Tonks, simplesmente Tonks

Tonks, simplesmente Tonks



Muitas vezes o instinto de sobrevivência, ou o simples fato de o ser humano ter um grande estoque de esperança dentro do coração, nos faz tocar a vida independete de nossas tristezas ou mesmo desesperos.

Remus se acostumou com a vida de trocar de emprego de tempos em tempos... trabalhou com bruxos e com trouxas, ficou desempregado, foi rejeitado muitas vezes, mas sempre se manteve na sociedade. Jamais sucumbiu ao sofrimento da licatropia para procurar os centros de lobisomens, onde as feras se marginalizavam da sociedade. E assim os anos se passaram.

Então, ao descobrir que faltava professor para a matéria de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts mais uma vez, resolveu que queria voltar para sua velha escola. Procurou Dumbledore, que não ficou nada surpreso com o pedido do homem Lupin.

- Só me surpreendo em saber que você não se candidatou há dois anos atrás. - disse o bondoso mago.

- Bom, - replicou Lupin, sentindo-se acuado - antes mesmo de cogitar a idéia fiquei sabendo que você tinha nomeado o antigo professor de Estudo dos Trouxas, Quirrell, para Defesa Contra as Artes das Trevas e...

- Sim, isso foi um erro, embora Harry tenha conseguido se sair muito bem contra esse seguidor de Voldemort.

- C-como é que é? - perguntou Lupin chocado.

Assim, os dois primeiros anos de Harry em Hogwarts foram resumidos.

Pouco depois, num certo dia, as ásperas folhas do Profeta cutucaram sua ferida novamente quando noticiaram em grandes machetes que o famoso assassino em massa Sirius Black havia fugido de Azkaban, o primeiro a conseguir este feito. As manchetes afirmavam que o alvo de Black era o Menino-Que-Sobreviveu, Harry Potter e, portanto, o assassino estava a caminho da Escola de Magia e Bruxaria, que por sua vez receberia guarda dos dementadores de Azkaban.

- Será um ano e tanto. - suspirou Remus, enrolando seu jornal e se aconchegando na cabine do Expresso de Hogwarts para descansar um pouco... estava muito cansado e, sentindo que voltava pra casa, conseguiu relaxar de um jeito que não conseguia há anos.

"Estava mais correto em minha afirmação do que imaginava." pensou Lupin, enquanto arrumava as malas para deixar Hogwarts quase um ano depois. Sentia uma mistura de sentimentos difícil de avaliar. Sem dúvidas sentiria muita falta de Harry, tinha sido um ano encantador dar aulas a ele, ensiná-lo a conjurar um Patrono, ver o quanto ele tinha de James e de Lily dentro dele. E, recentemente, tinha sido inexplicavelmente maravilhoso contar toda a verdade para ele, isso sem contar na melhor surpresa que o ano lhe proporcionara: a volta e descoberta da inocência de seu querido amigo Sirius, o Almofadinhas. Agora, independente das pessoas que conhecera ou de tudo o que tinha vivido nos últimos quase 13 anos, ter Sirius de volta era a melhor coisa possível. Não sabia se sentia mais alegria por tudo isso, ou mais tristeza por estar saindo de Hogwarts mais uma vez, sabendo que não poderia esconder Sirius consigo já que o Ministério agora estava desconfiado dele. Mesmo assim a sensação de missão cumprida explodia em alegria dentro dele. Tinha confiança de que poderiam provar a inocência de seu melhor amigo e, então, os dois poderiam morar juntos e levar Harry com eles. Remus Lupin voltara a sonhar no dia em que se despediu de Harry com um leve abraço.

Durante o ano seguinte, começou a desconfiar que seu final feliz pudesse se atrasar um pouco, já que o Ministério continuava a caçar Sirius. Mesmo assim, manteve contato com seu amigo por correio-coruja, conseguindo ter notícias de Harry também que, pelo jeito, estava felicíssimo por ter um padrinho. Mas as coisas não estavam nada bem... já que era óbvio que Hogwarts tinha sido infiltrada. E o ano culminou na volta de Voldemort e na morte de um jovem que tinha sido seu aluno no ano anterior.

