Reencontros
Assim que Voldemort deixou o cemitério, todos aparataram de volta para casa. Mas não Luna. Ela virou-se de costas e começou a andar por entre os túmulos e epitáfios. Gostava de lugares calmos como aquele. Se fosse para casa, provavelmente teria que fazer algo importante e não queria nada para se preocupar. Estar ali, com seu novo destino traçado, era melhor que qualquer coisa em sua vida. Sentou-se em um túmulo e puxou a manga do sobretudo. Uma caveira estava apagada, onde antes brilhara com intensidade. Agora era como uma tatuagem qualquer, imóvel e sem vida. Mas ela sabia que na hora em que fosse necessário, ela se arderia em verde esmeralda e a serpente voltaria a dançar pelas órbitas daquela caveira.
__ Pensando na vida, Pankiston? – perguntou uma voz em seu ouvido e a garota virou a mão para trás. Arregalou os olhos ao ver Draco Malfoy com a mão no rosto e um tanto rosado.
__ Quantas e quantas vezes eu pedi para que não fizesse isso! – ela brandiu se levantando e encarando o rapaz bonito à sua frente. Não podia negar mais. Draco Malfoy havia crescido nesses útlimos três anos de distância e tinha se tranformado num homem muito belo. Talvez fosse característica de sua familia, aqueles cabelos louros platinados e o rosto fino e pálido.
__ Fazem três anos, Luna. Acha realmente que eu ia lembrar de algo que você me pediu? – ele riu malicioso. Luna revirou os olhos e se aproximou, largando-se em um grande abraço. Depois se afastou, arrumando os cabelos negros, que voavam com o vento frio. Malfoy estava corado também por causa do tempo.
__ Realmente acho que não se lembra de muita coisa. É instinto dos imbecis. – e se virou sentando-se no túmulo de novo.
__ Que maravilhosa recepção. Porque eu deveria estar acostumado com isso? – ele sorriu se sentando ao lado dela. Reparou no rosto da garota que tanto implicara durante sua infância. Ela havia crescido muito. Estava branca, como sempre, embora parecesse mais doente. Seus cabelos negros estavam mais compridos e escorridos. Os olhos verdes dela brilhavam olhando para seu pulso.
__ O que a gente sempre sonhou na infância aconteceu, Draco. Eu deveria sentir-me feliz?
__ Eu me sinto feliz. Por mais que minha cabeça ainda esteja rodando, meu mundo está feliz.
__ Foi melhor que eu imaginava...
__ Muito melhor.
__ Me sinto mais segura agora, sabe? Sei que posso fazer tudo o que quero.
__ Sempre fez o que quis, Luna. – e ela sorriu maliciosa, assim como ele – A diferença é que possui mais poder agora.
__ E o melhor, o poder de Magia Negra... – ela respirou fundo, como se aspirasse aquilo que dizia. Alguém se aproximou deles.
__ Posso interromper?
__ Bleedincutt! – disse Draco arqueando a sobrancelha – Tenho que dizer que estou admirado com a sua coragem... você era de que casa mesmo? Grifinória?
__ Parabéns pra você também, Malfoy. – disse Delfus pegando Luna pelas mãos e fazendo-a levantar e ficar diante dele – Bom rever você, Luna. É realmente satisfatório ver um rosto conhecido em anos! – e a abraçou.
__ Onde esteve todo esse tempo? Esperava te ver em algum lugar...
__ Fugindo, claro. Depois que recebi uma carta de minha mãe, dizendo sobre o ataque dos Aurores malditos à Mansão dos Malfoy eu não parei de fugir.
__ Malditos mesmo! – bufou Draco. – Como eles se atreveram a invadir minha casa?
__ Simples. Seu pai estava sendo procurado, assim como o nosso. Foi realmente um perigo aquela reunião na sua mansão. – Luna sentou-se novamente. Contorceu o rosto em sinal de confusão – Onde você estava nesse dia?
__ Na minha casa, comigo. – disse uma voz melosa de trás da lápide. Luna levantou-se com um certo susto e viu Panin sorrindo radiante, com os belos cabelos louros voando ao vento.
