Dejàvu
Título: Contra a Parede
Autor: Mari Gallagher
Contato: marigallagher(arroba)Hotmail(ponto)com ou mmaaryy(arroba)Hotmail(ponto)com
Shipper: Harry e Hermione
Spoilers: Livros 1 a 5
Gênero: Romance/Aventura
Status: Em andamento
Sinopse: Eles estão frente a frente após quatro anos, mas desta vez há algo diferente, há uma forte paixão mal resolvida. O que poderá acontecer quando esses dois tiverem que se encontrar em todos os lugares todo o tempo e ainda resolver um misterioso roubo? Harry Potter e Hermione Granger são postos Contra a Parede por seus sentimentos...
N/A – A cada dia gosto menos dessa fic. =D
Capítulo XI – Dejàvu
Friederich, o gerente, girou nos calcanhares deixando o buffet e seus problemas recém descobertos para trás. Enquanto caminhava de uma extremidade do balcão do bar para outra enxugava a testa úmida com o fino lenço de cambraia. Haviam lhe advertido quando saíra de Berlim o quanto o Restaurante San Michelle era exigente e bem conceituado, mas nunca imaginara que haveria de passar por situações como aquela. Gerenciar um restaurante era uma das coisas mais desagradáveis que a que o serviço secreto havia lhe exposto. Ainda por cima ter que conviver diariamente com trouxas. Pior! Tinha que se passar por um deles. Aquilo era no mínimo humilhante. Ossos do ofício... Tsc tsc.
- Giuliano. Atenção especial com o reservado número doze, por favor. Está sob sua responsabilidade.
- Sim, Senhor. – e caminhou até a saída do balcão. De súbito estancou voltando a se dirigir ao gerente. – Senhor. Quem é aquela moça?
Friederich respirou fundo.
- Estagiária.
- Estagiária?
- Sim. – ele disse ríspido.
- Mas nós nunca tivemos uma...
- Giuliano, por favor. A moça só ficará aqui hoje. Motivos de força maior. Não quero mais saber de perguntas. Fui claro?
- Oh, sim.
- Se algum outro empregado questionar está autorizado a repetir minhas palavras. E assegure-se de que este café chegará INTACTO até o reservado número 12. Entendido?
Giuliano assentiu e em seguida tratou de se dirigir ao reservado número doze, onde um distinto homem de cabelos pretos aguardava o café. No exato momento que o servia, uma exuberante mulher de curvas insinuantes chegou a seu lado, tomando lugar na frente do homem, que lhe sorriu carinhosamente. Giuliano se retirou após depositar os cafés nas xícaras dos dois.
- Demorei? – foi a mulher que falou em tom ligeiramente ansioso para o outro.
- Não, nem um pouco. – ele sorriu.
- Não consigo acreditar que estou tomando café em Turim com Harry Potter. E mais... Que isso seja unicamente obra do acaso!
- Helena... – ele tomou um gole de café. – Estas coisas acontecem, não?
A mulher respirou fundo. – Não consigo mais evitar fazer esta pergunta, me desculpe. O quê faz na Itália?
- Não precisa se desculpar! Por quê evitaria fazer esta pergunta? E por que eu evitaria respondê-la?
- Seu trabalho, talvez. – argumentou helena. – Se não puder me responder, eu entenderei, acredite.
Harry permaneceu em silêncio por alguns segundos. Mirou a movimentação das funcionárias no reservado adiante e então se dirigiu a Helena: - Eu posso sim. Não estou a trabalho. Estou no país apenas apreciando... Pode parecer fantástico, mas Remo resolveu parar e aplicar os direitos trabalhistas. Estou de férias!
- Mas que notícia fantástica! – disse em tom animado. – Não sabe como tira um peso das minhas costas de saber que não vai desaparatar a qualquer momento e sair à caça de um bruxo das trevas qualquer.
- Não se preocupe! Estou livre. E muito satisfeito de tê-la encontrado aqui.
- Está livre? Isto me lembra de uma outra coisa. – ela fez uma breve pausa antes de prosseguir. – Onde está Hermione?
Harry demorou dois segundos para responder. – Não veio comigo. Estou sozinho.
- Você? Viajando sozinho? Como ela admitiu que você viajasse sozinho?!
- Bem... Na verdade... Você não sabe, mas, eu e Hermione rompemos.
Helena passou alguns segundos sem sequer piscar os olhos. Estava muito perplexa.
- Rom-pe-ram...?
- Sim.
- Eu não acredito nisso... Quando?
- Já tem tempo. – foi a resposta dele.
- Nossa. Estou pasma, Harry. Depois do nosso último encontro eu pensei que fosse capaz de separar vocês dois.
- Você se enganou. Eu também achava o mesmo, mas nossa relação já andava conturbada há muito tempo. Nos separamos, passei um período fora do país e não voltei a vê-la mais.
- Incrível que isto tenha acontecido. Espero que você esteja bem.
- Fique sossegada. Nunca estive melhor. E você... Pelo que pude perceber, está casada.
Helena sorriu sem graça.
- Ah, você reparou. – ela tocou a própria aliança.
- Ele é bom para você? – Helena pareceu desconcertada com a pergunta. – Está feliz?
