A Carta de Rosa



Hermione encarou Draco preocupada. Não esperava por problemas tão cedo, ainda sequer começaram a trabalhar no caso, e já havia um problema? Entrou na sala, sentando-se na cadeira apontada por Draco. O Homem loiro deu a volta na mesa, sentou-se à frente de Hermione e a estendeu um papel. Ela o pegou receosa e correu seus olhos por aquele documento. Era de origem trouxa, Hermione reconheceu na hora que fora expedido pela Empresa de Correios.

- Eles não residem mais no endereço que conhecemos... – Hermione leu e chegou a sua conclusão.
- Não, e como você vê, eles não passaram a informação para mudar o código de localidade – Draco completou – Não sabemos onde estão...
- Mas podemos contatar o Poder Judiciário trouxa! Com uma busca, sei lá...
- Não podemos entrar tanto no mundo trouxa por causa de uma localização de família, Hermione – Draco balançou a cabeça – É contra as regras do Código de Ética Mágica, inclusive. Nem o Ministro nos daria tal aval para mexer assim na vida dos trouxas.

- Mas não podemos desistir antes mesmo de tentar! – Hermione estava inconformada – Vamos até lá, os vizinhos devem saber para onde foram, os trouxas têm costume de fazer amizade com os vizinhos, e deixar telefone, endereço... Essas coisas! Podemos dizer que somos assistentes sociais da escola de Claire, e gostaríamos de saber por que ela não voltou para as aulas... E aí, poderemos investigar se os vizinhos sabem seu paradeiro.

- Essa é realmente uma boa idéia... – Draco deu um sorrisinho para Hermione – Agora eu entendo porque você é a mulher de confiança do Potter...
- Que isso, eu só fui treinada para agir sob pressão... – Hermione não sorriu, embora corasse com o elogio – Os Aurores têm que ter esse treinamento.

- Certo, sem elogios então. – Draco levantou-se rapidamente, e apanhou a pasta do caso em um arquivo – Vamos esboçar como chegaremos nesse vilarejo e como nos apresentaremos.

- OK – Hermione sentou-se mais próximo de Draco, que estendia um mapa da região na mesa.

Draco e Hermione ficaram aproximadamente uma hora analisando ruas, levantando possibilidades, contatando o Setor de Análise das Áreas de Residências e Vilajeiros Trouxas para reconhecerem os moradores da região, e por fim, traçaram como se apresentariam aos vizinhos: Descobriram pela ficha de Hogwarts que Claire freqüentava a Escola Primária Saint John, no mesmo bairro onde sua família residia.

Então, se apresentariam como Stella Marion, psicopedagoga e Scott Bruke, Assistente Social. Se preparam e comunicaram à área de Uso Indevido de Magia que poderiam vir a lançar algum feitiço para confundir trouxas naquela localidade e o aval desse setor foi o que mais demorou. (“Odeio esses lerdos!” Draco repetia a cada minuto que perguntava se a autorização estava pronta e Hermione revirava os olhos com tanta estupidez vinda de uma pessoa só) E antes da hora do almoço, todo o plano de ação do “caso Cavendish” estava pronto. Decidiram agir o mais rápido possível.

- Vamos ainda hoje, Hermione – Draco ia recolhendo os documentos espalhados pela mesa – Quanto mais rápido soubermos do paradeiro dos Cavendish, mais rápido terminaremos com esse mistério.
- Certo, eu vou almoçar, e volto às 14:00h. Poderemos partir imediatamente então. – Hermione concordou, recolhendo suas anotações – Estou morta de fome...
- Eu também, acredita? Nem café da manhã tomei hoje, fui escrever uma carta para Escórpio... – Draco pegava o sobretudo pendurado – Ele está deprimido em Hogwarts, eu não sei mais o que faço.

- Deprimido? – Hermione não conseguiu disfarçar o espanto.
- É, ele acha que ninguém gosta dele. Escórpio sempre foi uma criança retraída. Ele custa a fazer amizades e quando ele tenta, sempre é esnobado... – Draco ia abrindo a porta, deixando Hermione passar em sua frente – Ele contou numa carta, no primeiro dia dele, que os filhos do Potter foram super arrogantes com ele.

