzie falou e começou a contar seu encontro com James.
Os colegas estavam revoltados com Potter e juraram pensar em uma forma de fazer aquilo tudo acabar o quanto antes. Estavam bem próximos da Ala onde estavam seus dormitórios temporariamente, quando alguém pigarreou atrás deles. Viraram-se e deram de cara com o Prof Pratevil.
– Boa noite, senhores e senhorita.
– Boa noite, professor – disseram, em uníssono.
– Vim aqui para acompanhá-los até seu compromisso noturno.
– Desculpe, professor, não entendi – disse Malfoy.
– Ai, droga! Esqueci! A diretora quer nos ver.
– Por quê? – perguntou Malfoy, assombrado.
– Não faço a mínima ideia – respondeu a garota.
– Sigam-me.
As crianças não tinham outra opção senão seguirem o Professor de Trasfiguração pelos corredores quase desertos da escola. A maioria dos alunos já estava em suas camas ou tomando uma boa xícara de chocolate quente com creme. Por estar acompanhados do professor mais linha dura, o trio de sonserinos não poderia discutir entre eles o que estava acontecendo.
– Fico imaginando o que vocês aprontaram para merecer um chamado da diretora logo após este evento tão grandioso – comentou o professor, encarando o corredor.
– Nós também – deixou escapulir Khai, mas logo foi repreendido por um cutucão da garota.
– Eu acho que deve ser por causa das palestras...
– Srta Dumbledore, há de convir que, se fosse para relatar suas percepções sobre o evento de hoje, a diretora esperaria até amanhã. A senhorita é sagaz o suficiente para chegar a esta conclusão sozinha. Não invente histórias que não sejam plausíveis.
A garota calou a boca e encarou o chão, não conseguindo encontrar nenhum outro motivo. Caminharam em silêncio pelos corredores, até que o professor fez sinal de que parassem. Um barulho estranho vinha de trás de uma tapeçaria para onde o Sr Pratevil se dirigia. Ele ergueu o tecido com rapidez para revelar um casal de adolescentes com os olhos arregalados e ainda agarrados.
– 10 pontos serão retirados da Grifinória e da Corvinal e ambos terão detenção comigo nos dois próximos sábados. Ensinarei a vocês como passar o dia fazendo algo de produtivo na companhia um do outro. Agora vão para seus dormitórios e não me façam encontrá-los de novo.
Os adolescentes saíram andando o mais rápido que puderam, sem encarar o professor ou os primeiro anistas que o acompanhavam. O trio se entreolhou como se uma luz tivesse iluminado um quarto escuro e voltaram a caminhar, com sérias suspeitas do que os aguardava. Quanto ao casal, sem dúvida, estaria praguejando contra o professor assim que estivessem fora do alcance auditivo dele.
Balinês era a senha atual para a dar acesso aos aposentos da diretora. O sr Pratevil bateu quatro vezes educadamente à porta e ouviu a autorização interna para que entrasse. Não era uma sala incomum para os três, que já a visitaram anteriormente. Também não era um lugar de boas recordações. Elizabeth hesitou na hora de entrar e foi conduzida pelo Prof Pratevil pelo ombro até uma das três cadeiras que se encontravam diante da mesa da diretora. Encarou os próprios sapatos e pretendia ficar assim até a hora de ir embora.
– Obrigada, Prof Pratevil. O senhor me faria a gentileza de aguardar até que eu tenha terminado este assunto? Garanto que não levarei mais do que alguns minutos.
– Certamente, diretora – disse e fechou a porta ao sair dos aposentos, aguardando do lado de fora.
– Boa noite – disse e analisou o trio que se comportava de forma nervosa – Então, o que acharam do dia de hoje?
– Bom – Khai falou.
– Bom? – tornou a perguntar a diretora.
– Er... Ótimo. Eu quis dizer que foi ótimo, diretora.
– Certo. E o senhor?
– Foi uma surpresa a presença de meu pai.
– Imagino que sim. A senhorita esteve em todas as salas. O que achou das conversas mais pessoais?
– Excelente, diretora. Foi melhor até do que a palestra porque pudemos conversar com eles e trocar ideias.
– Hum, muito bem. E o que vocês aprenderam hoje?
O trio trocou olhares nervosos. Já não sabiam mais onde a diretora queria chegar. Seria simplesmente isso? Ficaram em silêncio, com medo de errar, embora soubessem que resposta deveria ser dada. Após alguns instantes, a garota tomou a palavra.