- Felicidade é algo complicado. Mas se você quer saber, você me trouxe muita só com sua companhia agora. – foi a resposta que ouviu. Se bem conhecia Helena poderia garantir que ela estava se desviando do propósito da indagação. – Aliás. Isto me lembra algo. Onde está hospedado? - Harry disse a ela o nome do hotel. – Não quero parecer muito atrevida, mas, tenho um convite a lhe fazer.
Harry sorriu charmosamente. – Então o faça.
- Em nome da nossa velha amizade quero que venha se hospedar no meu hotel. Lá poderemos conversar mais tranqüilamente, passar melhor o tempo, ficar mais à vontade... – falou cada palavra vagarosamente, se inclinando na direção dele e com voz baixa: - Há coisas maravilhosas em Turim de que você nem têm idéia.
Harry sorriu: - Parece tentador.
- Esse era o intuito. Então o que me diz?
- Aceito o seu convite, Helena. – falou sem hesitar. – Seu marido não se importará?
Foi a vez dela rir: - Um carro irá buscá-lo amanhã cedo no seu hotel, então quando chegar ao resort, para um almoço que mandarei preparar especialmente para recepcioná-lo, você mesmo pode perguntar isso a ele.
Harry concordou com um aceno de cabeça e ergueu um brinde. Enquanto isso, Friedrich tomava sua segunda xícara de chá calmante na sala da gerência. Recolocava o vinil de Mozart na vitrola quando de súbito a porta da sala se abriu. Ele quase saltou de susto, aliviou-se quando viu quem era:
- O que houve Miss Granger, algum problema? Algum dos funcionários lhe incomodou?
- Não, Friedrich, está tudo sob controle, e eu já disse que pode me chamar de Hermione, por Merlin, nos conhecemos há anos!
- Desculpe, é a força do hábito. Está precisando de alguma coisa?
-Ah, não, não. Eu só vim agradecer. A poção chegou até eles, foi um sucesso. Obrigada!
- Não têm de quê... Sabe que esta é minha função. Estamos sempre aqui para o que o ministério precisar. Pelos meus cálculos eu dois minutos você já pode usar o feitiço e terá a escuta e a transcrição de tudo que for dito por aqueles dois. Espero que dê tudo certo na sua missão.
Hermione abriu devagar um sorriso vitorioso.
- Ah, agora sim, vai dar tudo certo.
X
Paying debt to karma
You party for a living
What you take won't kill you
But careful what you're giving
Can you feel a little love?
Depeche Mode – Dream On
Como o combinado no fim da manhã Harry chegava ao resort. Helena o aguardava na entrada e providenciou que fosse instalado numa suíte próxima a sua própria.
- Passarei alguns dias hospedada aqui também. Preciso ficar próxima da administração. Indrid quer que eu entenda tudo a respeito disso, quando ele precisar se ausentar eu tomarei conta de tudo. – explicou quando lhe mostrava as instalações.
Fora apresentado ao marido de Helena ainda no hall, pouco após ter chegado. O almoço aconteceu minutos depois que teve seu primeiro contato com Indrid Masaccio. Estavam em uma sala de jantar que ficava conjugada entre as suítes de Helena e Indrid.
- Gosta de massas, Mr. Potter?
- De boas massas, sim. Parabéns, Mr. Masaccio, tem um ótimo chef aqui.
- O melhor. – ergueu a taça de vinho branco num cumprimento. Harry retribuiu o gesto. Pessoalmente Indrid parecia quase tão jovem quanto ele próprio. Um semblante rígido e gestos despóticos lhe concediam uma aparência austera e misteriosa que as mulheres poderiam vulgarmente como charme. Sim, Harry sabia. Aquele era o tipo de homem capaz de conseguir a mulher que desejasse.
- Não ouvimos falar a respeito das suas façanhas heróicas há muitos anos, Mr. Potter. – observou Masaccio com ligeiro escárnio. – No que tem trabalhado?
- Estou no ramo da construção naval.
- Deve ser fascinante!
- Você não sabe o quanto.
- Harry também atuou por anos ao lado do Ministério da Magia em Londres, sabia? – o comentário alegre veio de Helena.
- É mesmo? – falou Indrid com desalento na direção de Harry.
- Sim, mas me comprometi demais nas minhas empresas.
- Eu vejo que sim. Então... Pretende ficar aqui conosco?
- Sim. Harry fica. – Helena respondeu e pôs a mão sobre a de Harry carinhosamente. – Já conversamos antes e ele ficará aqui comigo. Tem alguma coisa contra?
- Absolutamente. – ergueu os ombros. – Por que eu teria? Sabe que quero vê-la feliz.
- Estou felicíssima com a presença de Harry. – ainda tinha a mão sobre a dele.
- Eu percebo. E acho ótimo. – sorriu abertamente. Harry identificou aquele sorriso como honesto. – Espero que aprecie sua estada em nosso país e em nosso resort, Mr Potter. Helena é uma anfitriã esplêndida. Ao menos comigo sempre foi.
- Não se preocupe. Dispensarei toda a atenção que puder com ele. Temos muito a relembrar e reviver.
