Natal sem amigos.

Tiago não havia conversado com ninguém o dia inteiro. Quando o professor Flitwick pediu para eles se sentarem em dupla, Lílian sentou-se com Naná, Remo com Sirius e Rabicho com sua namorada. Resolveu fazer então, com Oldman, um garoto muito estranho que não parava de falar sobre as acromântulas.
Á noite, resolveu dar umas voltas pelos jardins para esclarecer um pouco as idéias, mas mesmo assim não foi uma boa idéia, pois começara a chover quando ele já estava distante do castelo.
Chegou encharcado no dormitório masculino e percebeu que todos arrumavam as malas, afinal o Natal já estava próximo. Decidiu que faria outro dia e foi se deitar. A noite também não foi uma das melhores. Começou sonhando que estava em uma linda praia com Lílian, quando um terrível dementador começou á sugá-lo e Lílian apenas ria. Depois Sirius apareceu do nada e levou Lílian nos braços. Remo se transformou em um Lobisomem e começou á estraçalhar Rabicho. Acordou, então, suado e assustado.
Resolveu descer para a sala comunal, e se distrair.
Quando chegou lá, encontrou Sirius entrando pelo buraco da mulher gorda. Ele ficou muito assustado quando avistou Tiago.
- O que está fazendo aqui? – perguntou com um tom de arrogância.
- Eu é que te pergunto. – respondeu Tiago.
- Você não tem nada a ver...
- Esse é o Mapa do Maroto? – interrompeu Tiago.
- É, por quê?
- O que...?
- Eu já disse, não te interessa!
- Se você estivesse falando comigo poderíamos ter ido juntos com a capa de invisibilidade!
- Você não faz mais isso, esqueceu?
- Não vamos começar...
- Não, não vamos! – respondeu Sirius irritado.
- Como é que você passou pela mulher gorda? – continuou Tiago, disposto á descobrir onde o amigo teria ido.
- Disse que foi o Dumbledore quem me mandou chamar. – respondeu largando a capa molhada em cima de uma poltrona.
Houve uma pausa.
- Não vai me dizer, mesmo? – perguntou Tiago com um tom de desculpas na voz.
Sirius hesitou um pouco. Após um tempo se sentou na poltrona e começou a falar, sem olhar para Tiago:
- Bom, você vai ter que saber do mesmo jeito. Eu fui ao Corujal.
- Fazer o que á essa hora?
- Responder uma carta.
- Que carta?
Sirius ficou em silêncio.
- Que carta? – repetiu Tiago, curioso.
- Uma carta do meu tio.
- Que tio?
- Um tio que vai me emprestar dinheiro.
- Emprestar dinheiro pra que?
- Pra...pra comprar uma casa! – falou, corando violentamente.
- Como assim...? – perguntou Tiago, embora juntando as peças e temendo a resposta.
Sirius continuava sem encarar o amigo.
- Eu vou comprar uma casa para morar e passar o Natal. – resumiu.
- O que você quer dizer...?
- Isso mesmo que você sabe! Não dá mais pra ficar morando na sua casa, me hospedando lá. Ainda mais, agora que...aconteceu isso. Resolvi tomar uma decisão e pedi dinheiro pro meu tio.
- Desde quando?
- Desde ontem. Mandei uma carta perguntando se ele podia arranjar um apartamento pequeno pra mim no centro de Londres, ele me respondeu á tarde dizendo que havia encontrado e que eu podia me mudar imediatamente, fui ao corujal e respondi.
- Então é isso? Você não vai pra minha casa no Natal?
- Não.
- Nem pra festa?
- Não.
Um balde de água fria pareceu ter sido jogado sobre Tiago. A única esperança que ele tinha de se reconciliar com Sirius era nessa festa. Percebendo que não havia mais conversa ele subiu para os dormitórios pra ver se isso era parte de seu pesadelo.
Na manhã seguinte, que era sábado, resolveu levantar cedo e tomar café. Encontrou Remo assim que saiu.
- Tiago eu tenho que falar com você! – falou Remo com voz muito baixa. Tiago percebeu que o amigo estava muito pálido.
- Fale então! O que é? Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu.
- O que?
- Eu...eu não vou poder ir à sua festa.
- Porque?
Ele balançou a cabeça várias vezes e então disse:
- Eu...eu não posso ir!
- Não pode, ou não quer? – perguntou irritado
- É isso que vim dizer! Bom Natal!
- Remo... – gritou Tiago, mais o amigo já tinha saído pelo retrato.
Tiago queria dar um soco na cara de Remo e Sirius, estuporá-los várias vezes. Estava com muita raiva de todos. Resolveu que não iria tomar café e sim ficar na sala comunal.
Depois de horas, ele resolveu levantar-se da poltrona afundada e dar uma volta. O dia estava muito nublado com nuvens carregadas. Andou pelos jardins, andou pela floresta e andou pelo castelo. Foi á lugares que só ele conhecia e resolveu se esconder um pouco de todos em um esconderijo que dava á Hogsmead. Absorto em seus pensamentos e mágoas. Quando deu por si, já estava na hora do jantar, então se dirigiu para o salão principal que estava morto de fome. Mal havia se sentado á mesa e ouviu Lílian o chamar:
- Tiago! Tiago! – disse ela, correndo ao seu encontro com uma expressão dura. – Onde você estava? Estive te procurando o dia inteiro!
