Capítulo III



Push - Enrique Inglesias
Capítulo 3
What do I want? What do you want?


- E então…?- Mione perguntou me olhando.

Ela tinha chegado no meio da tarde e ficou sabendo pelo jornal – é nisso que dá ficar lendo O Profeta, entende tudo errado – sobre a história comigo e com a Gina. E depois de tagarelar por mais de meia hora, me obrigou a explicar tudo. Daí ela nos deu um sermão de mais de meia hora por beber tanto assim. Ela me assusta às vezes, sabe? Só ela consegue imitar o olhar da Minerva. O que é sim bastante assustador. Rony estava tomando banho e já passavam das nove e meia. O que significava que Gina já deveria estar aqui e...

- Harry, ta me ouvindo?- hein?
- Claro!
- Então me diz!- ferrou.
- É.. então, que acho que não.- eu respondi, sem fazer a mínima idéia do que ela tinha perguntado.
- Você não ouviu uma palavra do que eu disse! Eu sabia!- ela exclamou brava – O que ta rolando entre você e a irmã do Rony? Eu sei que você não quis falar na frente dele, mas eu percebi q...
- Percebeu o quê?- eu perguntei meio exasperado- não há nada pra perceber! O que eu te contei foi totalmente verdade, Hermione!
- Você está mentindo!- ela disse em tom de “não tente ensinar o padre a rezar a missa”. Eu iria rir dela se fosse outra situação, mas no momento, tudo o que eu consigo fazer é olhar pra rua, evitando o olhar da minha melhor amiga.
Hermione continuou me encarando com aqueles olhos grandes e castanhos, como se estivesse lendo minha alma. Eu estava sentado na ponta da cama, sentindo minhas mãos suarem. Pensando em algo pra dizer, eu me levantei e segui para a janela do quarto, de onde dava pra ver o tão famoso Central Park. Quando eu ia me virar novamente para Hermione, e reforçar que não havia nada entre a gente, a campanhia tocou. Eu já ia me alegrar, quando lembrei que só podia ser Gina. Aí, minhas mãos começaram a suar novamente. Que diabos está acontecendo comigo? Eu fiquei mudo, encostado na parede, enquanto via Hermione se erguer na cama e abrir a porta, ao mesmo tempo em que eu ouvi Rony desligar o chuveiro. E então o perfume que me lembrava as flores do jardim da minha mãe invadiu o quarto.

xXx


O ensaio fotográfico durou muito mais do que eu imaginei, mas ficou muito bom, de verdade. Valeu à pena totalmente. Mas nunca que eu ia conseguir chegar as nove no hotel, e como eu não tinha o telefone de lá – ceús, como eu sou estúpida! – não tinha como avisá-los do meu atraso. De modo que eu fiz tudo correndo. Sai correndo, lanchei correndo, tomei banho correndo, me arrumei correndo e rumei para o hotel correndo. Agora eu estou aqui, encarando pela segunda vez essas portas de elevador medonhas, pensando em como arranjar tempo semana que vem para ir ao salão cuidar do meu cabelo. E dar um pulinho na Barney’s, conferir as últimas... E na Tiffany’s buscar o par de brincos de rubi que eu deixei reservado. Mas se bem que eu posso pedir para Dorota fazer isso. Mas eu realmente tenho que ir na Marc Jacobs e... talvez eu realmente precise de um spa. Viu como minha vida é complicada? É duro morar na Quinta Avenida e não ter tempo para fazer compras sem deixar um dia na agenda separado justamente para isso. Saindo do elevador, ainda tentando me lembrar se eu tinha algum tempo livre nessa semana, eu toquei a campanhia do quarto de Rony, e me permiti mergulhar novamente no mundo fabuloso da moda. Pensando melhor, eu poderia tirar umas três horas diárias, e visitar uma loja por vez. Assim, em pouco mais de uma semana, meu guarda-roupa estaria totalmente renovado para essa estação.