- Nossa... – Hermione estava espantada. Sempre achou que Escórpio fosse uma cópia de Draco: mimado, superior e egocêntrico, mas pelo visto não o era – Bom, Draco, nos encontramos às 14:00h. Agora eu vou encontrar com Rony e ver se ele já almoçou. Até.

- Até – Draco pegou o rumo contrário de Hermione para olhar suas correspondências antes de sair para seu almoço.

Hermione entrou no elevador, chegando ao nível quatro. Ao entrar na sua sala, viu suas correspondências e mesmo com toda fome que sentia, ao ver que Rosa já havia respondido sua carta, sentou-se sorrindo e a abriu rapidamente. A saudade de Rosa era maior que qualquer fome que pudesse sentir. Foi lendo a carta com um sorriso nos lábios, mas aos poucos, seu sorriso foi se acabando ao ler o que Rosa a contara:

“Mammy!

Também estou morrendo de saudades! Nunca pensei que sentiria tanta falta do Hugo, sabia? Meu maninho me faz falta! A Sra. e pappy também, claro! A sra não tem noção de como Claire ficou feliz com a notícia! Ela é um amor, mãe, é minha amiga do coração, só que tem uma amiga da Sonserina que eu não suporto, vive implicando comigo, me chama pelo nome de todas as flores do mundo, menos Rosa... Mas deixa pra lá, ela é uma idiota.

Eu queria contar uma coisa, mas não sei se devo. Eu acho que talvez ajudasse no caso em que a Sra. está trabalhando. Eu tive uma tese ao ver a filha do Ministro, a insuportável da Jéssica Wright. Mãe... Ela é idêntica a Claire! Tanto que foi por isso que Tiago e eu a confundimos na estação. Eu pensei que elas seriam irmãs gêmeas, e Claire acabou sendo doada para adoção. Eu não sei se devo suspeitar disso, mas imagino que se o Ministro da Magia estivesse a par desse caso, ele seria a pessoa mais interessada em não resolver caso nenhum.

Eu estou meio revoltada com os professores, mas é só o segundo dia de aula, então vai ficar tudo bem. O tal do Daniel Carter é ótimo, mammy! E o Ernesto McMillan também. Sem comentar que o Neville Longbottom saca muito de Herbologia, estou fascinada! Aliás, fiz amizade com a Alice, filha dele e com o Allan, filho do McMillan. São dois amores! Estou feliz aqui, mãe, mas sinto saudades!

Beijos, com amor;
Rosa”

Hermione estava chocada. Sabia que o Ministro tinha uma filha, mas nunca viu sequer uma foto da menina. Segundo o Adrian Wright, não gostava de expor a filha aos flashes da imprensa. Não aparecia muito em público com esposa e filha e isso deixou Hermione ainda mais intrigada. Rony entrou na sala, mas Hermione estava tão entretida em seus pensamentos que só quando ele falou, ela percebeu sua presença.

- Com fome? – Rony perguntou indiferente – Eu ainda não almocei também.
- Rony! – Hermione estendeu o pergaminho para o marido – Olha o que Rosa conta aqui! Isso pode nos ajudar!

Rony pegou a carta e a leu com a mesma expressão no rosto que Hermione tinha. Estava pensativo quando se dirigiu a Hermione.
- Será que Adrian Wright escondeu isso de todos? Ele está por trás disso tudo?
- Não sei, mas explicaria a fobia dele da filha aparecer em público. Tenho que mostrar isso para Draco! Ele conhece a tal menina, é amigo íntimo de Adrian, mas não conhece Claire! Ele deve ter alguma foto ou sei lá... Mas ele tem que saber disso! Pode ser a chave para todo o mistério! – Hermione estava eufórica.

- Está certo... – Rony passou os olhos novamente pela carta – Rosa é esperta mesmo!
- Nossa filha, querido! – Hermione riu e pegou a carta da mão de Rony, a guardando na pasta com suas anotações sobre o caso – Vamos... Vamos almoçar, eu não estou conseguindo nem pensar com tanta fome...
- Duvido muito disso, mas vamos – Rony deu um selinho em Hermione e os dois saíram para o almoço. Era interessante a relação dos dois, agiam como se não tivessem brigado nunca, bem diferentes da época de adolescência. Quando dobraram o corredor, se depararam com uma mulher loira, muito bem arrumada, saindo do corredor que parecia um tanto perdida.