Lupin tinha gostado muito de Cedrico, que era um estudante exemplar, além de muito bondoso com todos. Mas seu alívio ao saber que Harry estava vivo apesar do confronto com Voldemort foi tão grande que mal pode sentir pesar pelo ex-aluno. Sentiu-se egoísta por isso.

Mas então aconteceu uma coisa que Remus Lupin não esperava. Ele se apaixonou.

Estava voltando do Beco Diagonal depois de mais uma entrevista de trabalho frustrada quando entrou em casa e viu uma coruja no peitoril da janela. Correu para permitir que a ave lhe entregasse a carta. A coruja esvoaçou pela casinha que estava alugando no mesmo momento, deixou cair uma carta e saiu pela janela. Remus identificou a letra de Sirius imediatamente.

* Caro Aluado,
já enviei a mensagem de Dumbledore para a maioria das pessoas. Como precisavamos de um lugar para nos encontrar, ofereci a Dumbledore a minha velha casa que herdei depois da morte de minha mãe... uns dois anos depois de ir pra Azkaban. Já me instalei por aqui e confesso que a casa não está em condições humanas de habitação, mas nada que uma boa faxina não resolva. Mas, pelo jeito, isso vai ter que ser feito pessoalmente, levando em consideração a recepção que o velho elfo doméstico da minha família me deu.
Eu gostaria muito que você viesse morar comigo por enquanto e abandonasse o aluguel. Juro que o convite não é para você me ajudar na limpeza... bom, não é só por isso... hahaha.
Tem um pessoal novo entrando na Ordem da Fênix e acho que Dumbledore quer fazer as apresentações em uma reunião que deve acontecer em um ou dois dias.
Acho que você lembra onde eu morava na época de escola, né? Largo Grimmauld, 12.
Estou te esperando.
Abraços,
Almofadinhas.*

Remus terminou de ler a carta de seu amigo e abriu um enorme sorriso. Arrumou todas as suas coisas em questão de minutos em sua maleta e partiu. Sua vida nunca mais seria a mesma.

Naquele dia, depois de um abraço saudoso em seu amigo, os dois passaram a tarde inteira faxinando a cozinha e alguns cômodos no térreo.

No dia seguinte, quando a noite caía lentamente do lado de fora da casa, Dumbledore chegou e anunciou que a primeira reunião da nova Ordem da Fênix começaria em 10 minutos.

Aos poucos as pessoas chegaram e se acomodaram na cozinha recém-lavada. Já tinha aproximadamente umas vinte e tantas pessoas acomodadas de alguma maneira em cadeiras e bancos quando se escutou a campanhia novamente. A pessoa estava em cima da hora. Sirius se precipitou rapidamente pelo corredor escuro para atender a porta e ficou sem falas ao se deparar com a mulher que estava a sua frente. Ela sorriu e disse:

- Oi. Ainda não pudemos nos falar desde quando fez o grande feito de escapar de Azkaban, né? Finalmente se fixou em algum lugar para os velhos amigos poderem te procurar.

Sirius estava sem falas. Olhou para as duas pessoas que acompanhavam a mulher e não acreditou em seus olhos. Finalmente falou:

- Andromeda? - a mulher sorriu ainda mais e o puxou para um abraço, que Sirius retribuiu. Quando se separaram, ele encarou o homem barrigudo a sua frente e lhe estendeu a mão, além de um breve abraço.

- Ted, meu Deus... quanto tempo... não esperava por vocês!! - disse Sirius - Vocês não faziam parte da última vez e...

- Bem, nós tinhamos uma criança naquela época. - cortou Andromeda, ainda sorrindo e apontando a moça que os acompanhava. Sirius deixou cair o queixo.

- Ninfadora? - sussurrou assombrado. A moça riu.

- E aí, beleza? - disse ela, estendendo o braço.

- Nossa... a última vez que te vi acho que você tinha uns 6 ou 7 anos... não sei se você se lembra de mim...

- Vagamente... - disse ela, correndo os olhos pela casa.

- Ela se formou em Auror no ano passado. - contou Andromeda, orgulhosa.

- Uau! Parabéns. - disse Sirius. Mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, uma voz o chamou.