- Olá?- uma moça com os cabelos castanhos atendeu a porta. Será que essa é a tal noiva do meu irmão?
- Ahn... oi. O Rony está?
- Você é a Gina?- ela me perguntou abrindo a porta.
- Uhum, e você é a Hermione?- ta, tava bem óbvio que era ela, mas eu tinha que perguntar. Foi mais forte que eu!
- Uhum!- ela disse, animada.
- Aiin aleluia! Até que enfim eu conheci minha cunhada!- eu disse a abraçando forte, exatamente como eu abraço meus irmãos. Eu tava realmente feliz com esse casamento. E Hermione Jane Granger-quase-Weasley era tipo, a-mulher-que-eu-quero-ser-quando-crescer, porque ela é realmente bonita, é inteligente, vai se casar com um cara gostoso – eca, ele é meu irmão! – e o cara em questão era um cachorro vira-lata com pulgas e agora parece mais de pelúcia. Essa garota não é demais?
- É bom conhecer você também! Seus irmãos falam tanto de você!- ela disse super simpática. Merlin, meu bem, você acha que algum dia alguém vai me amar tanto quanto Rony a ama? Quando eu finalmente parei de olhá-la e olhei parar o resto do quarto – sabe como é, procurando o boboca do meu irmão – eu não encotrei Rony, mas sim um moreno forte me encarando com duas esmeraldas. Aiai... eu suspirei? Ai cacilda.

- Oi, Harry.- eu disse, indo cumprimentá-lo.

Ele se desencostou da parede e andou até a mim. E dessa vez eu não tava nervosa porque eu iria abraçá-lo. Eu simplesmente queria abraçá-lo. Ele sorriu pra mim, fazendo aquelas covinhas surgirem. Suspirei de novo. Droga.

- Oi Gin.- ele me chamou de Gin. Ele me chamou de Gin. E ta, eu sei que todo mundo me dá apelidos, mas e daí? Harry Potter me chamou de Gin. Ai cacilda, porque eu to tão animada com isso? Sem pensar direito – veja bem, eu costumo pensar, mas perto de Harry, isso parece meio difícil – eu me aproximei ainda mais dele e o envolvi pelo pescoço, abraçando firme para logo depois lhe dar um beijo estalado na bochecha. E ta, eu sei que eu costumo fazer isso com todo mundo, mas com o Harry é diferente. Eu me sinto diferente. Logo depois que eu saí de perto dele, eu o vi sorrindo e um silêncio constrangedor se abateu no quarto. Odeio silêncio. Odeio constrangimento. Odeio ainda mais silêncio constrangedor.

xXx


Como era de se esperar, pelo menos para mim, Gina entrou no quarto como um furacão, esbanjando alegria e animação. Não demorou nem um minuto e meio e ela já estava abraçando Hermione. Eu não pude fazer nada a não ser rir da expressão de “que louca é essa?” que Hermione fazia. Mas meu riso desapareceu assim que eu percebi que ela ia olhar para quarto. Assim que ela me olhou nos olhos, eu senti algo estranho dentro de mim. Algo no meu estômago.

- Oi, Harry.- ela disse, vindo em minha direção. Antes que pudesse me conter, eu me desencostei da parede e segui em sua direção, sorrindo. E por mais que eu odeie admitir, eu estava louco para botar meus braços envolta da sua cintura fina novamente, e sentir o cheiro gostoso de seu perfume misturado com o cheiro de seus cabelos. O que eu to pensando?
- Oi Gin.- eu disse, sorrindo para ela. Desta vez o vestido azul vinha até os joelhos e ela usava um par de sandálias vermelhas que me chamaram muita atenção. O que é no mínimo estranho, porque eu nunca reparo nos pés de uma mulher.

