Adeus



OBS: A FIC FOI INDICADA PARA UM CONCURSO, SE PUDEREM DAR UMA FORCINHA, EU AGRADEÇO ^^
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CAP NÃO BETADO
Capítulo 9– Adeus



Os olhos verde esmeralda corriam pelo corredor, à procura da porta vermelha escrita em dourado “Treinamento I”. Tinha estado na ala de treinos dos aurores há muito tempo atrás, seu pai ainda não era nem mesmo o chefe do departamento. Admitia, não gostava de estar ali, aquele ambiente de luta não lhe agradava, além do que, sempre havia uma possibilidade de ser atingido por um feitiço perdido. Mas no momento em que Scorpius apareceu em sua casa, praticamente implorando que viesse ajudar, Albus ignorou o fato que detestava aquele lugar.
Não sabia ao certo o porquê de Scorpius chamá-lo, Ella poderia ceder com outra pessoa, ou não. A namorada era cabeça dura demais às vezes, ninguém negava isso. Ella era mais teimosa que um hipogrifo, dificilmente voltava atrás ou escutava os outros, por isso não tinha certeza se conseguiria ajudar diante das circunstâncias. Era difícil perder alguém que amava, especialmente a mãe. Albus não conseguia imaginar na possibilidade de não poder mais ver as madeixas ruivas da mãe brilharem ao sol, ou suas bochechas corarem quando dava uma bronca no marido, ou até mesmo quando recebia um beijo de adeus após um visita na casa dos dois. Saudade, dor, indignação seria o que estaria sentindo se algo acontecesse à sua própria mãe, era o mínimo que pesava no coração de Ella naquele momento.
Podia dizer que foi fácil encontrar a porta que procurava. Era a única de onde viram os raios de todas as cores e tamanhos. Realmente, Scorpius não estava exagerando quando disse que Ella estava irritada.
Com cuidado, passou pela porta vermelha e adentrou na enorme sala de treinamento. Era tudo em um tom cinza, paredes, chão, a única exceção eram os alvos vermelhos de vários tamanhos, que eram atingidos violentamente pelos feitiços de Ella.
- É com você agora. – era a voz de Morgan. O rapaz deu alguns tapinhas em suas costas e lançou-lhe um sorriso fraco. – Ninguém conseguiu pará-la, Ella vai acabar se matando ou explodindo esse lugar.
Ele não estava mentindo. Ella persistia em jogar os feitiços, mesmo estando esgotada. O suor escorria pela sua têmpora, o rosto estava completamente avermelhado, estava até mesmo com dificuldade de se manter de pé. Deveria estar naquele estado por horas, no mínimo.
- Scorpius deu a notícia à ela na noite anterior, e a criatura simplesmente surtou. Só disse que tinha algo a fazer e veio aqui começar a destruir os alvos. – ele suspirou pesadamente. – Ninguém conseguiu tirá-la daqui, o próximo passo é estuporá-la e levar ao St Mungos para uma poção calmante.
- Ela não chorou...
- Não, nada. Nenhuma palavra desde que chegou aqui. – respondeu Morgan, cortando-o. – Bom, vou deixá-los sozinhos. Boa sorte, cara. Você vai precisar.
Albus assentiu com a cabeça, agradecendo. Observou Morgan sair pela porta, ainda refletindo nas palavras do outro. Compreendia que todos tinham uma maneira de demonstrar seu luto, uns choravam, outros gritavam, e ainda tinha aqueles que se desesperavam, perdiam o rumo das coisas, da vida. Ella sentia raiva, sua dor era transformada em raiva, podia ver isso em seus olhos cinzentos. Estavam em chamas.
Foi se aproximando devagar, para não assustá-la. Não seria difícil ser atingido por um feitiço com ela naquele estado. Pensava no que falar, se começaria à consolá-la ou não, queria dizer algo que a fizesse sentir-se melhor. Lhe apertava o coração vê-la naquele sofrimento.
- Ella, amor. – esforçou-se o máximo possível para sua voz sair calma, suave. – Olhe para mim.
Não ouve resposta, apenas um estrondo de um dos alvos explodindo.
- Abaixe a varinha por um instante, por favor. – pediu, com uma ponta de desespero. Ela sequer o olhava, parecia que sua mente não estava ali, talvez realmente não estivesse. – Isso não vai ajudar a se sentir melhor. Você tem que parar com isso, ou vai se machucar.
Ella deixou a posição de ataque, agora os braços caiam ao lado de seu corpo, com a mão direita segurando firmemente a varinha. Ainda assim, ela não o encarava, mas um som saiu de sua boca, era como um sussurro.
- Você não sabe o que está dizendo. – nunca vira sua voz tão fria, era quase sem vida.
- Talvez eu não saiba, mas de uma coisa eu sei: isso que você está fazendo é loucura. Explodir os alvos não vai fazer com que a dor diminua. – ele deu mais um passo cauteloso na direção da loira.
- Vai sim! – gritou ela, tomando a posição de ataque novamente. – Tem que fazer desaparecer.
Aquelas últimas palavras quase fizeram Albus mandar tudo para os infernos e correr até ela para tê-la em seus braços. A voz dela não estava mais fria e dura ao pronunciar aquelas últimas quatro palavras, o som era quase desesperado, como de uma criança com medo do escuro.
Tentou dizer algo, mas não havia palavras em sua boca. Sua mente estava à mil, mas sua voz havia fugido para longe. E não havia uma só palavra que dissesse para fazê-la sentir-se melhor, para espantar a dor pelo menos por alguns minutos.
- Ella, por favor. – ele estava perto demais, podia quase tocá-la. – Me escute por um segundo.
Ela não respondeu, mas também não voltou a atacar os alvos. Talvez aquilo representasse um sinal para seguir em frente, ou que acabaria nocauteado no fundo da sala após receber um dos feitiços dela no peito.
- Eu posso imaginar o quão difícil deve ser, mas essa dor não vai passar hoje, nem nunca. – ele tocou-lhe no braço. Estava quente, quase como se seu sangue estivesse fervendo entre suas veias. – Só o tempo vai ajudar.
- Mas é tão... difícil. – sua voz era tão baixa como um murmúrio. Pela primeira vez ela o encarou diretamente nos olhos. Aquele fogo parecia ter desaparecido, ela estava começando a se acalmar, a ouvi-lo.
- Eu sei. – Albus pegou a varinha dela delicadamente, colocando-a em seu bolso. Ela parecia não ter notado, estava totalmente perdida. Com a outra mão, Albus a puxou para se aninhar em seu peito, depois a abraçou fortemente. Enquanto acariciava os cachos platinados dela, sentiu uma fina gota correndo pelo seu braço. Uma lágrima, a primeira lágrima.
- Não é justo ela ir desse jeito. – falou Ella com a voz abafava. Continuava a se esconder no peito dele.
- Nunca é, amor, e nunca será. – Albus beijou-se no topo da testa, depois deixou sua bochecha apoiada nesta. – Nós apenas tempos que aprender a conviver com isso.
- Eu não pude nem ao menos me despedir. – Ella agarrou com força o suéter azul de Albus, sinal de que a raiva estava voltando. – Não tive nem a chance de dizer mais uma vez que a amava.
- Ela sabe disso, Ella. – Albus quebrou o abraço e, delicadamente, com as mãos sobre as bochechas rosadas dela, levantou o rosto de Ella para que esta passasse a encará-lo. – Não tenha dúvidas disso.
- Eu só queria poder vê-la mais uma vez, uma última vez. – mais lágrimas caiam. – É pedir demais?
- Não. – respondeu ele sorrindo levemente.
Ela soltou um fraco suspiro e voltou para os braços de Albus, abraçando-o mais forte do que nunca.
- Me leve para algum outro lugar, para qualquer lugar. – pediu desesperadamente. – Longe.
- Não se preocupe, eu sei o lugar perfeito para isso. – disse Albus, afagando seus cabelos mais uma vez.
E eles aparataram para longe, como Ella pedira.




