Lily e o Cervo



Três semanas depois...

Lily cantava pelos corredores enquanto fazia sua ronda noturna.

Repentinamente pensou em ter ouvido o barulho de cascos. Encarou o céu escuro coberto de nuvens. A lua estava redonda no céu e o clima estava agradável. Encarou o lago e o salgueiro lutador e, como estava no primeiro andar, resolveu rondar um pouco por ali. Afinal, queria ver o que era aquele barulho que ouvira.

Uma moita se mexeu e o barulho de cascos voltou novamente. Lily assustou-se quando alguma coisa grande caiu ao seu lado... e ela estava respirando.

- Oh, Merlim!

Era um cervo. E estava caído no chão, com aluns cortes abertos sangrando. Ele não parecia se importar com a dor, importava-se apenas em bufar em busca de ar. Ele levantou os olhos para Lily quando ela se ajoelhou ao seu lado. Ela parecia com receio dele, mas mesmo assim, ela o queria ajudar.

- O que aconteceu com você?

Lily tocou o pêlo enxarcado de suor do cervo e sentiu-o estremcer embaixo de sua palma. Devia ser de dor, pensava Lily preocupada.

- Acalme-se.

Lily encarou em volta exasperada. Viu um tufo de pequenas folhinhas verdes e as reconheceu como ervas. Puxou algumas e amassou-as na mão até formar uma pasta.

- Vai arder. Espero que você não me morda.

O cervo deu um grunhido de protesto e Lily recuou um pouco quando a cabeça dele se ergueu. Depois de alguns segundos a encarando, a cabeça tombou novamente e Lily pôde voltar a curar os ferimentos do animal. Quando terminou, afatou-se do bicho. Ele podia lhe atacar com a galhada, quando estivesse pronto pra ir embora. mas isso não aconteceu. Pelo contrário, o cervo ficou deitado ali, apenas encarando-a, como se a decorasse. Os olhos dele... até pareciam familiares a Lily. Ela apenas... não sabia de onde.

Um uivo comprido cortou o céu e o cervo levantou-se de imediato. Parecia bem um lobo, mas o cervo entendia que era um cão chamando-o.

- Então foi isso que te feriu? Um lobo?

"Você está ficando maluca, Lily." Lily disse a si mesma quando observou o cervo bater os cascos dianteiros no chão e logo virar-se e aucançar galope. " Até falando com animais você está. Maluca." Lily virou as costas, com um último olhar para o local onde o cervo tinha desaparecido, e retomou sua ronda como se ele nunca tivesse existido.

XXX

-Ooh minhas costas. - Black reclamava de bruços na cama com um profundo arranhão que lhe percorria as costas de baixo a cima.

- Não fique aí gemendo. - murmurou Peter irritado, amassando ervas curandeiras. - Aposto que Lupin está bem pior que todos nós lá na Ala Hospitalar.

- Ou, você fala isso por que é um rato! - Sirius se mostrou indignado. - Está intacto! Aposto que o Aluado nem notou que você estava lá!

A discussão dos dois marotos foi interrompida por um longo suspiro provindo de James. Peter revirou os olhos enquanto espalhava, sem dó, um muco verde-azulado pelas costas de Sirius. Sirius com uma careta, adiantou-se a James:

- Ok, Pontas você quer que a gente pergunte por que está suspirando. Ok, lá vai... - Sirius esperou alguns segundos e vez uma cara exageradamente compreensiva. - Por que está suspirando?

Pontas levantou os olhos para os amigos. Estava estiraçado em sua cama, sem a camisa, para refrescar mais seus ferimentos quase cicatrizados. James entreabriu os lábios para contar que Lily o encontrara, mas logo Sirius o interrompeu:

- E por que seus cortes estão limpinhos assim? - Sirius murmurou. - Só eu que levei esse arranhão fundo aí?

- É porque você não presta atenção no que está atrás de você. - Peter disse. - Mas diga Pontas...