Logo nossos corpos estavam colados novamente e eu pude finalmente sentir seu perfume perto. As súbitas – e malucas – vontades que sempre surgiam quando Gina estava por perto voltaram e a minha vontade foi de enterrar meu rosto no pescoço dela e passar o resto da noite ali. E eu quase fiz isso. Mas ai eu me lembrei que não estávamos sozinhos e que Hermione já desconfiava de alguma coisa. Coisa essa que eu não sabia o que era, mas tava me sentindo culpado. Ah cara, eu to confuso.
Quando Gina se afastou de mim novamente, um silêncio constrangedor se estabeleceu no quarto e era visível o quanto a ruiva estava incomodada com aquilo. Desviando meu olhar dela, encarei Hermione que me olhava como dissesse ‘‘já entendi tudo!’’. Bom, Mione, se você já entendeu tudo, por favor me explica!
Gina tornou a olhar para Hermione e sorriu. Então eu saquei o que ela ia fazer. Não sei como eu soube o que ela ia fazer, mas o fato é que eu sabia. E aquilo seria muito interessante. Hermione não é muito simpática com quem não conhece. Gina é simpática demais. Hermione não gosta de meias palavras. Gina adora tagarelar. Ah, essa vai ser uma longa noite.

xXx


Ta, talvez eu estivesse errada. Hermione Granger-quase-Weasley não é tão simpática assim. Finalmente estávamos jantando no restaurante/boate e eu estava extremamente feliz por poder fazer alguma coisa que me impedisse de ficar tagarelando – sozinha – sem receber nenhuma atenção. Eu estava completamente incomodada em jantar com os três. Rony e Hermione estavam ignorando a gente – Harry e eu – e estavam matando a saudade. De modo que eu e Harry evitávamos olhar para eles e evitávamos nos olhar também, porque aquilo estava muito, muito estranho. Era como um encontro em casais. Mas hey, NÓS NÃO SOMOS UM CASAL!
Da mesa onde a gente estava – eu sempre pego as melhores mesas – eu tinha uma ampla vista da pista de dança um andar abaixo. Céus, como eu queria que os três dessem logo um fora dali para que eu pudesse encher a cara, arrumar algum um cara – ou uma amiga – que saiba dançar razoavelmente e aproveitar o resto da noite. O dia tinha sido cansativo, e a noite estava sendo frustrante. Não é o jeito que eu gosto. Não é assim que deve ser. Não é assim que vai ser. Olhando novamente para o casalsinho na minha frente que estava me tirando o apetite – cara, tem como eles serem mais melosos? – eu resolvi acabar com aquilo ali por ai. Basta.

- Então, quando é o jogo de vocês?- isso ai, vocês não têm que treinar não caramba?! Onde está o treinador correndo atrás deles, controlando o toque de dormir?

Harry, aproveitando o momento, resolveu continuar a conversa. Talvez ele estivesse cansado e quisesse ir para casa. Que pena, eu queria saber se ele sabe dançar... nada disso! Que bom. É isso, que bom que ele quer ir pra casa!

- Depois de amanhã temos um jogo.- ele respondeu, olhando para a pista também.
- Vocês não deveriam estar descansando então?- eu disse, fingindo preocupação. O que eu não contava era que Harry fosse perceber minha jogada de mestre – ou não tão de mestre assim.
- Pode deixar, Gin. Conhecemos nosso limite.- ele disse com um sorrisinho divertido nos lábios. Eu me senti corar feito uma criançinha pega fazendo besteira. Imediatamente eu senti vontade de arrancar aquele sorrisinho dele, custe o que custasse, mas consegui me controlar.
- Que bom.- eu disse fingindo o sorriso aliviado.
- Bem, eu conheço o meu também.- Hermione disse, olhando para Harry de um jeito que não me passou despercebido.- Rony, podemos ir agora? Estou bem cansada.
- Claro, amorzinho.- a salada ta voltando. Onde é o banheiro mais próximo?!
- Tenho certeza de que você está muito cansada Mione, melhor ir descansar mesmo.- Harry disse em um tom que me pareceu ser irônico.
- Estou muito cansada sim Harry, mas vocês dois deviam definitivamente ficar.- ela disse sorrindo.

Hello?! Alguém ta entendendo alguma coisa? Uma imagem começou a se formar na minha cabeça: eu dentro de uma barquinho de papel cantando ‘‘to boiando, to boiando...’’. Rony interrompeu ao meu próprio desenho animado me dando um beijo de boa noite no topo da cabeça para logo depois ir embora com a Doutora-estou-cansada-demais-para-me-divertir. Mas já?

xXx


Rony e Hermione estavam particularmente irritantes e inconvenientes esta noite. Eu estava até com pena de Gina, que passou mais uma hora tagarelando sozinha, tentando arrancar meia dúzia de palavras de Mione. Agora que os dois tinham ido embora, Gina continuava olhando para a pista e parecia meio distante, meio incomodada. E eu, por algum motivo, não estava gostando daquilo.