Sem abrir os olhos, tateou com a mão o vazio perto de onde estava deitada.
- Está melhor? - a voz dele preencheu o ambiente completamente, de repente, o barulho das ondas quebrando-se nas rochas não existia mais, ou o som dos pássaros no lado de fora.
Ele sentou-se ao seu lado e acariciou sua bochecha direita amavelmente. Isso era o que faltava para fazer Ella abrir seus olhos. A visão era do entardecer, o sol se escondia atrás do mar, formando uma imensidão dourada pelo oceano. Tinha meros flashbacks do que acontecera, de como viera parar ali naquele lugar maravilhoso. Não queria sair daquele barco e voltar para seu mundo, sua realidade sem ela agora.
Nunca foi muito apegada aos pais, nenhum dos dois. Amava-os. O pai tinha seus momentos detestáveis, mas não negava que o amava também. O que Ella não imaginava era que a mãe fosse fazer tanta falta, e como considerava o mundo injusto agora sem ela. Realmente, agora acreditava no que os outros diziam, que as pessoas dão valor quando perdem o que ama.
- Não. - respondeu Ella, sentando-se e aconchegando no peito dele.
- Vai melhorar, eu prometo. - ele a abraçou mais forte.
Ella não tinha nem noção de como Albus arranjara aquele lugar, e também não dava a mínima para isso, queria apenas ficar ali mais um pouco, naquela paz, só eles e o mar. Tinha vontade de ficar ali para sempre, não ter de voltar para Londres e encarar o pai ou o irmão.
Chorara tanto na frente do namorado, como um pequeno bebê, e provavelmente acabaria fazendo o mesmo na frente do pai. Detestava perder o controle, era uma das coisas que mais odiava no mundo, e hoje conseguira. Não tivera o menor controle das milhares de lágrimas que correram pelo seu rosto alvo desde a manhã, era como se perdesse o que a conectava ao seu sistema nervoso. Tentava arduamente não pensar no assunto, mas a imagem frágil da mãe nos últimos dias não lhe saía da cabeça.
Albus a soltou e deixou a cama sem dizer uma só palavra. Ele lançou um olhar ao balcão da cozinha perto da cama, e encarou Ella novamente. A loira negou com veemência, fazendo o outro suspirar pesadamente.
- Você precisa comer. Não botou nada no estômago o dia inteiro, vai acabar doente. - argumentou ele, pegando o prato sobre o balcão e oferecendo à Ella em seguida.
- Não estou com fome. - Ella torceu o nariz ao ver o que ele preparara. Embora fosse um de seus favoritos, não tinha muito estômago naquele momento para batatas e salmão.
- Ella...
- Albus, eu não preciso comer isso agora, estou perfeitamente be... - não conseguiu terminar a frase, pois ao tentar se levantar, não passou nem um segundo em pé e voltou a cair na cama. - Cala a boca, eu não quero ver a sua cara de “eu te avisei”.
- É porque você sabe que eu estou certo. - falou, sorrindo levemente. - Algumas mordidas e eu te deixo em paz. Estamos de acordo?
- Odeio quando você fica desse jeito. - bufou Ella, tomando o prato das mãos dele.
- De que jeito? - Albus forjou uma cara de desentendido. Podia-se perceber que era falsa pelo meio sorriso que ele exibia nos lábios.
- Chato. - murmurou Ella, depois levou a primeira garfada à boca. - Mania sua idiota.
Ele riu e saiu com um copo que tinha pego sobre o balcão, perto de onde estava o prato. Ella esperava que ele fosse buscar um belo copo de vodka, ou vinho, ou qualquer coisa que tivesse um alto teor álcool no rótulo. Em dias como aquele, uma ida ao bar não seria uma má idéia. Acordaria com uma ressaca insuportável, mas ao menos esqueceria por um segundo de tudo que entupia sua mente naquele momento. Como queria não pensar ao menos por um instante na mãe, no pai, no irmão, até mesmo, no pequeno sobrinho.
Astoria era a única que mantinha a família unida, Draco não fazia questão dos filhos rondando a casa, ele apreciava, mas não exigia sua presença semanalmente. A rotina de Scorpius poderia mudar drasticamente, o irmão não era como o pai. Apesar de tudo, o primogênito dos Malfoys não fazia tanto o perfil da família, não era tão frio quanto Ella, tão prepotente como Draco, e isso dificultava a convivências com o pai às vezes. Ele residira naquela casa por todos aqueles anos por dois motivos: conforto e Astoria. Uma de suas razões deixara de existir, e a segunda, ainda poderia arranjar uma maneira de obtê-la com sua porcentagem nas Empresas Malfoy.
Ella não sabia como as coisas seriam dali para frente. Se continuaria com os almoços semanais, ou realizar o pedido da mãe de levar Albus para jantar na Mansão em alguma noite qualquer. Sua mente voltou-se para Draco por um segundo. Ella nunca perguntou como os pais se conheceram, ou se eram apaixonados antes do casamento, essas coisas que toda menina se questionava. A única coisa que sabia era que ambos os pais eram de influentes famílias puro-sangue, muitas vezes, os casamentos eram arranjados e sem o pingo de amor no meio. A única coisa que Ella se questionava era se o pai amava sua mãe ao ponto que lhe doía no peito a ausência dela. Perdera as contas de quantos anos de casados os dois tinham, era mais de vinte de cinco, disso tinha certeza. Estava com Albus há tão pouco tempo, e ainda assim, não conseguia nem imaginar em perdê-lo, então como seria perder uma pessoa que estava ao seu lado por mais de vinte e cinco anos?
- Suco de abóbora. Beba. - Albus havia voltado com o copo preenchido com um líquido alaranjado. - Você pareceu desapontada após ouvir isso?
- Suco? - Ella o encarou com o olhar pedinte. - Não tinha algo mais... forte, não?
- O suco vai lhe fazer melhor agora. - ele depositou o copo sobre a mesa ao lado da cama, e sentou-se ao lado de Ella na cama. - Eu não queria tocar no assunto, mas... avisei ao seu pai que você está comigo. Ele disse que o enterro é amanhã.
Enterro. Agora tudo parecia ser tão real, tão concreto. Antes, sabia que ela não voltaria mais, entretanto, continuava ignorando o fator “morte”. Estar ali, naquele barco, com Albus, longe de tudo, fazia parecer que tudo não passava de um sonho ruim. Que aquela sensação ruim iria passar, assim como todos os pensamentos que vinha tendo desde que Scorpius aparecer em seu quarto, na noite anterior.
- Eles precisavam de um sinal de vida, não fique brava. Meu pai disse que você pode ter quantos dias de folga precisar. - ele retirou as mechas loiras que caíam sobre os olhos cinzentos, prendendo-as atrás da orelha. - Se quiser, podemos voltar para aqui quando tudo tiver acabado, velejando por alguns dias.
- Eu queria mesmo era sumir, Albus. Não ver ninguém, muito menos meu pai ou Scorpius. - Ella baixou o garfo, e encarou o rapaz. Agora vinha aquela maldita vontade de chorar novamente.
- Mas eles precisam de você agora. Seu pai parece mais um morto vivo do que um humano.
- Como? O que...
- Eu escapuli enquanto você dormia. Fui à casa de seus pais, ao menos dizer que você estava mais calma. Scorpius estava nervoso sobre o que você poderia ter feito no Ministério, ele se culpava em como lhe dera a notícia.
- Idiota. - Ella sussurrou.
- Eu não sabia que você têm dificuldades com perdas. - comentou Albus, meio receoso com a resposta.
- O que? Você não está acreditando nas baboseiras do Scorpius, ou está? - Ella sentiu sem sangue ferver. Aquilo era assunto seu, e Scorpius não devia estar espalhando para metade do mundo, muito menos para seu namorado. Certo, admitia que fora difícil quando Narcisa se fora, afinal, a avó estava sempre presente, sempre mimando os netos. Fora isso, era exagero da parte do irmão.
Ele sorriu ao ver Ella corar tão rapidamente.
- Seu segredo está a salvo comigo. - ele deu uma piscadela, depois baixou o olhar para o prato sobre o colo de Ella. - Ao menos, a metade. Deu um trabalhão dar o ponto no peixe.
- Você não vai comer? - indagou Ella, olhando para a louça limpa perto da pia.
- Eu belisquei algo depois que preparei o seu. Gostou?
- Você me força a comer, e agora eu não conto o que acho. - Ella exibiu o primeiro sorriso verdadeiro daquele dia, após dar mais uma bocada. Realmente, ele sabia cozinhar.O tempero era um dos melhores que já provara, melhor até mesmo que o seu próprio.
- É, você está começando a melhorar. - Albus aproximou-se de Ella. Roçou nos lábios com sabor de seu tempero, em seguia a beijou. - Você acaba comigo quando está triste, Ella.
- Droga! - colocou o prato sobre a cama e o puxou pelo colarinho da camisa azul. Beijou-o meigamente, mas ainda assim com aquela veemência de sempre. - Como eu te amo, Severus.
- E eu amo este sorriso. - ele roçou o dedão nos finos lábios de Ella, depois desceu para o pescoço, agora acariciando o local com a mão. - Você não devia ter sido tão anti-social em Hogwarts, assim eu poderia ter seus beijos só para mim há mais tempo.
- Você que era um maldito nerd e não saía da biblioteca, esperto. - Ella meneou a cabeça sorrindo, tentando buscar na memória alguma lembrança dele mais novo. - Será se teria sido diferentes as coisas em Hogwarts? Digo, se nossa noite de bebedeira tivesse acontecido há quatro anos?
- Provavelmente. Primeiro seu pai teria comido meu fígado. - ele deu uma piscadela.
- Isso é fato, meu querido. - gargalhou Ella, imaginando a cara do pai se tivesse levado Albus no lugar Dan, seu primeiro namorado que jantara na Mansão.
- Segundo, nós éramos apenas garotos naquela época. As pessoas mudam com o tempo, talvez não déssemos certo em Hogwarts. Além do que, eu pegaria uma detenção por dia. Toda vez que tentasse entrar na sala comunal da Sonserina na surdina só para te ver na hora que quisesse te beijar.
Ella deixou escapar uma leve risada. Às vezes, ele parecia um eterno adolescente. Ao olhar para Albus, via o homem que mais amava, e ao mesmo tempo, aquele rosto de menino tão adorado.
Mas ele estava certo, as pessoas mudam com o passar do tempo. Ella certamente mudara, não era mais a garota explosiva dos tempos de escola. Podia-se acrescentar um “tão” explosiva, pois sabia que estourava com muita freqüência. Melhorara muito nesse aspecto, ao menos agora pensava um pouco antes de sair distribuindo feitiços para o primeiro que procurasse briga. Talvez, quando mais nova, não fosse capaz de aceitar Albus e tudo que ele trazia consigo, os Potter, aquele gênio super protetor, o passado negro dos Malfoys. Albus era um santo, mas ele não aturaria Ella aos dezesseis nem por uma semana, acabaria enlouquecendo.
- Eu teria corrompido o filho santo dos Potter. - falou Ella jogando um sorriso lascivo à ele.
- Quem você está chamando se santo, senhorita Malfoy? - indagou ele, respondendo com um igual. Roçou nos lábios de Ella com os seus próprios, e quando ela já entreabria a boca para mais, mudou o curso para clavícula, rumo ao pescoço.
Ella o viu sorrir vitorioso ao ouvir o baixo gemido que deixou escapar. Realmente, ele não era nenhum santo, muito menos corrompido.
Com as mãos, brincava com as mechas loiras dela, e com os lábios brincava com a mente dela. Novamente, Ella estava perdendo o controle de suas ações. Nunca conseguia controlar-se quando ele estava tão perto. Albus mudou a rota para perto da orelha, onde sussurrou ao pé do ouvido dela:
- Ainda acha que eu sou santo? - e começou a mordiscar o lóbulo de Ella, fazendo-a deixar escapar mais um gemido, este um pouco mais alto do que o anterior.
- Não. - respondeu Ella, num tom quase inaudível.
- Bom saber. - ele parou de mordiscar a orelha. Levantou o rosto até onde podia encarar Ella nos olhos, depois deu-lhe um leve selinho e se afastou da cama com o prato na mão. - Está frio, eu vou esquentar.
Ella o amaldiçoou com todos os nomes que conhecia. Ele não prestava, mas ainda sim, estava satisfeita. Pelo menos, por alguns rápidos minutos que foram, conseguiu tirar da mente a mãe, e o fato de que ela não estava mais lá. E nunca mais estaria.
Deixou a cama também e repetiu o caminho de Albus, parando atrás dele, perto do fogão. Elevou os braços e cingiu a cintura dele por trás, prendendo-se à ele. A mão dele não tardou a tocar as dela.
- Obrigada por sempre estar aqui para mim. - falou, apertando-o mais contra si.
- Sempre.