- Sirius, a reunião já vai começar. - Remus vinha em passos largos até o grupinho. Quando se aproximava, Ninfadora o olhou. "Que homem bonito" ela pensou imediatamente e tentou se afastar um pouco para dar espaço no corredor, mas não viu o porta guarda-chuvas em forma de pé de trasgo e o derrubou na hora. Imediatamente um berro insurdecedor invadiu o corredor e Ninfadora olhou assustada para todos os lados, com as faces levemente coradas.

- Essa não... - disse Remus, indo em direção ao quadro de uma certa velhota intragável, enquanto Sirius corria na mesma direção com a varinha em punho. Quando a gritaria cessou, Remus encarou a moça.

- Desculpe. - disse ela - Não vi essa pata de trasgo no meio do caminho. - ela deu uma risadinha enquanto encarava o homem.

Remus olhou fundo nos olhos da moça, um castanho escuro e profundo... não... era mais claro, meio acinzentado. "Estou ficando doido" ele pensou ao se ver encarando lindos olhos azuis brilhantes.

- Como você fez isso? - ele perguntou, um pouco desnorteado, mas sorriu pra ela.

- Ué, eu sou metamorfomaga. - a moça respondeu descontraída.

- Remus, essa é minha prima de segundo grau, Ninfadora. Esses são Andromeda e Ted Tonks, os pais dela. Andromeda é minha prima, não sei se você se lembra dela.

- Ah sim... - disse ele se adiantando e apertando as mãos de todos. Então se dirigiram para a reunião que estava começando; no meio do caminho, Ninfadora se aproximou de Remus e disse:

- Não me chame de Ninfadora - ela acresentou uma careta informal - Sou Tonks. Simplesmente Tonks.

- Ok então, Simplesmente Tonks. - disse ele, sorrindo pra ela. Tonks riu.

A reunião prosseguiu sem problemas, afinal estavam todos cheio de objetivos e dispostos a começar a fazer qualquer coisa para que Voldemort não pudesse recuperar sua antiga força... mas infelizmente o Ministério não os apoiava, o que significava trabalho duplo para todos. Foi nessa reunião que Remus descobriu que Tonks era uma Auror. Sua admiração pela moça aumentou gradativamente. "Mas ela é tão jovem" ele pensou "Deve ter no máximo uns 23 anos!!".

Remus não percebia o quanto sua auto-estima estava abalada. Depois que se viu sem rumo, ao perder todos os amigos de uma tacada só e encarar um grande período de depressão até se recuperar aos poucos, ele teve poucas mulheres em sua companhia, mas nenhuma que fez seu coração bater mais acelerado. A maioria dessas mulheres eram trouxas, pois as bruxas logo percebiam que ele era um lobisomem e se horrorizavam. Bom, ele era acostumado com solidão e rejeição. Por isso ficaria desnorteado com qualquer atenção especial...

Nos dias seguintes, a sede da Ordem da Fênix começou a ficar mais e mais cheia... Tonks quase morava na mansão, embora seus pais ainda fizessem bastante questão de sua companhia em casa. Mas a moça estava sempre lá para almoçar, jantar, contar o que estava fazendo no trabalho, tanto o que tratava-se da Ordem como outras tarefas mais "simples" de Auror, ela fazia piadas, contava histórias... simplesmente chamava a atenção de todos. As crianças que chegaram com os Sr e Sra Weasley, simplesmente a adoravam... provavlemente por ser tão criativa e engraçada. Vira e mexe os olhos de Remus Lupin e de Ninfadora Tonks se encontravam e a moça lhe piscava.

Foi uma surpresa saber que todas essas pessoas novas da Ordem não achassem nada demais ele sofrer de licantropia e nem ao menos o tratavam diferente ou faziam caras e bocas quando ele, satisfeito, voltou a tomar sua poção Mata-Cão. Essa poção era uma gloriosa invensão do Sr Dâmocles Belby, mas infelizmente era cara quando começou a ser divulgada... porém quando foi professor de Hogwarts e passou a tomar a poção regularmente, sentiu-se melhor do que poderia imaginar e sempre que conseguia, a tomava. Seu efeito era maravilhoso, pois permitia a Remus manter sua consciência enquanto estava preso no corpo de um lobo. Sim, ainda era um animal, mas um animal que não perdia seu "eu", sabendo quem era e reconhecendo tudo e todos ao seu redor.

