Capítulo 1



Capítulo 1



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"Vai, portanto, não hesites. Procura conquistar todas as mulheres. Em mil, haverá talvez uma para te resistir. E quer cedam, quer resistam, todas gostam de ser cortejadas. Mesmo se fores derrotado, a derrota será sem perigo. Mas por que serias repelido, já que toda volúpia nova parece mais gostosa e somos mais seduzidos por aquilo que não nos pertence?"
(Ovídio, A Arte de Amar)

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Eu poderia ter qualquer moça ao meu lado, desde que essa fosse de boa família e tivesse o comportamento de uma Lady. Qualquer uma... então não me pergunte porque escolhi Lily Evans. Eu a conheci em uma das pequenas festas que minha mãe insistia em fazer todo o mês e desde então não pus mês olhos em nenhuma outra mulher...O que tenho que dizer...é realmente raro. A caçula tinha um pai exigente, mas eu fui apto o suficiente para fazer com que Sr Evans, agora falecido, me entregasse a mão de sua filha. Agora tinha que convence-la e entregar-me o coração e pela maneira com que Lily me tratava, percebi que seria a tarefa mais árdua de toda a minha vida. Ela era simplesmente diferente... de mim e de todas as outras mulheres que eu conhecia.

Eu sorri ao vê-la descer as escadas como se flutuasse. O vestido negro ainda demonstrava o luto pela morte do pai e a expressão denunciava o sofrimento que guardava.

- Srta. Evans – falei me curvando brevemente – Como tem passado? – perguntei estendendo a mão para ajuda-la a terminar de descer as escadas no que ela recusou orgulhosamente.

- Milorde... - ela fez uma reverencia elegante e me encarou por breves instantes. Apontou-me uma poltrona próxima a lareira e sentou-se em outra em frente a mim - Tenho passado perfeitamente bem... as circunstancias tem sido bastante propícias ao meu bem estar. – ela falou irônica.

- Nunca perde uma chance de me alfinetar – falei astuto – Mas não quero entrar em guerra com a senhorita, sei que tem sofrido... Sinto muito pela sua perda. – Estendi-lhe um buquê de lírios que havia comprado no caminho da casa dela. Gostava do fato das flores fazerem referência a seu nome – Trouxe para você. Espero que goste.

- Não preciso de suas lamúrias Milorde... e agradeço pelas flores... Lírios? Quanta criatividade! – ela falou irônica se erguendo para cuidar do buquê.
Fiquei em silêncio sem deixar-me abater pelo sarcasmo dela. Sabia que tinha gostado...qualquer mulher gosta de flores... Ela só era orgulhosa demais para admitir.– Por que insiste em me visitar? – perguntou arisca. Tanta independência em um corpo feminino me deixava interessado e ao mesmo tempo ofendido. Queria desvendar todos os segredos daquela mulher.

- Nós vamos nos casar em breve senhorita – disse alteando meu tom de voz, afinal, minha paciência tem seus limites. – talvez esse seja um motivo para que venha lhe ver com freqüência.

- Não preciso que fique me lembrando – disse virando-se para mim depois que organizou as flores em um vaso – Não costumo esquecer os meus tormentos.

Eu a encarei gravemente e ela pareceu se empalidecer mais, se é que isso fosse possível.

- É isso que nosso casamento vai ser pra você? Um tormento? – falei irritado me aproximando dela. Ela pestanejou por alguns instantes, mas a altivez retornou com força total.

- Ora! Peço desculpas ao marquês. – ela falou zombeteira – Sei que está acostumado a ter todas as mulheres que deseja, mas não pense que serei igual a elas. Sinto muito milorde, mas nem todas querem ser marquesas. – ela atirou as palavras para cima de mim com raiva e revolta. Percebi logo que era um desabafo, ela estava amargurada com a situação.

- Não posso fazer nada pelas suas vontades, senhorita – falei raivoso – Seu pai concedeu-me sua mão em casamento e acho que você vai ter que realizar a vontade dele. – Senti que ela ficara tensa com minha referência ao pai e me preocupei em desculpar-me imediatamente – Perdoe-me... você me faz perder a cabeça.

Ela me deu as costas e ficou a observar a céu escuro pela janela.

- Não vai ser tão difícil assim – disse tentando conforta-la – Eu estou disposto a fazer todas as suas vontades. Desejo do fundo do meu coração lhe fazer feliz.

O silêncio dela me deixava aborrecido. Eu estava me esforçando, mas ela não estava cooperando.

- Você pode, por favor, me dar um motivo para que nosso matrimônio lhe pareça assim, tão repugnante? – falei irritado.

- O que te faz pensar que quero me casar com um desconhecido? – ela disse alterada se impondo. Como ela gostava de me provocar.

- Pois então sugiro que me conheça – falei segurando seus punhos no que ela se sobressaltou – Não me provoque srta. Evans! – disse encostando a boca no ouvido dela – Não quero fazer nada para aborrece-la, mas se não se comportar serei obrigado a coloca-la em seu lugar.

- Solte-me – ela falou se debatendo – esta me machucando – eu afrouxei o aperto instantaneamente, mas não a larguei.

Observei as faces corarem de raiva e os olhos se arregalarem de temor. Senti-me um pouco mal por apreciar aquele momento de vitória. Eu tinha o controle... pelo menos de alguma forma...