James pensou melhor. Pela primiera vez, iria manter algo em segredo. Não iria contar aos marotos... pelo menos não por enquanto. Fora um momento tão mágico, Lily o fizera esquecer até da dor dos cortes. Era a primeira vez que Lily falava com ele de uma maneira tão sincera, de um modo tão terno. Sentia-se pleno quando levantou-se de um salto e trancou-se no banheiro, arrancando interrogações dos outros dois marotos.

Enquanto a água escorria em seu rosto, James lembrou-se dos dedos de Lily passeando por sua pele e da voz suave quem ela lhe dirigiu. Ela preocupara-se com ele. James sentiu necessidade de ouví-la falar assim com ele. Juntou as mãos e rezou para que a poção ficasse pronta logo.

Faltava apenas uma semana.

XXX

- Essa foi a semana mais longa de toda minha vida. - disse Lupin a si mesmo, acrescentando um último ponto a sua redação.

Tonks descia as escadas do dormitório naquele e pode ouvir o que Lupin dissera. Esquecendo-se totalmente que tinha aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, largou os livros em um sofá e sentou-se em uma poltrona frente a ele.

- Tem tido uma semana ruim? - perguntou Tonks, mordendo o lábio inferior.

- Não digamos ruim e, sim, dolorosa. - Lupin pigarreou. - Muitos deveres.

- Eu nem tenho tantos ainda. - Tonks mostrou o livro de Defesa contra a Arte das Trevas. - Estou tendo um pouco de problemas com os Bichos- Papões.

Lupin levantou os olhos para Tonks e já estava preparado para dizer que uma sextanista não devia ter medo de Bichos-Papões. Mas a realidade trouxe-o de volta ao solo quando lembrou-se que Tonks estava no terceiro ano. Reprouvou-se mentalmente por quase tê-la trado mal e disse:

- Bem... Se quiser posso te ajudar. Digo, eu gosto bastante de Defesas. - Lupin encarou-a. - Posso pedir permissão para utizilar um Bicho-Papão. Se você quiser eu te ensino alguns truques.

- É claro que eu quero! - Tonks pareceu um pouco surpresa e animada, Tonks levantou e pegou os livros. - Não se importa em me ajudar?

- Verá que depois das minhas aulas, irá querer ser auror. - Lupin sorriu.

Tonks deu uma gargalhada sonora e acenou para ele do buraco do retrato:

- Então nos vemos.

Lupin retribuiu o aceno e voltou os olhos para o seu próximo dever. Mas seu momento de paz não durou muito.

- Aluado, meu caro...

James se aproximava com um grande sorriso no rosto e Aluado revirou os olhos com um suspiro. Antes que James pudesse sequer montar sua frase, a de Lupin já estava pronta:

- Se você veio perguntar se a poção já tá pronta, eu volto a te dizer que sim.

- Se está pronta, porque não posso usá-la? - Pontas fez cara de Bambi que acabara de perder a mãe no incêndio.

- Escute, Pontas. - Lupin passou a mão na testa onde uma dor de cabelha lhe incomodava. - Primeiro, eu estou engarrafando a poção em pequenas doses. Um gole é o suficiente para a poção funcionar, portanto não podemos disperdiçar apesar de termos bastante poção, você sabe que cada dose só dura uma hora. Segundo, precisamos de um lugar seguro para guardar as doses, porque, se essa poção for pega por alguém, vamos ser expulsos. E, terceiro, você não pode ficar andando como Snape por aí, você tem que armar um plano para que o Snape esteja extremamente ocupado na hora em que você estiver com a Lily.

- Quando vou poder usá-la?

- Se você quer ver sua ruivinha, não se preocupe. - Remus murmurou, tomando anotação de um feitiço. - Eu não posso aplicar a detenção em você hoje, ela vai fazê-lo. Quem mandou pendurar o aborto Filch naquela tocha?

- Ela vai aplicar minha detenção? - Pontas iluminou-se. - E quanto a quando vou poder usar a poção...?

- Quando você tiver um plano, te darei um frasco. - Lupin murmurou.

- Hnft... Até lá eu não agüento ficar sem a Lily.

E James saiu batendo o pé.