Indrid tomou mais um gole de vinho. – Entendo perfeitamente. Mr. Potter, de antemão considere-se meu convidado de honra de todos os eventos que daremos nos próximos dias. Não é sempre que se tem um hóspede tão ilustre, praticamente uma celebridade. È uma honra recebê-lo. – levantou-se com elegância. – Tenho que voltar ao trabalho. Com licença.
E silenciosamente deixou o lugar.
- Quer que eu peça mais vinho? – Helena indagou em tom corriqueiro.
- Não, obrigado.
Permaneceram em silêncio até o café onde uma banal conversação se iniciou. De súbito Helena o carregou à galeria de arte do resort. Observavam as telas quando ele a sentiu distante, então, perguntou:
- O que está acontecendo, Helena? Eu não entendo. Tenho a impressão que está fazendo de tudo para deixar a entender a seu marido que nós somos mais íntimos do que deveríamos.
Uma expressão soturna, porém de muita beleza acometeu a fala de Helena. Harry atentou a ela em cada mínimo detalhe.
- Me desculpe, Harry. Tentei conter, mas você percebeu. – passou as palmas das mãos pelo tecido de cetim. – Meu casamento acabou, Harry. Eu e Indrid estamos separados. Há meses.
- O que? Mas eu pensei que...
- Sim, eu sei. Oficialmente ainda somos casados, mas, na prática, não é mais assim. O país inteiro sabe disso. Indrid não é muito cuidadoso em esconder as mulheres que tem. – falou com certo desalento. Harry não conseguia esconder uma dose de surpresa, escutou-a com atenção. – Não pense que usei a sua presença aqui para atingi-lo . Não, eu não usaria você assim. Nem mesmo contra ele. Minhas demonstrações de carinho por você são espontâneas, não tenho medo de expô-las, não me considero mais casada. Se acompanho Indrid a meia dúzia de eventos sociais é apenas porque tenho comprometimentos profissionais com ele, e continuarei tendo, mesmo após o divorcio, que assinaremos amanhã.
- Eu... Sinto muito, Helena.
- Não por isso. – ela retrucou rapidamente. – Eu estou bem, Harry. Bem como não tenho estado há anos. – e pousou a mão sobre o ombro dele. – Encontrar você, foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido agora.
A voz baixa e consternada de Helena tocou-o no íntimo de uma maneira peculiar.
- Eu também apreciei ver você. – disse com honestidade.
- Não mais do que eu. – e ergueu a sobrancelha aproximando-se dele. – Você não tem mesmo idéia do quanto tê-lo aqui é importante para mim.
Um sorriso quase imperceptível de desenhou nos lábios de Helena antes que, de modo indefensável ela o beijasse num ímpeto fulminante. Harry hesitou por dois segundos, mas, desprovido de forças e movido por um impulso de volúpia involuntária a envolveu entre seus braços retribuindo o beijo. Ao separarem-se ela o olhou com satisfação:
- Vai haver um baile de máscaras no sábado. Acha que pode me acompanhar?
Ele nem mesmo titubeou.
- Mas é claro que sim.
X
No centro de Turim, parada diante da janela do segundo andar de um discreto café que aparentava traços de apreensão. Segurava uma xícara de chocolate quente enquanto mexia nervosamente nos próprios cabelos ruivos que lhe caíam pelo taileour também rubro. Ela se desviou da movimentação da rua e se voltou para observar uma outra, na mesa de mogno do gabinete no qual se encontrava. Lá, também jazia uma xícara fumegante e algumas torradas.
- Você não vai comer?
- Eu estou comendo. – retrucou a voz feminina que trabalhava sentada com os antebraços sobre a mesa envolta em papéis e livros.
- Então, você quer me dizer que foi exatamente aqui onde eu estou que Draco foi atingido?
Hermione levantou a vista das anotações que fazia para mirar Ginny. Franziu a testa oscilando entre diversão e curiosidade.
- Desde quando você o chama de Draco?
- Acho que desde quando vocÊ chama o “Potter” de Harry. – retorquiu num tom quase angelical. – A propósito, como ele está aí com a... Helena?
O olhar de Hermione pairou num pergaminho ao lado onde uma pena encantada transcrevia frases de um diálogo. Ali estava a transcrição do diálogo que Harry e Helena Masaccio tinham a milhas dali, para ser mais específica.
- Acho que está bem. Eles estão tomando um chá no hotel há algum tempo e juro que me admira a quantidade de bobagens que falam. Temos um enorme desperdício de pergaminho aqui. Não entendo o que de tão fascinante Harry sempre viu nesses espécimes femininas insípidas e sem conteúdo!
- Não está se incluindo nesse grupo, não é mesmo? Ou melhor, não está me incluindo, está?
- Absolutamente! Você jogava quadribol. O que poderia ser mais profundo para um adolescente de 16 anos?
- Ah, Hermione, você é tão ferina! – começou quase com indignação. – Acha que Harry só ficou completamente apaixonado por mim porque compartilhávamos de um banal interesse em comum que só perdurava até que ele conseguisse achar um pomo de ouro? Acha que essa era a amplitude do nosso sentimento do passado? – discursou. Hermione tomou devagar um gole de chocolate com uma expressão de assentimento. – Espera que eu diga que você está certa? – deu de ombros. – Tudo bem, você está mesmo. – andou de um lado para o outro do gabinete. Hermione enervou-se. – Acho que preciso de um cigarro.
