Capítulo 3



Capítulo 3


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“Não sou teu dono! Apenas te amo. Por isso te liberto, pois para mim mais vale ver teu sorriso longe dos meus braços do que sentir tuas lágrimas a molhar meu peito.”
(D.C.))

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- Como está se sentindo Milorde? – perguntei sentindo a culpa retornar fortemente. Perdi a cabeça por completo quando percebi que ele me cortejava... Não apreciara a maneira com que ele tinha me abordado, mas sabia que minha irritação tinha mais a ver com o fato de sentir-me tentada a cair nos encantos deles. James era um libertino que se metia com mulheres de todos os lugares.

- Estou ótimo, Lily, mas estaria melhor se me chamasse de James – ele falou sorrindo.

Já havia passado dois dias desde o ocorrido na minha casa. Camille me ajudou a cuidar do ferimento e pedi John, um dos cocheiros, que o levasse até sua casa. Depois tive que ouvir minha mãe...

- Por que pediu que eu viesse até aqui? – ele perguntou. Tinha o convidado a um passeio pelo único parque da cidade caso ele se sentisse bem o bastante para comparecer. Agora nos encontrávamos em frete a um lago parcialmente congelado.

- Queria saber como estava... – falei olhando para o lago. Do outro lado da margem pude ver a propriedade dos Potter.

A imponente construção era uma das maiores da cidade. Com milhares de empregados, a Sra Potter encarregava-se de manter a casa em perfeitas feições. Ostentava o luxo das peças caras, a riqueza de detalhes e tudo o mais que se podia ter dentro de um casarão de pessoas influentes e poderosas. Dinheiro perdido com ninharias...

- Então porque não foi até a minha casa? – ele permaneceu me observando enquanto eu sequer tinha coragem de encara-lo.

Permaneci calada e ele pegou uma de minhas mãos com carinho. Senti o sangue circular em minhas veias com mais rapidez. O calor nas maçãs do meu rosto era sinal explícito de que eu havia corado. Odiava isso...Odiava não poder controlar as reações do meu corpo na presença daquele homem.

- Ainda se sente culpada minha flor?

- Não sei como vou olhar para seus pais depois do que eu fiz – falei olhando-o por breves instantes, mas desviando o olhar rapidamente.

- Você é tímida demais, Lily – ele disse carinhoso erguendo minha face para que eu o encarasse. – De qualquer forma, nós ainda estamos na minha casa....esse parque pertence a propriedade da minha família.

- Eu não sabia – respondi vagamente – Tantas pessoas passam por aqui todos os dias. Eu por exemplo, venho aqui sempre.

- É, eu sei... – ele falou sorrindo – Aproveito esses momentos para observa-la.

Senti meu rosto corar novamente diante ao comentário e cravei com mais intensidade os olhos no lago. Não conseguia encara-lo. Um forte tremor invadiu meu corpo quando lembrei-me da conversa com minha mãe. Como poderia recear que um homem daquele me agredisse? James era prepotente e orgulhoso, mas podia-se perceber que não era nenhum covarde.

- Qual é o problema com você? – ele perguntou parecendo preocupado – Você não precisa temer ou se envergonhar diante dos meus pais ou qualquer outra pessoa...eles não sabem o que aconteceu. Disse-lhes que me machuquei em uma briga de rua. – eu o encarei agradecida. Fiquei impressionada com o fato dele ter mentido para me acobertar.

- Milorde não está zangado comigo? – perguntei tristemente.

- Ficarei se continuar a tratar-me de maneira tão impessoal – ele falou me repreendendo. - Eu entendo o que você está passando Lily... eu devia ter tentado conquista-la antes de convencer ao seu pai de conceder-me sua mão. Perdoe-me, mas eu não costumo pensar antes de agir.

- Esqueça! – falei simplesmente – Não tenho escolha de qualquer forma...minha família estará na sarjeta se não nos casarmos. – eu arrependi-me instantaneamente do que eu disse. James encarou-me magoado e eu me senti o pior ser da face da terra naquele instante.

