Parte 1



Snape não me Pertence. Nem Mulder. E nem Scully... Dito o óbvio, só preciso acrescentar que não quero e nem vou lucrar com o que escrever.

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OBS.: Para quem um dia foi (e/ou sempre será) eXcer, como essa humilde pessoa que vos escreve, é bom lembrar que a história se passa em maio de 98. Logo, no finzinho da quinta temporada – pouco antes do fechamento dos Arquivos X e dos eventos do filme Fight The Future

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ARQUIVO X: JOHN DOE

Gabrielle Briant

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CONDADO DE HAMPSHIRE, ÁREA RURAL DE WISCONSIN

TERÇA-FEIRA, 01:58 A.M.

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Sarah não gostava de viver numa cidade pequena.

O pai de Sarah, Coronel Blake, era praticamente o dono de todo o Condado de Hampshire, possuindo a maior fazenda de milho da região e empregando quase todos os moradores daquela cidadezinha... e talvez fosse por isso que ele não gostava muito da idéia da sua filha estar namorando com um dos seus empregados.

Mas, apesar das constantes ameaças do Cel. Blake, o casal sabia que o namoro estaria seguro enquanto eles pudessem dispor do extenso milharal para os seus encontros. E naquela fria noite de maio aconteceu exatamente como em todas as noites: Sarah pulou a janela do seu quarto com cuidado para não alertar os cachorros, percorreu o quintal da sua fazenda até encontrar, perto do celeiro, o jovem alto e bonito que a esperava.

O garoto de cabelos acobreados sorriu, silenciosamente tomando-a num beijo e segurou a sua mão. Não era preciso nenhuma palavra. Sarah sabia exatamente o que William queria.

Logo os dois corriam para o milharal, na esperança de desfrutar de mais uma noite juntos... Mas um barulho estranho que veio de dentro do celeiro os alertou. Foi um estampido agudo... quase como um tiro.

A garota de cabelos loiros imediatamente parou.

- Bill, espere! Você ouviu...?

- Vamos logo! – Ele disse, alerta, puxando a garota pela mão em direção ao milharal. – Pode ser seu pai ou um dos capatazes!

Mas Sarah não pareceu ouvi-lo; lentamente, desvencilhou-se de William e encaminhou-se para o celeiro. Ela abriu a porta, arrepiando-se com o ranger sinistro. O lugar era frio e escuro... A única e precária fonte de luz vinha da lua, que conseguia apenas iluminar pobremente uma figura inerte que se recostava sobre um bloco de palha.

Sarah sentiu o seu coração disparar, como se hipnotizada pela figura. Os passos lentos foram seguidos pelo namorado, que, apreensivo, desembainhava o punhal que sempre carregava consigo.

A moça ajoelhou-se ao lado da figura. Era um homem de cabelos negros e nariz anormalmente grande. Ele vestia roupas estranhas e da sua garganta jorrava o mais puro sangue. Sarah olhou apreensiva para William e sussurrou, quase como se temesse acordar o homem.

- Você acha que ele está morto?

- Eu acho que sim... – O garoto também se ajoelhou ao lado do corpo. – Você o conhece?

Ela negou com a cabeça. Mordeu o lábio.

- Você acha que devemos chamar alguém? Ligar pro 911?

- Não! E se ele estiver mesmo morto? É melhor não nos envolvermos, Sarah. Vamos embora, antes que alguém saiba que estivemos aqui e ache fizemos isso.

Sarah imediatamente concordou, levantando-se e começando a encaminhar-se para fora do celeiro. Apenas percebeu que William continuava ajoelhado quando ouviu a voz dele a chamar:

- Sarah! – Ela se virou. – Espere... Meu Deus...

A moça se aproximou um pouco para ver o que estava segurando William naquele cenário asqueroso... E viu que o namorado tocava com horror uma terrível cicatriz que o homem trazia em seu braço esquerdo – como se fosse uma caveira com uma cobra saindo de sua boca.

- Sarah, vá embora! Corra! Ele é um deles!

Ela piscou duas vezes, imóvel. Um deles? Deles quem?