XXX

Lily pegara uma detenção pesada para aplicar. Afinal, fora o aborto Filch que a mandara. Lily apenas não sabia quem fora o desafortunado que teria que entrar na Floresta Negra com ela para colher um fungo avermelhado que usavam na aula de poções. O detido iria colher, ela só prestaria atenção para que ele não passasse no caminho dos Centauros ou de algo pior.
Mas quando viu Potter parado na entrada da Floresta, teve vontade de empurrá-lo para dentro da garganta de um dragão.

- Potter.

- Evans. - James fez uma reverência exagerada.

- Muito engraçado, Potter. Vamos logo antes que eu te amarre em uma árvore.

- Ah, se for você, pode me amarrar em qualquer lugar. - James tragou saliva encarando Lily.

- Pervertido.

Lily caminhava a passos largos, James não fazia muito esforço para acopanhá-la. Quanto mais se avançavam pela floresta, mais escuro e mais frio o ambiente tornava-se. Um uivo ecoou pela floresta e Lily arrepiou-se, deixando escapar um suspiro de medo:

- Você acha... que tem lobisomens por aqui?

- Lobisomens são o que menos me assustam, se quer saber. - James encarou em volta. - Estou com a sensação que estamos sendo observados.

- Então apresse-se logo e colha esses cogumelos. - Lily apontou para uma clareira onde haviam chegado.

Lily sentou-se em uma raíz de árvore enquanto James colia os cogumelos auxiliado pela luz de sua varinha. Os cogumelos seguiam uma trilha para fora da clareira e, nem Lily e nem o próprio Pontas, notaram que ele se distanciava.

Lily, por sua vez, estava pensando em quantos nomes podia chamar Potter. Queria bater seu record. Mas uma calda escamosa bateu em sua perna e algo bufou .

Era encarou acima e viu que era um dragão.

O grito de Lily foi medonho. James largou os cogumelos e, sentindo o pânico correr por suas veias, saltou as raízes das árvores a todo galope e disparou até a clareira. Era um imenso dragão, e Lily estava espremida contra uma árvore, apavorada. O dragão bufava de ódio, era um Chifre Longo Romeno. A luz da varinha de Lily deveria ter irritado-lhe os olhos. James não pensou duas vezes, jogou Lily contra as suas costas e correu para fora da floresta com ela nos ombros. James estranhou, pois a corrida fora relativamente rápida.

James abriu a boca para reclamar com Lily por não ter se defendindo, mas dela só saiu um grunhido estranho. Foi aí que James percebeu que, com a confusão, tinha se transformado em cervo.

- Você de novo... - Lily murmurou, pálida. - Você me salvou, Cevado.

James ficou pensando de onde ela tinha tirado o nome "Cevado" para designá-lo, mas até gostou. E ainda gostou mais quando sua mão quente e lisa acariciou-o o rosto.

- Espero vê-lo de novo, Cevado. - Lily abaixou a cabeça. - Obrigada por me ajudar.

James não queria ir, mas tinha que aperecer com seu corpo logo para Lily. Deu meia volta e entrou na floresta, onde se transformou e retornou como humano. Lily adiantou-se para ele:

- Você viu? Era um dragão!

- Não, não era. - James passou a mão nos cabelos. - Era um Sem-forma que se tranformou em dragão. Eu vi aquele cervo te salvando, eu não corri tão rápido para fazê-lo antes dele.

Os olhos de James brilharam tão fortemente que suas mãos escorregaram para dentro dos cabelos de Lily tão rapidamente que ela mal pode notar que, no segundo seguinte, estava sendo abraçada por Potter. Ela não entendeu nada.

- Eu fiquei com tanto medo. - Potter a apertou entre seus braços e seus olhos lacrimejaram. - Tanto medo, ruivinha.

- Eu também, James.

Lily saiu do abraço e chamou James para ir para dentro do castelo. James tinha vontade de segurá-la bem forte e pedir para ela ficar um pouquinho mais para que ele pudesse sentí-la mais perto. Queria mirá-la mais um pouco, e sonhar que seu destino estava dentro de seus olhos.

Mas em pouco tempo aquilo tornaria-se real.

A poção já estava pronta.


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N/A : Só vou postar o cap 5 quando pelo menos 3 pessoas comentarem....
ninguem comenta aqui....

Bjus

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