Plataforma 9 e ¾
Os Potter pararam entre as plataformas 9 e 10 da estação de King’s Cross. Tiago nem esperou os pais darem a ordem e sair se jogando contra a parede entre as estações. A menina loira que os seguira arregalou os olhos ao ver Tiago sumindo entre as plataformas.
- Esse menino é terrível! – Gina comentou rindo e em voz baixa com Harry, cuidando para nem Alvo nem Lily escutasse o comentário.
- É a idade, meu bem... – Harry sorriu.
Ao ver que os presentes agiram com naturalidade perante o fato de um menino sumir entre paredes em plena estação de trem, a menina criou coragem de se aproximar da família. Respirou fundo e se dirigiu a Harry.
- Com licença Sr,bom dia... – Harry se virou para ver de onde vinha a voz e se deparou com a menina que os seguira até ali. – Poderia me dar uma ajudinha...
- Claro... – Harry sorriu para a menina – Em que posso te ajudar?
- Eu recebi isso aqui – a menina estendeu o pergaminho amassado para Harry – Mas eu não encontrei a plataforma 9 e ¾. Onde ela fica?
Harry olhou o pergaminho e Gina inclinou a cabeça para poder ler também. Era a carta de Hogwarts, mas aquela menina não parecia saber ao certo para onde estava sendo convidada a ir.
- Onde estão os seus pais, querida? – Gina olhava preocupada para a menina.
- Eles não vieram, sra. – A menina falava tão baixo que quase não se ouvia sua voz.
- Você também está indo para Hogwarts! – Alvo sorriu para a menina – É o meu 1º ano também! Prazer – estendeu a mão para a menina – Sou Alvo Severo Potter. Qual seu nome?
- Oi Alvo Severo, prazer – a menina sorriu – Meu nome é Claire Nicolle Cavendish.
- Oi Claire! – Lily sorriu para a menina – Meu nome é Lílian Potter! Sou a irmã do Alvo, pode me chamar de Lily.
- Oi Lílian, digo... Lily! – Claire sorriu para ela.
- Querida, seus pais não vieram? – Gina estava com cara de preocupação.
- Não sra. Meus pais não... – Claire parou de falar e ficou corada.
- Seus pais não sabem que você está aqui?- Harry também estava preocupado.
- Por Merlin! Vocês não vêm! – Tiago voltara da plataforma ao perceber que os demais ficaram pra trás – Eu já encontrei tio Rony e tia Hermione com Rosa e Hugo e o expresso...
Tiago parou de falar ao observar a menina que ali estava. Ficou olhando para ela como se a conhecesse. Harry e Gina olharam de Tiago para Claire com curiosidade.
- Ei, eu conheço você – Tiago apontou para Claire – Você não é aquela menina do Beco Diagonal?
- Eu? – Claire corou – Não sei do que você está falando... Nem sei que beco tridimensional é esse aí...
- É diagonal... Alvo corrigiu sorrindo.
- Ah, desculpa... – Claire sorriu sem graça
- Sabe sim! Eu vi você testando varinhas quando nós fomos fazer as compras escolares! Não se lembra dela, Al? Ela estava lá quando você foi testar sua varinha! Eu lembro dela, porque...
- Tiago... Eu não lembro dela... – Alvo olhava para a menina tentando lembrar se já a teria visto.
- Eu não tenho varinha nenhuma! – Claire protestou – Eu nem sei pra onde estou indo! Eu recebi essa carta por uma ave que nunca tinha visto, daí meus pais me chamaram de anormal e eu saí de casa!
- Você fugiu de casa? – Harry e Gina falaram juntos, ambos com olhos arregalados para a menina.
- Eu fugi! – Claire tinha os olhos cheios de lágrimas – Meus pais disseram que eu não sou filha deles, eles se esqueceram de mim, eu não tenho pais! Eu sou uma aberração! Eu faço coisas estranhas e eu vi que ele pode fazer também! – Apontou para Tiago.
- Você é uma bruxa, Claire. – Alvo falou serenamente.
- Também não precisa me ofender! – Claire começou a chorar.
- Não, querida... – Gina sorriu para a menina – Ele não te ofendeu... Ele disse que você é alguém diferente dos seus pais, eles não têm as mesmas habilidades que nós temos.