– Aprendemos muitas coisas, mas acho que o principal foi sobre as nossas Casas. Não importa se somos da Sonserina, Grifinória, Corvinal ou Lufa-Lufa, afinal é apenas uma coincidência a gente ser escolhido. Aprendemos que o Mundo da Magia é muito mais do que Hogwarts e que não devemos nos deixar levar pelo que dizem, porque nada disso define quem somos. É uma questão de escolha e de esforço.
Os colegas olhavam boquiabertos para a amiga, enquanto Minerva McGonagall se recostava em sua cadeira, com um sorriso no rosto e uma expressão satisfeita. Se uma primeiro anista, por mais inteligente e de boa comunicação, chegava a esta conclusão, poderia dar seu trabalho por concluído.
– Excelente, srta Dumbledore. Bela escolha de palavras - alguns quadros murmuravam em concordância. – Agora, vamos ao que realmente os trouxe aqui – dito isso, sentiu as crianças se remexerem nos bancos. – O caso do jogo de quadribol e o bolinho enfeitiçado, é claro. Certamente, não acreditaram que poderiam enganar alguém com tamanha experiência em desculpas de alunos. Já ouvi muito absurdo quando fui diretora da Grifinória, podem crer. Agora, o que farei com vocês? – disse, encarando os três – Devo castigá-los? Expulsá-los?
– Não, por favor – disse a garota.
– Em primeiro lugar, quero a verdade. Expliquem-se.
Logo, os três estavam contando tudo, nos mínimos detalhes, com os créditos das ideias e os motivos de cada um para levarem o plano adiante. Falaram também de como mentiram para a diretora e o que tinham de suportar agora, que era um castigo, na verdade, principalmente para a garota. Após o relato, seguiu-se um silêncio pesado na sala da diretora. Minerva suspirava e rabiscava em sua mesa alguma coisa. Enfim, parou e encarou o trio.
– O que vou fazer com vocês?
– Por favor, diretora, não nos expulse – pediu Elizabeth.
– Eu... não tenho outra escola para ir, diretora – disse Khai.
– Eu não quero estudar em Durmstrang – afirmou Deymon.
– Nós aceitamos a punição, diretora. Qualquer coisa – falou Khai e os amigos concordaram.
– Alguma sugestão da forma como devem ser punidos?
– Um ano de detenção? – sugeriu Malfoy.
– E perda de muitos pontos para a Sonserina – compleou Khai, triste.
– Pedir desculpas aos grifinórios e sermos proibidos de jogar quadribol – disse a garota e os meninos olharam em choque para ela.
– Bem, vejo que vocês compreenderam a gravidade de seus feitos. Farei o seguinte: não tirarei pontos da Sonserina, não lhes darei detenção de um ano e nem evitarei que possam jogar no time de sua Casa. Basta que me façam um grande favor.
As crianças se remexeram nos assentos. Aquilo não lhes parecia simples.
– Que favor seria este, diretora? – perguntou Malfoy.
– Sejam um grupo modelo.
– Como assim? – questionaram.
– Sejam um grupo modelo para o que apresentei hoje. Como sabem, a Sonserina é uma Casa muito rotulada e vocês, por iniciativa própria, decidiram quebrar esta imagem ao acolherem um corvinal em seu convívio diário. Peço apenas que extendam isso.
– Como? – perguntou Khai.
– Ela quer que a gente faça a mesma coisa com lufos e grifinórios – concluiu Deymon.
Khai olhou para os colegas e para a diretora.
– Mas...
– Vamos ser postos para fora da Casa – alertou Deymon.
– Não serão. Ninguém pode fazer isso – constatou a diretora.
– Mas eles vão deixar de falar com a gente – disse Khai.
– Vão apenas considerar algo diferente, como foi no início, quando aceitaram o Sr Richards.
– Com todo o respeito, diretora, uma coisa é um corvinal ou até mesmo um lufo. Outra completamente diferente é um grifinório – afirmou Deymon.
– A senhorita concorda? – a diretora direcionou seu olhar para a menina, que encarava o chão. – Acha impossível conviver com um grifinório?
Khai suspirou e Deymon se segurou muito para não rolar os olhos diante da diretora.
– Não – respondeu a sonserina.
– Bom, como disse, é apenas um favor. Posso voltar a analisar a situação de vocês.
– Espere. Pode nos dar licença um instante, diretora?
– Certamente.