Não havia nenhum som na casa, tudo parecia estar morto, completamente sem vida. Ella olhou para a sala de estar, onde tinha algumas das fotos da família. Eram exatamente quarto porta-retratos, contando com estilhaçado no chão. Os cacos de vidro brilhavam contra a luz da lareira e o casal ainda continuava sorrindo. Aquele belo casal era seus pais na faixa dos vinte, recém-casados, sem filhos, aproveitando mais um verão europeu no forte da França. Parecia que não era apenas Ella que estava inconformada com a morte de Astoria.
- A senhorita precisa de mais alguma coisa? - perguntou o elfo ao seu lado.
- Não, Hag. Pode voltar aos seus afazeres na cozinha. - Ella já ia começar a rumar para o andar de cima, mas antes, virou-se para encarar o elfo mais uma vez. - Apenas diga ao meu pai que quando ele estiver pronto para falar comigo, estarei lá em cima, com Scorpius.
- O farei senhorita Malfoy. - Hag assentiu com a cabeça e deixou o hall cabisbaixo e aos soluços.
Ella lançou um último olhar à foto no chão e retornou à andar até as escadas. Soltou um longo suspiro. Não estava acreditando que o enterro seria apenas em poucas horas. Ainda não estava pronta para ver todos aqueles estranhos dando os pêsames à família Malfoy. A ficha realmente caiu quando tirou de dentro do seu armário um vestido preto de mangas compridas e o seu grosso sobretudo da mesma cor. Demorou vários minutos até deixar cair no chão o robe que usava desde que chegou em casa à noite, no dia anterior, e vestir as roupas para o enterro.
Parecia que toda a casa estava em luto. Os quadros que sempre soltavam um ou outro comentário quando Ella passava permaneceram como completos túmulos, nem os menos desviavam o olhar. Foi uma longa e silenciosa caminhada até o último quarto do corredor leste.
Bateu levemente na porta de madeira e adentrou no quarto. Definitivamente aquele era o quarto mais colorido da casa, o único infantil também. Os brinquedos de todas as cores pelo chão contrastavam com as roupas em preto e branco que os dois loiros perto da janela usavam.
Ella sorriu tristemente, e Scorpius retribuiu com um igual. Ele alisava os cabelos do filho, que estava sentado no seu colo com o olhar perdido nos jardins. O irmão lançou um olhar à cadeira de balanço perto da cama. Havia um envelope amarelado sobre esta com seu nome escrito em uma caligrafia conhecida.
- Papai à encontrou ontem. As encontrou, na verdade. - explicou Scorpius.
- Há mais quantas além desta? - indagou Ella, pegando a carta e sentando-se na cadeira.
- Não sei como ela conseguiu, mas haviam exatamente quatro envelopes caídos no chão perto da cama. Um para mim, um para papai, um para você e o último endereçado à Ethan quando ele conseguir ler. - Scorpius deixou escapar um suspiro casando. Tanto ele quanto Ella sabiam o porquê da carta à Ethan. Astoria queria que ele se lembrasse dela de alguma forma, em fotos e em palavras.
- Você já leu a sua? - perguntou Ella com um pingo de curiosidade na voz, mas não superava a angustia que se apossou de seu corpo há algum tempo.
- Li. - respondeu ele, sentando-se no parapeito de madeira da janela. - Ela falou o quão orgulhosa estava de mim, por eu ser um bom filho, um bom pai. Que ela estava feliz o homem que me tornei. E mais algumas coisas que não vem ao caso agora.
Ao ouvir aquilo, Ella pôs a carta imediatamente no bolso do sobretudo. Não conseguiria lê-la diante de outros, acabaria com mais lágrima derramadas. Já não bastava ter se acabado de chorar na frente do namorado, não faria o mesmo na frente do irmão. Ella queria um choro solitário, onde pudesse descarregar tudo que a afligia naquele momento, e sem se preocupar com os olhares dos outros. E queria estar sozinha ao ler as últimas palavras vindas da mãe.
- Papai falou alguma coisa sobre a carta dele? - perguntou Ella à Scorpius, que respondeu com uma revirada de olhos. - Esqueci que estava falado de Draco Malfoy.
- O pai é como você, Ella, porém pior. - Scorpius puxou o filho para cima, e o encaixou em seu peito novamente. O menino estava mole, nunca esteve tão quieto desde que veio morar na Mansão. Aquele era o luto dele, o luto de qualquer Malfoy: o silêncio.
- Defina isso, por favor. - Ella meneou a cabeça. Não sabia o porquê perguntara se já sabia a resposta.
- Vocês não falam sobre o que estão sentindo. Guardam tudo para si.
- Eu não vou sair por aí agindo como uma adolescente jorrando hormônios. É bom ser controlada de vez em quando, entende? - Ella rolou os olhos, ignorando o pequeno sorriso nos lábios do irmão.
- Tanto você quando o papai querem tanto demonstrar aquela força, insensibilidade, frieza que muitas vezes acabam se corroendo por dentro. Mamãe nunca mentiu quando disse que você era a criança mais Malfoy da casa, só restava papai ver perceber isso. - Scorpius soltou mais um suspiro.
Desde pequeno, sabia os quão diferentes e iguais eram os dois. Fisicamente, Ella e Scorpius eram completamente Malfoys, os cabelos platinados, os olhos cinzas frios, o nariz empinado, a pele tão alva como a neblina que cobria a Mansão quando ambos nasceram. Ambos nasceram em anos de paz, foram criados de uma maneira diferente à de Draco, e mesmo assim eles ainda carregavam no sangue aquele jeito Malfoy, a arrogância. Mas parecia que esse jeito Malfoy prevaleceu mais no segundo filho do que no primeiro. Scorpius aceitava as coisas bem mais fácil que Ella, nunca fora muito de lutar pelo que queria. Mas Ella, apesar de ser um pouco simpatizante pelos trouxas, tinha aquele gênio cabeça dura do pai. Não arredava o pé até conseguir o que tinha em mente.
- Isso não é verdade, Scorpius. Você é o primeiro filho, o que continuará com o nome da família. Eu sou só a causadora de problemas. - riu Ella levemente. Não estava mentindo, Ella tinha mais histórico negro do que metade da família Malfoy, se metera em mais encrencas do que uma geração da família.
- Ella, digamos que você é a versão feminina do papai, mas um pouco pior. - ele prendia o riso da cara indignada que Ella fez. - É a mais pura verdade, irmãzinha.
- Babaca mentiroso. - disse, resmungando para si.
Uma batida de leve os fez acordar para a vida. Scorpius ia se levantar, mas Ella fez que não. Aquela era a sua deixa para ir falar com o pai.
- Continue aí com o Ethan. - Ella levantou-se da cadeira de balanço e se aproximou dos dois loiros. Abaixou-se, quase ajoelhando e beijou levemente o irmão na bochecha pálida, depois afagou os cabelos do pequeno no colo deste. - Vejo vocês mais tarde.
Desceu para o primeiro andar sem pressa, quase sem energia para mover os pés até o escritório. Não sabia ao certo o que o pai tinha a dizer, ou melhor, o que tinha a dizer ao pai, mas tinha de estar lá, ao menos para compartilhar o mesmo olhar lutoso no rosto de qualquer um na Mansão. Parou diante da porta por alguns segundos, apertando com a mão o envelope em seu bolso, e procurando as palavras certas para aquele momento. E quando finalmente as escolheu, bateu levemente na porta de madeira três vezes e adentrou no escritório.