Paralisada, ela viu o namorado, visivelmente apreensivo, tentar puxar para si uma espécie de vara de madeira que o homem segurava em sua mão direita. E o homem abriu de vez os seus grandes olhos negros, puxou de volta o objeto e, segurando-o firmemente, disse:

- Avada Kedavra!

Uma forte luz esverdeada preencheu o local e Sarah ainda pôde ver o homem cair novamente em seu sono profundo antes de prestar atenção em William... que apresentava olhos vítreos e uma expressão de puro horror em seu rosto. Ele estava morto.

E então o grito desesperado de Sarah rasgou a noite silenciosa.

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THE X FILES

PARANORMAL ACTIVITY

GOVERNMENT DENIES KNOWLEDGE

THE TRUTH IS OUT THERE

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A estrada de terra que levava à fazenda dos Blakes deixava um grande rastro de poeira quando atravessada pelo carro dirigido por Fox Mulder. Uma contagiante música tocava baixa, mas era totalmente ignorada por Dana Scully, que aproveitava a estrada para revisar algumas anotações do seu parceiro sobre o caso.

- Mulder, mais uma vez, será que você pode me explicar o que estamos fazendo aqui?

Mulder deu um leve riso quando percebeu que a fazenda se aproximava.

- Um homem aparece do nada, um jovem morre e uma garota fica neurótica. Você realmente não vê nada de estranho nisso, Scully?

- Não vejo nada que a polícia local não possa resolver. Convenhamos, Mulder, o homem não apareceu do nada; apenas não o viram chegar. A garota não ficou neurótica; ela apenas deve estar com um grave caso de estresse pós-traumático, que, você sabe, não é nada incomum! Ela viu o namorado morrer, por Deus!

- Certo, mas e o garoto?

- Paradas cardíacas são incomuns em jovens, mas acontecem. Você mesmo deve ver casos de jogadores de futebol que morrem em campo, Mulder. E nós não estamos aqui para investigar a morte do garoto; esta foi natural. Estamos aqui pelo aparecimento do homem o que, como eu já disse, é perfeitamente explicável sem envolver os seus homenzinhos verdes!

- Ainda assim, Scully, eu tenho um bom pressentimento sobre esse caso. Se lembre que foi a própria polícia local que pediu a nossa ajuda...

E, dizendo isso, ele parou em frente à cena do crime, onde o Cel. Blake os esperava junto à esposa e a uma garota loira.

O Cel. Blake aproximou-se assim que os agentes desceram, enquanto a mulher e a filha ficaram para trás.

- Vocês são os agentes do FBI, huh? Mulder e Scully? – Os agentes assentiram. – Cel. Dennis Blake. Aquelas são Denise, a minha esposa, e Sarah, minha filha.

Mulder ergueu uma sobrancelha, dando mais um passo em direção ao homem.

- Aquela é Sarah? Sarah Blake? A garota que presenciou tudo?

Mulder finalmente prestou atenção na garota. O seu olhar era vago e os lábios ligeiramente ressecados mexiam-se como se ela quisesse falar algo... Mas nenhum som saía da sua garganta.

- É. – O homem deu um longo suspiro. – Eu sou o mais interessado nessa investigação e pedi que vocês fossem chamados... Conheço a reputação dos Arquivos X e acho que o conhecimento de vocês pode ajudar a desvendar o que a minha filha viu.

Scully ergueu uma sobrancelha.

- Ela viu a morte do namorado, Cel. Blake. O senhor não acha que isso é motivo suficiente para uma jovem ter um colapso nervoso?

- Não foi isso, agente Scully. – Ele se aproximou ainda mais. – Eu... não disse em meu interrogatório e vocês também não encontrarão nos relatórios da polícia local, mas... A expressão no rosto daquele garoto... foi como se ele tivesse visto o inferno! Aquele menino morreu de medo! Medo da mesma coisa que deixou minha Sarah daquele jeito. E o homem, eu não o encontrei apenas desmaiado, como eu disse no interrogatório. Ele estava sangrando! Sangrando muito... Agentes, aquele homem deveria estar morto! Eu não sou a pessoa mais indicada para falar sobre isso. Eu mandei colocar nos jornais que ele tinha acordado no hospital e desaparecido, mas eu menti. Ele ainda está no hospital. Vão, eles estão esperando. Fale com o Dr. Hilton.

