Oito
Cap. 8
Quando eu contei para o Nick o que havia acontecido ele ficou do meu lado, mas entendeu o lado do James também, embora eu não entendesse muito bem.
Não havia motivos para tanto estardalhaço, mas eu sabia que as coisas iriam se resolver. Eu falaria com ele amanhã na escola. Agora o que eu mais queria era um banho quente para me esquecer dessa briga sem fundamento.
Depois do banho deitei na cama e simplesmente apaguei.
Acordei com um mau pressentimento. Odeio quando isso acontece. Levantei e me arrumei, tomei meu café rapidamente fui para a escola sem esperar por Nick. Eu queria falar com Jay e resolver isso o quanto antes.
Acho que saí de casa um pouco cedo demais, não havia muitas pessoas no colégio ainda. Mas eu me sentei em baixo da árvore bem na entrada, assim poderia ver Jay quando ele chegasse.
Estava quase na hora do sinal bater e a escola já estava cheia e não havia nenhum um sinal do James. Será que ele ficou tão magoado assim?
Aí eu avistei Vick, me levantei e corri em sua direção. Notei sua cara triste e preocupada.
- O que aconteceu? – perguntei.
- James. – ela sussurrou.
- O que tem ele? – perguntei receosa.
- Ele... ele...
- Ele?
- Ele sofreu um acidente, Lílian.
Meu mau pressentimento. Meu chão desapareceu. James havia sofrido um acidente e era tudo culpa minha. Toda a minha visão desapareceu.
Acordei em um quarto nada conhecido, embora fosse confortável. Uma cama alta e um travesseiro absurdamente fofo. Olhei ao lado e Remus estava lá sentado na poltrona do outro lado do quarto.
- O que aconteceu? – perguntei a ele.
- Ah, você acordou. – ele começou. – bem, simplesmente você desmaiou.
- Ah, James. – eu me lembrei e não segurei as lágrimas. – Foi tudo culpa minha.
Remus levantou-se e veio até mim.
- Não foi culpa sua, Lílian.
- Como ele está?
- Ainda desacordado. Os médicos não confirmaram como um coma, portanto ele está bem diante das circunstâncias.
- Eu quero vê-lo. – disse já me levantando da cama.
- Espera a enfermeira te ver primeiro. – ele apertou o botãozinho ao lado da minha cama e em cinco minutos a enfermeira entrou.
- Oh, vejo que acordou. Como se sente?
- Bem. Só quero levantar daqui e ver o James.
- Deixe-me examiná-la e depois creio que estará liberada.
Remus me levava até o quarto onde James estava. Não tinha como eu segurar as lágrimas, então deixei que elas corressem pelo meu rosto.
Entrei no quarto e Vick estava lá com o pai. Ela saiu de perto de James e veio me abraçar.
- Ele ficará bem. – ela tentou me tranqüilizar.
- É tudo minha culpa.
- Chega de repetir isso. Você repetiu isso o tempo todo enquanto estava desmaiada.
- Como ele está? – perguntei secando algumas lágrimas.
- Está bem, o médico examinou-o e a única coisa que podemos fazer é rezar e esperar até que ele abra os olhos.
James só acordou uma semana depois, e eu estava sentada na cadeira ao lado de sua cama. Eu segurava forte a mão dele, como quem quisesse impedir que ele fosse para longe de mim.
- Lílian? – ele chamou suavemente.
Eu ergui meu rosto e olhei para o dele. Olhei fundo nos olhos dele e desatei a chorar. Sua mão acariciou gentilmente a minha.
- Não precisa chorar.
- É tudo culpa minha. James, por favor, me perdoa. Eu não queria... eu nunca quis te machucar. – eu chorei ainda mais.
- Shh. Não fica assim, está tudo bem agora.
Eu me levantei da cadeira e coloquei minha cabeça sobre seu ombro. Ele pegou minha mão e levou aos lábios.
- Como você consegue ser tão doce comigo? Eu quase te matei James.
- Lílian, você me deixa louco. – ele disse e virou seu rosto procurando por meus lábios. Satisfiz esse desejo, era o meu desejo também. – Quanto tempo falta para o concurso?
- Três semanas.
- Está ensaiando bastante?
- Sim.
- Espero que eu possa sair dessa cama para poder te ver.
- Espero a mesma coisa. Acho que é justo avisarmos aos outros que você acordou. – eu fui até a porta e a abri.
Vick e o pai estavam sentados no banco em frente à porta. Vick me olhou e eu dei um sorriso para ela.
- Ele acordou? – gritou ela, assustando o pai ao lado que lia o jornal.
Respondi com um aceno e eles correram para dentro do quarto.
- Meu filho! – o Sr. Potter correu e abraçou o filho. Eu consegui ver lágrimas saindo dos olhos dele. – Que bom que acordou! Rezei tanto para que você acordasse.
- É bom te ver de novo, pai. – Acho que vi uma lágrima nos olhos do James.
O pai se distanciou para que Vick pudesse abraçar James também.
- MANINHO! Você ‘tá vivo.
- Achou que iria se livrar de mim, é? Não tão fácil, querida. - *-* O que eu faço com um James desse? Pego pra mim, é lógico!
O pai de James saiu dizendo que iria chamar o médico. Era tão bom ver James com os olhos abertos irritando e brincando com Vick. Sorrindo para mim e querendo todo hora segurar minha mão.