- O quê?? - indagou parecendo perplexa. – Ginny, você não fuma.
- Sim, eu sei disso. – respondeu com impaciência. – Eu não, mas aquela outra por quem me passo sim. Acho que ninguém acreditou que eu, quer dizer, que ela, parou.
- O que há com você? Por que está tão nervosa? Anda acontecendo alguma coisa que eu não saiba? – questionou Hermione.
- Nada. – Ginny respondeu baixo. – É verdade, estou mesmo nervosa. Essa situação, esse caso está me deixando assim.
- Isso? Ah, Ginny, não seja exagerada! Já passamos por piores do que essa. Lembra de Atenas?? Ou pior ainda, Praga? Isto daqui é uma mesa de pôquer na frente do que passamos lá!
- Sim, mas é que desta vez é diferente. – hesitou por alguns instantes. – Eu temo o que pode acontecer devido a esta exposição de Draco. Estou preocupada. Muito.
Hermione se pôs de pé.
- Ginny...
- Ele foi atacado, Hermione. Exatamente aqui. Na nossa base! Esse pequeno acontecimento não remete a você que algo está muito errado? – Hermione considerou a hipótese. – Eu não sei, mas, acho que devemos rever com urgência o rumo que esta investigação está tomando e, se for o caso... Contatar o quartel e notificar das alterações que foram feitas, que estamos sem identidade, vulneráveis e fora do plano inicialmente traçado.
- Não acha que podemos concluir o caso? Ginny... Lupin confiou esta missão a nós por julgar que somos capazes de...
- Hermione, por favor. Estamos numa situação em que não só nossas vidas estão sendo arriscadas, mas a própria conclusão da missão. Se já temos a pista porque não podemos repassar para uma equipe que não esteja pessoalmente comprometida com...
- “Pessoalmente comprometida”? – Hermione indagou, confusa.
- Entendeu o que eu quis dizer.
- Não. Honestamente, não entendi. Se importa de ser mais clara?
Ginny observou com atenção o pergaminho encantado.
- Ali diz que eles estão saindo do Hotel?
- Não mude de assunto, Ginny. Fale, agora. – cruzou os braços e ergueu o queixo num semblante imperativo.
- Ah, Hermione... Você conhece Harry tão bem quanto eu. Ele sempre quer salvar a todos. – Hermione encolheu os olhos. – E esta Helena e ele são amigos, não é mesmo? Ela está envolvida diretamente no caso e mesmo que seja inocente, não estamos aqui para salvá-la das garras do rico marido criminoso! Já passou pela sua cabeça que a mania que Harry tem de proteger a todos que gosta pode colocar tudo a perder? Ou pior... Já imaginou o que pode haver se eles dois... – hesitou, Hermione escutava apreensiva. -... se eles dois acabarem se envolvendo mais profundamente...?
- N-não... Não vai ser assim...
- Já aconteceu antes, segundo você mesma. Nada impede que aconteça denovo!
Hermione respirou fundo: - Ele não faria isso. – disse quase a si mesma. – Harry não faria isso. Não agora. – e sem querer seus olhos pousaram na conversa transcrita sobre a mesa. Seus olhos cresceram.
- O que foi...? – Ginny indagou. Hermione fez um gesto pedindo silêncio a ela. Levantou a varinha e a apontou para a pena encantada.
- Escute. – falou para Ginny.
De imediato o cômodo foi invadido pela voz radiante de Helena.
“... você não tem mesmo idéia do quanto tê-lo aqui é importante para mim...”
Ginny e Hermione aguardaram, ansiosas, a seqüência daquele diálogo, mas ela não veio. Bastaram apenas três segundos de silêncio para que as duas entendessem com perfeição o que se passava para que Harry e Helena estivessem calados. Ginny, atônita, mirou Hermione que tinhas as faces avermelhadas e o punho fechado.
- Eles estão... E-eles por acaso estão...
A xícara de chocolate explodiu por entre os pergaminhos.
“... vai haver um baile de máscaras no sábado... acha que pode me acompanhar?”
“Mas é claro que sim”.
- Este filho da mãe me paga...
X
- O que houve? Não gostou da comida? Parece insatisfeita.
Ginny tomou um largo gole de vinho e expirou pesadamente.
- Você não está vendo? – fez menção para uma mesa adianta onde Harry jantava a sós com Helena.
- Potter é incrível. – Draco e disse quase ao pé de seu ouvido. Estavam sentados muito próximos. Ginny procurava evitar olhar para os lábios dele, mas parecia impossível. – O que dirá o marido dela quando chegar?
- Não dirá coisa alguma. Eles estão separados.
- Estão?! Como vocÊ sabe??
- Eu soube hoje quando estive com Hermione. Escutamos uma conversa deles dois. – Draco riu com gosto.
- Ela o está espionando?! – Ginny assentiu. – Mas que maravilha! Ele sabe?
- Não.
- Grande Hermione! – Ginny ainda estava séria. Sacudiu lentamente a cabeça ainda com os olhos sobre a outra mesa.