- Não precisa ter medo de mim, Lily – falei com o rosto a milímetros de distancia – Não costumo morder, a menos que me de motivos para isso.

- Fique longe de mim – ela disse com os olhos brilhando de fúria – E não me chame pelo primeiro nome! – eu a soltei, mas continuei próximo.

- Chamo-lhe como quiser – falei desafiador – Você é atrevida demais para o meu gosto!

- O chá está servido Srta Evans...Milorde... – a criada interrompeu timidamente com uma reverência.

Eu olhei a mulher ameaçadoramente e ela me devolveu o olhar com atrevimento. Era impressão minha ou as mulheres daquela casa tinha mais liberdade do que deviam?

- Obrigado Clarice... – Lily falou secamente – retire-se por favor? – continuou ao perceber que a criada não se movia.

Ela arregalou os olhos em minha direção, na certa, com medo que eu fizesse algo para srta. Evans. Eu dei as costas para as duas afastando-me de Lily. Ouvi um farfalhar de saias e supus que a criada havia saído. Virei-me e vi a ruiva servir o chá com as mãos tremulas. Por que ela tinha que tornar tudo tão difícil?

- Gosto dos seus cabelos – falei tentando aliviar o clima que se instaurou na sala – Por que não os deixa solto?

Ela não respondeu, apenas me estendeu a xícara fumegante.

- Vai fazer voto de silencio agora? – disse aceitando o chá.

- Não tenho assunto a tratar com você - falou me olhando duramente – então por que não limita-se a tomar seu chá e ir embora?

- Você se engana, minha queria – falei me inclinado e tomando-lhe as mãos entre as minhas. Beijei-as com carinho e ela as retirou bruscamente se levantando de um salto. Eu a segurei pelo punho e também sai de minha poltrona aproximando-me dela. - Temos muitos assuntos para esclarecer.

- Não consigo lembrar-me de quando lhe dei permissão para me tratar com tamanha intimidade – disse tentando se afastar, mas eu impedi trazendo-a ainda para mais perto.

Ela pareceu escandalizar-se com o contato e eu ri maliciosamente. Se ela queria guerra... não seria eu que iria recusar o desejo de uma dama tão bela.

- Você é linda – sussurrei tocando-lhe a face e depois mexendo com seus cabelos – desde o dia em que te vi não penso em outra pessoa. – murmurei provocador.

Novamente presenciei o medo nas faces dela. Não era o sentimento que esperava. Mulheres gostavam de ser cortejadas, mas Lily parecia se agonizar diante das minhas investidas. Senti-me mais uma vez culpado, porém o desejo falava alto e agora percebia que ter me aproximado tanto dela fora um erro. Ela era uma donzela, não uma das mulheres com quem estava acostumado a lidar. Ficava claro o porquê dela se escandalizar e seria sensato afastar-me, mas isso já estava fora do meu controle.

- Saia de perto de mim! – ela gritou empalidecendo.

- Não...Nunca – falei com raiva. Passei os dedos levemente pelos lábios dela antes de sela-los aos meus. Por um instante achei que corresponderia, mas estava terrivelmente enganado.

- Eu te odeio! – ele gritou chorando me empurrando violentamente. Afastou-se tremula trombando em alguns móveis.

- Isso não muda nada Srta Evans! - devolvi venenoso diminuindo novamente a distância entre nós –Vamos nos casar em duas semanas... e você vai ser obrigada a me suportar!

Senti o sangue pulsar nas veias de maneira incomoda. O desejo misturava-se a raiva de ser rejeitado. Não estava acostumado àquilo... Não estava acostumado a perder o controle diante de uma mulher.

- Tenho nojo de você – ela disse me observando intensamente.

Eu a encarei ofegante e, sem pensar duas vezes, a puxei para mais um beijo. Mas esse não ocorreu.

Lily apanhou uma estatueta de prata do console da lareira e atingiu minha cabeça com força abrindo um corte profundo na minha testa. Levei a mão ao ferimento reprimindo um grito de dor. Cambaleei procurando um apoio qualquer, mas não o encontrei.

- Oh meu Deus! O que foi que eu fiz! – ela falou chorosa abandonando o objeto e correndo em minha direção – Camille! – gritou fazendo com que eu me sentasse na poltrona – traga panos limpos e uma bacia de água.

Observei-a se ajoelhar na minha frente com uma expressão desesperada. Ela me analisava com os olhos verdes vibrantes e penalizados. Forcei a vista para não perde-los de foco, mas minha cabeça pesava e impedia que eu me concentrasse naquelas orbes perfeitas.

- Perdoe-me – ela disse num sussurro com os olhos cheios de lágrimas.
Zonzo demais para responde-la apenas procurei-lhe as mãos e apertei-lhes firmemente.

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Ops!!! Uma Lily muito má e um James muito machista... Vocês acham que a Lily se meteu numa encrenca???
Ok, pessoal, esqueci de falar no prólogo...bom, essa fic foi inicialmente escrita par um challenge de ficlets do fórum A3V...bom...eu tinha um limite de 3 páginas pra escrever, acabei passando um pouco do previsto e pra aproveita a estória, eu desenvolvi um pouquinho mais e resolvi publica-la. De qualquer forma, os capítulos são curtos e poucos, mas se tiver um bom número de leitores gostando, eu posso acrescentar algo mais. Por isso, expressem suas opiniões e me digam o que acham da fic...
Tecaaa!!! Obrigado pelo comentário...bjo

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