Eu nunca senti tanto medo de perder alguém como quando eu soube do acidente. Acho que foi porque isso nunca aconteceu comigo e também porque eu nunca tinha ‘quase’ matado alguém, principalmente alguém que eu amo.
O doutor entrou no quarto e nós saímos. Vick e eu fomos até a cantina do hospital. Ficamos sentadas nas mesinhas apenas conversando e esperando para voltar ao quarto. A felicidade se instalou por completo no meu corpo. James estava, enfim, acordado!
Vimos o pai de James e o doutor andando e conversando seriamente. A cara do Sr. Potter não era das melhores. O que será que havia acontecido?
O médico despediu-se do Sr. Potter e ele veio até nós, puxando uma cadeira e sentando-se perto de nós.
- Pai, o que houve? – Vick perguntou. Ele não respondeu de imediato e ficamos apenas olhando-o esperando pela resposta.
- Meninas... – ele começou. – Não sei como contar isso pra vocês. – ele disse mais para si mesmo do que para nós.
- Pai, você está me assustando! – Vick já estava desesperada.
- Não é fácil contar uma coisa dessas. Bem, o doutor Phill disse que há chances de... de James... de que ele fique... – lágrimas começaram a sair dos olhos dele. – James pode ficar paralítico.
Uma bomba ainda maior havia explodido em minhas mãos. Eu acabei com a vida dele. MEU DEUS, o que eu havia feito?
Lágrimas rolavam pelo meu rosto e não paravam. Nunca pensei que houvesse tantas lágrimas dentro de mim.
Não podia ser verdade. James era perfeito, era saudável, ele não poderia ficar paralítico. Comecei a rezar. Pelo amor de Deus não faça isso com James. Por favor! Eu estava tão absorta que não percebi que minha reza estava em voz alta e em gritos.
Vick se levantou e me abraçou. Choramos juntas. Então o Sr. Potter também levantou e nós três choramos juntos.
O Sr. Potter pediu ao médico que contasse a James, pois ele não tinha coragem, nem emocional o suficiente para isso.
No mesmo dia que recebemos a notícia a mãe de James veio para a cidade. Vick havia avisado ela. Apesar de os filhos e ela não se verem com freqüência, estava claro que se amavam. Em meio todo aquele sofrimento familiar senti-me um monstro. Eu havia causado tudo aquilo.
Eu tomei toda a minha coragem e joguei-a no lixo. Eu não tinha forças para encarar James nunca mais na minha vida. Eu fui covarde, eu sei, mas não tinha outra opção. Eu fugi daquele hospital e prometi a mim mesma que nunca mais interferiria na vida de James. Estando longe dele, eu não iria estragar a vida dele mais do que eu já havia estragado.
O meu sofrimento semanal foi acompanhado por Nick e por Vick, que não deixou que eu me distanciasse dela, mas não me forçou a ver James. Ela sabia também que isso não seria nada bom. Embora ela me falasse todos os dias que James não colocava a culpa em mim, mas eu sabia que a culpa era totalmente minha.
Nick e Vick também não me deixaram abandonar a dança. O concurso estava ali. E eu não queria mais participar. Mas os dois me impediram. Me importunaram até que eu aceitasse participar.
As horas do ensaio eram as únicas horas em que eu não pensava na culpa. Mas era só a música acabar e ela estava ali me encarando e jogando na minha cara que eu havia acabado com a vida dele.
Não era somente a culpa que tomava conta de mim, o medo também tinha uma parcela do meu ser. Eu só não sabia a que esse medo se referia.
O concurso havia chegado. Ao contrário de mim mesma, todos achavam que eu iria vencer. Que iria ser a melhor. Bem, poderia até ser. Quando eu estava em cima do palco, quando a música tocava, eu esquecia o resto do mundo e simplesmente dançava, seguindo... meu instinto natural?
Todos os meus amigos estavam lá. Nick, Vick, Sirius, Remus, minha host family, o pai de James e até a mãe dele com o novo marido.
Antes de eu subir ao palco eu vi a mãe de James se aproximando de mim.
- Oi. – ela me cumprimentou.
- Olá. – respondi timidamente.
- Hey menina, alegre-se. Como quer dançar com essa cara? Não jogue a culpa em cima de si, Lílian. Você não tem culpa de nada. – ela me abraçou.
- Eu acabei com a vida dele. – eu senti que começaria a chorar.
- Não chore, menina. James está bem, está vivo.
- Mas por minha culpa, ele não poderá fazer o que mais gosta. Jogar futebol, correr...
- Engano seu. Ele pode fazer tudo isso, meu bem. – então ela saiu. E eu ouvi meu nome sendo anunciado.
Como eu pensava, quando a música começou, tudo o que havia na minha cabeça se dissipou. E tudo o que eu imaginava enquanto dançava, era que James estava ali comigo. Ele sorria, mandava aquelas piscadinhas que eu amava e ria.
Eu sabia que era uma miragem, mas pelo menos ele estava lá.
Mesmo que fosse uma imagem da minha cabeça, eu me sentia um pouco menos culpada por vê-lo ali de pé e sorrindo pra mim.
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N/A: ooooooi, tudo bem pessoas? maais um capítulo! ;D
ele ficou beeeem depressivo, né? mas tudo bem, prometo um pouco de alegria no próximo. Ok? haushaus. bom é isso, espero que gosteem !
beeeijos ;*
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