Elizabeth guiou os outros dois até o fundo da sala, ficando de costas para o retrato dos ex-diretores e sussurrando o mais baixo que podia. Tanto que os meninos precisaram se aproximar ainda mais.
– Podemos fazer isso.
– Claro que não, Carter. É um ultraje!
– Malfoy, a outra escolha não é favorável para ninguém – disse a garota.
– Não vou suportar um grifinório entre a gente.
– Mas Malfoy, não estamos falando do Potter. Pode ser o meu irmão. Posso controlar ele, fazer acordos e impor limites.
– Bom, tem o irmão dela, Malfoy. Ele não me parece tão ruim assim.
Deymon olhou incrédulo para o outro e rolou os olhos, balançando a cabeça negativamente.
– Escuta – disse a garota agarrando o braço do relutante – Ou fazemos isso ou vamos ser expulsos. É isso que você quer? Nós dois sabemos o que irá acontecer com você, Malfoy, mas o que irá acontecer com a gente?
– Você é uma Dumbledore. Vai ter espaço em qualquer lugar.
Ela largou Deymon e cruzou os braços.
– Agora eu sou uma Dumbledore?
– Desculpe...
– E quanto a mim, Malfoy? Vou ser criado pelo meu avô? Do jeito dele?
Ambos encaravam o garoto, aguardando uma definição. Na cabeça de Deymon, seria moleza para Lizzie, e Khai suportaria o irmão dela porque tava na cara que ele gostava dela. Sentia-se pressionado, mas não era uma decisão fácil para ele. O que seu pai diria? Não queria decepcioná-lo logo agora que estava começando a achar que seu avô tinha uma ideia equivocada sobre ele. Conviver com um grifinório poderia significar a morte social de seu pai, mais uma vez. Como poderia viver com isso? Mas não era justo que seus amigos pagassem sozinhos por uma ideia que tinha sido dele, afinal. Deymon iria para Durmstrang para não ter de conviver com um grifinório, sem dúvida, mas não queria ficar longe dos amigos. Ele nunca teve ninguém como Khai e Elizabeth, até mesmo o chato do Tiago era uma boa companhia. Seu pai ia ter que entender e se não o fizesse, ele ainda tinha sua mãe para defendê-lo. Suspirou fundo, fechou os olhos e cruzou os braços.
– Está bem. Mas você vai conversar direito com o seu irmão.
– Combinado – dito isso, os três voltaram para os assentos. – Diretora, se aceitarmos fazer esse grande favor para a senhora, poderia nos fazer um pequeno favor?
Os meninos encaravam a colega com supresa e a diretora chegou a erguer uma de suas sobrancelhas e cruzar as mãos.
– Prossiga.
– Esquecer tudo. Quero dizer, não revelar aos grifinórios.
– Mas isso significaria deixar eles acreditarem que a senhorita, de fato, estava apaixonada pelo Sr Potter.
– Não me importo, o mal já está feito. Prefiro isso a ter duas histórias com meu nome rolando pela escola. Eu consigo suportar – disse para os amigos, que a encaravam.
– A senhora pode fazer isso, diretora?
– Creio que sim, Sr Malfoy. Mas não pelo fato de escolherem fazer um grande favor para mim e esta escola, e sim pela sincera amizade que presencio nesta sala. Fico feliz por chegarmos a esta conclusão. Sr Macbeer, pode chamar o Prof Pratevil?
O garoto assim o fez e, em poucos instantes, estavam caminhando pelos corredores. O trio estava silencioso, pois não havia muito que se conversar. Tinham apenas de seguir adiante.
– Então não foram expulsos e nem sofreram detenção – comentou o professor.
– Como o senhor... – Khai começou a falar, mas foi interrompido.
– A diretora comentou que achava o grupo de vocês muito interessante para propor uma experiência. Não julguei que daria certo. Pela expressão dela e de vocês, acredito que os convenceu. A questão é: como?
– Pelo bem da escola, é claro – disse a garota.
– Ah, sim, é claro!
– Achamos que a diretora está fazendo a coisa certa – completou Khai.
– Evidente – respondeu o bruxo, carregado de ironia.
Um silêncio constrangedor e repleto de denúncia seguiu-se ao comentário do professor. Ele deixou as crianças no corredor e se retirou em seguida, sem dizer nada. Cada um seguiu para suas camas, também em silêncio. Tinham muito que refletir a partir de suas escolhas feitas à noite.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!