Algumas vezes ele tinha que abandonar sua confortável nova vida por causa da guerra e tentava fazer contato com os lobisomens, espionar novos planos de Voldemort... achou estranho estar no meio de uma de suas jornadas missionárias e lembrar do delicado rosto em feitio de coração de Tonks. Ele sacudiu a cabeça como se espantasse uma mosca. Não podia chegar nem perto de pensar isso... "Sou uma fera..." disse a si mesmo, encarando os outros lobisomens ferozes.

Quando ele voltou da missão, quem lhe abriu a porta da mansão Black se não ela?

- Remus!! - ela exclamou e o puxou para um leve abraço. - Como foi? Está com fome? Venha, eu estava preparando um almoço...

- Você? - ele deu uma risadinha.

- Bom, - disse ela descontraída, enquanto se dirigiam para a cozinha - confesso que deixei queimar o ensopado... mas fiz uma torta que acredito estar muito boa.

- Quero ver... - replicou ele, sorrindo.

O tempo foi passando, Harry chegou na sede e o período letivo estava prestes a começar... e Tonks estava cada dia mais amiga de todos, ajudando a limpar a casa enquanto descontraia o ambiente com seu jeitinho despojado e divertido. Certo dia estavam limpando um cômodo no terreo, quando Remus se cortou em um prego.

- Nossa! - exclamou a jovem Auror, se aproximando dele e sacando a varinha. - Episkey! - ela ordenou, fazendo a pele de Remus se refazer estantaneamente. - Olha o lado positivo, pelo menos sua mão não ficou coberta de pó de fura frunco como o Sirius...

Remus esboçou um sorriso amarelo pra ela.

- Você ri tão pouco, Remus... - ela comentou, fingindo-se de séria - Será que eu preciso te fazer cócegas pra você soltar uma gargalhada? - ela sorriu, levando uma mão assanhada até a barriga do homem. Remus riu gostosamente da espontaneidade dela, mas deu um passo pra trás pra não sentir o contato com a moça.

- Agora sim. - ela aprovou, rindo.

Tonks era exatamente o oposto de Remus Lupin e provavelmente por essa razão eles não paravam mais de se notar. Mas, enquanto Ninfadora Tonks estava a cada dia mais engraçada e feliz enquanto se apaixonava, Remus Lupin estava a cada dia mais melancólico e emburrado na presença dela.

- Ela está caidinha por você. - disse Sirius, enquanto os dois jantava sozinhos numa noite perto do natal.

- Não sei do que você está falando. - replicou Remus, desconversando.

- Não sabe? - disse Sirius, com o velho sorriso maroto estampado nos lábios. - Nós somos ou não somos marotos? Eu ainda reconheço uma garota apaixonada e ainda te conheço, cara. Você também está balançado, Aluado, admita. - ele ria carinhoso.

- Você deve estar doido, Almofadinhas. - replicou Remus, levemente corado como se fosse um adolescente, sem encarar o amigo - Quantos anos ela tem? É uma menina... se formou como Auror há pouco mais de um ano...

- Mas Quim disse que ela é excelente.

- Ela é! É engraçada e divertida também, e atenciosa e... e...

- Ãhn? - perguntou Sirius, rindo - Que mais ela é?

- Eu tenho idade pra ser pai dela!!

- Não exagere, Remus. Você está com - o que? - 37 anos agora, né? Ela já tem quase 23... não é tão menina assim...

- Q-que? Ela ainda nem tem 23??

- Você não teria uma filha aos 14 anos, né? - terminou Sirius, ignorando o comentário do amigo.

- Não quero magoá-la... ela está com uma paixonite infantil.. daqui a pouco isso passa, ela é praticamente uma adolescente. Então ela pode se apaixonar por outro cara que possa dar mais valor... você sabe.

- Só sei que você está desperdiçando, cara!! E eu aqui preso nessa casa poeirenta sem poder sair a meses e meses... tem noção de quato tempo não namoro?

- Isso é passageiro, Almofadinhas... daqui a pouco as coisas vão ser mais fáceis e você encontra alguém legal. Mas no meu caso... eu tenho dificuldades de arranjar um emprego!! O que acha que vou fazer? Me casar com Tonks?