A cadeira atrás da grande escrivaninha estava vazia, assim como a poltrona preferida dele perto das estantes de livros. Não havia ninguém olhando para os jardins através da enorme janela de vidro, ou encarando a madeira virar cinzas na lareira. Vita, a coruja cinzenta de Draco estava em sua gaiola, sem ninguém lhe afagando a cabeça, e ele também não estava gritando com o velho Bambino - o gato que era de Astoria – para sair de seu escritório. A rotina não se aplicava àquela circunstância, definitivamente não
O corpo magro de Draco parecia estar sofrendo contra os fortes ventos do lado de fora. Ele estava na varanda, o único lugar que quase não ia, somente durante o verão, nunca no outono. Com o passar dos anos, o frio, os costumeiros ventos gelados começaram a lhe incomodar, por isso quase nunca ficava do lado de fora quando o verão se ia. Mas naquele dia, o frio, o vento, a sensação de seus dedos formigarem nas baixas temperaturas não lhe causavam nada, nem sequer um fraco gemido. Ele apenas permanecia do lado de fora, olhando para os jardins de rosa de Astoria que retornariam a crescer depois do inverno.
Ella deixou a bolsa sobre a mesa de centro perto das estantes de livros e rumou para se juntar ao pai do lado de fora, desejando ter em mãos um casaco mais quente. Abriu a porta de vidro lentamente, e na primeira oportunidade, o vento cortante encontrou seu rosto e por alguns segundos, Ella sentiu uma leve dor no peito ao respirar. Precisava apenas de alguns minutos para se acostumar, e a dor no pulmão desapareceria.
- Oi pai. - disse Ella baixinho, caminhando e parando ao lado do pai.
- Ella. - a voz dele era quase igual a de um fantasma, quase sem vida.
- Você fará o discurso? - indagou a loira, fitando o mesmo canteiro que ele olhava fixamente.
- Sim. - respondeu conciso.
- Já sabe o que vai dizer? - arriscou mais uma vez a puxar assunto.
E naquela tentativa que foi a primeira vez no dia que ele a encarou diretamente nos olhos. Assim Ella pôde perceber o quanto ele estava acabado, completamente arrasado. Não tinha os olhos vermelhos como os dela no dia anterior ou os de Scorpius na noite em que lhe contou a fatídica notícia, mas aquela frieza não estava lá. Era um olhar vazio, triste, perdido. Ele estava mais abatido do que qualquer vez que o vira num estado parecido.
- Vou dizer o que ela era, somente isso. - e voltou a encarar o horizonte nublado.
- Ela sempre foi daquele jeito? Digo, tentar sempre juntar a família, evitar conflitos, ser tão irritantemente pacífica?
- Desde o primeiro momento que a vi com sua tia em Hogwarts. - ele sorriu tristemente. - Provavelmente, se não fosse por ela, você nunca viria almoçar conosco aos domingos, e Scorpius já teria se mudado.
Ella engoliu em seco. Ele não estava mentindo. Eram os pedidos da mãe que a fizeram sempre continuar vindo à Mansão, e Deus lá sabe o que aconteceria se ela não tivesse insistido tanto. Quando Ella deixou a Mansão há dois anos, tivera várias discussões com o pai à respeito de ir morar num apartamento em Londres com uma nascida trouxa. Ele não concordou, e os dois passaram horas gritando em plenos pulmões, até Ella pegar a mala e bater a porta ao sair. Foram exatamente dois meses sem trocar uma palavra, e somente Astoria conseguira quebrar o gelo entre os dois.
- Eu não conseguiria segurar vocês, nenhum dos dois. Somente sua mãe para conseguir fazer isso. - ele suspirou cansado, após pronunciar a última palavra.
Abriu a boca, mas as palavras não saíam. Queria dizer que ele estava errado, ao menos fazê-lo se sentir menos mal uma vez na vida, porém não conseguiria. Draco estava absolutamente certo, ele nunca conseguiria fazer com que os filhos ficassem. Era como se o vínculo que os cercava não fosse tão forte, não como o de Astoria.
Olhou para o pai mais uma vez, sem encará-lo no olho e fez a única coisa que ao menos mostraria que ela estava ali. Pôs lentamente a mão direita no ombro do loiro e apertou de leve, sentindo nos dedos o quão frio estava o tecido das vestes. Ele deveria estar ali fora no mínimo uma hora.
- Eu vou sentir falta da mamãe. - confessou Ella, sem baixar a mão.
- Desde o momento que seu coração parou de bater, o vazio se apossou dessa casa. Nada será como antes agora. Nunca mais.
Ele calou-se por um segundo, e Ella sabia o quanto aquilo doía. Segurar o choro, tentar ser forte. Ela tinha a maneira de lidar com o luto, sentia raiva, indignação, queria azarar o primeiro que visse na frente. Já Draco era diferente. Ele tentava com todas as forças a não demonstrar nenhum sentimento, fingir que era feito de pedra por dentro, que nada o abalava. Mas naquele dia, ele estava devastado, e não era preciso de lágrimas para provar isso. Bastava apenas olhar diretamente naquelas íris cinzentas e ver a dor que elas transmitiam.
- Nunca mais. - repetiu as palavras dele, e deixou a mão cair ao lado do corpo completamente rígido pelo frio. - Se eu perguntar o que ela escreveu na sua carta, você vai me responder?
- Há horas que você parece se esquecer quem sou eu, menina. - ele riu levemente, meneando a cabeça negativamente. - Sua mãe escreveu essas cartas de uma maneira tão pessoal e profunda que não é justo eu contar para você. É melhor guardar as palavras delas para mim mesmo.
- Mas o Scorpius...
- O Scorpius nunca escondeu nada de você e nunca irá. Desde que você nasceu, naquele dia completamente nublado, você tornou-se a confidente dele. Há horas que Scorpius parece o irmão mais novo e você a mais velha.
Esse comentário fez com que Ella sorrisse levemente com as tantas lembranças que a pegaram de surpresa. Na infância, quando Scorpius descobria mais uma passagem secreta na Mansão e ia correndo contar à Ella, mesmo que esta fosse tão pequena que mal entendia do assunto. Ou em Hogwarts, quando o irmão lhe confessava que traiu a namorada com a melhor amiga, ou que sentia ciúmes quando Ella dava corda para algum garoto mais velho. Durante aquelas vinte anos de vida, Ella nunca dizia uma palavra sobre sua vida à Scorpius, mas ele lhe contava exatamente tudo. Isso era uma das coisas que mais gostava no irmão, ele não fazia perguntas, apenas queria desabafar.
- Você não leu a sua carta ainda. - aquilo não era uma pergunta, era uma afirmação.
- Não. - negou Ella. - E como você sabe?
- Porque você não irá tirar esse peso do peito até abrir o envelope e ler as primeiras palavras. E quando for ler, que o faça sozinha. Acredite, vai ser melhor.
- Se você diz... - deu de ombros, já sabendo que ele estava certo. Já que fosse desmoronar emocionalmente, que o fizesse sozinha.
- Entre e avise o elfo para preparar a refeição de Ethan. Scorpius pode não estar em condições de comer, mas o menino não pode fugir dos horários. - às vezes, ele soava como um pedido, mas aquilo definitivamente era uma ordem. - Vá, Ella, vá agora. Em algumas horas as pessoas começarão à chegar.
Ella assentiu, e mais uma vez tocou no ombro magro do pai, desta rapidamente. Não estava muito certa se devia obedecer ou não, afinal, ninguém deveria ficar sozinho em uma hora como essa, mas se tratando de Draco Malfoy, talvez fosse o certo a ser feito. Lançou um último olhar preocupado e o deixou lá sozinho. Ao entrar na casa novamente, percebeu o quão estranho foi o que acabara de acontecer. Draco Malfoy e Ascella Malfoy tiveram uma conversa profunda e sem acabar em brigas.
Como muitos dizem: nas piores das situações, a paz há de reinar.