__ Isso, eu estava com ela... – disse Draco se adiantando e abraçando Panin. Luna e Delfus se olharam confusos.
__ Vocês também não haviam se visto ainda? – perguntou Delfus.
__ Não! Nossa fuga impossibilitou nosso encontro, não foi priminho?
__ Exatamente...
__ Luna, querida! – disse Panin abraçando a garota – Quanto tempo! Realmente eu esperava te ver aqui hoje, sabe. Precisamos nos juntar novamente e bolar planos como antigamente. Isso será mais útil aqui fora.
__ Sim, será fascinante! – disse Luna com um sorriso endiabrado no rosto.
__ E você, Bleedincutt! Não mudou nada... continua o mesmo rapaz misterioso que conheci. – disse o cumprimentando com aperto de mão. Foi quando Luna reparou que realmente, Delfus estava como sempre. Cabelos curtos, olhos azuis e brilhantes e um extremo mal humor.
__ Obrigado pelo elogio, Panin. – Delfus não sorriu. Os quatro se entreolharam.
__ Alguma notícia de Potter? – perguntou Draco quebrando o silêncio.
__ Sei o básico – disse Luna – ele agora joga Quadribol Internacional para o Time da Inglaterra... se casou com aquela... hmm... Weasley.
__ A pobretona? – perguntou Delfus rindo malicioso.
__ Ela merecia algo melhor. – Draco sentou ao lado de Luna, de frente para Delfus e Panin.
__ Como pode dizer algo assim? – perguntou a loura com as mãos na cintura – É uma Weasley!
__ Sim, eu sei. E ele é um Potter!
__ Se merecem. – disse Luna.
__ Só acho que ela é bonita demais para um magrelo ossudo que nem ele.
__ Você não pode falar nada, Malfoy. – disse uma voz animada do lado dele. Avery estava sem a roupa preta e sorria abertamente. Usava um casaco de lã vinho, com calças cinzas e o cabelo extremamente penteado.
__ Blade! – exclamou Delfus apertando a mão do amigo – Quanto tempo!
__ Pois é, muito tempo! – o garoto apertou a mão de todos, menos a de Panin, a quem ele deu um beijo leve na bochecha – Do que falavam? Mal do Potter?
__ Passamos dessa fase – disse Delfus.
__ Se bem que seria um prazer relembrar o quanto aquele moleque é defeituoso. – Luna arqueou a sobrancelha em divertimento. Panin sorriu de leve.
__ Podemos deixar isso para outra hora, não? Quem sabe na minha casa hoje à noite? Um jantar de Comensais da Morte!
__ Nossa, como é bom ouvir isso... – exclamou Avery, estupefado.
__ Três anos é muita coisa. Temos muito o que conversar. – disse Draco – Hoje temos vinte anos e somos quase adultos.
__ Comensal da Morte... – repetiu Luna olhando para sua marca novamente – Maravilhoso, não?
__ Com certeza... – Panin fez o mesmo – Quase uma vida inteira à espera disso.
__ Nunca tinha visto o Milord assim, tão de perto. – disse Blade – Ele não ia à minha casa, como na de vocês.
__ Mas as ocasiões são completamente diferentes, Avery – disse Luna – Ele ia nas mansões falar com nossos pais... e agora, o vimos se direcionando à gente.
__ Olha, o fascínio está ótimo, mas creio que precisamos ir. Eu não comi nada desde que me levantei. – disse Draco com certo mal humor.
__ Como queiram. – disse Luna levantando e puxando seu sobretudo para perto do corpo – Até de noite. Não tranque a lareira, Panin. Se acaso der algo errado eu vou de flú.
__ Tudo bem, Luna, até de noite! – disse Panin e Luna desapareceu – Péssima tarde para vocês! – e desaparatou também.
__ Bom, resta-me ir. – disse Delfus – Tenha um péssimo dia, Malfoy. Até de noite, Blade. – e sumiu de vista.
__ O que esse rapaz tem na cabeça, Avery? – perguntou Draco arqueando a sobrancelha – Ele faz questão de esnobar que não gosta de mim. Como se eu quisesse e me importasse com isso! – e desaparatou também. Blade olhou à sua volta e sorriu.
__ E quem gosta de você, Malfoy? Quem gosta dele? – e saiu andando para fora do cemitério – Somos todos lagos de falsidade. Espero que isso mude algum dia. – e acenou para o coveiro saindo do local a pé.
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