- Com licença! – A mulher se dirigiu a Rony e Hermione – Sabe onde eu posso encontrar Ginevra Potter?
- Ah, claro – Rony sorriu para a mulher e Hermione o encarou – É só virar à direita no final desse corredor, logo verá o setor de Direito da Magia. A porta de Gina é a terceira.

- Ah, muito obrigada! – A mulher sorriu
- Desculpe, mas você não é Diana Vasseur, d’O Profeta Diário? – Rony a olhava, curioso.
- Sim, sou eu mesma.
- Não estaria procurando por Virginia McKinann, então? Ela é a responsável pelo Direito da Imprensa.
- Ah, eu sei, mas eu não vim para isso hoje. Eu estou me separando do meu marido... – Diana sorriu para Hermione, tentando ser simpática, mas Hermione não forçou qualquer simpatia – Procuro Ginevra, pois sei que ela é uma das melhores no assunto.
- Ah, é mesmo! – Rony sorriu – é minha irmã, o apelido dela na família é “destruidora de lares” pela fama em casos de separação.
- Rony, vamos almoçar, antes que eu desmaie? – Hermione puxou Rony ao ver que Diana rira da brincadeira.

-Então, muito obrigada! Desculpem atrapalhar o horário de almoço de vocês. Até breve! – Diana se despediu e seguiu pelo corredor.
- Por nada, disponha sempre... – Rony sorria bobamente.
- Nossa, como você é simpático... – Hermione reparou que ele a olhava andando pelo corredor.
- Eu tenho que ser simpático, não?– Rony voltou a olhar Hermione – Vamos, estou com tanta fome que parece ter um Diabrete da Cornuália no meu estômago...

Diana seguiu pelo corredor seguindo as instruções de Rony. Onde ela passava, não tinha quem não a olhasse. Era uma mulher realmente bonita. Tinha cabelos loiros até a cintura, belos olhos azuis e bochechas coradas, parecia muito mais jovem do que realmente era. Era herança de sua avó paterna essa beleza: ela era um Veela. Diana chegou até a sala de Gina e a viu aos beijos com Harry. Ficou sem graça, mas tentou chamar a atenção para sua presença ali.

- Opa... – Gina se ajeitou – Desculpa o mau jeito... Entre, por favor...
- Desculpem incomodar... – Diana sorriu ao perceber que Harry estava vermelho de vergonha.
- Eu sou quem peço desculpas, isso não é ambiente para namoros... – Harry olhou sério para Gina.
- É verdade... – Gina não parecia culpada.
- Que isso, eu não me importo! Eu só fiquei triste por atrapalhar!
- Pois não fique, estamos errados mesmo. Agora, com licença, não vou mais atrapalhar – Harry sorriu sem graça e se retirou da sala.

Gina observou Harry saindo da sala e assim que o viu sumindo olhou para Diana sorrindo.

- Desculpe mesmo, mas eu amo esse cara... – Gina riu.
- Eu sei como é, meu marido e eu éramos assim... – Diana deu um breve suspiro – É uma pena que estejamos tão distantes agora.
- Oh, perdão! – Gina levou a mão à boca, sem graça – Eu falando de namoricos, marido, e você se separando do seu marido! Que falta de sensibilidade a minha!
- Que isso! Imagina! – Diana riu – Se eu estou me separando é porque não dá mais certo, sabe? Eu já fui muito feliz com o Lucas, temos um filho maravilhoso, mas o amor se foi.
- Que pena, o casamento era pra ser eterno, mas... – Gina suspirou – Enfim, vamos aos fatos, querida. Os papéis já foram encaminhados, estou aguardando a conclusão. Agora... – Ela pegou uma pasta na pilha ao lado da sua mesa – Vamos ao pedido de guarda do Zachary. Sabia que ele é amigo do meu filho em Hogwarts?

- Claro! Zac fala muito do Tiago, e do Justin que é o filho da Ginny. Eu estou com medo da reação do Zac. Ele venera o pai, temo por não querer ficar comigo. – Diana parecia tensa – Mas não se separa uma mãe de um filho, não é?
- Não mesmo...
- Mas Lucas não pensa assim, ele sempre quer tudo do jeito dele, nunca se importou com o que eu queria... Acho que foi isso que nos separou, na verdade. Ele não queria a separação, mas eu forcei. Por isso ele quer a guarda de Zac, para me contrariar, entende?
- Entendo perfeitamente – Gina não disfarçava a sua tristeza com o caso – Mas Zac já está em idade de decidir. Ele vai ser ouvido em audiência, e decidirá com quem ficará. A opinião dos filhos em caso de separação é muito levada em consideração.