Ao ouvir o clique vindo da porta se fechando, Draco elevou as mãos até a cabeça, massageando a têmpora cansada. Não pregava os olhos já fazia mais de dois dias, e provavelmente aquela semana continuaria transcorrendo da mesma maneira, com aquela maldita insônia lhe perseguindo. Toda vez que fechava os olhos para descansar, até mesmo para um mísero cochilo, a imagem da mulher lhe vinha na mente, lhe causando uma certa dor no coração.
Tinha de admitir, Astoria e Draco nunca foram o casal mais pegajoso ou o mais loucamente apaixonado. Se conheceram na infância, mas não foi amor à primeira vista. Saíram juntos durante a adolescência uma vez ou outra, mas nunca foram completamente loucos um pelo o outro. Somente, quando fizera dezenove anos, quando seu passado negro lhe assombrava menos do que antes que seu pai apontou para a morena no meio do salão da casa dos Beuvelle, durante um dos milhares de eventos sociais daquele ano, que Draco realmente a notou. Seus longos cachos castanho escuro contrastando com os olhos verdes. Lembrava-se que o vestido de Astoria naquela noite combinava com o verde dos olhos, por isso adorava quando ela usava verde, tanto que posteriormente, acabou presenteado a esposa com um dos raros cristais verdes, encontrados apenas por gnomos noruegueses. Ela nunca mais tirou a pedra do pescoço, até a sua morte.
Não demorou mais do que um ano até ele a pedir em casamento, e no ano seguinte trocarem as alianças. Fora uma das mais belas cerimônias que a alta sociedade bruxa já presenciara. Draco queria que a futura esposa se sentisse uma verdadeira rainha naquela tarde, e ela certamente se sentiu. Não conseguia tirar de sua cabeça o par de íris esverdeadas que encarou ao dançar pela primeira vez com a nova Senhora Malfoy. Sabia que naquele dia, casara-se com a melhor esposa que poderia pedir, e fora descobrir o quão certo estava durante os primeiros anos do casamento. Astoria era exatamente o oposto de Draco, muito calma, media muito as coisas antes de falar. Era o que ele precisava, pois se tivesse casado com uma mulher com um temperamento igual o dele, tão difícil como um touro, o divórcio não tardaria a sair.
Nunca fez cobranças quando o assunto era herdeiros, mas Draco sempre quisera um filho homem, a criança que continuaria com o nome da família. E não pôde deixar de ficar mais orgulhoso quando o curandeiro veio lhe dizer que seu primeiro herdeiro era um menino, um garoto escandaloso e saudável. Após aquele dia de Abril, sentia-se um homem completo.
Dois anos depois o segundo choro de recém nascido ocupou os corredores da Mansão. Era uma menina, a criaturinha mais bela que Draco já vira em toda a sua vida. Ao olhar para esposa completamente exausta, ele percebeu o quanto ela queria aquela garotinha. No fundo, ele também.
Nos anos que se passaram, Astoria cumpriu tão bem seu dever de esposa quanto à própria Narcisa. Ela se transformara numa digna Malfoy, disso não tinha dúvidas. Finamente educada, concisa, comportamento de uma verdadeira dama da alta sociedade. Acompanhava Draco à todas as festas do Ministério sem pestanejar, e sempre preparava eventos divinos na Mansão. Em todos aqueles anos, ela não falhara uma só vez.
Talvez a única coisa que deixava Draco louco ás vezes, era que ela colocava os filhos na frente de tudo, até mesmo dele próprio. Quando Scorpius fizera besteira nos primeiros meses de trabalho na empresa da família, Astoria estava lá para defendê-lo. Quando Ella dissera que ia se mudar para uma quase periferia em Londres, com uma sangue ruim metida a besta, e trabalhar como auror, a esposa estava em frente da filha, apoiando e a defendendo da fúria de Draco.
Foram vinte e cinco anos de casamento que ele não esqueceria jamais. E vinte e sete desde que sentira algo mais forte pela morena naquela noite de gala na casa dos Beuvelle. Eles podiam não ser os mais loucos apaixonados, mas certamente Draco amou sua mulher como nunca amou ninguém, e agora esse amor estava começando a corroer seu peito com a falta de Astoria. Pelo visto, ele teria de acostumar com aquela sensação, pois ela não iria lhe abandonar. Não tão cedo.