- Eu não gosto dela. – comentou.
- E nem deveria. Acha que ela pode estar envolvida?
- Duvido muito. Não tem nada que me faça pensar que ela esteja envolvida.
- Por que não gosta dela então?
Viu o casal levantar da mesa.
- É pessoal.
Os dois caminharam juntos até a saída do restaurante do resort. Harry despediu-se de Helena após se certificar que não havia nenhuma manifestação anormal no jantar. Caminhou rápido pelo corredor que conduzia até sua suíte já desabotoando a camisa na região dos pulsos e afrouxando a gravata. Entrou no quarto num suspiro. O bater a porta, no entanto, se sobressaltou. Parada ao lado de sua cama, de pé, braços cruzados estava uma outra pessoa. Ele engoliu seco, oscilando entre susto e irritação.
- Hermione?! O que está fazendo aqui??
- Esperava encontrar uma outra pessoa?
Ele adentrou de vez no aposento.
- Não esperava encontrar você. Está maluca de vir até aqui? Aconteceu alguma coisa? – perguntou rapidamente.
- Por que você não me diz? Aconteceu alguma coisa, Harry?
- Foi para isso que veio até aqui? Para me interrogar? Hermione, que atitude impertinente! Sabe tão bem quanto eu que o combinado era repassar tudo no fim do dia na base segundo o protocolo que...
- Harry. – interrompeu de modo calmo. - Acha que não conheço o protocolo que eu mesma criei?
- Não foi o que eu quis dizer.
- Esqueça meu protocolo e me diga agora o que aconteceu. – pediu rigidamente.
- Hermione... – ele parecia exasperado ou mesmo nervoso. Ela atentou para aquele detalhe no tom de voz que se prolongou enquanto continuou a falar: - Sei que está preocupada com o caso, acredite, eu também estou, mesmo assim, não aconteceu nada extraordinário o bastante para que você se arrisque vindo até aqui.
- Minha presença o incomoda?
- Este não é o ponto.
- É claro. Você está apenas zelando pela minha segurança e integridade física. – disse com deboche.
- É exatamente isso. – sorriu-lhe.
- Sabe, Harry. Todo esse seu cinismo me choca. – ele franziu a testa. – Por acaso pensa que eu sou alguma idiota estúpida?
- O quê?!
- É o que parece que você pensa, mas, acontece que EU-NÃO-SOU e não vim de Londres até aqui arriscando a minha própria integridade física e reputação profissional para assistir de camarote a você se divertir com Helena. – ergueu o indicador junto com a voz para um Harry um tanto quanto surpreso: - Eu coloquei escutas em você, Harry Potter!
- Como é que é???
- Surpresa, querido. Estou de olho, ou melhor, de ouvidos em você. Agora tenho uma pergunta crucial, preste bastante atenção porque só irei fazê-la UMA-ÚNICA-VEZ: Acha que eu sei reconhecer o som de um beijo?
Harry parecia estupefato. – Hermione, eu acho que devemos conversar sobre isso e...
- PAM! RESPOSTA ERRADA! – berrou em plenos pulmões. O que o apavorou. – Mas sim, QUERIDO, eu sei reconhecer esse som MUITO BEM! Especialmente se tratando de VOCÊ. – abriu os braços. – O que há, Harry? Será que não se cansa de me fazer de idiota? Não...Já sei... Resolveu aproveitar a oportunidade para relembrar os bons tempos com sua amiga tãaao íntima, não é mesmo? Afinal, ninguém precisava ficar sabendo! Seria o segredinho sujo de vocês dois? Quando pretendia contar a mim o que aconteceu? Mais tarde, na nossa reunião prevista no protocolo?!
- Hermione, CHEGA! Se você ouviu tudo, sorrateira e clandestinamente como acabou de dizer, sabem bem que eu não tive escolha!
- Você não teve! Ah, Harry...Faz-me rir! Eu simplesmente não consigo acreditar que esteja pondo tudo a perder por causa de Helena!
- Acha que eu fiz aquilo deliberadamente? Acha que EU QUERIA?!
- Eu ouvi o que aconteceu! Ponha-se no meu lugar,o que pensaria? – ele caminhou na direção dela. – Não se aproxime!
- Não me trate assim, Hermione.
- E como você deseja ser tratado? Como acha que estou me sentindo desde que sei que você esteve com aquela mulher?!
- Tudo bem, tudo bem. Você tem razão. Eu poderia tê-la evitado, mas, não o fiz. E não fiz porque PRECISAMOS DELA. Precisamos. Eu tenho que estar o mais próximo possível para que possamos acabar o quanto antes com o caso e ir embora. – o sangue de Hermione fervia cada vez mais com as pseudojustificativas dele. – Por Merlin, Hermione, você sabia que isso poderia ser necessário!
- SIM, EU SABIA! Mas, mesmo assim, uma pequena parte otimista de mim, para não dizer UTÓPICA, ainda torcia para que você RESISTISSE. Como estava enganada! – sacudiu lentamente a cabeça com voz desgostosa. – Pela segunda vez me enganei terrivelmente a seu respeito. E novamente com HELENA! É demais para mim.
- “Novamente”?? Espere um segundo, do que está falando? O que quer dizer este “novamente”?