- Ginevra... – Diana a encarou – Eu não vou suportar Zac longe de mim. Ele tem que ficar comigo.
- Vamos fazer o possível, Diana. Mas Zac tem que querer.
- Lucas vai jogar baixo, eu sei que vai – Diana disse tristemente. – Ele vai fazer de tudo para colocar Zac contra mim.
- Se ele jogar baixo, isso será usado contra ele no tribunal. Fique tranqüila, Diana, eu tenho experiência nesses casos. – Gina deu uma piscadela.
- Ah, aliás, me contaram que seu apelido é “destruidora de lares” – Diana deu um risinho.
- Me diz quem foi que eu processo! – Gina riu – Aposto que foi o Rony... Mas isso é injusto, eu só ajudo as pessoas a serem mais felizes separadas, só isso...
- Eu sei. E eu tenho que aprender a ser mais feliz separada... – Diana riu sem graça.

***

A Aula de Herbologia foi maravilhosa. Claire, Alvo, Rosa e Louis saíram rindo das estufas. Claire ainda não acreditara que a Mandrágora pudesse gritar tão alto e para horror dos demais achou a planta lindinha. Se encaminharam ao Grande Salão para o almoço e ao mesmo tempo em que chegava, Tiago, Zac e Justin também se sentavam. Claire foi direto ao encontro de Zac, tentando saber como o menino estava. Tiago olhou para Alvo e viu o irmão com ar de tristeza. Para alegrá-lo, sentou-se ao seu lado.

- Você está melhor, Zac? – Claire perguntou pegando a mão do menino.
- Agora que você está aqui, estou sim – Zac sorriu, mas Claire viu que estava abatido.
- Vai ficar tudo bem, Zac, e eu estarei aqui sempre que você precisar – a menina sorriu sem graça.
- Eu adorei saber isso, Claire. Você sabe o quanto é importante para mim, não é?
- Mas, Zac... – Claire olhou de relance para Alvo, e o viu conversando com Tiago e Justin, mas no mesmo momento olhou para ela também – Eu digo como amiga... sabe?

Enquanto isso, Tiago reparara que Alvo estava incomodado com a conversa de Zac e Claire, então, decidiu mudar de assunto, para um que Alvo pudesse sentir-se feliz.

- Sabe quem estava com a gente na clareira, Alvo? – Tiago sorriu, cutucando o irmão, para que virasse a atenção para ele e Justin.
- Quem? – Alvo virou o olhar relutante.
- A sua amiga da Sonserina, a Jullie...
- A Jullie? – Alvo se interessou, como Tiago suspeitou.
- É... Nossa ela é tão linda... Será que ela aceita sair comigo? – Justin estava pensativo.
- Justin! – Tiago se meteu – Não pode ver garota? Que coisa!
- Ih, que foi Tiago? Não me conhece? – Justin riu.
- É, mas a Jullie não é esse tipo de garota que você pega! – Tiago estava levemente corado.
- Eu não sei não, Ti... – Alvo deu um risinho pra Justin – Mas acho que você está gostando da Jullie...

- Eu? Daquela irritante? Sebosa? – Tiago arregalou os olhos – Claro que não! Eu... Eu... Só... Só a acho legal demais para ser da Sonserina... Embora ela adore me irritar, ele é legal... Recitou um poema e tudo...

- Tiago, se você gosta dela, eu deixo ela pra você – Justin riu.
- Não estamos falando de uma pena, ou de uma vassoura, JC! Ela é uma garota, ela tem sentimentos, não é assim! – Tiago ficou vermelho – Ela decide o que é melhor para ela, não?

- Está explicado, Al... – Justin piscou – É o amor...
- Cala a boa, Justin! – Tiago estava contrariado.
- Ti... A Jullie é linda, ela é maravilhosa, eu também não entendo por que ela foi para Sonserina... – Alvo ainda estava pensativo sobre isso. – Depois da Claire, ela é a garota mais legal que eu conheço...
- Falando em Claire... – Justin apontou com a cabeça – Acho que Zac está levando um fora...