- Ela está mentindo, mãe! – Tiago protestou – Eu a vi sim, ela estava com a mãe no Beco Diagonal quando nós fomos lá comprar os livros novos e a varinha do Al! Ela passou por mim e por Rosa e me esbarrou, fazendo minhas sacolas caírem, aí eu falei “desculpas se usam!” E ela me olhou com o nariz pra cima! Como ela não sabe que é bruxa? Ela tava testando a varinha e comprou vestes! Eu vi! Eu sei que era ela!
- Tiago, chega... – Harry olhou com seriedade para o garoto – Se fosse ela, por que ela estaria sozinha aqui?
- Não sei, mas essa menina não parece ter pais bruxos, mesmo. – Gina comentou em tom baixo com Harry.
- Minerva não convocaria uma aluna para Hogwarts sem saber de suas condições, Gina. – Harry balançou a cabeça, vendo Alvo amparar a menina que chorava – Lembra? Hagrid me buscou quando eu recebi a carta, eu também não sabia de nada, eu perguntei para os seus pais como chegar à plataforma!
- É mesmo, claro que eu lembro... – Gina sorriu – Eu te amo desde aquele dia!
Harry corou e sorriu para Gina. Voltou a olhar para a menina que agora sorria para Alvo.
- Não chora, meu irmão é muito ignorante às vezes, mas ele é legal! – Alvo acalmava a menina
- Eu ouvi isso, Al! – Tiago falou irritado.
- Crianças, vamos andando, o trem vai sair logo, logo! Andem! – Gina bateu palmas em sinal de apressar os meninos. – Harry vá com eles, eu vou ajudar essa menina.
- Certo – Harry deu um selinho em Gina – Vamos, filhos! – Os quatro sumiram parede adentro.
- Querida – Gina olhou carinhosamente para Claire – não precisa ter medo. Eu vou te levar para a plataforma e pedir que um dos monitores de Hogwarts cuide de você até você chegar lá. Depois a Diretora Minerva vai falar com você direitinho, Está bem?
- Está sim – Claire sorriu – Muito obrigada, sra...
- Venha... – Gina a tomou pela mão e atravessaram a parede para chegar à plataforma.
Chegando, se depararam com Rony e Hermione, com seus filhos Rosa e Hugo. Harry e os filhos estavam conversando com eles, quando Rosa olhou para a menina do mesmo jeito que Tiago havia olhado.
- É ela sim, Tiago! Eu lembro! – Rosa exclamou.
- Eu não falei que era? – Tiago fez um sinal de impaciência – Viram, Rosa também lembra!
- Tiago, o que eu te disse? – Harry falou irritado – Fica na sua!
- Oi, gracinha! – Hermione olhou para a menina que estava admirando o lugar – Meu nome é Hermione, qual o seu nome?
-Meu nome é Claire. – respondeu a menina sorrindo – Prazer sra!
- Oi, Claire! Eu sou o Rony, tudo bem com você? – Rony sorriu para a menina – Por que está sozinha aqui?
- Olá, sr Rony! Estou sozinha por que meus pais não se lembram de mim e eu não tenho para onde ir. Eles agora acham que eu sou um monstro. E se me chamaram para um lugar com pessoas como eu... Eles não vão nem se importar mesmo.
Harry, Hermione, Gina e Rony se entreolharam preocupados.
- Vem comigo, lindinha – Hermione pegou a menina pela mão – Vou pedir para Victoire cuidar da sua viagem.
- Quem é essa Victoire? – Claire olhou confusa para todos.
- É nossa sobrinha – Rony estava vermelho, mas tentou parecer natural – Ela é monitora de Hogwarts, está aqui para ajudar alunos novos como você!
- Fique tranqüila, Claire, Victoire é uma graça, ela vai ficar feliz em te ajudar – Harry acalmou a menina.
- Muito obrigada a todos vocês por me ajudarem! – Claire sorriu.
Hermione saiu em busca de Victoire guiando Claire pela mão.
- Ela é muito bem educada, percebe-se que não é uma criança largada. – Rony comentou com Harry e Gina.
- Ela não é nada! – Tiago estava irritado – Tio Rony, eu e Rosa vimos essa menina no Beco Diagonal e ela é um poço de ignorância!