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HOSPITAL MEMORIAL DE ASHLAND, WISCONSIN

QUINTA-FEIRA, 11:21 A.M.

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Mulder caminhou para a recepção, imediatamente tirando a sua carteira de identificação e mostrando-a para a robusta atendente negra.

- Eu sou o agente especial Fox Mulder e esta é a minha parceira, Dana Scully.

A mulher olhou-os dos pés à cabeça.

- FBI? Devem ter vindo por causa da morte do peão dos Blakes.

- Eu gostaria de ver o corpo, se for possível – Scully se adiantou. A enfermeira apenas crispou os lábios.

- O garoto foi cremado. Pobre rapaz. Eu acho que ele foi envenenado, entende?

- E o relatório da autopsia?

- Vocês não vão encontrar nada no relatório, agentes. – Mulder e Scully se viraram para contemplar um homem de cabelos grisalhos que se vestia totalmente de branco. Ele estendeu a mão. – Eu sou o Dr. James Hilton.

Após os dois agentes apertarem a mão do médico e fazerem as devidas apresentações, Mulder adiantou-se.

- Por que não?

- Não têm fotos. E os fatos foram ligeiramente distorcidos. – Scully abriu a boca, mas o médico a interrompeu de pronto. – Nós vivemos numa cidade pequena, agente Scully. Ninguém gosta de coisas estranhas por aqui. William Evans era estranho; seus familiares eram estranhos... E a sua morte foi, definitivamente, a coisa mais estranha que eu já vi em toda a minha vida! O Cel. Blake disse para eu não relatar nada que eu achasse anormal... E eu apenas obedeci.

- Por quê?

- Ora... – Ele riu-se, sem graça. – As pessoas que contrariam o Cel. Blake tendem a desaparecer, se é que vocês me entendem! Ele manda na cidade. Do prefeito ao xerife, todos obedecem a ele. Vamos, deixe-me mostrar a vocês o nosso John Doe.

Os dois agentes passaram a seguir o médico pelos corredores do hospital enquanto ele continuava a falar sobre o estado em que encontrou o cadáver de William.

- Se tem uma coisa que eu posso dizer a vocês sobre o cadáver que vi ontem é que, em trinta anos de profissão, jamais vi coisa parecida!

- O senhor descreveu a causa da morte como uma parada cardio-respiratória. Essa informação é verdadeira, ou mais uma das mentiras que você usou a mando do coronel? – Mulder perguntou.

- Essa é verdade... Mas, ainda assim... Eu conhecia o William, agentes. Eu era o médico dele; de toda a sua família, na verdade. Acredite, eles eram as pessoas com o coração mais saudável que eu já conheci!

- Não tem histórico de doença cardíaca na família dele? – Scully perguntou, intrigada.

- Surpreendentemente, nenhum caso. Nem de câncer, ou diabetes, ou osteoporose, ou asma, ou hepatites, ou sequer gripes. Eles eram aberrações, não apenas por isso; hábitos estranhos, entende? Não me surpreende que estejam todos mortos. Primeiro os pais, e agora William.

- Os pais morreram assim?

- Não. Ninguém sabe o que houve com eles. Eles fizeram uma viagem para ver outros parentes e nunca mais voltaram. Isso foi há uns vinte anos. Um pessoal, o irmão dele, a mulher e dois jovens, veio aqui para anunciar a morte dos Evans. Eles queriam ficar com o garoto, mas a esposa do coronel estava com problema para ter filhos e acolheu o menino. Parece que ela se arrependeu logo, já que deixaram de tratar o menino como filho e passaram a tratá-lo como escravo quase imediatamente.

Finalmente eles chegaram ao quarto onde se encontrava o misterioso homem que aparecera no celeiro dos Blakes. O médico, tentando sorrir, abriu a porta.

