Tudo menos Padre (06/05/2008)
Capítulo 16 - Tudo menos Padre.
Sirius Black tratava-me com cuidados de uma mãe e atenções de servo. A primeira coisa que consegui logo que comecei a andar na rua, foi a confiança em poder andar sozinho. Ele cuidava dos meus trabalhos de casa, dos meus livros, dos meus sapatos, da minha higiene... Aos oito anos os meus plurais não eram muito bons, ele os corrigia, meio sério para dar autoridade à lição, meio risonho para obter o perdão. Mais tarde, quando o Padre Alastor me ensinava latim, doutrina e história sagrada, ele assistia às lições, e no fim, perguntava ao padre:
"Não é verdade que o nosso jovem amigo caminha depressa?"
Chamava-me "um prodígio", dizia a minha mãe já ter conhecido meninos muito inteligentes, mas que eu superava a todos esses e que eu era um garoto de morais.
Apesar de achar que tudo não passava de “puxa-saquisse”, ainda gostava dos elogios. Querendo ou não, eram elogios.
Mas vamos ao que nos interessa.
Entramos no Passeio Público. Algumas caras conhecidas passavam de lá para cá enquanto o silêncio reinava. Para me dar ânimo, resolvi começar a falar:
--Há muito tempo que não venho aqui, talvez um ano.
--Perdoe-me –disse ele -Não faz nem três meses que esteve aqui com o nosso vizinho Arthur não se lembra?
--É verdade, mas foi tão de passagem. . .
--Ele pediu a sua mãe que o deixasse trazer consigo, e ela, que é boa como a mãe de Deus, consentiu. Mas me escute, já que falamos nisto, não é bonito que você ande com os Weasleys na rua.
--Mas eu sempre andei...
--Quando era mais jovem, ainda criança, era natural... Mas você está ficando moço e vão acabar se aproveitando de você. E sei que por fim, D. Lílian acabará concordando comigo. Os Weasleys não são de má índole mas... Gina, com aqueles cabelos que o Diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São de uma mulher misteriosa e dissimulada. Pois apesar disso, até poderia passar, se não fossem seus modos. D.Molly é um anjo de pessoa, e Arthur não nego que seja honesto, tem um bom emprego, possui a casa em que mora, mas honestidade e estima não bastam, e as outras qualidades perdem muito de valor com as más companhias em que ele anda. Arthur tem uma tendência para a ralé.
--Não digo isto por ódio, não sou disso, mesmo sabendo ele fale mal de mim e se ria, como riu há dias, dos meus sapatos usados...
--Perdão! -interrompi suspendendo bruscamente o passo - Nunca ouvi que falasse mal do senhor; pelo contrário, um dia, não há muito tempo, ele disse a um sujeito em minha presença, que o senhor era "um homem de capacidade e sabia falar como um alto funcionário do ministério". Não acho justo que lha fale assim de sua família!
Sirius Black sorriu deliciosamente, mas parecia estar em um conflito interno, fez um esforço grande e fechou outra vez o rosto. Depois replicou:
--Não há nada demais nisso. Já ouvi de outros. Nada disso impede que ele seja o que lhe digo.
Estávamos andando outra vez, o sangue corria rápido pelo meu rosto e as coisas que queria dizer estavam entaladas em minha garganta, mas não podia por tudo a perder.
--Vejo que o senhor não quer mais nada além de meu bem - disse eu depois de alguns instantes.
--Pois o que mais eu haveria de querer Harry?
--Neste caso, peço-lhe um favor.
--Um favor? Mande, diga o que é.
--Mamãe...
Durante algum tempo não pude dizer o resto, que tinha de cor em minha cabeça. Ele tornou a perguntar o que era, levantava-me o queixo e espetava os olhos em mim, ansioso também, como a Prima Dora na véspera.
--Mamãe quê? Que é que tem D.Lílian?
--Mamãe quer que eu seja padre, mas eu não posso ser padre - disse finalmente.
Sirius Black olhou me pasmo.
--Não posso, não tenho jeito nem vocação para padre. Faço tudo o que ela quiser, mamãe sabe que eu faço tudo o que ela manda. Estou pronto a ser o que for do seu agrado, até cocheiro. Mas padre não, por deus, não posso ser padre. A carreira é bonita, mas não é para mim.
Todo esse discurso não me saiu assim, de vez, firme e forte, como pode parecer do texto, mas aos pedaços, mastigado, como um grito desesperado.
Sirius Black escutou a tudo espantado. Não contava certamente com a resistência, mas o que ainda mais o assombrou foi esta conclusão:
--Conto com o senhor para salvar-me.
Os olhos do agregado se arregalaram, as sobrancelhas arquearam-se. Toda a cara dele era pouca para a estupefação. Realmente, este discurso mostrou a mim mesmo uma conclusão: eu próprio não me conhecia.
Mas a palavra final é que trouxe um vigor único. Black ficou aturdido.
Quando os olhos voltaram ao normal...
--Mas que posso eu fazer? Perguntou.
--Pode muito. O senhor sabe que, em nossa casa, todos gostam demais do senhor!Mamãe pede muita vez os seus conselhos, não é? Tio Remo diz que o senhor é pessoa de talento...
--São bondades- retorquiu lisonjeado- São favores de pessoas dignas, que merecem tudo... Aí está!
Nunca ninguém me há de ouvir dizer nada dessas pessoas, por quê? Porque são ilustres e virtuosas!Sua mãe é uma santa, seu tio é um cavalheiro perfeitíssimo. Tenho conhecido famílias distintas, mas nenhuma poderá vencer a sua em nobreza de sentimentos. O talento que seu tio acha em mim, confesso que o tenho, mas é só um: o talento de saber o que é bom e digno de admiração e de afeto.
--Há de ser também o de proteger os amigos, como eu.
--O que poderia fazer Harry? Não conseguirei fazer sua mãe desistir de um projeto que é, além de promessa, a ambição e o sonho de longos anos. Além de que já é tarde. Ainda ontem me disse: "Sirius Black, preciso meter Harry no seminário".
O medo não é de todo ruim. Se eu fosse destemido é provável que, com a indignação que experimentei, lhe diria tudo o que estava pensando naquele minuto!Mentiroso!!Mas então seria preciso confessar lhe que estivera escutando atrás da porta, o que é igualmente ruim. Contentei-me de responder que não era tarde.
--Não é tarde, ainda é tempo, se o senhor quiser.
-- Se eu quiser? Mas que outra coisa quero eu, senão sua felicidade.
--Pois ainda é tempo. Olhe, não é por vadiação. Estou pronto: para tudo! Se ela quiser vou estudar as leis, vou para Londres...
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N/A: Me perdoem!! Tem sido tempos realmente dificieis aqui no meu emprego, e está dificil um temponho para digitar...Mas aqui está!
E fiquem tranquilos que não haveram mais greves!Como já disse, escrevo para quem lê e não é justo deixá-los sem a fic!
até o fim do dia teremos mais capítulos!(eu espero!)
MUITO BEIJOS! AMO VOCÊS!!
Anna!
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