- É verdade, Tio Harry! – Rosa defendeu o primo.
- Tiago, eu não vou falar de novo! – Harry estava perdendo a paciência – É melhor você deixar essa menina em paz, ela está confusa!
- O mesmo vale para você, Rosinha! – Rony recriminou a filha.
Tiago revirou os olhos e encarou Rosa, que também fez cara de impaciência.
- Eu acho melhor vocês embarcarem logo – Gina opinou – O Expresso já vai partir em alguns minutos.
- OK! – Tiago e Rosa pegaram seus pertences e começaram a se despedir.
- Rosinha, lembre-se de não dar trela para qualquer um – Rony advertiu – Eu não quero que pense em namorados até os seus 35 anos, no mínimo.
- Rony! – Hermione, que acabara de voltar, protestou e abraçou a filha.
- É brincadeira, filha! Mas pense nisso... – Rony riu e o Hugo o acompanhou, porém Hermione fez aquela sua famosa cara de decepção..
- Tchau Rosinha, garanto que você será a melhor aluna de Hogwarts! – Hugo abraçou carinhosamente a irmã – Daqui a dois anos, somos eu e Lily que vamos, não é Lily?
- Nem lembra que falta tanto ainda, Hugo... – Lily estava emburrada.
- Não fica assim, Lily! – Tiago saiu do abraço que dava na mãe e bagunçou o cabelo da irmã.
- Não faz isso, Tiago! Mas ele vive para me irritar! – A menina tentava arrumar o cabelo.
– Até o natal, gente! – Tiago saiu correndo para dentro do trem.
- Meu filho, não se preocupe com o chapéu seletor, está bem? E eu vou escrever sempre pra você. – Gina abraçava Alvo carinhosamente.
- Está bom! – Alvo sorriu e foi abraçar o pai.
- Al, meu garotão! – Harry abraçou e cochichou com o filho – Eu vou te contar um segredo: Quando eu fui para Hogwarts, o chapéu seletor ficou em dúvida entre me colocar na Grifinória ou na Sonserina, mas eu pedi para não ir para Sonserina, e ele respeitou meu desejo.
- Sério, pai? – Alvo abriu um sorriso.
- Sério! – Harry piscou – Mas não esqueça, quem faz o bruxo não é sua casa...
- ...É seu coração! – Alvo completou a frase e sorriu. Pegou seu malão e entrou no trem, acompanhado por Rosa.
Tiago veio até a janela e acenou para os pais, os tios, Lily e Hugo. Logo, Alvo e Rosa apareceram na mesma janela, disputando um lugar para acenar também. Assim que o sinal de partida foi dado, os três sumiram para o interior do trem. Os que ficaram na estação acenavam alegremente, até que o Expresso sumisse de vista. Hugo e Lily se distanciaram dos pais, indo em direção a uma cantina para tomarem um suco de abóbora, ao passo que Rony, Harry, Gina e Hermione não saíram do lugar.
- Então, Hermione, Victoire ficou com Claire? – Perguntou Gina preocupada.
- Sim, Vick é um amor de garota, disse que quando chegasse em Hogwarts, falaria direto com Minerva sobre a situação dela. A menina nem vestes tem, mas Dominique emprestou uma para que ela não perdesse a seleção de Casas. Eu achei a Claire uma menina tão doce, não é? – Hermione sorriu – A educação dada a ela deve ter sido uma das melhores.
- Dá para ver que ela veio de uma família no mínimo bem de vida – Rony comentou – Ela é muito bem tratada.
- O que eu não entendo é o que ela quis dizer com “meus pais não se lembram de mim” – Harry parecia intrigado – Será que ela estava em uma família adotiva?
- Pode ser, mas se fosse só isso, alguém conversaria com sua família, como conversaram com a minha quando fui convidada para Hogwarts. - Hermione tinha um ar pensativo.
- Mas, como pode? – Gina estava pasma – Essa menina estava na porta da estação e não tinha idéia nem que era bruxa! Achou que Alvo estava ofendendo ela, coitada...
- Eu não sei, Gina, mas vamos mandar uma coruja para Minerva para ficarmos a par da situação dela em Hogwarts. – Harry consolou Gina.