Os jardins da Mansão começaram a serem ocupados pelos vários bruxos que chegavam aparatando. Por Draco ser tão influente no Ministério e Astoria sempre participar de eventos relacionados a este, o enterro de Astoria acabou trazendo mais pessoas do que o esperado.
A irmã mais velha de Astoria, Alice, falecera há alguns anos atrás, devido à mesma condição que a irmã caçula. Seu marido, Bradford, estava presente entre os vários bruxos. Tecnicamente, Bradford era a única família restante, somente ele. Alice morrera muito jovem, antes de dar à Bradford um herdeiro, e este nunca se casou novamente. Os pais de Astoria e Alice se foram logo depois que a guerra acabou, e ambos quase não tinham família viva. Então, no fim das contas, não havia nenhum indivíduo que realmente soubesse quem Astoria fora, somente os Malfoy.
Ella olhava à distância as pessoas que chegavam. Não lhe restava ainda muito tempo, logo teria de sair da casa e se juntar aos outros para o enterro. Até agora, aquela palavra, enterro, ainda não lhe descia na garganta. A ficha havia caído, mas tinha horas que ela preferia pensar que aquilo não era real. Seria tão mais fácil se ainda fosse criança, tudo é mais fácil quando se é criança. Sentiria tanta fala da mãe, assim como estava sentindo agora, mas ao menos não saberia a verdade, de como ela morrera após longos anos de sofrimento e batalhas perdidas contra à doença maldita.
- Oi.
- Nem vi você chegar. - sorriu Ella cabisbaixa, virando-se para abraçar o rapaz que acabara de adentrar na sala.
- Era a intenção. - Morgan sorriu de volta e puxou a loira para longe da janela, para um abraço apertado. - Dia difícil, não?
- Mais do que você imagina, Morgan. - disse, escondendo o rosto no peito do amigo. Fazia um esforço tão grande para esconder as lágrimas dos outros, que nem sabia se isso valia à pena. - O que você está fazendo aqui? Deveria estar com Lily agora.
- Ella, Ella. Será se você não aprendeu nada nessa vida? - Morgan elevou as mãos até o rosto de Ella, e a fez olhar para cima, encarando-o nos olhos. - Você não lembra da época de escola? Em que as menininhas ficam fazendo os pactos secretos e isso e aquilo? Aquelas coisas de - ele a soltou e fez as aspas com uma careta, pois sabia que aquilo tudo era uma besteira. Um mês depois, uma estaria com a língua na garganta do namorado da outra. - amigos sempre acima de namoros? Nós temos um desses, sabe?
- Jura? - indagou Ella, rindo do sorriso bobo de Morgan. - E como é esse nosso pacto?
- Se o Albus fizer uma pequena mancada que faça você derramar uma lágrima sequer, eu soco ele bem na fuça. - Morgan estufou o peito com orgulho, e Ella soltou uma gargalhada. - Se você tem um dia ruim, eu estendo meu braço para você. Se esse dia ruim persistir, e o meu braço amigo não ajudar, você ganha um colega de bebedeiras. Afinal de contas, alguém tem que prevenir que você não acorde na manhã seguinte com um outro Potter ao lado e uma drástica ressaca.
- Essa piadinha não tem mais graça. - revirou os olhos, cruzando os braços.
- Shii! Eu ainda não acabei meu discurso, então não interrompa! - Morgan apontou com o dedo indicador para Ella se calar.
- Vá em frente, linguarudo. O palco é tudo seu. - brincou a loira.
- E mesmo adorando estar do lado daquela adorável ruiva, tem horas que você está em primeiro lugar, Ascella Narcisa Malfoy. Num dia como esses, o topo é seu. Chamada para sexo selvagem, com direito à correntes e tudo mais, desculpa, mas a Lily te supera. - ele deu de ombros, depois escorregou para trás, escapando do punho de Ella.
- Você é o melhor e pior amigo que qualquer um poderia pedir, Morgan. - Ella deu uma piscadela e o puxou pela gravata, até que o rosto dele estivesse na altura do seu. - Obrigada. - e deixou uma marca de batom estampada no meio da bochecha do moreno de cachos. - Eu não vou explicar para a Lily que isso é meu. Aliás, meu batom é muito bom, então a marca pode demorar à sair.
- Tudo bem, eu e Lily temos uma relação completamente saudável e adulta. - ele mudou seu tom brincalhão para sério, oferecendo o braço à Ella.
- Com direito à correntes, amordaçamento na cama e outras coisas que eu prefiro não saber, certo? - Ella aceitou o braço dele, e ambos começaram a caminhar lentamente na direção da saída.
- Obviamente. - ele sorriu e a guiou para fora. - Mas você vai explicar que a marca é sua, não é?
- Fazer o que? - Ella sorriu de volta, e encostou a cabeça no braço do amigo, tentando mais uma vez se esconder de tudo e de todos.
- Estaria bem aqui quando acabar. - garantiu Morgan parando de caminhar e puxando o braço para si. - É hora do último adeus. Boa sorte.
- Vou precisar. - Ella suspirou, se dando conta que estava no meio do jardim, com todas aquelas pessoas.
Naquele momento, se sentiu totalmente perdida na própria casa. Deixou suas pernas guiarem sua mente enquanto passava por entre os desconhecidos. Tapinhas camaradas, palavras de conforto, expressões de pena era o que recebia enquanto tentava atravessar o jardim. Mais ao fundo, avistou Scorpius com Ethan, e ao lado dos dois, estava Draco.
O olhar do pai era severo, frio, triste. Ele parecia estar tentando tão arduamente não desabar na frente dos outros, e Ella sabia o quanto que isso doía. Segurar o choro, mandar tudo para dentro, causava mais dor que um soco bem dado no estômago. Essa dor do soco ainda pulsava em seu estômago e parecia querer ficar lá por algum tempo.
O aglomerado de pessoas ao seu redor foi abrindo espaço para Ella chegar. Alguns rostos eram conhecidos, outros não. Viu Lily de mãos atadas com Morgan junto dos outros Potter. Albus estava lá. Era obvio que estava. Ele abriu um pequeno sorriso e assentiu com a cabeça de forma breve, encorajando-a. Tudo que ela precisava naquele momento era de coragem, para conseguir dizer adeus pela última vez, para ser forte, para seguir em frente. E naquele momento ela sentia-se totalmente abandonada por esta.
Sentou-se ao lado de Scorpius, que tinha a mão estendida sobre sua coxa direita. Ella não demorou um segundo para segurá-la e sentir aquele conhecido apertão reconfortante. Ele beijou o topo da cabeça do filho pequeno em seu colo e ficou escondido atrás do menino por alguns instantes, sem conseguir encarar as pessoas ali presentes.
Os olhos cinzas e frios de Draco caíram sobre Ella, que apenas fez que sim com a cabeça. Era hora de começar e acabar com aquilo.
- Estamos aqui hoje para nos despedirmos de Astoria Marie Malfoy. Um eterno e último adeus. – Draco fez uma pausa, sem deixar de correr os olhos sobre qualquer um ali presente. Ele parecia procurar desesperadamente por palavras, e não estava tendo tanto sucesso com isso. Buscava em cada canto da memória por algo, por qualquer coisa que pudesse falar sobre a esposa. E isso não foi tão difícil de encontrar, ela estava presente em qualquer memória feliz que ele tinha. – Muitos acham que a morte é o fim da linha, é um empecilho na vida. Tudo parece mais fácil quando não temos a morte como nossa vizinha mais próxima. Eu acredito nisso, assim como muitos de vocês aqui. Astoria não acreditava nessas besteiras, nunca passou por sua mente que a morte é o fundo do poço. Para ela, morte é sinônimo para novas oportunidades, para uma nova vida.
- Nunca penso no que há depois que cruzamos a linha, temo o que há de vir. Astoria, sempre me contrariando, queria conhecer o novo, já que este lado nunca foi o suficiente. – ele ficava cada vez mais pálido, parecendo tão desnorteado que poderia cair no chão. Mas isso não impediu Draco de continuar.
- O que a matou lhe sugou sua juventude, seus sonhos, sua vida. Astoria nunca reclamou da vida que tinha, mesmo com a doença lhe perseguindo. Nunca se arrependeu de uma ação que fez durante toda a sua vida. Uma das últimas coisas que disse antes de morrer era que foi muito feliz. Deixaria este mundo sem remorso, sem culpa por não ter feito mais. – Draco engoliu em seco. – Para mim, não havia como ter culpa. Astoria fez muito mais do que devia por qualquer um, especialmente para mim.
- Depois de hoje, não temo mais a morte. Não mais. Pois eu sei que ela estará lá, fazendo um lugar melhor onde quer que esteja. Assim como fez aqui. – ele deu alguns passos para frente, com os punhos cerrados paralelos ao corpo. Quando estava à centímetros do caixão de madeira estampado com o símbolos da família Malfoy, Draco estendeu a mão direita e soltou algo cintilante sobre a estrutura de madeira. Era um pequeno broxe que ela tinha lhe dado no dia em que ficaram noivos. – Adeus.