- Aqui está. Mas nem vai adiantar vocês passarem muito tempo aqui, sabe? Eu não acho que ele vá acordar.

- Por quê?

- Morte cerebral. Mas o resto está funcionando bem... O que, por si, já é um milagre.

Mulder e Scully se aproximaram lentamente do leito no qual jazia o homem caucasiano visto por Sarah Blake na noite anterior. Scully imediatamente se adiantou, querendo examinar o corpo, mas foi impedida pelo médico.

- Olhe isso. – E caminhou para perto do rosto dele, desfazendo o enorme e ensangüentado curativo que cobria o seu pescoço.

Curiosa, Scully viu inúmeros pontos que seguravam, sem sucesso, o sangue na garganta dilacerada.

- Ele estava assim...?

- Ele estava pior, agente Scully. Esse homem chegou aqui desacordado com essa ferida aberta. Sangue jorrava para todos os lados. E, como você pode ver, ainda não parou de sangrar.

Ela ergueu uma sobrancelha, aproximando-se para examinar melhor a ferida.

- Foi feita alguma transfusão?

- Não. Quando o Cel. Blake chegou ao celeiro para ver por que a filha tinha gritado, ligou imediatamente para o 911. Não tínhamos sangue na ambulância, mas pudemos diagnosticá-lo imediatamente com um sério caso de hipotermia. Chegamos aqui no hospital em quinze minutos. Quinze minutos, agentes, foram suficientes para o sangramento diminuir exponencialmente e a hipotermia simplesmente sumir. Quando chegamos à UTI, ele parecia não ter perdido nem um pouco de sangue. Tentamos suturar o corte e o deixamos em observação. Há umas duas horas, no entanto, o seu cérebro parou.

- Mas ele simplesmente conseguiu, de alguma forma, reincorporar o próprio sangue?

- Sim! Para mim, isso é coisa de magia negra. Olhe.

E, dizendo isso, ele mostrou o antebraço esquerdo do paciente, onde havia uma horrenda cicatriz em forma de caveira engolindo uma cobra.

Scully lentamente aproximou o seu rosto da maligna marca cravada no braço do homem. Ela não podia acreditar... só podia ser algum tipo de ilusão causada pelo cansaço e pelo calor excessivo daquela cidade de Wisconsin... ela tinha que estar enganada: a tatuagem parecia se mexer.

Não era um movimento brusco... mas um ondular quase imperceptível como se a cobra, no fim das suas forças, quisesse fugir da boca da caveira evitando, assim, a sua eventual morte. Aproximando-se cada vez mais, Scully tocou-a lentamente...

...E uma voz faca e rouca, porém aveludada e perigosa, a assustou.

- Quem é você?

Scully levantou-se rapidamente, quase sem acreditar que o homem que há pouco não tinha nenhuma atividade cerebral, segundo o médico, agora estava bem vivo, na sua frente. Mal ouviu os passos rápidos do médico que, imediatamente, correu para chamar as enfermeiras e avisar ao Cel. Blake.

Mulder se aproximou um pouco. Scully abriu e fechou a boca algumas vezes, antes de finalmente conseguir falar algo:

- Eu sou a Agente Especial Dana Scully, FBI. Quem... o que é você?

O homem de cabelos negros e nariz adunco ergueu uma sobrancelha.

- FBI?

- Sim. Estamos investigando a morte de um garoto. O senhor foi encontrado na cena do crime e... Quem é você?

- Você está investigando uma morte? Eu estava na cena?... E não consigo sentir as minhas pernas.

Scully notou o forte sotaque britânico do homem.

- De onde você é? Quem é você?

A voz excitada de Mulder finalmente soou.

- A pergunta não é essa, Scully. Mas sim: aonde você pensa estar?

O homem ergueu mais uma vez a sobrancelha. O seu semblante, que há pouco estava curioso, tornou-se inegavelmente irritadiço. Os lábios crisparam-se e ele cruzou os braços.