E os três meninos olharam em direção a Zac e Claire. Viram a menina ainda de mão dada com ele, mas ele deixou escorrer lágrimas ao falar algo com ela.

- Isso foi um não ao meu pedido, Claire? – Zac a olhou com lágrimas nos olhos.
- Desculpa, Zac... Não acho que deva namorar você... – Claire também estava com olhos cheios de lágrimas. – Eu te adoro como amigo, mas não sei se como namorado...
- Eu sabia... – Zac chorava – Por que tudo está acontecendo comigo? Eu devo ter chamado Merlin de Sangue-ruim, como diz minha mãe...
- Não fale assim, Zac! – Claire deixou uma lágrima rolar – Olha, eu adoro você, eu quero ser sua amiga para sempre, mas eu sou muito nova para namorar! Entenda isso, eu não quero magoar você...
- OK, Claire, você já magoou se quer saber...

Zac encarou a menina profundamente. Parou de chorar e tinha um olhar de raiva que deixou Claire por um instante com medo de sua reação. Levantou estupidamente da cadeira, fazendo a cair, e saiu correndo do Grande Salão. Claire pensou em levantar e ir atrás dele, mas depois de sua última frase, achou que não seria muito legal se fizesse isso. Então, olhou para Rosa, que o seguiu com os olhos, e prontamente, levantou-se e partiu atrás do menino. Tiago e Justin também fizeram menção de levantar, mas ao verem Rosa saindo da mesa em direção a Zac, desistiram.

- Acho que ela pode dar conta do recado melhor que a gente – Tiago fez sinal para Justin sentar – Rosa sempre sabe o que dizer e como dizer...
- Eu sei... E nós iríamos só confundir a cabeça do Zac... – Justin olho para Claire. A menina chorava.
- Eu vou falar com Claire... – Alvo se levantou e sentou no lugar antes ocupado por Zac, ao lado de Claire, que tinha o rosto escondido entre as mãos e soluçava.

- Claire... – Alvo passou a mão pelos cabelos de Claire, como se chamasse a atenção da menina para sua presença ali – Calma... Vai ser melhor para ele...
- Alvo, ele está bravo comigo! – Claire estava com os olhos inchados – Ele me odeia agora!
- Não tem como odiar você, linda... – Alvo sorriu – Não tem como... Você é a garota mais incrível do mundo, Claire, só que é só uma... E o Zac tem que entender isso...

- Alvo... Eu não quis namorar ele. E ele agora não quer ser nem meu amigo! – Claire abraçou Alvo.
- E por que você não quis namorar Zac? – Alvo não resistiu e fez a pergunta.
- Porque eu não gosto dele como namorado... – Claire disse levantando a cabeça para encarar Alvo – E porque eu sou muito nova para pensar em namorar...

- Ah... – Aquela resposta foi um balde de água fria na cabeça de Alvo – Eu sei... Muito nova...

Rosa saiu correndo em direção a Zac. Ao se aproximar do menino, gritou seu nome e ele, curioso, olhou para ver que o chamara. Quando vira Rosa, esperou a menina chegar perto e a abraçou. Rosa o apertou e odiou seu pensamento, mas por um instante, adorou ver Zac tão mal, pois agora ele brigado com Claire, ele desabafaria com ela. Logo afastou esse pensamento tão ruim, e percebeu que Jullie também viera correndo em direção a Zac. Provavelmente o vira levantando da mesa da Grifinória e seguiu até ali.

- Amigo! – Jullie praticamente forçou Rosa a sair do abraço, pois se jogou nos braços de Zac – Ela não aceitou, não foi?
- Não, Jullie! – Zac abraçou Jullie e Rosa estava vermelha de raiva – Ela não quis ser minha namorada! Eu sou um idiota!
- Não é isso, Zac! – Jullie secava as lágrimas do garoto e olhou para Rosa, vendo que a menina estava pronta para devorar seu fígado de tanta raiva – Olha, Rosa vai concordar comigo quando eu digo que Claire é um doce de menina, mas ela ainda se acha imatura demais para namorar...

- Isso é verdade, Zac... – Rosa se espantou, pois pela primeira vez Jullie não errou seu nome de propósito – Claire falou isso. Ela te elogiou muito, mas ela ainda se considera muito criança...
- Algumas pessoas amadurecem mais que as outras, Zac – Jullie fazia carinho nos cabelos de Zac – Só que de jeitos diferentes também. Claire amadureceu muito depois que teve esse problema com a família, ela era a bonequinha deles, e agora os pais nem a reconhecem... Imagina como está a cabecinha dela!