Draco abriu a pequena caixinha aveludada e um brilhante anel saiu dela flutuando. Ele o pegou no ar e, delicadamente, o colocou no dedo anular da jovem à sua frente.
- Vai responder a minha pergunta, futura Senhora Malfoy? – sorriu ele galanteador.
- Isso serve como resposta? – deu um passo à frente e seus lábios se tocaram num beijo doce.
- Acho que preciso de mais um desse para confirmar. – ele a puxou para mais junto de si. – Só checando.
- Só checando. – ela sorriu de volta, meneando a cabeça em negativa. Em um movimento rápido, desvencilhou-se dos braços dele e pegou um pequeno broxe que guardava no bolso. O broxe era prateado e retangular, parecido com uma plaqueta de identificação, mas era pequeno demais para tal. Em uma língua que ele não reconhecia, estava escritos alguns palavras ilegíveis em dourado. – Está escrito
“Eternamente unidos por um só coração”. Eu acredito que estaremos.
- Eu não tenho dúvidas disso. – falou, olhando para o pequeno broxe que Astoria acabara de por acima do bolso da camisa negra dele. – Eu te amo.
- Eu também te amo, seu ladrão de corações. – ela sorriu novamente, e dessa vez não fugiu da invertida dele.


- Você tem que parar de defendê-lo, Astoria! Scorpius já é um homem, e deve arcar por seus atos. – bradou Draco, enraivecido. Jurava que se Scorpius não fosse seu próprio filho, já o teria amaldiçoado. Foi muito dinheiro perdido por um pequeno deslize do rapaz. Sabia que não devia ter lhe dado aquele cargo, o filho era novo demais para tal responsabilidade. Agora via que sua intuição nunca errava.
- Homem!? Ele é só um garoto, pelas barbas de Merlin. O que você queria? Que um MENINO de dezoito anos, recém formado, fosse um perito nos negócios? – retorquiu Astoria no mesmo tom do marido. – Isso foi erro seu! Admita!
- Nunca! – persistiu Draco com a gritaria. – Amanhã mesmo, ele vai procurar emprego no Ministério.
- Draco Lucius Malfoy, não ouse fazer isso ou irá se arrepender. – ameaçou a morena, sem abaixar o tom de voz. – Ele não é qualquer empregado que você pode fazer o que quiser. Scorpius é seu filho, você é o pai dele, então comece e a agir como tal.
- Droga, Astoria! Por que você sempre tem que estar do lado deles? – e essa foi a última coisa que Draco disse antes de sair marchando porta a fora para resolver o problema que o filho causou.
Astoria voltou a sentar-se na cadeira de frente para a enorme janela de vidro, com vista para os jardins. Abriu o livro na página marcada e com um sorriso estampado nos lábios, retomou a sua leitura. Aquele havia sido uma batalha ganha.


- Você já sabia que ia ser uma menina, não? – perguntou Draco, sorrindo para a esposa cansada. Ele segurava um pequeno embrulhinho rosado sonolento, balançando vagarosamente para a criança adormecer.
- E por que diz isso, Draco querido? – perguntou Astoria sorrido para o marido.
- Eu vi as meias sob o berço. Eram rosas. – explicou o loiro. Ele quase nunca entrava no quarto do segundo bebê, preferia deixar tudo por conta da esposa. Era ela quem adorava cuidar da decoração dos cômodos. E em uma das poucas vezes que entrou no quarto ao lado do de Scorpius, viu as minúsculas meias, junto as pequenas vestes brancas para bebês.
- Digamos que meu palpite foi certeiro. O que Scorpius disse ao vê-la?
- Que ele tem uma irmã com cara de joelho. – respondeu Draco, revirando os olhos, sorrindo enviesado.
- Ele tem cada uma. – soltou um suspiro cansado. – E como se chamará nossa pequena estrela?
- Ascella. – contou ele, fitando os olhos acinzentados do pequeno bebê em seus braços. – Ascella Narcisa Malfoy.
- Ella. – completou a fala do marido. – Está perfeito.