- Hey- eu disse, chamando a atenção dela para mim.- ta tudo bem?
- Ta sim.- ela respondeu sorrindo fraquinho e tornando a olhar para a pista.

Foi ai que eu entendi o que estava acontecendo. Então aquela era Gina Weasley entediada? Que estranho. Ela estava tão quietinha que parecia uma criança quase dormindo. Aproveitando que ela não estava prestando atenção em mim, eu passei a observá-la, coisa que estava se tornando um hábito muito... bizarro.
Encostada na cadeira de modo relaxado, a ruiva estava balançando o pé de acordo com a música que estava tocando enquanto rodava casualmente o canudo de seu drinque.
Foi naquele momento que eu decidi que eu não podia simplesmente deixar uma mulher como Gina Weasley sentada em um restaurante. Sorrindo, eu chamei o garçom. Ela percebeu meus movimentos, e passou a me encarar curiosa. Mas eu não ia falar nada. Só ia fazer. Assim que eu paguei o jantar e todo o resto, me ergui da cadeira, lhe oferecendo minha mão. Ela me olhou meio incerta e eu me limitei a sorrir. Segurando minha mão, ela se ergueu da cadeira também. Assim que ela ficou em pé, eu a puxei com força para perto de mim, para poder sussurrar em seu ouvido. Nossos corpos estavam mais uma vez colados e dessa vez eu pude me aproximar de seu ombro sem me preocupar com o que os outros iam pensar.

- Eu danço se você dançar.- eu sussurrei. Ta, eu tava bancando o conquistador mesmo, e daí?

xXx


Um arrepio gosto subiu pela minha coluna. Ahh, Harry, por que você tinha que ser tão... gostoso? Ai droga, eu não acredito que eu pensei isso! Eu me afastei um pouco, apenas para olhá-lo nos olhos. E agora? Tem alguma coisa rolando entre a gente, e isso ta bem óbvio, mas o que é? As palavras sussurradas continuavam ecoando na minha mente. Era um simples convite, mas parecia ter muito mais por trás daquilo. Muito mais. E eu estava disposta a descobrir. Sorrindo para ele, eu apertei sua mão – nós continuávamos de mãos dadas – e o guiei para o andar de baixo.
O lugar estava mais cheio do que dava para ver do andar de cima e a música estava muito mais alta.
Sabe, é por isso que eu gosto de pista de dança. Ninguém precisa ser igual, ninguém precisa ser perfeito. Você passa a ser mais um desconhecido quando está no meio da multidão. E para mim, é muito bom ser mais um desconhecido.
Olhando para Harry, eu vi que ele me olhava de um jeito muito estranho. Novamente, arrepios vieram à tona, e eu senti o lugar ficar mais abafado. Ah droga, eu queria Harry Potter. Eu não conseguiria agir normalmente sem uma ajudazinha. Ou seja, vamos para o bar!

- Vamos beber alguma coisa?- eu perguntei gritando perto de seu ouvido para que ele me escutasse. Ele concordou com a cabeça e começou a abrir caminho pela multidão até o bar. Depois de alguns minutos – sempre tinha algum infeliz que entrava na nossa frente – finalmente estávamos sentados nos banquinhos, bebendo nossos drinques.
Eu já ia pedir o terceiro quando senti Harry segurando minha mão novamente.