Ela riu sem alegria: - Já pode parar de ser cínico, Harry. Eu estou ESGOTADA de lutar contra essa sua hipocrisia, a única coisa que me interessa no momento é mantê-lo afastado daquela mulher. Acha que pode colaborar para isso? Sim ou Não?
- Me manter afastado? E como espera que eu faça isso nas circunstancias em que estamos, minha querida? - O modo rude que Harry pronunciou as duas ultimas palavras fez Hermione estremecer. – Foi você mesma que sugeriu que fizéssemos assim, ou será que já esqueceu?
- Mas eu não sugeri que a beijasse daquela forma!
- Mas que droga! O que pensa?! Que me aproximo e a atraio de propósito?!
- Penso que você sempre teve um ego vaidoso e que se sente confortavelmente regozijado se tem alguma mulher a sua volta para o venerar. – ela retrucou em tom desafiador.
- É o que realmente pensa de mim? – indagou tomado por uma certa perplexidade.
- Sim. – fez uma breve pausa. – Prove-me que estou errada.
- Mas você ESTÁ. E não é porque você não consegue CRESCER que eu tenha que provar uma coisa tão óbvia. Estou apenas fazendo meu trabalho! Se por acaso tiver alguma idéia melhor então...
- Quero contatar o quartel-general, comunicar que quebramos o protocolo 112 e nossas identidades foram expostas, retirar a equipe de campo, entregar as pistas que conseguimos para que um outro grupo do serviço secreto assuma daqui a diante, detenha os suspeitos ou aguarde que eles façam contato e peçam o que querem em troca dos documentos. – explicou com uma calma metódica. – Este e o procedimento que eu e Ginny achamos que deve ser tomado.
Harry gargalhou. – Oh, este é seu GRANDE plano?! DESISTIR?? Estou demasiado admirado que a GRANDE Hermione Granger resolva simplesmente jogar a toalha! – ficou sério de súbito. – Eu não concordo com este procedimento e duvido muito que Malfoy o faça! Não vê que não podemos fazer isso, Hermione?! Lupin confiou-nos esta missão, ele espera que tenhamos êxito, não podemos decepcioná-lo.
No fundo Hermione compartilhava daquela mesma opinião. Mas tinha certeza que Harry era movido por um incentivo bem distinto daquele que alegava. Apenas aborreceu-se mais.
- Se não deseja decepcioná-lo então dê à missão o rumo mais sensato. – tentou soar o mais tranqüila possível. – Mas, não... É claro que você não pode fazer isso. Não vai embora jamais e deixar Helena aqui correndo perigo ao lado do terrível marido das trevas. Ah, não, tinha esquecido, eles não são mais casados! O certo seria “ao lado do terrível EX-marido das trevas”. Oh, Harry, esse seu altruísmo me comoveria se não fosse tão PATÉTICO!
- O que você está dizendo?! – voltou a sorrir debochado. – Não é NADA DISSO! Está fora de si!
- Por Merlin... Ela está seduzindo você! – falou ligeiramente chocada.
- Não. – negou secamente. – Como pode achar que eu deixaria acontecer?
- E por que não deixaria? – esperou que Harry respondesse, mas ele parecia procurar palavras. – Está decidido a MANTER a missão?- ele assentiu. – Então me garanta que não a tocará mais. Diga-me que não vai mais fazer nada sequer PARECIDO com o que vi esta tarde.
Ele não respondeu de imediato, pareceu tomar fôlego, então disse, irredutível:
- Não posso. Eu farei o que for necessário. Assim como você mesma me pediu antes.
- Você é um enorme IDIOTA! – Hermione explodiu. – E é mais idiota ainda se acha QUE EU VOU ACEITAR ESSA SITUAÇÃO ASSIM!
Ela não pôde crer, mas, Harry ainda conseguiu rir gostosamente.
- Você às vezes é tão insensível, Hermione. Isto me magoaria em outros tempos, mas não agora.
- Está duvidando de mim?! Acha que não sou capaz?
- Completamente. Sei que está com ciúmes, apenas isso, mas que não vai fazer nada possa “comprometer nossos objetivos”. – soou sarcástico. Hermione respirou fundo então assumiu uma postura aparentemente dócil.
- Você tem toda razão, meu querido. Eu jamais comprometeria a missão. Pelo contrário... Me sacrificarei tanto quando você por nossos objetivos.
- Fico feliz. – e ela se impressionou como o quão frio ele estava. – Vai haver um baile, eu irei com Helena, mas, se você anda ouvindo minhas conversas já deve saber disso não é mesmo? O plano continua como o combinado. Controle seu nervosismo e ciúme que ele dará certo. Você entendeu?
Hermione sentiu estar diante do insuportável Harry de tempos atrás. Soltou um riso sarcástico, até dizer-lhe seriamente:
- Você é um desequilibrado bipolar, seu filho da mãe.
- Devo interpretar isso como um “Sim, meu amor, entendi, também amo você”?
- Deve interpretar isso como um “vá se ferrar, imbecil”.
E num estalar de dedos, desaparatou de lá.