- Obviamente, devemos estar em algum lugar, que eu sinceramente desconheço, próximo de Hogsmeade. A julgar pelas instalações em tanto precárias, eu diria o hospital público Morgan le Fay.

- Hogsmeade? – Mulder perguntou. – Onde fica isso?

- No Reino Unido – ele disse, como se explicasse algo muito óbvio a uma criança retardada.

Mulder e Scully entreolharam-se. A agente logo percebeu um sorriso se formar no canto dos lábios do seu parceiro que só podia evidenciar que ele estava pensando em uma coisa: arquivos X.

Logo, antes que ele despejasse uma longa e incrível teoria da conspiração, na qual aquele homem provavelmente fora abduzido por homenzinhos verdes, ela tratou de dizer:

- Provavelmente uma amnésia, Mulder. Ele estava em coma. Era esperado algum dano cerebral.

- Amnésia? – Ele disse, tirando o seu olhar da parceira e trazendo de volta para o homem deitado no leito. – O senhor acha que está no Reino Unido? – Ele assentiu aborrecidamente. – Qual a data de hoje?

- 20 de maio de 1998 – ele disse, rolando os olhos.

- Más notícias para o senhor: hoje é dia 21 e o senhor está em Wisconsin, nos Estados Unidos. O senhor sequer sabe o que é o FBI?

O homem olhou confuso para os dois.

- Não. É impossível. Eu estou em Wisconsin? Em Ashland?! E eu não vim... – Ele suspirou. – O que significa FBI?

Scully abriu a boca, mas, antes de pudesse dizer qualquer coisa, foi puxada pelo braço por Mulder para fora da sala, ao mesmo tempo em que o Dr. Hilton entrava no leito com mais duas enfermeiras.

- E então?

- Eu já disse, dano neurológico... Ele provavelmente esqueceu justamente o dia que veio!

- Ele esqueceu o dia de ontem, Scully! Ontem ele já estava aqui! – E o sorriso de canto de boca acentuou. Scully finalmente percebeu.

- Você sabe de algo! E por isso aceitou ajudar no caso!

Ele sorriu, começando a se encaminhar para fora do hospital.

- Em 1976, dezenas de corpos apareceram no Reino Unido com as mesmas características que a do garoto. Parada cardio-respiratória sem nenhuma explicação. Rosto espelhando o mais puro horror. Em 1980, dois corpos foram encontrados com a mesma mordida que temos no pescoço do nosso John Doe e, perto dele, três corpos com as mesmas características do de William Evans. Os dois homens tinham a mesma marca que John Doe tem. No ano passado, mais corpos foram encontrados, todos com esta mesma marca ou com a mesma maneira de morrer. Dois aqui na América: um em Nevada, no meio do deserto, e um no Everglades.

- Então você acha que estamos tratando de mortes ritualísticas, ou algo assim?

- Eu acho que tem algo maligno causando essas mortes, Scully. Algo que provavelmente é invocado por estes homens. O nosso John Doe deve ser um tipo de sacrifício.

- E ele não morreu porque...?

- Por que os dois jovens interromperam na hora em que a entidade tomaria o corpo dele. E ela acabou tomando o corpo do jovem.

Scully ergueu uma sobrancelha. Não conseguiu conter uma curvinha sarcástica que surgia no canto dos seus lábios.

- Uma entidade? Mulder, essa é a sua melhor teoria?

- Se você tiver uma mais provável, estou escutando.

- Você já imaginou que o garoto pode ter apenas se assustado e isso causado nele a parada cardíaca? Mulder, nós não temos os antecedentes médicos dele, fora aquele testemunho absurdo do médico local; por favor, não me diga que você engoliu aquela baboseira! Ele nunca fez um exame cardíaco profundo, não temos como saber se o coração dele realmente era saudável.

- Scully...

- E, ainda que o testemunho do médico seja verdadeiro, William Evans pode ter tido algum defeito congênito causado, não sei, por casamento entre primos! Estamos numa cidade pequena, isso é muito provável! Aquele homem – Ela apontou para trás, na direção do quarto onde estava o misterioso homem. – deve ter feito algo muito errado, desde que isso assustou um garoto a ponto de fazê-lo morrer do coração e deixou uma garota com um estresse pós-traumático tão forte que ela sequer consegue falar!