- Chega de beber, moça. Vamos dançar.- e ele me puxou – de novo – e foi abrindo espaço até o centro da pista. Eu senti o mundo girar um pouco mais devagar quando começamos a dançar juntos. Em momento nenhum ele parou de me encarar. Acho que vou desmaiar.

xXx


Nós dois estávamos dançando juntos no ritmo da batida no meio da pista. Gina parecia meio envergonhada, meio incerta do que fazer. Mas eu queria ver até onde a ruiva ia, eu queria ver do que ela era capaz. Eu sabia que devia estar me controlando mais, estar agindo menos como um cachorro, porque afinal, ela é irmã do meu melhor amigo. Mas quando se tratava de Gina, meu autocontrole vai sempre pro espaço.
Então a batida começou a ficar mais fortes, e os casais começaram a se juntar mais. Sem pedir permissão, eu envolvi Gina pela cintura e a trouxe para mais perto de mim. Ela apenas me encarou, erguendo uma sobrancelha, me perguntando, sem palavras, que diabos eu estava fazendo. Mas ao mesmo tempo, ela não ofereceu resistência.

- Você só é capaz disso, ruiva?- eu perguntei, provocando-a. Eu sei, é um jogo baixo. Mas eu sou um conquistador, fazer o quê?

Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou e eu tive vontade de fazer com que ela engolisse o riso, de um jeito bem ousado, se é que você me entende. Mas ao invés de beijá-la, eu apenas a puxei forte, colando nossos corpos com força, a assustando um pouco. Então ela me encarou com aqueles magníficos olhos azuis escuros e me deu um sorrisinho malicioso. E as coisas no meu estômago voltaram a se agitar, ao mesmo tempo em que eu sentia o ambiente esquentar um pouco. Como aquela garota tinha aquele poder sob mim?
Mas aquilo não chegava nem perto do que eu senti a seguir. Ainda sorrindo, a ruiva se encostou ainda mais em mim – eu não sabia que isso era possível – e levou uma de suas mãos ao meu ombro, enquanto a outra deslizava casualmente entre minha nuca e meus cabelos, arrastando suas unhas levemente, me arranhando e me provocando. Arrepios subiam pela minha coluna e eu sentia a necessidade de agarrá-la. Agora sim eu precisava de um banho frio.

- Você não faz idéia no que acabou de se meter, Potter.- ela disse sussurrando perto do meu ouvido e passando de leve os lábios na minha orelha.

Agora sim ela começou a dançar de verdade. E eu estava me sentindo como se não devesse ter cutucado a onça com vara curta. Gelo, por favor?

xXx


Ele queria guerra? Então ele teria guerra. Tava mesmo na hora de Harry Potter aprender que ele não era o único que sabia provocar e fazer joguinhos. Eu passei a dançar como eu sempre dancei: sem ligar para o que os outros estavam pensando – ou em quantos homens estavam olhando. E aquilo parecia estar enlouquecendo Harry, que estava me encarando como se fosse me agarrar a qualquer momento, e por mais que eu não queira admitir, eu estava louca para que ele o fizesse. E que fizesse logo. Entrando no joguinho dele, eu resolvi provocá-lo também.

- O que foi, apanhador? Esqueceu como se dança?

Ele me olhou e eu pude ver dentro das esmeraldas que eram seus olhos o quanto ele me queria e aquilo fez um arrepio gostoso correr por todo meu corpo. Por que diabos ele não se movia e me agarrava logo de uma vez? Santa lerdeza... Mas eu esqueci totalmente o que eu estava pensando ao sentir as mãos firmes do moreno envolvendo minha cintura, me forçando a dançar com ele. Aiai, Harry. Você é mesmo um cachorro terrivelmente irresistível.
Ele continuou me encarando sem sorrir e eu senti minha pele formigar. Nós dançávamos de acordo com o ritmo, com os corpos já suados e agora não havia mais como negar: havia sim algo entre a gente.

xXx


Já passavam das quatro da manhã quando finalmente saímos da boate. Ambos estávamos cansados, com o corpo dolorido, mas estávamos felizes.
Gina não parava de xingar os sapatos que tinha custado uma fortuna e que estava matando os pés dela. Quando eu falei para ela tirar, ela quase pulou no um pescoço.