- Fico infeliz de saber que meu dinheiro é tudo que espera nesse matrimônio. – ele disse seco sem me olhar agora.

- Oh James, me desculpe! – falei aproximando-me dele – Mas foi para isso que bom...depois da morte do meu pai, achei que isso seria desfeito, mas minha mãe disse que precisávamos...pensei que você... soubesse.

- Eu sei – ele suspirou resignado e eu me senti mal por ele ter se entristecido.

- Marquês? – percebi que um homem bem vestido se aproximava de nós. Ele carregava flores...Lírios...

- Olá Vincent – James saudou tristemente.

- Trouxe as flores que Milorde pediu – o homem falou com uma pequena reverência e então virou-se para mim. – Bom dia, srta. Evans!

- Bom dia! – respondi vagamente encarando James que já tinha as flores em mãos.

- Seu pai quer lhe ver – continuou o homem se voltando para James.

- Obrigado Vincent... Diga a ele que o procuro mais tarde.

O homem se retirou elegantemente depois de se despedir educadamente. Eu encarei James com a expressão de dúvida e curiosidade. Ele sorriu debilmente e estendeu-me as flores.

- Continuarei a insistir com os Lírios, por mais que você não os aprecie... Apesar de que rosas combinem mais com você. São belas e delicadas, mas a beleza estonteante acaba tendo a função de omitir os espinhos. Você sabe ferir quando quer Lily...não só fisicamente, mas...

Eu empalideci diante do comentário e o encarei culpada. A comparação era cruel, mas não pude deixar de perceber que era real.

- Desculpe-me – ele apressou-se a dizer – Não devia ter dito isso...eu...

- James... – comecei, mas ele me interrompeu.

- Srta Evans – eu não pude deixar de reparar que ele usou meu sobrenome – Se tivesse escolha, não se casaria de jeito nenhum comigo, não é mesmo?

- Por favor milorde, eu mal o conheço. O fato de me casar com um homem na qual eu não tive a oportunidade de me apaixonar...

- E você me acha repugnante... – ele afirmou me olhando estranhamente – um desprezível...

- De maneira nenhuma – falei lhe cortando.

- Foi o que você disse da ultima vez que estive em sua casa – ele falou

- Eu estava nervosa com o seu flerte, nunca fui abordada por um homem daquela maneira – falei corando. Ele me olhou novamente e eu rezei para que permanecesse a olhar. Graças aos céus, ele continuou.

- Você não precisa casar-se comigo Srta Evans – ele disse calmamente, mas eu percebi que havia pesar em sua voz. – Não se você não quiser.

- Mas... – falei – eu já disse que não tenho escolha. Minha mãe me obrigou...

- Eu posso retirar o pedido – ouvi-o dizer – Se você não quer não há razão para nos casarmos.

Encarei-o boquiaberta... ele estava me permitindo escolher? Ele estava respeitando minhas vontades? Eu queria dizer que não queria me casar....queria poder dizer que não queria ser dominada por um homem...mas...não havia escolha...

- E eu deixo todos na minha casa morrerem de fome... – falei tristemente

- Está disposta a fazer esse sacrifício? – ele perguntou me encarando.

- Você vai me maltratar ou algo assim? – perguntei receosa no que ele fez uma careta – Por que caso isso não aconteça, não acho que nosso casamento seja um sacrifício. Talvez, algo complicado...

- Eu nunca ousaria maltratar você – ele disse seco – Infligir dor a uma mulher é a maior covardia que um homem pode cometer. É imperdoável e repugnante...

Eu senti um alivio tão grande diante das palavras dele que fui capaz de sorrir. Aproximei os lírios ao meu rosto de forma a sentir o cheiro agradável. James me observava com certa cautela e curiosidade.

- Obrigado – agradeci pelas flores – São minhas favoritas – deixei escapar estupidamente.

