Alfheim



Cap. I - Alfheim



Outros mundos, outras realidades.

Em terras longínquas, protegidas de homens, a magia e o encanto tomam forma e se escondem. Em paz por tantos milênios, estas criaturas seguem formando suas famílias, seus clãs e sociedades, desde quando o sol banha a terra e as chuvas matam a sede dela.

A existência desses seres sequer ainda é contestada. Eles foram esquecidos, como se ser partes integrantes de livros infantis ou clássicos literários fosse a única forma de vida que tiveram algum dia.

Nós os ignoramos e eles a nós. É assim que é e é assim que sempre será.
Será?

Não. Não sempre.


*


O Reino dos Elfos. Grandiosos e magnânimos bosques, virginais e intocados pela destruição são a morada de criaturas belíssimas, dotadas de inteligência, sabedoria, imortalidade e pura magia. Eles são apreciadores da natureza e da vida selvagem. Protegem-na e por elas são cuidados.

Alfheim - o nome das terras que habitam desde tempos imemoriais - abriga seu reinado. Lá construíram sua morada e para os que estão em outra dimensão, são inalcançáveis.
Mas nem sempre foi assim.

Em épocas remotas, quando os humanos ainda se encantavam com a magia e a buscavam com sinceridade e bom espírito, muitos elfos conseguiam permissões para cruzar o plano e encontrar-se com os mortais.

Para os elfos, que já enxergavam um declínio de caráter dos mortais, era fácil se afeiçoar aos muito jovens humanos, pois viam neles traçados de sua própria beleza misturados com inocência e falta de conhecimento. Muitos desejavam tutoriá-los e instruí-los nas práticas tão comuns para seu povo. Chegavam até mesmo a amá-los.

Então, desde que autorizados, eles realizavam Rituais de Acesso, que dependiam de condições adequadas, e permaneciam na Terra por uma só noite. Nesse período, a barreira mística estava muito fraca – algo que geralmente acontecia em noites de lua cheia – e os pequenos grupos viajavam até clareiras de florestas, que é o seu habitat natural, e lá permaneciam.

Se um dos seus integrantes desejasse levar um mortal para Alfheim, bastava seduzi-lo até atraí-lo para a clareira. Uma vez lá, o encanto daqueles seres únicos, de auras luminescentes, era o suficiente para mantê-lo entretido, até à hora de partir.

Quando a madrugada começava a se desmanchar, permitindo em breve o romper de um novo amanhecer, o elfo que escolhera tal mortal aproximava-se deste, entoava uma extraordinária canção e embalando-o em seus braços tomava-o para si, com um beijo arrebatador. Assim que a lua começava a desaparecer dos céus, a clareira se iluminava intensamente, como se lá houvesse caído um imenso corpo celeste e cada partícula deles – mortais e imortais – se fundia com tal luz, e o ritual se encerrava com o retorno deles para o Reino.

Os jovens levados até o Reino dos Elfos eram tratados como convidados de honra e apresentados para todos os habitantes da comunidade. E lá, a maioria permanecia até o fim de seus dias ...




* Alfheim e parte desta história sobre os Elfos são autoria de Rodrigo “Lamazuus” Linn.

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