- Você ta maluco? Tirar o sapato? Ficar descalça na rua!? Nem pensar!
- E o que tem demais?
- Harry, eu não paguei uma fortuna para simplesmente tirá-los assim!
- Ora, por favor! Você mesmo disse que seus pés estão doendo!- nós dois estamos andando até o apartamento delas que fica a umas seis quadras da boate. A gente poderia ter pegado algum dos táxis que estavam na porta, mas anda pareceu mais legal. E além do mais, Gina me perturbou até eu falar que iria com ela, porque ‘faz tanto tempo que eu não faço isso! Sentir o vento da madrugada é tão gostoso’ e blá blá blá.
- Mas eu não vou tirar e ponto final!- ela era teimosa. Muito teimosa.
- Que seja, quem vai ficar com o pé doendo é você!

Ela me olhou fazendo careta, feito uma criançinha de birrenta de cinco anos e eu tive vontade de gargalhar. E gargalhei mesmo, e para minha surpresa, ela me olhou mordendo o lábio inferior para logo depois começar a rir também. Depois ela me empurrou e continuou andando. Eu parei no meio da calçada e fiquei observando ela andando. Nem parecia que ela estava com dor nos pés. Continuava andando com a mesma leveza e classe de sempre. Ela realmente tinha nascido para ser modelo.

- O que foi, Harry?- ela perguntou alto, parando no meio na calçada também.

Eu meio que estava vendo tudo lento, detalhadamente. O vestido azul tomara que caia balançava levemente com a brisa da madrugada e os longos ruivos estavam meio embaraçados e suados. Ela toda estava suada, assim como eu. E os pés continuavam parecendo extremamente sexys dentro daqueles sapatos vermelho-cereja. Assim como a boca dela. Ah cara, Gina Weasley é linda.

- Harry?- ela tornou a me chamar- ta tudo bem?

Eu concordei com a cabeça sorrindo. Acelerando os passos eu voltei a caminhar ao lado dela. Nós dois continuamos o caminho andando lentamente, como se estivéssemos tentando adiar o máximo possível a agora de ir embora. Não tinha rolado nada entre a gente tirando as provocações e os joguinhos de sedução, mas naquele momento eu sentia que não precisava de mais nada. Pela primeira vez na vida, eu estava disposto a ir devagar por uma mulher. Ela não parecia se importar também. Na verdade, nós dois estávamos agindo como velhos amigos, falando sobre os assuntos mais variados e se provocando de vez em quando. Era bem interessante ficar perto dela, sem ter que me importar em falar exatamente as coisas certas para agradá-la.

- Bem, eu fico aqui então.- ela disse. Eu nem tinha reparado que já tínhamos chegado ao prédio dela.
- É...- eu não queria que a noite terminasse daquele jeito. Nós ficamos nos encarando sem saber o que dizer, então ela sorriu e me deu um beijo na bochecha.
- É melhor pegar um táxi e ir pra casa, Harry. Você não conhece a cidade. Não ia ser nada legal se perder a essa hora, huh?- ela me perguntou rindo e eu entendi que era só pra quebrar o gelo. Gina não conseguia ficar calada.
- Você tem razão... melhor eu ir.- eu concordei, sem me mexer. Fiquei um tempo a vendo entrar no prédio e me virei para ir embora. Já estava quase na esquina quando ouvi Gina me chamar novamente.

xXx


Então era assim que tudo ia terminar? Nem um selinho depois de todas as provocações?! Será que ele tinha namorada?! Oh céus. Eu já estava chegando ao elevador quando uma daquelas minhas típicas ações espontâneas tomou conta de mim. Dando meia volta, eu sai correndo em direção à rua. Oh meu Merlin, faça com que ele continue lá. E ele estava lá: andando lentamente, com as mãos dentro dos bolsos da calça. Adorável.

- Harry!- eu gritei, pouco me importando com os vizinhos que estavam dormindo. Ele se virou meio surpreso e ficou parado na rua esperando eu me aproximar.
- Você esqueceu de uma coisa.- eu disse, recuperando meu fôlego.

Percebi que ele apalpou os bolsos da calça procurando por algo que estava faltando e depois me olhou com uma expressão de confusão. Eu tive vontade de rir, como uma criança prestes a aprontar alguma coisa.