- Jullie tem razão Zac... – Rosa chegou mais perto de Zac de novo, passando a mão pelo seu rosto – Claire está amadurecendo agora, mas como pessoa que descobriu que é bruxa agora, ela ainda vai amadurecer como garota... Também, vamos combinar, temos 11 anos... Só que agimos diferente...

- Isso mesmo! – Jullie sorriu para Rosa – E eu aposto, Zac, que você ainda vai ter muitas surpresas boas... Sabe, o seu verdadeiro bem querer pode estar mais perto do que você imagina... É só deixar seus olhos disponíveis para saber ver... – E piscando para Rosa, completou – Como eu disse, pode haver amor impossível, mas nada é impossível para o amor... Agora... Me dêem licença, eu vou voltar para almoçar... Eu só não quero te ver triste, loirinho... E nem brigado com a Claire, ela não merece... Ela é um amor...

- Obrigado, Jullie... – Zac deu um breve sorriso – O que você falou... É verdade... Obrigado, eu não vou ficar triste com Claire... Vou entendê-la.
- Isso mesmo... – Jullie deu um beijo na bochecha de Zac e sorriu para Rosa – Agora, eu fui!

Jullie saiu saltitante pelo caminho até o Grande Salão. Zac e Rosa se entreolharam e ele sorriu para ela. Rosa o abraçou de novo. Não sabia exatamente o que dizer, mas aquele momento com Zac poderia ser único. Tentou ser o mais amorosa possível, para mostrar que Zac poderia contar com ela. Zac, entretanto, a olhou e sorriu.

- Obrigado pelo apoio, Rosa... Eu achava que você nem gostasse muito de mim... Nunca conversamos muito, não é?
- Eu? Não gostar de você? – Rosa ficou corada – Imagina, Zac! E alguém não gosta de você? Você é um amor, é um fofo...
- É, mas não sou bom suficiente para Claire... – Zac suspirou.
- Jullie e eu já dissemos... Claire te adora, mas não está pronta para namorar... Só isso!
- Eu não acho... Acho que ela gosta de Alvo, é isso... E por isso, ela inventou isso para me dar um fora...
- Não acho não... Alvo gosta da Claire, e se ela quisesse namorar com ele, eles já estariam juntos, não é mesmo? – Rosa sorriu.

- É... Eu vou tratar de esquecer isso... – Zac secou as lágrimas que ainda restavam em seus olhos – Eu vou pensar nos meus pais... Eu não acredito que eles vão mesmo se separar... Rosa, eu não vou voltar, estou sem fome... Volta lá e almoça... Você nem comeu por minha culpa.

- Eu não tenho fome, Zac... Vou ficar com você...
- Então... – Zac sorriu – Vamos para o Salão Comunal?
- Claro, vou para onde você for – Rosa não quis dizer isso e ficou sem graça ao dizê-lo.

Zac estendeu a mão para a menina, e os dois seguiram pelos corredores até o Salão Comunal da Grifinória. Quando Jullie chegou ao Grande Salão, viu que Claire ainda estava com cara de enterro, sentada à mesa da Grifinória, mexendo no prato sem real vontade de comer. Sem pensar duas vezes, Jullie saiu do rumo da mesa da Sonserina e partiu para a mesa da Grifinória. Todos na mesa da Grifinória a olharam e murmuravam alguns desaforos. Ela, porém, não cedeu a nenhum deles, indo até Claire e a abraçando. Escórpio, da mesa da Sonserina, acompanhou os passos de Jullie até aquela mesa, incrédulo.

- Hei, a mesa da Sonserina é aquela lá, garota! – Peter levantou irritado apontando a mesa da Sonserina para Jullie – Volta pro seu ninho de cobras, serpente!
- Isso mesmo! – Aly também entrou no coro – Aqui você não é bem vinda! Sai!

- Vocês, calem a boca! – Tiago se levantou irritado e saiu em partido de Jullie – Não vêem que ela está consolando uma amiga? E vocês? O que fizeram por Claire? Como você podem julgá-la? Só pelo uniforme que veste? Ela é muito melhor que muitos de vocês!