- Você é tão apressadinho... já quer casar com minha prima?? - perguntou ele, quase gargalhando agora.

- Você nunca muda, né? - disse Remus, não conseguindo reprimir um sorrisinho carrancudo.

E o Dia de Natal chegou e, embora o acidente de Arthur tenha abalado a todos, o clima não poderia estar melhor com o alívio de cada um estampado nos rostos e nas brincadeiras descontraídas. Remus acordou num dos quartos da mansão Black sentindo-se estranhamente bem e notando uma pequena pilha de presentes ao pé de sua cama. Logo reconheceu o embrulho de Tonks, era o maior de todos... uma caixa grande dentro de uma pequena sacola de embrulho.

Ele abriu. Dentro da caixa tinha um grande estoque de igredientes para a poção Mata-Cão, além de um livretinho com dicas para o melhor preparo da mesma e um pequeno caldeirão lacrado com a poção pronta. Ele viu que a caixa era muito funda para conter apenas essas coisas, então puxou a primeira "prateleira" da caixa e achou uma coleção de livros, eram títulos de romance trouxa e não livros-texto para estudo e pesquisa. Tinha livros que eram best-sellers dos trouxas e outros que eram mais clássicos... ele levantou a próxima prateleira e percebeu que tinha chegado no fundo da caixa, onde tinha uma variedade de roupas novas, ele as abriu... eram camisetas, calças, meias... tudo com desenhos ou estilosas de forma que lembrava bem o gosto de Tonks... e entre elas ele encontrou um frasco de perfume. Cheirou. Era realmente de boa qualidade. Pegou o pacote de novo e percebeu que tinha um cartão de felicidades.

*Feliz Natal, Remus.
E que nesse novo ano que se inicia em breve você posso alcançar novos horizontes.
Espero que possa se descontrair mais e dar mais gargalhadas,
espero que descubra que numa boa história a gente encontra grandes verdades e
desejo de todo o coração que você não esqueça que é um homem de grande valor e a felicidade aparece para quem é digno dela.

Com amor,
Dora Tonks*

- Dora Tonks... - ele leu em voz alta - Ninfadora... Dora... é um apelido lindo. - ele deu um leve suspiro, lembrando como Tonks piscava pra ele, não hesitava em tocá-lo, como o perfume dela era gostoso, como o jeito muleca dela era divertido, como era legal ela ter cabelos de cores diferentes na hora que ela quisesse, como ela ria de jeito contagiante... ele passou as mãos nos cabelos, frustrado... não podia deixar isso acontecer. Abaixou a cabeça até os joelhos e se lebrou de uma linda jovem de olhos verdes...

* - Promete? Promete que vai ser feliz independente do quanto essa sociedade em que vivemos dificultar seu caminho...? Promete que vai amar e se permitir ter uma família?*

As semanas parecem voar quando se tem muitas coisas pra fazer, especialmente quando lutamos todos os dias em uma guerra... enquanto a guerra grita, sentimos medo, mas enquanto ela se esgueira silenciosamente sentimos desconfiança e sobressalto.

Remus estava sentado sozinho na cozinha enquanto trabalhava num esquema do projeto dos lobisomens, quando Harry apareceu na lareira da mansão Black querendo conversar com ele e Sirius a respeito de James... isso fez Remus e Sirius lembrarem de James intensamente naquela tarde.

Harry tirou a cabeça do fogo esmeraldino e as chamas morreram estantaneamente. Houve um momento de silêncio e, então, Remus e Sirius se entreolharam longamente... um compreendia o que o outro sentia e pensava naquele momento.

- Você lembra daquele dia? - perguntou Sirius, quebrando o silêncio.

- Vividamente. - respondeu Remus - Me lembro bem que Lily me ignorou um bom tempo por causa disso, até concluir que eu não tinha feito nada.

- E eu me lembro de você dando liçãozinha de moral na gente... em mim e no James... "Como quer que ela goste de você assim, cara?!!" - Sirius imitou uma voz de cdf. Remus deu uma pequena risadinha, enquanto voltavam pra mesa e se sentavam. Então Sirius disse: - Eu sinto falta dele todos os dias da minha vida.

