Capitulo I



A
PROCURA DE UM AMOR

(Ela)

“Você
está procurando sua alma gêmea, aquela pessoa que te
acompanhara para o resto da sua vida até que um de vocês
morra?”

-
Não gostei desse.

-
Porque, Ginny?

-
Já começa agourando a relação! Parece
mais uma predição da velha Sibila!

-
Pra você comprar a ela, realmente a coisa não está
lá muito boa.

-
Eu acho que a melhor forma de encontrarmos alguém não
está no jornal, Mione, a coisa é sair, é que sei
lá...Você já pensou como isso vai soar no futuro?
– Hermione deixou de ler o jornal e olhou para Ginny, um ponto de
interrogação na sua testa. – Sabe, eu não
quero chegar pros meus netos e dizer que eu conheci o avô deles
em um lugar chamado “cantinho dos encalhados” ou algo do tipo,
queria que fosse um pouco mais mágico e...

-
Onde tem isso? – Perguntou Hermione passando o dedo indicador pelo
jornal, procurando pelo lugar intitulado por Ginny.

-
Acontece que não existe esse lugar, deve haver parecidos, mas
esse “cantinho” não existe! – Disse Ginny pegando o
jornal e o atirando para longe de Hermione que deixou um “ah” em
desanimo escapar. – Eu que inventei... – confessou entediada.
Hermione sorriu.

-
Sabe, você se sairia bem no ramo...

-
Acho que a parte que eu não tenho desde a escola um
relacionamento bom não ajuda. – Comentou. – Mas como eu ia
dizendo... – Hermione desviou o olhar da amiga e passou a olhar
tristemente para fora da janela, acompanhando os primeiros flocos de
neve caírem no jardim bem cuidado da casa. – A história
perfeita seria algo mais feliz do que recorrer a uma agencia de
encontros cheio de mulheres e homens acabados porque seu último
relacionamento não foi lá essas coisas e agora se acham
incapazes de ter algo mais a sério por vergonha ou...

-
Decepções amorosas – acrescentou Hermione penosamente
agora olhando para a amiga com os olhos cheios de água.

“Eu
não devia ter dito aquilo, não devia mesmo!”, pensou
Ginny abraçando Hermione com força.

-
Me desculpe, Hermione. Eu sou péssima com essas coisas e ...
diz que me perdoa? – pediu Ginny quase chorando também,
situações como aquela em que uma de suas amigas se
encontrava triste sempre a deixava emocionada, principalmente, quando
ela cometia a burrada de falar a coisa errada na hora errada.

-
Eu te perdôo, Ginny, não há motivos para se
desculpar. – Disse Hermione secando as lágrimas e fugindo do
abraço da amiga, dando um sorriso amarelo e recobrando a
postura. Ginny fez o mesmo.

-
Então eu posso te encontrar amanhã em frente ao
shopping, ok? Há uma matine perto de lá, podemos ir lá
e quem sabe não voltamos para casa com o futuro pai dos nossos
filhos? Somos jovens e bonitas! Não morreremos sozinhas –
disse tentando se convencer das próprias palavras, esperando
que Hermione não tivesse percebido que não estava tão
convicta assim. – Vai ser melhor assim, pra mim, pra você,
pra nós. – Disse dando um beijinho na testa de Hermione e
deixando a amiga sozinha em seu quarto.

Se
foi melhor assim?

Bem,
eu nunca soube porque depois daquela noite eu nunca mais vi Ginny
Weasley, sabe, algo no que ela me falou sobre “mulheres e homens
acabados que não tiveram lá muitos bons
relacionamentos” tinha me tocado de alguma forma. Será que
era essa a visão que ela tinha de mim?

Eu
não queria ser mais uma mulher a pertencer a esse grupo e na
verdade, eu não sabia exatamente o porque de também não
o fazer, afinal, não era eu que me encontrava na mesma
situação?

Eu
sei que disse para Ginny que a perdoava, e de fato eu o fiz assim que
o disse, mas eu não esqueci, era difícil esquecer uma
coisa daquelas.

Sei
que de uma forma é algo consideravelmente pequeno e não
tinha lá muita importância comparado a outros grandes
problemas e agora eu posso ver isso, mas eu mereço um
desconto. Eu tinha 18 anos, estava em depressão, havia um
outro mundo completamente diferente do que eu estava habituada me
esperando fora do meu quarto, estava enfrentando a minha primeira
decepção amorosa e parecia que todos aqueles ao meu
redor não conseguiam ver o que eu realmente era, o que eu sou,
nem ao menos minha melhor amiga.

Todos
estavam sempre presos a imagem de garota estudiosa e responsável
que era capaz de fazer tudo para atingir seus objetivos sem perceber
que eu era insegura, mas até do que eles e que eu tinha medo
do que me esperava, do que esperavam de mim, que eu tinha sonhos como
qualquer garota da minha idade e que eu não era tão
intocável, insensível como eles pensavam.

E
quer saber de uma coisa? Acho que vai ser sempre assim, pelo menos
até quando eu achar alguém que me entenda.

Espero
que Ginny tenha encontrado o cara perfeito e que todos lá
estejam melhor do que eu.

Eles
não me deixaram de lado, pelo contrario, deram muito apoio
nessa fase de transição e era exatamente o que eu não
queria. Eu sabia que tinha chegado a minha hora de enfrentar tudo por
minha conta.

As
cartas continuaram a chegar por um ano, depois eles se cansaram, eu
me cansaria principalmente se não tivesse nem ao menos minhas
cartas abertas e pra ser sincera, eu tenho certeza que eles
entenderam. Eu precisava planejar a minha vida sem eles, de se
preocupar comigo mesma, de fazer minhas próprias escolhas...

Hermione
parou de falar, ouvindo passos na escada que se estenderam para o
corredor e então para a porta do seu quarto.

-
Docinho, se banho já está pronto e seu lanche na mesa.
Eu vou sair e já já volto, vou buscar seu pai no
médico.

-
Ok, mãe. – Gritou, virando-se novamente para o pedaço
de pergaminho.

Talvez
eu não seja lá muito dependente, mas – ela parou com
a ponta da pena no pergaminho – ok, deixe isso pra lá.
Afinal, isso aqui é só um diário mesmo e só
eu vou ler! De qualquer forma, se isso algum dia cair nas suas mãos,
bem, bom proveito ou seria meus pêsames? Porque acabou de pegar
o diário mais chato de toda a sua vida, mas se quiser
continuar e ver a minha história de um ponto de vista
totalmente diferente, boa sorte, é a história mais
chata que dá vontade de chorar – pelo menos pra mim que faço
parte dela – e de certa forma até engraçada – se é
isso o que você acha da tragédia dos outros.

A
propósito, (acho que todo diário tem isso – esse é
o meu primeiro em todos esses anos), meu nome é Hermione Jane
Granger, 25 anos, vivendo com os pais, um gato e 16 ursinhos de
pelúcia, solteira (como se isso não estivesse na cara)
e bem, eu estou a procura de um amor.


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