X
Era a terceira vez em quinze minutos que ele retirava o relógio do bolso do smoking e checava as horas. Respirou fundo e tomou mais um gole de chá. Estavam meia hora após do tempo previsto num silêncio funeral. A sua frente do outro lado da sala, sentada na poltrona, estava Ginny. Balançava devagar uma perna que estava cruzada sobre a outra enquanto folheava um livro com aparente desinteresse. Sem querer cruzou o olhar com o dela por apenas um instante antes que sua visão fosse obstruída pelo outro ocupante do cômodo que andava impaciente pelo lugar de uma maneira que já o estava exasperando.
-Então... A tal Helena e o Masaccio estão divorciados? – perguntou, já cansado de esperar alguma manifestação de alguém. O outro homem cessou os passos e o mirou:
- Falaremos quando Hermione chegar, Malfoy. – retrucou nada satisfeito.
- Ah, que ótimo, será que enquanto esperamos você pode parar quieto por um minuto? Já está me enervando!
Harry apenas o olhou pelo canto do olho antes de se voltar para Ginny e perguntar:
- Onde ela está?
A mulher fechou devagar o livro e o pôs na estante.
- Eu não sei.
- E será que alguém nesse prédio, nessa BASE sabe onde Hermione está?!
- Bem, eu duvido muito que ela tenha dito a alguém a onde estava indo. – Ginny respondeu com desalento o que fez o maxilar de Harry se contrair em desagrado.
- Mas ela sabe da reunião.
- Ah, sim, com certeza sabe.
- E por que não está aqui?!
Ginny observou as próprias unhas, cobertas por esmalte preto.
- Ela falou algo como estar seguindo uma pista...
Harry levou as mãos aos bolsos, franziu a testa:
- Uma pista? E que pista é essa?
- Isso... Eu não sei.
- VOCÊ NÃO SABE?!? QUE PORRA, GINNY! Como você pode SIMPLESMENTE NÃO SABER?! – chutou a perna de uma cadeira próxima com selvageria.
- Simplesmente não-sabendo!
- Você está mentindo! Está mentindo pra protegê-la – acusou.
- Não, eu não estou.
- Como Hermione decide seguir uma pista SOZINHA e você não sabe de NADA?! – aproximou-se ameaçadoramente dela. Draco já estava de pé. – Quero que descubra onde ela está e que pista está seguindo IEMDIATAMENTE! Faça alguma coisa, localize sua amiga AGORA!
- Hey. Não fale assim com ela. – Draco interveio. – Se você é um basbaque incompetente que não consegue sequer saber o paradeiro da própria mulher não venha descarregar suas frustrações em Ginny. Ela não tem obrigação nenhuma de seguir os passos de Hermione, portanto, é melhor se acalmar, Potter.
Ginny ergueu as sobrancelhas, foi tomada por uma quase incontrolável vontade de sorrir, em parte pela inesperada interferência de Draco, mas também pela expressão de surpresa e choque de Harry, que, desconcertado se afastou.
- Já passou pela sua cabeça que pode ter acontecido alguma coisa a ela, Malfoy?
- Ah, Potter, Por favor! É de Hermione Granger que estamos falando. Ela sempre sabe o que está fazendo. Se algo de errado tivesse acontecido já estaríamos sabendo. Você poderia tentar confiar nela de vez em quando, o que acha?
Harry pestanejou visivelmente desagradado.
- Eu confio em Hermione.
- Então não perca a compostura.
Harry gargalhou. – Quem pensa que é para me dar conselhos éticos e comportamentais?
- No momento, uma pessoa consideravelmente mais equilibrada do que você.
- Será que sabe que horas são?! – não esperou que Draco respondesse. – Temos um baile para ir, nós três, mas ao invés disso estamos desperdiçando tempo aqui! Não percebeu este detalhe?
- Mas é claro que percebi, não temos mesmo muito tempo, sendo assim por que não se senta para que possamos começar a reunião?
- A reunião começará quando a equipe estiver devidamente reunida. Agora, se me dão licença, tenho um compromisso para o qual já estou atrasado.
Dito isso saiu batendo a porta atrás de si.
- O que foi com ele? Será que acordou e disse ao espelho: “Olá, hoje vamos bancar o imbecil”?
- Engraçado. Achei que você pensasse que ele já bancava o imbecil em tempo integral todos os dias. – Draco sorriu discretamente. – Talvez ele apenas tenha percebido que está perdendo Hermione. – E pela primeira vez ele admitiu-se observar o belo vestido branco que Ginny vestia. – Denovo.
- Mas num ponto ele tem razão. Estamos atrasados também. Você está pronta?
Ginny respondeu enquanto vestia o casaco: - Sim. Onde estão nossas máscaras?
- Já estão comigo. Podemos ir?
- Claro. – Draco aguardou que Ginny saísse para que pudesse acompanhá-la, mas ela ainda o olhava meio hesitante, até que caminhou até a porta e a abriu. Virou-se para ele que vinha em seu encalço, para acrescentar: - E, antes que me esqueça... – pigarreou a garganta. Draco a escutou com atenção. – Obrigada, por... Por ter detido Harry.
- Não foi nada. – ele respondeu com polidez.
Ginny ergueu o ombro direito.
- Foi gentil. Eu fico grata.