Sirius abaixou os olhos para o tampo da mesa, como se estivesse emocionado e, portanto, envergonhado. Houve uma pausa, então Remus segurou no braço de Sirius e ele levantou a cabeça para encarar o amigo.

- Eu também... sinto falta dele e de Lilían todos os dias, assim como sentia sua falta até dois anos atrás. - Remus sorriu pro amigo. Então eles se abraçaram forte, sem palavras nem nada, só um abraço fraterno carregado de amor e amizade... Sirius soltou uma exclamação de desabafo e Remus lhe deu palmadinhas nas costas. Quando se separaram, Sirius comentou:

- Mas um dia ainda vamos voltar a ficar todos juntos, Aluado, pode ter certeza.

- Eu tenho. - respondeu Remus. Ambos estavam com os olhos marejados.

Então eles ouviram um barulho que quebrou o clima. Levantando-se apressados, viram que Tonks tinha acabado de entrar na cozinha e derrubado uma cadeira no meio do caminho.

- Ai, desculpe gente... vocês sabem como sou desastrada... - dizia a jovem. Remus sorriu pra ela e Sirius deu uma risadinha, olhando para o amigo de canto de olho.

Apesar de tudo o que estavam passando naquele ano, Remus sentia que há muito tempo que não era tão feliz...

Era um dia glorioso de sol, o verão chegava com força total e animava a todos. Até Sirius, que deveria ficar preso em casa, conseguia ficar de bom humor. E, especialmente naquela tarde, muitos membros da Ordem da Fênix estavam em casa curtindo a companhia e amizade entre eles.

Remus estava num escritório fazendo um relatório concentrado quando sentiu que alguém lhe tampava a visão carinhosamente. Ela largou a pena e tocou no braço da pessoa.

- Dora... - disse ele. Ela o soltou e ele olhou pra cima para encará-la e ver como era lindo o sorriso dela... irradiava alegria.

- Eu trouxe uns bolinhos. - disse, estendendo um pratinho e depositando na escrivaninha onde Remus trabalhava a horas - Achei que você pudesse estar com fome.

Eles se encararam longamente, os olhos de ambos brilhando de amor um pelo outro. Quanto tempo se encararam? Provavelmente horas... então Tonks pegou um dos bolinhos do prato e levou até a boca de Lupin, ele aceitou e se levantou enquanto mastigava, se aproximando da moça, sem desgrudar seus olhos do rosto dela. Então, suave e rápido como o abrir de pétalas de uma rosa, eles estavam se beijando.

Tonks levou as mãos até o pescoço do homem enquanto sentia seus lábios e línguas se acariciarem e Remus segurou na cintura dela como um adolescente nervoso, que não sabe muito bem aonde colocar as mãos enquanto beija uma linda garota. Quando faltou ar, desviaram os lábios para beijarem um o pescoço e ombros do outro... Remus segurou a moça e a pegou no colo, carregando-a até um sofá que tinha no escritório, depositando-a lá enquanto se sentava ao lado dela, escutando a risada animada de menina que ela tinha... foi uma tarde de sonhos, embora poucas palavras. Eles nem perceberam que a noite começava a engolir o aposento, quando levaram um susto daqueles.

- Aluado, cara... - dizia Sirius, entrando no cômodo e parando de xofre ao vê-los juntos. Remus se levantou de um pulo e se afastou do sofá, mas Ninfadora permaneceu sentada, com um sorrisinho divertido nos lábios. - Ahn... desculpe... eu não... quero dizer... a gente se fala depois. - disse Sirius, dando uma piscadela e se virando pra sair.

- Não Sirius, pode dizer. - disse Tonks, se levantado e indo em direção ao primo - Eu acho que vou descer pra pegar um copo d'água... - ela estava com um enorme sorriso.

- Não, fique, você faz um bem enorme pro meu velho Aluado aqui... - disse Sirius. Remus estava corando. Mas antes que qualquer um deles pudesse fazer outro comentário, foram destraídos. Alastor Moody apareceu correndo e derrapando na porta do escritório.

- Snape está na lareira da cozinha... Potter e seus amigos foram para o Ministério tentar te salvar neste extamo momento. - disse em sua voz rouca, encarando Sirius insistentemente.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.