- Eu estava por aí!
Ela se calou por um instante.
- E então? O que foi? – perguntou intrigado.
- A gente não anda se falando não é mesmo? – começou ela muito cautelosamente.
Uma luz brilhou em seu peito. Será que Lílian ia fazer as pazes? Pelo menos uma coisa boa iria acontecer nesse Natal trágico?
- Você anda bem irritado, e isso não vem de mim! – acrescentou assim que Tiago fez menção em interromper. – O Remo conversou comigo e acha o mesmo! Então...eu...acho melhor a gente...sabe,...dar um tempo.
- O quê? – exclamou Tiago, e aquela luizinha em seu peito desapareceu rapidamente. – O que...porque?
- Porque é melhor assim! Se continuarmos a coisa pode ficar séria, e eu acho melhor darmos um tempo para nós dois.
Ele ficou mudo. Ela continuou.
- Você não acha que deve pensar mais em suas atitudes?
- Que atitudes? O que estou fazendo afinal? – perguntou elevando a voz.
- Você está se enfurecendo com todo mundo! E isso está acabando com nós.
- “Nós”...?
- Eu, Remo, Rabicho...
- Eu não...o Rabicho?
- É, ele disse que só pediu pra você parar com isso e você berrou com ele! Tiago não! – acrescentou. – Admita! Nós achamos melhor assim, dar um tempo pra você, quem sabe assim...
- Assim o que?
- Você se acalma! E...é por isso que eu não vou passar o Natal com você! Já mandei uma coruja pra minha mãe. Rabicho e Naná também não!
Tiago abaixou a cabeça para disfarçar as lágrimas.
- É melhor assim! – completou ela, dando-lhe um beijo em sua bochecha.
Ela foi embora balançando seus lindos cabelos ruivos. Tiago não fez o mesmo pois estava morto de fome.
Ele foi dormir mais cedo, pois não havia o que fazer.
“Sem amigos e sem namorada! Com certeza esse vai ser o melhor Natal de todos.” – pensou ele.
Na manhã de Natal, Tiago acordou com a barulheira dos amigos. Colocou os óculos e viu uma pilha de presentes ao pé de sua cama. O maior de todos estava embrulhado com um lindo papel vermelho e prata. Era dos elfos domésticos de sua casa. Desapontou-se um pouco por não ser “ninguém especial”. Colocou o presente de lado e viu o de Rabicho, era um pacote médio. Abriu e viu que era um Oinóculo. Abriu o do Remo que era um novo jogo de Xadrez Bruxo e depois, foi o de Lílian: Uma caixa com várias delícias da Dedosdemel. Havia outros de meninas que lhe mandaram bombons, o pessoal do time de quadribol entre outros. Depois de conferir todos (pois o de Sirius não estava lá) colocou tudo no malão, se vestiu, sem pressa, e desceu para o “Espresso Hogwarts”
Tiago havia chegado no Expresso Hogwarts muito chateado. Como não eram todos os alunos que passavam o Natal em casa, não foi difícil ver uma cabine vazia. Ajeitou-se em uma e esperou o trem dar partida. A porta do trem se abriu. Tiago viu que era Aline, uma menina da Sonserina, com quem havia ficado uma vez.
- Ah, olá Tiago! – disse, fingindo surpresa. Ela era alta de cabelos castanhos claros e olhos pretos, de voz rouca. – Posso...? – perguntou apontando a cabeça para o assento vazio.
Ele afirmou com a cabeça. A menina ajeitou seu malão com muita dificuldade. Tiago sequer á ajudou.
- Então – continuou após um tempo – Tudo bem?
Ele afirmou, novamente sem falar.
- Tá – sussurrou para si mesmo. – Vai passar o Natal com sua família?
Ele afirmou. Ela pigarreou várias vezes, era visível que queria conversar.
- Você e a Lílian...brigaram?
- Aline, não quero conversar! – falou de voz firme virando-se para a garota.
- Nossa! Comentaram mesmo que você estava nervoso!
- Ótimo! Agora só falta sair no Profeta Diário!
- É que... bem, não é normal! Você e o Sirius eram os senhores “haha”.
- Hum – abafou uma risada.
- Viu? Não é tão difícil! – Aline disse, sorrindo.
- Olha, eu sei que você quer me animar porque eu briguei com a Lílian, mais, não vai adiantar! É que eu...bem, não briguei só com a Lílian, entende?
- Certo! Caso queira conversar...
- Brigado! – falou sorrindo, fazia tempo que não fazia isso.
Eles passaram a maior parte calados, ás vezes, a menina comentava sobre matérias no “O Pasquim”, mais o assunto morria, pois Tiago, não estava mesmo, afim de conversar! O trem já estava no meio do caminho quando Tiago resolveu ir atrás do carrinho de guloseimas.
Estava no meio do caminho, quando se deparou com a cabine onde estava Sirius e Lana (aos beijos, obviamente) e ao lado estavam Remo, Naná e Lílian. Todos muito sorridentes, jogavam Snap Explosivo. Era visível que ambos estavam muito felizes.
“Ótimo! Eu aqui triste por tudo que ELES fizeram comigo, enquanto se divertem...”
¬Achou melhor voltar para sua cabine, sem as guloseimas.
- Ué, não achou ela? – perguntou Aline, assim que um Tiago nervoso apareceu.
- NÃO! – berrou.

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