Ele me encarou surpreso e pareceu pensar por longos instantes antes de recomeçar a falar.

- Quero lhe contar uma coisa – ele falou me observando - Sua família não vai a falência se você não se casar comigo.

Eu o encarei perplexa...o que ele estava dizendo?

- Sua mãe disse isso para que não desistisse... – ele prosseguiu - Ela quer que a filha se torne uma marquesa... Meus pais prometeram a ela que sustentariam essa mentira para você já que também fazem gosto pelo nosso casamento

Fiquei completamente abismada com a revelação. Como minha mãe podia fazer isso comigo? Dessa vez ela tinha passado dos limites...ela me fez sentir-me culpada e desesperada enquanto tudo o que ela queria e tudo o que se resultaria do meu casamento seria um título...um título de marquesa....

- Por que você está me contando tudo isso? – perguntei ciente de que ele também estava metido nessa história.

- Não prometi nada a sua mãe – ele falou sinceramente – E também não concordo com essa mentira toda. Não quero que se case comigo por obrigação. Amo-te demais para lhe impor tamanho sofrimento. Ele desviou o olhar e passou a encarar o céu pálido de inverno. Foi nesse momento em que eu o olhei de verdade...não era cega nem estúpida...sabia como todas as outras mulheres o quanto James Potter era bonito, mas parando para observa-lo direito, sem me repreender por estar contemplando um homem, foi que eu pude perceber...Ele era perfeito...era perfeito e... me amava? Uma vontade intensa de toca-lo se apoderou de meu corpo e quando não pude mais me conter estendi uma mão tremula em direção ao rosto dele e acariciei-lhe a face por breves instantes. Toda a minha convicção sobre o caráter dele tinha se desfeito diante daquelas palavras. E agora o que ele era para mim? Não sabia ao certo o que pensar.

- James?

- Sabe Lily... da ultima vez que estive em sua casa me senti desafiado pelo seu gênio e pela sua manifestação audaciosa. Sabe...mulheres não costumam ser ariscas, mesmo quando obrigadas a fazer o que não querem...

- Olha...

- Não me interrompa – ele falou educadamente, mas com a tão firme que seria uma tolice não o obedecer. – Confesso que o desejo de controla-la foi tão grande que fugiu ao meu controle. Cortejei você de maneira audaciosa e inconveniente...mas acredite, não estou acostumado a aturar homens insolentes, quanto mais mulheres... Peço desculpas pela minha ação e confesso que por mais que eu tenha vontade de controlar seus atos e suas ações, nunca seria capaz de faze-lo. Pela primeira vez em toda minha vida, vou aceitar os anseios e opiniões de outra pessoa....e por mais que seja difícil de assumir, Lil, a outra pessoa é uma mulher....é você...

Eu o observei sem saber o que dizer. Era fácil perceber que James era um dominador nato...assim como todos os homens, sentia prazer em se colocar como mais importante na sociedade. É claro que meus sonhos feministas eram utópicos, mas não era justo...não era justo que fossemos tão desprezadas e sofrêssemos com tantos preconceitos ridículos.

– Você tem escolha Lily...– ele acariciou minha mão levemente – Sábado terá uma festa em minha casa... você tem até lá para pensar se quer ou não se casar comigo. Caso queira é só comparecer e eu ficarei muito feliz em lhe ver, caso não, acho que só poderei lamentar-me pela sua escolha. Comparecerei na sua casa no domingo para desfazer o acordo.

Beijou-me na testa e saiu... abandonando-me em frente ao lago com uma dúvida crescente no peito. Talvez ele fosse o homem com o qual eu esperei a minha vida toda, mas se não fosse? Casar-me com ele seria um equívoco.

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N/A:Mil desculpas pela demora!!! Agradeço a Brenda e a Fran Delacour pelos comentários... espero que gostem desse cap!!!
bjos e até mais!!!

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