- Ok. A sua teoria é mais plausível.

- Obrigada! Podemos voltar para D.C.?

- No entanto – Scully suspirou, rolando os olhos. –, eu quero, antes de pegar o avião para Washington, que você me explique como esse homem sobreviveu à ferida que ele tem no pescoço? E como ele conseguiu recuperar todo o sangue que perdeu? E como ele simplesmente saiu do coma, ou melhor, da morte cerebral, simplesmente do nada, como se tivesse acabado de acordar de uma maravilhosa sonequinha... E, naturalmente, me explique como diabos ele sumiu da Europa para aparecer aqui, em Wisconsin.

Scully suspirou.

- Talvez Dr. Hilton esteja envolvido. Ele foi quem disse todo o quadro médico.

- E que interesse ele teria nisso?

Scully sorriu sabiamente e imitou o que o seu parceiro a dissera, anos atrás:

- É por isso que colocaram um ‘I’, em FBI.

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POUSADA BOA VIAGEM

03:22 A.M.

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O silêncio tomava conta do quarto no qual Mulder dormir profundamente. Pela primeira vez em muito tempo, ele desfrutava de um momento de paz... antes que o toque irritante do seu telefone o fizesse acordar.

Sonolento e sem muita boa vontade, ele pegou o celular e atendeu-o:

- Mulder.

A voz do outro lado era apreensiva.

“Me desculpe por acordá-lo, agente Mulder, mas... É a Sarah”. Mulder finalmente identificou a voz como pertencente ao Cel. Blake. “Ela voltou a falar... só diz que apenas vai conversar com a polícia. Mas eu achei melhor ligar direto para você...”

Foi como se um balde de água fria tivesse sido jogado no rosto de Mulder. Finalmente desperto, ele levantou-se.

- Tudo bem, Cel. Blake. Sarah acordou? Ela está lúcida?

“Sim... erm, mais ou menos. Ela está descontrolada.”

- Estamos indo.

E, dizendo isso, ele desligou o telefone e rapidamente vestiu uma calça jeans e o seu moletom. Encaminhou-se para o quarto ao lado e bateu insistentemente, até que uma relutante e sonolenta Dana Scully abriu a porta, ainda fechando o robe por sobre o pijama.

- O que?

- Sarah acordou. O Cel. Blake acabou de ligar. Ela quer falar conosco.

- Mulder, são três e meia da manhã. Será que ela não poderia esperar até o dia amanhecer?

- Já esperamos demais pelo testemunho dessa garota, Scully. Finalmente saberemos o que causou aquela expressão de espanto no rosto de William Evans.

Scully ainda pensou em argumentar, ou até mesmo a se recusar veementemente a seguir Mulder naquela empreitada. Mas, pelo olhar obstinado do seu parceiro ela logo soube que qualquer luta seria em vão.

- Muito bem – ela suspirou resignada. – Eu vou apenas me vestir e escovar os dentes.

E, sem mais, fechou a porta, bufando quando ouviu Mulder gritar ‘Rápido’!

XxXxXxX

Os agentes do FBI chegaram à fazenda dos Blakes em menos de vinte minutos. Após a estrada difícil, Mulder finalmente estacionava o carro e, rapidamente, descia, sendo imediatamente seguido por Scully.

O coronel Dennis Blake logo cruzava a soleira da sua enorme fazenda, vestindo botas de couro por cima dos seus pijamas quadriculados. Ele parecia aflito, logo se encaminhando para os agentes:

- Venham, venham! Eu... eu pensei em ligar para o 911, mas lembrei que a senhora é médica, agente Scully. Por favor, ela não parece nada bem.

Mulder e Scully se entreolharam antes de apressarem-se em seguir o fazendeiro. Na sala, a garota de cabelos loiros chorava descontroladamente, enquanto os irmãos a seguravam. Móveis e vidros estavam espalhados por todos os lados, quebrados provavelmente devido à fúria psicótica de Sarah.