Jullie ia revidar as provocações, embora estivesse realmente mais preocupada com Claire, que agora chorava em seu ombro, mas ficou tão perplexa com a defesa de Tiago que sequer falou uma palavra. Após as palavras do menino, Aly sentiu-se ofendida e sentou-se olhando feio para ele, mas Peter ainda encarava Tiago. Eles eram inimigos assumidos dentro da Grifinória. Todos sabiam que Peter era um invejoso, invejava tudo que Tiago fazia.

- Defendendo sua amiguinha, Potter? Que bonitinho... Se gosta tanto dela, por que não vai para Sonserina?
- Ele não precisa ir para Sonserina para reconhecer uma pessoa boa de verdade, idiota – Alvo dessa vez se meteu – Por exemplo, você é da Grifinória e é um idiota... Que sarcasmo, não?
- Falou e disse, Al! – Justin bateu palmas, rindo – Cala a boca, Peter, você é um perdedor... Ela, a Jullie, merece mil vezes sentar nessa cadeira da mesa da Grifinória que você, estúpido!

- Posso saber o que está acontecendo aqui? – Neville chegara olhando para todos os alunos de pé. Alvo e Tiago viram que nas outras mesas, vários curiosos olhavam em direção à mesa da Grifinória – Isso é hora de comer, não de discussão!

- Desculpe, professor – Jullie se levantou de onde estivera abaixada, perto de Claire – A culpa foi minha... Mas entenda... Minha amiga aqui precisava de mim, eu não consegui vê-la mal e vim consolá-la. Eu sei que não sou dessa casa, mas... Amizade não escolhe brasão. Eu não faço mais...

- Que isso, querida! Imagina! – Neville sorriu para Jullie – Srta. Watson, é admirável sua disponibilidade para os amigos, independente da casa a que eles pertençam. Que isso seja uma inspiração para todos aqui – E olhou para os alunos da Grifinória, todos com caras de culpados, exceto Tiago e Alvo – Eu não quero nunca mais que uma demonstração de intolerância e preconceito como essa se repita, senão eu mesmo tirarei pontos dos envolvidos! E agora, Sr. Savage e Srta. Smith... Peçam desculpas pela grosseria à Srta. Watson.

Peter e Aly se entreolharam e relutantes disseram quase ao mesmo tempo “desculpa” entre os dentes. Jullie sorriu para ambos como se dissesse “isso não me atingiu, mas tudo bem...”. Neville olhou com severidade para os dois e logo depois, desviou o olhar para Alvo e Tiago, sorrindo.

- Parabéns, meninos. Vejo que o pai de vocês os ensinou o valor de um amigo. Continuem assim. Harry saberá como os filhos dele estão muito bem encaminhados. Eu tenho orgulho de tê-los na Grifinória.

- Não foi nada, Professor. Jullie é nossa amiga, não permitimos que baguncem um amigo. Esse é um lema dos Weasley-Potter... – Tiago riu – Digo, tanto dos Weasley quanto dos Potter...
- Isso mesmo! – Alvo riu – Não baguncem com nossa gente!

Jullie olhou sorrindo para Alvo, mas foi em Tiago que seu olhar se demorou. Ele retribuiu o olhar, e ficou sem graça ao ver a menina se aproximando. Ficou corado quando ela espontaneamente o abraçou. A mesa da Grifinória rompeu em murmurinhos irônicos e risinhos ao ver a cena. Jullie também ficou sem graça, mas ainda assim, largou Tiago e abraçou Alvo também.

- Obrigada por tudo... Eu estou tão feliz em saber que posso contar com vocês... – Alvo reparou que Jullie estava quase chorando.

Os outros alunos da Corvinal e Lufa-Lufa, que acompanhavam tudo atentamente, romperam em aplausos, assim como os alunos da própria Grifinória. Porém, na mesa da Sonserina, Escórpio ainda estava perplexo com a ousadia de Jullie se infiltrar entre os grifinórios e Jessie ao seu lado estava vermelha de raiva.

- Isso não vai ficar assim! Que isso? Ela está envergonhando a Sonserina! – Murmurava a garota com ódio na voz.
- E o que você vai fazer, Jessie? – Escórpio se afundou na cadeira, contrariado – Ela os prefere...

- Não por muito tempo – a menina deu um sorriso maléfico – Não até que eu me meta...

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