- O quê?- ele me perguntou, quando eu já estava na frente dele, a poucos centímetros de distância. Eu o olhei nos olhos procurando por algum sinal de que eu não deveria fazer o que eu estava prestes a fazer. Mas não havia nada.
- Esqueceu do meu beijo de boa noite.- eu disse sorrindo arteira.

Harry me olhou por alguns segundos antes de sorrir. Logo eu estava sendo envolvida novamente por aqueles braços fortes, frutos do quadribol e os lábios do moreno estavam pressionados contra os meus. Eu o envolvi com meus braços enquanto ele aprofundava o beijo. Por que diabos eu não fiz isso horas antes?

xXx


- Esqueceu do meu beijo de boa noite.- eu a encarei por alguns segundos tentando entender se eu havia escutado direito. Mas ela estava com aquele sorriso arteiro e tinha aquele brilho estranho nos olhos. Então eu percebi que eu não havia só escutado direito, mas como tinha entendido direito também. Sorrindo, eu a envolvi com meus braços, a trazendo para perto de mim e logo depois pressionando seus lábios. Ela não ofereceu resistência quando eu aprofundei o beijo e passou a passar a mão casualmente pelos meus cabelos novamente. Quando finalmente nos separamos, ela tinha os lábios mais vermelhos do que o normal e estava meio ofegante – assim como eu – mas estava sorridente.

- Acho melhor a gente voltar pro prédio. Você não vai conseguir táxi nenhum na rua essa hora. É mais fácil a gente pedir pro porteiro pedir.

Eu entendi o que ela quis dizer com aquilo. Nada de subir para o apartamento dela, aquilo não era um convite. Mas eu não liguei porque, novamente, não havia pressa. Concordando com a cabeça, eu a segui para o saguão de entrada do prédio dela. Enquanto ela falava com o porteiro, eu parei para observar o lugar onde ela vivia. Era um prédio de luxo, mas eu não podia dizer que estava surpreso com isso.

- Vamos Harry, o táxi chega em 15 minutos.

Nós dois nos sentamos nas escadas da entrada do prédio e ficamos conversando sobre quadribol. Aparentemente Gina entendia muito bem de Quadribol. Quando o táxi finalmente chegou, nós nos despedimos com um breve beijo e enquanto o táxi ia embora, eu pude a ver retornando para o prédio.
Gina Weasley era a maluca que estava me deixando maluco.

xXx


Eu segui para minha cobertura com o coração dando piruetas dentro do peito. Eu tinha mesmo sido tão cara de pau? Tinha valido à pena, de qualquer forma. E não, Harry Potter não tinha namorada.
Assim que entrei em casa, arranquei meus sapatos fora. Meus pés estavam marcados e vermelhos, mas eu não tava nem ai para eles. Fazia muito tempo que eu não me divertia assim. E foi justamente com um jogador. Talvez Quadribol não seja tão ruim assim no final das contas.



N/A: [autora com os olhos cheios de lágrimas] Gente, sumiu tudo! :'( Uma hora a fic estava aqui, com todos os votos e comentários e na outra, pluf! Perdi tudo gente :''(
Os comentários, as respostas aos comentários. Aiin que raiva! Eu tinha postado esse capítulo ontem (Luciana Martins está de prova) e tinha respondido todos os comentários... mas agora, não dá pra re-responder, porque não tem mais nenhum comentário [autora querendo se matar agora].
Ai gente, porque essas coisas acontecem comigo hein?!
Ao pessoal que comentou e não leu a respota, mil desculpas mesmo, não foi minha culpa, juro pra vocês! Por favor, ao pessoal que já tinha votado, vocês podem votar novamente? [eu ainda não to acreditando que isso tudo aconteceu.]
Como eu tinha falado antes - mas vocês não leram - eu vou ficar um bom tempo sem pc pq tá rolando obra aqui em casa, então... daqui a umas três semanas eu volto. E desculpa pela demora para postar o 3, mas começaram as provas e com essa coisa de obra, minha casa ta uma loucura.

Então é isso gente, [ainda to arrasada com o sumiço de tudo].

~beijiinhos,
Mandy.


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