Ele conseguiu sorrir, parou indeciso por dois segundos então, enfim, ofereceu o braço para ela que, de modo radiante, aceitou o convite.
X
I will surprise you sometime.
I'll come around
Oh, I will surprise you sometime.
I'll come around when you're down...
Interpol – Untitled
Oficialmente aquela era a primeira grande festa do resort. Quando entrou ao lado de Helena foi coberto por olhares, flashes e exclamações. Todas manifestações “anônimas”. Na verdade, naquela noite, ele mesmo era também um anônimo. Sem dúvida a maior parte dos burburinhos devia questionar quem era o homem por detrás da máscara prateada. O homem que acompanhava a ex Sra. Masaccio. Podia sentir uma atmosfera de choque no lugar. Nem todos os presentes lhe eram anônimos, no entanto. Reconheceu facilmente por detrás das máscaras os bruxos presentes. Draco e Gina estavam estrategicamente colocados entre os suspeitos. Tentou localizar Indrid. Sem sucesso.
“Gosta de entradas triunfais”, pensou, “Definitivamente não está em uma mesa qualquer tomando champagne”.
- Quer beber alguma coisa, querida? – perguntou para Helena.
- Não se preocupe. Eles nos servirão.
Minutos depois, como Helena previra o champagne chegou até eles.
- Pode trazer uma taça de vinho? – Harry pediu e foi prontamente atendido. Uma pequena orquestra tocava música ambiente e a área da pista de dança, onde um outra banda aguardava a postos para começar, ainda estava vazia embora tivesse a impressão que todos os convidados já estivessem presentes. Analisou o lugar com o olhar.
- È uma mania peculiar dele. – helena disse parecendo ler a mente de Harry. – A dança só começa após sua chegada. Aliás, pelas horas posso dizer que ele está perigosa e elegantemente atrasado. Deve estar trazendo alguma surpresinha consigo.
- Você o conhece tão bem assim? Quer dizer, não foram casados por tempo demais, afinal.
- O que seria “tempo demais” para você?
Harry deu de ombros.
- A vida inteira.
- Acha que passar a vida inteira com uma só pessoa é passar tempo demais?
- Acho que passar com ele seria tempo demais.
Helena pareceu satisfeita com a resposta, então lhe sorriu:
- Você tem razão. Não fomos casados por tanto tempo assim, mas demos e fomos a festas o suficiente para que eu conheça alguns de seus hábitos sociais.
- Entendo.
- Detesto pressioná-lo, mas, adoraria que me tirasse para dançar assim que possível.
- Detesto ser pressionado, mas, adoraria tirá-la para dançar o quanto antes. – ela tomou um gole de champagne.
- Acho que estamos nos compreendendo bem, meu querido.
- E não foi sempre assim?
- Se bem me recordo, sim. É melhor preparar-se para a dança, pois, pelo que posso ver meu marido está chegando. – acenou com a cabeça para a entrada do salão.
- Ex-marido. – Harry corrigiu. Virou-se para o local apontado por ela e pôde notar a grande movimentação e flashes oriundos do lado de fora. E sob os holofotes, num smoking intocável, atrás de sua máscara, vinha Indrid Masaccio. O seu porte era majestoso, cada movimento denotava uma elegância absurda que não agradava a Harry nem um pouco, os olhos sombrios e os lábios rígidos era tudo que se podia discernir da face daquele homem.
Ele emergiu por entre as luzes e, mais uma vez, para o choque de todos, assim como Helena, também vinha acompanhado. E isto, Harry tinha que ressaltar: estava muito bem acompanhado por uma linda mulher. Pela posição que se encontrava, um pouco abaixo deles, começou a observá-la minuciosamente a partir dos pés. Ela vestia um exuberante vestido preto com pedras brilhantes em todo o tecido, uma lasca suntuosa lhe deixava a perna à mostra o suficiente para que se pudesse admirar uma sensual meia calça sete oitavos. Aquela visão, por si só, já podia situar a mulher ao lado de Indrid no topo entre as mais atraentes que havia visto. O safado tinha um bom gosto, precisou tomar um gole de vinho enquanto subiu os olhos das pernas para a cintura, bem definida, e o colo, que pelo modelo tomara-que-caia do vestido estava à mostra. Reteve os olhos ali por mais tempo: ombros, pescoço, queixo... Apesar da máscara os traços do rosto eram facilmente absorvidos por um exímio observador.
- Engraçado. – ouviu a voz de Helena, embora que pelo seu êxtase quase colérico ela parecesse vir de uma outra dimensão. – A mulher que está com ele me parece familiar. Tenho a impressão de que a conheço.
O sangue de Harry parecia latejar em seu pescoço e se dirigir até a cabeça onde em algum lugar dali, explodiria. Aquele sorriso, o queixo levemente erguido num gesto de superioridade e a pinta no lado direito do colo, abaixo do ombro, eram inconfundíveis. O sentimento que teve ao falar foi de desgosto, e também de um pouco de fúria. Afinal, mais uma vez assistia àquele homem, Indrid Masaccio, descer às escadarias de uma festa ao lado de uma mulher muito conhecida.
- Mas você a conhece...
…É Hermione.
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TO BE CONTINUED.
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