- Deixe de ser cabeça dura! Você precisa ir ao hospital. – persistiu Draco pela milésima vez. Ele andava de um lado para o outro no quarto do casal, logo acabaria perfurando o chão se continuasse daquele jeito.
- Eu estou bem, Draco. Só preciso descansar. – falou Astoria, já cansado de acompanhar o marido com o olhar. – Tudo ficará bem, Draco.
- Não, não vai. Enquanto você não consultar com alguém, nada ficará bem. – Draco praguejou mentalmente. Porque a mulher tinha que ser tão teimosa.
- Eu não vou mentir para você. – Astoria o encarou, e pela primeira vez desde que entrou no quarto, Draco parou. – Não irei demorar muito tempo.
- Como você pode dizer isso? Não seja egoísta! – explodiu o loiro, não querendo aceitar aquela derrota.
- Traga o curandeiro aqui para a Mansão, mas hospitais já não serão úteis mais. Estou chegando ao fim.
- Você não pode desistir. – ele aproximou-se da cama e sentou-se na beirada desta, próximo à esposa. Tomou uma de suas mãos quase fantasmagóricas e beijou levemente.
- Isso não é desistir, querido. É aceitar. – ela elevou a mão até o rosto magro do marido e acariciou amavelmente. – Não persista, Draco. Por favor.
- Você realmente quer isso?
- Já vivi uma vida ao lado do homem que eu amo. Vi meus filhos crescerem, conheci meu neto. Sei que eles ficarão bem. Scorpius cresceu depois de Ethan e Ella, - alargou o sorriso. – está feliz ao lado do jovem Potter. Eu conquistei tudo que sonhei, Draco. Estou pronta para aceitar a minha sina.
- Se é o que você deseja. – ele a encarou completamente devastado. Sua esposa tinha acabado de se entregar às mãos do destino. – Assim será.



Eram tantas lembranças rodando em suas mente naquele momento. Todos os momentos que viveu com ela passavam diante de seus olhos. E lhe cortou o coração quando baixou o olhar para o caixão à sua frente. Ela realmente se fora.
Os filhos se levantaram, mas não disseram nada. Draco havia dito tudo, e pela cara de Ella, a filha não conseguiria falar qualquer coisa que seja e Scorpius muito menos. Ambos tinham águas nos olhos, mas nenhum dos dois deixou escapar uma lágrima. Tentavam ser fortes.
Agora, lado a lado, os quatro Malfoys encaravam o caixão descendo até o solo. Um pequeno estrépito pôde ser ouvido quando o caixão bateu na terra. Draco pegou a varinha e com um breve aceno com a varinha, as pás começaram a cobrir a cova com terra. E aquele foi o último adeus.


- Hey. – a voz dele era baixa, quase como um sussurro.
- Obrigada por vir. – falou Ella, virando a cabeça para o lado. Assim podia encará-lo. – Significa muito para mim.
- Eu não perderia por nada. – Albus entrelaçou os dedos de Ella com os seus. Sentiu um leve arrepio ao tocar na pele gelada dela. – Eu sei que é a pergunta mais idiota para se perguntar agora, mas... Como você está se sentindo?
- Perdida. – respondeu honestamente. – Eu não acredito que ela se foi.
Os dois fixaram o olhar na mensagem escrita no túmulo de mármore. Mâe, esposa, amiga. Saudades eternas
- Eu estou aqui para você. Sempre.
- Eu sei. – Ella sorriu tristemente. Jurou que não deixaria mais Albus vê-la naquele estado decadente, frágil. Por isso fez mais força para segurar o choro.
- Você não vai ficar para o resto do funeral, não é? – perguntou Albus, embora já soubesse a resposta.
- Não tenho forças. Realmente não tenho.
- E não precisa ter agora. Quer passar a noite na minha casa? – ofereceu o moreno. – Não queria que você ficasse sozinha esta noite.
- Obrigada, Severus. – Ella desviou o olhar da mensagem para Albus. Deu um passo a frente e o abraçou forte. Era reconfortante aquele calor, aquela segurança que ele transmitia, e adoraria passar a noite aninhada àquele peito forte, mas não podia. Queria ter seu luto sozinha. – Mas eu preciso ficar sozinha hoje. Scorpius vai ficar com meu pai hoje, e Ethan também. Eles farão companhia para ele. Assim eu posso dar uma escapulida.
- Verdade. Amanhã eu passo na sua casa, então. Morgan falou que vai comigo.
- Perfeito para mim. – assentiu Ella, de forma breve. Esperava ficar um pouco mais animada para receber o namorado e o melhor amigo no dia seguinte. Não queria deixá-los para baixo também. – Agradeça à sua família por vir. E diga que eu sinto muito não ter dado muita atenção à eles.
- Não se preocupe. Eles sabem. – garantiu o moreno.
- Nos vemos amanhã, certo? – Ella o beijou rapidamente nos lábios e em seguida afastou-se. Estava na hora de ir. – Eu te amo.
- Eu também. – Albus soltou a mão de Ella e voltou a encará-la. – Todos dizem isso, e eu sei que é um caso ouvir de novo. Mas o tempo vai acabar curando essa ferida.
- Assim espero. – e com um último suspiro, Ella desapareceu das terras Malfoy.
A Mansão havia ficado para trás, bem longe. Agora estava olhando para um pequeno PlayGround, o qual costumava freqüentar durante o verão. Era um lugar agradável, cheio árvores e com um pequeno lago artificial ao fundo. Não ficava muito distante de seu apartamento, somente alguns quarteirões.
Costumava ir ali quando queria pensar, desligar-se do mundo. Era exatamente o que precisava naquele momento. Um lugar para poder desabar só, sem que ninguém estivesse por perto para ver.
Andou até o costumeiro balanço, segurando a carta da mãe. Mas não chegou sequer a tocar os pés na área coberta de areia perto do balanço.
- Estupefaça. – uma voz fria e estranha disse por trás de suas costas.
E tudo ficou negro



N/Autora: Hey pessoal. Eu não tenho nem as caras para pedir por comentários... demorou demais esse capítulo, e eu sinto muito mesmo. Foi uma correria com a chegada ao Brasil atraso no cursinho, o proprio cursinho demoníaco, estudos, etc. Geeeente, vestibular em um mes e meio, a coisa ta tensa, tá tensa. E linda a capa que a Lau me deu, né? *__*

Mas voltando ao capítulo? O que acharam? Triste, né? E o final? Tenso, ne? Isso é marketing gente, capítulo tenso é igual à mais comentários indignados ^^

Eu não sei como vai ser nos próximos meses, então não posso falar nada sobre o próximo cap. Garanto que vai demorar menos que esse, mas também não deve ser rápido. Mas tenham fé que tudo dá certo no final.

Ahhhhhhh.... mais três capítulos e fim.
E bem vindos aos novos leitores: Bibiska Radcliffe, Li, Pedro Henrique Freitas, Fico feliz que estão gostando ^^

Obrigado pelos votos e cometários e se puderem votar no concurso eu agradeço

Beijos

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