- Eles estão aqui, querida – A mãe, na frente dela, tentava acalmá-la. – São eles.

E, provavelmente confortada pelas palavras da mãe, a garota aquietou-se assim que olhou para Mulder e Scully.

- Vocês... vocês são os policiais?

- Somos do FBI – Mulder respondeu.

Ela respirou fundo, tentando se acalmar.

- Eles não queriam me deixar sair! Eu tenho que contar à polícia o que aconteceu com o Bill! Vocês o pegaram? Vocês pegaram a-aquele homem? Ele matou o Bill, eu vi! Acreditem!

- Querida – a mãe tentou consolá-la – ninguém matou--

- Matou! Eu vi! – a garota cravou os seus olhos incrivelmente azuis nos de Mulder, suplicando – Por favor, acreditem em mim!

Mulder voltou-se para os pais da garota:

- Podemos falar com Sarah a sós?

Eles se entreolharam antes de deixar o lugar, seguidos imediatamente pelos dois outros filhos. Scully suspirou e encaminhou-se para o sofá. No caminho, tomou a mão da inconsolável Sarah e levou-a para sentar-se junto dela. Mulder seguiu-as, arrastando pelo assoalho de madeira uma pesada cadeira. Sentou-se de frente às duas mulheres.

Com a voz mansa, Scully começou:

- O que você queria nos falar, Sarah?

- Eu... quem são vocês?

- Meu nome é Dana, e este é o meu parceiro, Fox Mulder. Nós viemos de Washington para desvendar o que aconteceu com William.

A garota já parecia calma. Olhou de Scully para Mulder, talvez tentando decidir se deveria ou não confiar nos dois estranhos. Por fim, aceitou a ajuda.

- Eu vi tudo. Eu vi como Bill morreu. Mas vocês não vão acreditar.

- Eu vou – Mulder respondeu com sinceridade.

Sarah respirou fundo, antes de começar:

- Nós escutamos um barulho no celeiro e fomos olhar o que era. Quando entramos, aquele... homem estava deitado, como se tivesse morto. Ele sangrava muito. Eu fiquei com medo, quis chamar a emergência, mas o Bill achou melhor vermos se ele estava morto e... – Lágrimas começaram a brotar do rosto da garota. – Ele sabia que o homem era do mal! Ele sabia o que ele era! Ele tentou pegar a varetinha que ele segurava e... E ele acordou e disse algo! E saiu uma luz da varetinha e William morreu!

Scully sinceramente queria dizer algo para acalmar a garota, porém, depois do relato, tudo que ela pôde fazer era olhá-la com os lábios entreabertos e uma sobrancelha erguida. Por mais que quisesse, não conseguia pensar em nada que pudesse dizer naquele momento.

- Então – Mulder começou – o homem usou algum tipo de “palavra mágica” que produziu algum tipo de feitiço que matou o seu namorado?

A menina mordeu o lábio.

- Eu sabia! Eu sabia que vocês não acreditariam.

- Eu acredito – Mulder respondeu. – Na verdade, faz sentido.

Mulder havia falado com sinceridade, mas Sarah não pareceu acreditar na credulidade do agente.

- Olha, esquece! É loucura, eu sei!

- Não é, Sarah. Eu já vi muitas coisas estranhas ao longo da minha vida. Eu realmente acredito em você.

A garota suspirou lentamente.

- Ele está vivo, não está? O homem? Eu o vi hoje. No meu quarto.

- Scully, ligue para o hospital.

- Mas, Mulder...

- Scully!

Dana Scully cedeu aos apelos do seu parceiro. E, surpreendentemente, o homem não estava lá.

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TO BE CONTINUED

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Um beijão para a minha mana kérida, a Shey, que betou esse cap.

Num passado distante, eu fazia fics de Arquivo X. Então a série acabou e eu parei de escrever. Alguns anos se passaram e eu comecei a escrever sobre HP... E desde então quero juntar as minhas duas paixões...

Bem, finalmente eu fiz! Espero que vocês gostem!! E Revisem, por favor!

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