Enquanto os quatro conversavam, dois casais se aproximaram sorrindo.
- Olha só quem encontramos, mon bijou! – Fleur sorriu puxando Gui e saindo em direção aos quatro. – Só com a estação vazia pudemos nos encontrar!
- Quanta gente bonita junta! – Gui cumprimentava os irmãos e os cunhados.
- Nossa! Isso não vai prestar! Olha quantas cabeças ruivas no mesmo recinto! – Jorge sorria se aproximando de mãos dadas com Angelina.
- Mas olha só! É o mega-empresário Jorge Weasley! – Rony ria – Não é que ele deu as caras?
- Aproveita, que não é todo dia, Roniquito! – Jorge abraçou o irmão.
- Só assim para nos encontramos todos mesmo... – Angelina foi cumprimentar as pessoas presentes.
- Ai, que saudades! – Hermione abraçava Fleur – Falei com Victoire e Dominique, mas elas não me disseram que vocês vieram, pensei que ainda estivessem na França.
- Viemos por causa de Louis! – Fleur falava em um inglês impecável, sorriu e abraçou Gina – É o primeiro ano dele, não seria justo deixar Percy ou Jorge o trazer, e aproveitamos para trazer Molly, já que Percy e Audrey estão enrolados até a alma no ministério. Vick e Nique já estão acostumadas, mas Lou fez questão que viéssemos...
- Acho que Vick nem gosta quando a trazemos – Gui sorriu abraçando Rony – Já vai fazer 17 e acha que pode tudo, aquela menina...
- Sei como é – Harry cumprimentou Gui – Teddy comentou que ela está louca para terminar os estudos, parece que quer seguir carreira de jornalista, não é?
- Jornalista de moda, Harry – Fleur sorriu e abraçou Harry.
- Comigo ela nunca reclamou, Gui... Acho que é porque você é chato mesmo! – Jorge beijava as bochechas de Gina – Merlin, Gina! Como você está linda!
- Para, Jorginho... Assim eu me acho! – Gina deu uma gargalhada e foi abraçar Angelina – Amiga! Que saudade!
- É mesmo! – Angelina sorriu e abraçou a cunhada – Não nos vemos desde o aniversário de Fred!
- Onde está Roxanne? Não veio? – Rony perguntou abraçando Angelina – Hugo vive falando nela, acho que gostaria de vê-la!
- Roxanne ficou com a Sra. Weasley, ela não quis vir, detesta o expresso, vai ser um caos ano que vem, ela não quer ir para Hogwarts de jeito algum! – Angelina cumprimentava Harry.
- Não puxou ao pai... – Jorge sorriu.
- Mandem ela conversar com a Lily, vai mudar rapidinho de opinião – Gina deu uma risadinha.
- Fleur, seu inglês está cada vez mais perfeito! – Hermione sorriu – Não há mais sotaque!
- Merci beaucoup! – Fleur gargalhou.
- Também, modéstia à parte, sou um excelente professor, não é, queirida? – Gui deu um suave beijo na testa de Fleur, que abriu um sorriso encantador.
- Querida, temos que ir! – Jorge olhou o horário e comentou com Angelina – Vocês ainda ficarão?
- Não, estamos de saída também, não é linda? – Rony deu um beijinho na testa de Hermione. – Vamos chamar Hugo, acho que ele esqueceu que estamos aqui...
- Ah, sim – Hermione corou – Ainda tenho alguns papéis importantes para entregar, não é, chefe? – sorriu para Harry.
- Você é uma funcionária exemplar, Mione! – Harry sorriu – Quem dera todos os Aurores fossem tão disciplinados quanto você – Harry olhou cinicamente para Rony.
- Se você está se referindo ao caso da explosão de 100 bombas de bosta na inauguração do Pub dos Parkinson, eu já disse que não tive nada a ver com isso – Rony fez força para não rir.
Os quatro casais saíram dali, cada um seguindo seu próprio caminho, e minutos depois, a plataforma 9 e ¾ estava praticamente vazia, exceto por uma figura trajada com um sobretudo, com a face quase completamente escondida, que olhava para o local onde o trem sumiu.
- Será melhor para você, querida. Por mais que me doa, será melhor. – Cochichou consigo mesmo o homem e em seguida se retirou da estação.
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